Corrida eleitoral
Pedro
J. Bondaczuk
A corrida
eleitoral em Campinas, com vistas à sucessão da prefeita Izalene
Tiene, está prestes a ser deflagrada e chegar, dessa forma, à sua
fase decisiva. A bem da verdade, o processo sucessório já está em
andamento, nos bastidores, desde o início do ano passado. Até o dia
30 deste mês, os partidos deverão realizar suas convenções,
quando vão formalizar as respectivas candidaturas às eleições de
outubro próximo. Nesse aspecto, não são esperadas surpresas. É
provável que entre seis e oito candidatos disputem a Prefeitura da
cidade.
Por
enquanto, teoricamente, as chances são iguais para todos. Claro que,
por uma razão ou por outra, quatro deles despontam como favoritos
para chegar, pelo menos, ao segundo turno, o que, ademais, não é
novidade para nenhum campineiro que acompanhe o dia a dia da
política local. São eles: o vereador Romeu Santini (PMDB) e os
deputados federais Carlos Sampaio (PSDB), Hélio de Oliveira Santos
(PDT) e Luciano Zica (PT). A disputa, como se vê, promete ser das
mais acirradas (e equilibradas) dos últimos tempos.
Até
o momento, e ao contrário de outras grandes cidades do País em
especial São Paulo, nenhuma pesquisa de opinião, mesmo que
informal, foi divulgada ainda, apontando a preferência atual do
eleitorado campineiro. Por falta de parâmetros confiáveis,
portanto, cabe aos analistas usarem o seu feeling para avaliar a
situação das ainda pré-candidaturas, que devem, certamente, ser
confirmadas nos próximos dias.
A
dificuldade maior na campanha que se avizinha, diz a lógica, será a
do virtual candidato do PT, Luciano Zica, e por conta não tanto da
administração da prefeita Izalene Tiene, cujos pontos fracos vão
ser explorados ao máximo pelos adversários, mas, principalmente, do
descontentamento nacional com o governo do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, às voltas com taxas de desemprego recordes e com uma
certa lerdeza na tomada de decisões.
Claro
que a atual administração federal tem, também, vários resultados
positivos a apresentar à sociedade. Entre estes destacam-se: os
sucessivos recordes de exportações, com os consequentes e
crescentes superávits na balança comercial, o rigoroso controle das
contas públicas e a manutenção de taxas de inflação em patamares
relativamente baixos. Competirá ao PT, no entanto, realçar essas
conquistas. Caberá ao partido convencer o eleitorado que, sob o seu
comando, o País caminha no rumo certo.
Seria,
porém, suficiente, diante do descontentamento com os parcos
investimentos na área social e, principalmente, com o elevado
desemprego que se registra no País? Esta é a grande incógnita do
processo eleitoral que se avizinha. E tudo leva a crer que os
problemas nacionais deverão se sobrepor, de longe, aos municipais,
ao longo da campanha. Isso envolve, claro, sérios riscos de
equívocos.
Compete
ao eleitor ser inteligente e racional. Para fazer uma boa escolha,
tem que estar atento não apenas às propostas dos candidatos, mas às
suas ações pregressas e, sobretudo, à sua trajetória na vida
pública. Precisa ter em mente que o escolhido vai dirigir a cidade,
e não o Estado ou o País. Qual o seu grau de competência
administrativa?
Qual
deles tem o programa melhor estruturado (e, é claro, factível) para
solucionar os problemas que atormentam os campineiros? Este deve ser
o principal, senão o único foco do eleitorado, para que não venha
a se lamentar depois caso faça, eventualmente, má escolha do futuro
prefeito. O mais, não passa de blá-blá-blá, de mera retórica de
campanha, de promessas muitas vezes mirabolantes, mas despidas de
conteúdo, que já se incorporaram às tradições políticas em
qualquer sociedade democrática, em períodos eleitorais.
(Editorial
publicado na Folha do Taquaral em 7 de junho de 2004).
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