Sunday, January 14, 2018

Reprovação popular


Pedro J. Bondaczuk


O primeiro ano da administração do prefeito Francisco Amaral foi considerado ruim por 43,1% dos campineiros, de acordo com pesquisa da "DataCorp", publicada na edição de domingo passado do "Correio Popular". O índice de aprovação, por seu turno, ficou em 12,4%, sendo que 11,2% consideraram sua gestão boa e irrisórios 1,2% acharam que foi ótima.

Praticamente nenhuma das promessas de campanha foi cumprida. O Cingapura, por exemplo, mal saiu do papel. Outros pontos do programa que convenceu o eleitor nas eleições de 1996 foram timidamente esboçados, embora não executados. Isso frustrou o campineiro que votou em Chico e deu argumentos aos seus opositores, embora seja contestável se eles fariam mais, nas mesmas circunstâncias.

A cidade enfrenta problemas de toda a sorte, dos mais simples aos mais complexos. Alguns fogem da alçada municipal (no caso a segurança pública, tão cobrada, mas que é da responsabilidade do Estado), outros nitidamente locais, da competência exclusiva da Prefeitura e que não podem ser protelados, sob pena de agravamento.

As chuvas do Natal puseram à mostra algumas dessas prementes carências de Campinas, evitáveis houvessem sido feitas as obras de contenção de enchentes, programadas, mas não executadas. E a temporada chuvosa ainda está somente no começo.

A argumentação do Poder Público --- válida por sinal --- é a da falta de recursos para atender a todas as necessidades. O País vive outra de suas periódicas e intermináveis crises. Aliás, esta provavelmente é a palavra que mais tem sido citada ao longo da história brasileira. Ora por um motivo, ora por outro, o brasileiro sempre vivenciou situações consideradas críticas. Agora não é diferente.

Mas é em ocasiões como esta, de ausência de dinheiro, que se faz necessário e até indispensável um diálogo permanente do administrador com a população. É desejável, e deve ser incentivada, a colaboração mútua entre o Poder Público e a iniciativa privada para a manutenção do patrimônio comum, que é a cidade. Um pouco de imaginação do bom administrador supre, muitas vezes com vantagem, a falta de verbas.

O que não se concebe é o retraimento do prefeito, não importando a razão. Esse afastamento da cena pública passa para a população a impressão, muitas vezes falsa, de omissão ou de fuga das responsabilidades.

Mas o campineiro, ainda assim, deu um crédito a Chico Amaral, levando em conta tratar-se apenas do primeiro ano da sua gestão. Quase metade dos consultados (42,2%), consideraram regular sua atuação, deixando implícito que esperam mais, muito mais em 1998. Em especial aquelas obras públicas essenciais sem as quais Campinas corre o risco de parar.

Ninguém espera, e nem seria o caso, que sejam rasgadas avenidas, cavados extensos túneis ou construídos suntuosos viadutos, embora a cidade em expansão um dia vá ter que apostar nesse tipo de empreendimento --- de alto custo, em virtude das desapropriações que requer. As vias públicas não estão preparadas para receber o volume de tráfego atual, que é crescente e que se tornará cada vez maior, à medida que o tempo passar e mais pessoas tiverem acesso a automóveis.

A maneira imediata de resolver esse problema seria melhorar o transporte público, hoje ainda bastante deficiente e inseguro, embora se admita que algo já tenha sido feito nessa área. A expectativa é a de que, ao término de 1998, as pesquisas revelem uma generalizada aprovação à atual administração. Todos sairão ganhando se isso acontecer.

(Editorial número um, publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 30 de dezembro de 1997).



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