Reprovação popular
Pedro J. Bondaczuk
O primeiro ano da
administração do prefeito Francisco Amaral foi considerado ruim por
43,1% dos campineiros, de acordo com pesquisa da "DataCorp",
publicada na edição de domingo passado do "Correio Popular".
O índice de aprovação, por seu turno, ficou em 12,4%, sendo que
11,2% consideraram sua gestão boa e irrisórios 1,2% acharam que foi
ótima.
Praticamente nenhuma das
promessas de campanha foi cumprida. O Cingapura, por exemplo, mal
saiu do papel. Outros pontos do programa que convenceu o eleitor nas
eleições de 1996 foram timidamente esboçados, embora não
executados. Isso frustrou o campineiro que votou em Chico e deu
argumentos aos seus opositores, embora seja contestável se eles
fariam mais, nas mesmas circunstâncias.
A cidade enfrenta problemas de
toda a sorte, dos mais simples aos mais complexos. Alguns fogem da
alçada municipal (no caso a segurança pública, tão cobrada, mas
que é da responsabilidade do Estado), outros nitidamente locais, da
competência exclusiva da Prefeitura e que não podem ser protelados,
sob pena de agravamento.
As chuvas do Natal puseram à
mostra algumas dessas prementes carências de Campinas, evitáveis
houvessem sido feitas as obras de contenção de enchentes,
programadas, mas não executadas. E a temporada chuvosa ainda está
somente no começo.
A argumentação do Poder
Público --- válida por sinal --- é a da falta de recursos para
atender a todas as necessidades. O País vive outra de suas
periódicas e intermináveis crises. Aliás, esta provavelmente é a
palavra que mais tem sido citada ao longo da história brasileira.
Ora por um motivo, ora por outro, o brasileiro sempre vivenciou
situações consideradas críticas. Agora não é diferente.
Mas é em ocasiões como esta,
de ausência de dinheiro, que se faz necessário e até indispensável
um diálogo permanente do administrador com a população. É
desejável, e deve ser incentivada, a colaboração mútua entre o
Poder Público e a iniciativa privada para a manutenção do
patrimônio comum, que é a cidade. Um pouco de imaginação do bom
administrador supre, muitas vezes com vantagem, a falta de verbas.
O que não se concebe é o
retraimento do prefeito, não importando a razão. Esse afastamento
da cena pública passa para a população a impressão, muitas vezes
falsa, de omissão ou de fuga das responsabilidades.
Mas o campineiro, ainda assim,
deu um crédito a Chico Amaral, levando em conta tratar-se apenas do
primeiro ano da sua gestão. Quase metade dos consultados (42,2%),
consideraram regular sua atuação, deixando implícito que esperam
mais, muito mais em 1998. Em especial aquelas obras públicas
essenciais sem as quais Campinas corre o risco de parar.
Ninguém espera, e nem seria o
caso, que sejam rasgadas avenidas, cavados extensos túneis ou
construídos suntuosos viadutos, embora a cidade em expansão um dia
vá ter que apostar nesse tipo de empreendimento --- de alto custo,
em virtude das desapropriações que requer. As vias públicas não
estão preparadas para receber o volume de tráfego atual, que é
crescente e que se tornará cada vez maior, à medida que o tempo
passar e mais pessoas tiverem acesso a automóveis.
A maneira imediata de resolver
esse problema seria melhorar o transporte público, hoje ainda
bastante deficiente e inseguro, embora se admita que algo já tenha
sido feito nessa área. A expectativa é a de que, ao término de
1998, as pesquisas revelem uma generalizada aprovação à atual
administração. Todos sairão ganhando se isso acontecer.
(Editorial número um,
publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 30 de
dezembro de 1997).
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