Friday, January 26, 2018


Corrida eleitoral


Pedro J. Bondaczuk

A corrida eleitoral em Campinas, com vistas à sucessão da prefeita Izalene Tiene, está prestes a ser deflagrada e chegar, dessa forma, à sua fase decisiva. A bem da verdade, o processo sucessório já está em andamento, nos bastidores, desde o início do ano passado. Até o dia 30 deste mês, os partidos deverão realizar suas convenções, quando vão formalizar as respectivas candidaturas às eleições de outubro próximo. Nesse aspecto, não são esperadas surpresas. É provável que entre seis e oito candidatos disputem a Prefeitura da cidade.

Por enquanto, teoricamente, as chances são iguais para todos. Claro que, por uma razão ou por outra, quatro deles despontam como favoritos para chegar, pelo menos, ao segundo turno, o que, ademais, não é novidade para nenhum campineiro que acompanhe o dia a dia da política local. São eles: o vereador Romeu Santini (PMDB) e os deputados federais Carlos Sampaio (PSDB), Hélio de Oliveira Santos (PDT) e Luciano Zica (PT). A disputa, como se vê, promete ser das mais acirradas (e equilibradas) dos últimos tempos.

Até o momento, e ao contrário de outras grandes cidades do País em especial São Paulo, nenhuma pesquisa de opinião, mesmo que informal, foi divulgada ainda, apontando a preferência atual do eleitorado campineiro. Por falta de parâmetros confiáveis, portanto, cabe aos analistas usarem o seu feeling para avaliar a situação das ainda pré-candidaturas, que devem, certamente, ser confirmadas nos próximos dias.

A dificuldade maior na campanha que se avizinha, diz a lógica, será a do virtual candidato do PT, Luciano Zica, e por conta não tanto da administração da prefeita Izalene Tiene, cujos pontos fracos vão ser explorados ao máximo pelos adversários, mas, principalmente, do descontentamento nacional com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, às voltas com taxas de desemprego recordes e com uma certa lerdeza na tomada de decisões.

Claro que a atual administração federal tem, também, vários resultados positivos a apresentar à sociedade. Entre estes destacam-se: os sucessivos recordes de exportações, com os consequentes e crescentes superávits na balança comercial, o rigoroso controle das contas públicas e a manutenção de taxas de inflação em patamares relativamente baixos. Competirá ao PT, no entanto, realçar essas conquistas. Caberá ao partido convencer o eleitorado que, sob o seu comando, o País caminha no rumo certo.

Seria, porém, suficiente, diante do descontentamento com os parcos investimentos na área social e, principalmente, com o elevado desemprego que se registra no País? Esta é a grande incógnita do processo eleitoral que se avizinha. E tudo leva a crer que os problemas nacionais deverão se sobrepor, de longe, aos municipais, ao longo da campanha. Isso envolve, claro, sérios riscos de equívocos.

Compete ao eleitor ser inteligente e racional. Para fazer uma boa escolha, tem que estar atento não apenas às propostas dos candidatos, mas às suas ações pregressas e, sobretudo, à sua trajetória na vida pública. Precisa ter em mente que o escolhido vai dirigir a cidade, e não o Estado ou o País. Qual o seu grau de competência administrativa?

Qual deles tem o programa melhor estruturado (e, é claro, factível) para solucionar os problemas que atormentam os campineiros? Este deve ser o principal, senão o único foco do eleitorado, para que não venha a se lamentar depois caso faça, eventualmente, má escolha do futuro prefeito. O mais, não passa de blá-blá-blá, de mera retórica de campanha, de promessas muitas vezes mirabolantes, mas despidas de conteúdo, que já se incorporaram às tradições políticas em qualquer sociedade democrática, em períodos eleitorais.


(Editorial publicado na Folha do Taquaral em 7 de junho de 2004).

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