Saturday, October 31, 2015

Os mais velhos, experientes e vividos, têm plena consciência de que são mortais. Perderam vários parentes e amigos, perdas estas que lhes esfregaram no nariz a sua perene mortalidade. Mas, secretamente, acalentam a ilusão de que “talvez” com eles ocorra alguma impossível exceção. Mas, pelo sim, pelo não, se acautelam, não raro até em demasia. Há outro grupo (talvez mais numeroso) que é o  dos que buscam, sim, a imortalidade, posto que não física, mas a do espírito. Afirmam crer, piamente, que a “alma” sobreviva alhures, numa espécie de vida incorpórea, em que serão “premiados”, caso tenham agido com correção e probidade na existência material, e punidos com a perdição eterna, se forem ímprobos e ímpios. Essas pessoas cumprem rituais, cuja lógica e importância têm como dogma e que sequer analisam para avaliar se são ou não eficazes, se garantem ou não a sobrevivência do espírito (que nem mesmo sabem, com certeza, se existe, mas isso não lhes importa). Acham que, com isso, garantem a imortalidade. Ainda há um outro grupo, que é o dos que têm plena consciência da mortalidade, não crêem em nenhuma sobrevivência hipotética da alma, mas se recusam a serem esquecidas. Tentam se tornar imortais mediante obras, que não têm certeza nem mesmo se lhes sobreviverão, não importa se materiais ou frutos do intelecto.

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Campanha de doutrinação


Pedro J. Bondaczuk


As campanhas eleitorais, objetivando as eleições de outubro próximo, começam a se acelerar, embora estejam com o ritmo reduzido em decorrência da Copa do Mundo, o que é compreensível. O bom político é aquele que sabe a hora certa de dizer os fazer as coisas e que possui o senso de oportunidade, sem resvalar para o que chamamos de "oportunismo".

Todavia, em comícios, contatos pré-eleitorais e entrevistas pela imprensa, os candidatos já começam a trocar as primeiras alfinetadas. E é isso o que não pode acontecer. Ataques de caráter pessoal só podem mesmo nivelar a campanha por baixo, o que seria lamentável.

O que o eleitor quer saber não são os detalhes sobre a vida dos postulantes à Presidência ou ao governo dos Estados, mas quais são as soluções propostas por eles para os principais e graves problemas que o País enfrenta. A população, embora não esconda seu desencanto em relação à classe política --- fenômeno que é universal, frise-se --- está ávida por motivos para voltar a ter esperanças.

No Brasil, onde a maioria das pessoas não tem consciência de como funcionam os mecanismos do poder, em virtude da deficiência (quando não da ausência) da educação, um palanque, quer seja o convencional quer o eletrônico, pode e deve se transformar numa cátedra. Presume-se que quem se propõe a ser presidente tenha o mínimo de patriotismo (o ideal é que tivesse o máximo).

Por essa razão, compete ao homem público a tarefa de doutrinador, no sentido mais elevado, que transmita e enfatize as virtudes cívicas, que hoje andam tão por baixo e até chegam a ser ridicularizadas, por causa da onda de desencanto que se abate sobre os brasileiros.

Os candidatos, portanto, têm a responsabilidade e o dever de dar exemplos de ética, de boa conduta, de respeito pelos adversários, o que, aliás, é o fundamento da democracia que eles se propõem a defender. A expectativa é a de que as campanhas sejam positivas, afirmativas, de altíssimo nível. Que os postulantes aos cargos públicos se dirijam aos eleitores dizendo: vote em mim por tais e tais motivos. Que não se deixem levar pela tentação de repetir as anteriores, quando as mensagens, implícitas ou explícitas, passadas aos brasileiros, tinham o seguinte tom: não vote em fulano, sicrano ou beltrano porque ele fez (ou deixou de fazer) isso, aquilo ou aquilo outro. O verdadeiro líder, digno de comandar um povo para o seu destino, confia em seu preparo e não tem por que se preocupar com o despreparo alheio.

(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 27 de junho de 1994).


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Vocação e talento

Pedro J. Bondaczuk

A vocação é um conceito bastante amplo, e muito controverso, com significados diferentes para diferentes pessoas. Para uns, qualquer indivíduo, com inteligência mediana, desde que devidamente instruído e que receba oportunidades para essa instrução e posterior desenvolvimento, tem a capacidade de exercer qualquer atividade ou profissão, sem que seja nenhuma específica e muito menos única. Para outros, todavia, há determinadas coisas que nos agradam mais, que nos dão prazer em executá-las e que, por isso, executamos melhor do que as que, por alguma razão, não gostemos.

Os dicionaristas elencam uma série de sinônimos para a vocação, como aptidão, capacidade, disposição, habilidade, inclinação, jeito, orientação, pendor, predisposição, propensão, qualidade, talento e tendência. Elas contrapõem-se à tese de que qualquer um pode fazer qualquer coisa, desde que lhe dêem condições propícias para tal. Honestamente, não tenho opinião formada a propósito. Eu mesmo já exerci várias atividades, muito diferentes umas das outras, com idêntico prazer e com resultados na pior das hipóteses “bons”.

Às vezes, sinto-me tentado a achar que minha vocação sejam as letras, seja a criação de textos (jornalísticos, literários, publicitários, jurídicos ou de qualquer outra natureza). Mas também já fiz coisas que nada tinham a ver com redação, e me dei bem. Sobretudo, gostei de fazer. Mas... Continuo sem opinião formada a propósito. Acho importante, no entanto, esta observação feita por Clarice Lispector, que põe uma pimentinha a mais nesse angu, com a qual concordo: “Vocação é diferente de talento. Pode-se ter vocação e não ter talento, isto é, pode-se ser chamado e não saber como ir”.

E ela não está certa? Posso ser fascinado por determinada profissão ou atividade (e sou por muitas), posso amá-la com paixão (e amo-as todas) sem, contudo, saber como exercitá-la com a devida aptidão, ou seja, da melhor forma possível, ou, até mesmo, de forma minimamente aceitável, com qualidade que não seja pelo menos grosseira. Isso acontece. Nesse caso, teria (talvez tenha) “vocação”, pelos critérios aceitos para definir esse conceito, porém... teria escasso talento, quando não talento zero. Ou próximo dele.

Quanto a talento, não basta tê-lo. É preciso, antes e acima de tudo, descobrir que o temos. Mas a simples descoberta também não significará nada se não soubermos como usá-lo. Muitos (possivelmente, a maioria) não sabem sequer que o têm. E se sabem, não têm a mais remota idéia do que fazer com ele. Ademais ele nunca vem completo, perfeito, acabado, prontinho para ser exercido. As coisas não funcionam assim. É preciso, tão logo o identifiquemos, melhorá-lo, desenvolvê-lo, aperfeiçoá-lo. E, por fim, exercê-lo, pois, caso contrário, não nos adiantará de nada tê-lo.

A lição que mais me impressionou, a respeito, é a expressa por Jesus Cristo, na conhecida (mas pouco meditada) “Parábola dos Talentos”. Transcrevo-a, na íntegra, da forma que está expressa no Evangelho de Mateus (Capítulo 25, versículos 14 a 30):

“ (...) 14- Pois será como um homem que, ausentando-se  do país, chamou os seus servos e lhes confiou os seus bens.
15- A um deu cinco talentos, a outro, dois e a outro, um a cada um segundo a sua própria capacidade; e, então, partiu.
16- O que recebera cinco talentos saiu imediatamente a negociar com eles e ganhou outros cinco.
17- do mesmo modo, o que recebera dois ganhou outros dois.
18- Mas o que recebera um, saindo, abriu uma cova e escondeu o dinheiro do seu senhor.
19- Depois de muito tempo, voltou o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles,
20- Então, aproximando-se o que recebera cinco talentos, entregou outros cinco, dizendo: Senhor , confiaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que ganhei.
21- Disse-lhe o Senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu Senhor.
22- E, aproximando-se também o que recebera dois talentos; disse: Senhor, dois talentos me confiaste; aqui tens outros dois que ganhei.
23- Disse-lhe o Senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu Senhor.
24- Chegando, por fim, o que recebera um talento, disse: Senhor, sabendo que és homem severo, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste,
25-receoso, escondi na terra o teu talento; aqui o que é teu.
26-Respondeu-lhe, porém, o senhor: Servo mau e negligente, sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde espalhei?
27- Cumpria, portanto, que entregasses o meu dinheiro aos banqueiros; e eu, ao voltar, receberia com juros o que é meu.
28- Tirai-lhe , pois, o talento e daí-o ao que tem dez.
29- Porque a todo o que tem se lhe dará, e terá em abundância; mas ao que não tem, até o que  tem lhe será tirado.
30- E o servo inútil, lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes”.

A Parábola de Cristo foi exposta em um contexto espiritual. Todavia, ilustra a caráter o que ocorre no plano, digamos, “mundano”. O sujeito que tem múltiplos talentos e ainda assim empenha-se em multiplicá-los, certamente passará a ter muitos deles. Tantos na proporção do seu empenho. Já o que tem um único, mas que, por razões que só a ele compete saber por que, escondê-lo... Não dará outro resultado. Ficará, sem dúvida, sem esse único e solitário talento,  por causa da sua preguiça, ou medo, ou insegurança ou por seja lá qual for seu motivo. Deixo-lhe, paciente e inteligente leitor, provocador como sou, esse tema, para sua reflexão.


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Friday, October 30, 2015

A imortalidade sempre se constituiu num sonho (ostensivo, para uns, secreto, para outros) das pessoas. Em determinado período da nossa vida, notadamente na passagem da juventude para a maturidade (justamente a fase em que, conforme as estatísticas, há o maior número de mortes, e violentas), nos sentimos (e agimos como tal) invulneráveis. Não acreditamos que algum dia venhamos a morrer, ou sequer envelhecer, e não nos cuidamos. Pelo contrário, abusamos da sorte e nos expomos a riscos desnecessários, apenas para usufruirmos da viciosa embriaguez da adrenalina. O que são os esportes chamados de “radicais” senão essa crença secreta (às vezes até ostensiva) na invulnerabilidade e, em especial, na imortalidade? Não acreditássemos nisso, por exemplo, não iríamos ao Hawaí surfar em ondas da altura de um edifício de cinco andares ou mais. Não nos lançaríamos ao abismo, presos apenas pelos calcanhares a uma corda elástica, na prática do “bungee jump”. Em circunstância alguma saltaríamos de moto, sobre rampas imensas, projetando-nos a dez metros ou mais de altura e fazendo acrobacias sobre essas máquinas perigosíssimas em terra, que dirá no espaço. E fazemos essas e outras loucuras com a maior naturalidade. E os acidentes, por estranho que pareça, são relativamente raros, levando em conta a quantidade desses “viciados em adrenalina”.


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Solução em erro



Pedro J. Bondaczuk


O agravamento da crise dos reféns estrangeiros, em especial norte-americanos, no Líbano, paradoxalmente, pode conduzir à sua solução em definitivo. O quadro político se alterou muito, no mundo, em relação ao período em que esses seqüestros ocorreram.

O Irã, por exemplo, que vinha sendo, pelo menos indiretamente, o mentor das capturas de pessoas, com finalidades políticas, em 1985, hoje é dirigido por um homem extremamente pragmático, que não mistura uma retórica aparentemente radical (para consumo interno) com atos efetivos.

Os Estados Unidos, igualmente, têm na presidência alguém cuja principal virtude é a prudência, que vem conquistando respeito e credibilidade por essas características. Se os extremistas libaneses, portanto, pensaram em tirar vantagens de possíveis precipitações do governante mais poderoso do mundo, com a morte do coronel William Higgins, segunda-feira, se equivocaram redondamente.

Israel, por sua parte, após ter levado um puxão de orelhas dos Estados Unidos, por ter colocado em risco a vida dos reféns norte-americanos no Líbano, está agindo de maneira bastante realista na seqüência da crise. Está disposto a libertar vários prisioneiros árabes, inclusive dos territórios ocupados, juntamente com o xeque xiita Abdul Karim Obeid, que um comando judeu seqüestrou no dia 28 de julho passado, deflagrando a crise, em troca da liberdade de todos os estrangeiros em mãos de extremistas muçulmanos.

A oferta, nas circunstâncias atuais, não é para ser desprezada. Dificilmente os seqüestradores terão pela frente um negócio melhor. Até porque, o aiatolá Ruhollah Khomeini, que sonhava com a exportação da Revolução Islâmica, morreu, e seu sucessor, Ali Khamenei, está de olho na reconstrução (física e moral) da sociedade iraniana, após duríssimos oito anos de guerra com o Iraque, no Golfo Pérsico e não quer mais entrar em aventuras.

Sem poder contar com o apoio do Irã (a não ser, talvez, por palavras), sem o respaldo de Khadafy, que anda retraído depois do vexame líbio em seu confronto com o Chade, e sem levar vantagem alguma provocando os Estados Unidos, já que quem preside esse país agora é um homem muito ponderado (Bush mostrou isso sobejamente no correr desta semana), os reféns de nada irão servir para os radicais xiitas. Serão, isto sim, um peso a mais, bocas para alimentar, sem que esse dispêndio redunde em benefício para quem quer que seja.

Por isso, a operação israelense, no mínimo imprudente, pode acabar resultando num inesperado sucesso, por causa das circunstâncias, vindo a significar a solução definitiva para um problema que aparentava ser insolúvel quando ocorreram os primeiros seqüestros, em março de 1985.     

(Artigo publicado na página 12, Internacional, do Correio Popular, em 5 de agosto de 1989)


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Fracassada sem perder a pose

Pedro J. Bondaczuk

Opai” do Naturalismo, Honoré de Balzac, firmou reputação de profundo conhecedor das mulheres (se é que algum homem de fato as conheça ou minimamente as entenda, o que tenho fundadas dúvidas), fama que permanece até hoje. Talvez (provavelmente) esse alegado conhecimento sequer adviesse de experiência pessoal, porém de incomum poder de observação. Talvez. O fato é que Balzac ficou conhecido (também) por esse aspecto. Como “bisbilhoteiro” da alma feminina, criou uma legião de personagens do belo sexo, na coleção de 96 volumes que produziu e que foi denominada de “A comédia humana”. A lógica diz que em todos, rigorosamente todos os livros dessa série trouxe à cena mulheres mais ou menos importantes, conforme o desenvolvimento do enredo. Mas elas não estiveram ausentes em nenhum dos seus romances, novelas e contos.

Muitos dos seus livros têm por títulos nomes de mulheres, o que sugere que elas sejam as personagens centrais das histórias narradas. Cito alguns exemplos, como “Modesta Mignon”, “Honorina”, “Beatriz”, “Úrsula Mirouét”, “Pierrette”, “Massimila Doni”, “A prima Bette”, “Eugênia Grandet” e vai por aí afora. Quantas dessas fêmeas citadas  (e não citadas) podem ser consideradas inesquecíveis? Sem nenhum exagero, eu diria: TODAS. Cada qual, óbvio, por alguma razão específica. Balzac, se não conhecia a psicologia feminina tão bem, como se lhe atribui, trouxe-a à baila vezes e vezes sem conta com uma convicção inabalável que convenceu à maioria de que realmente era “expert” no assunto..

Pincei, aqui e ali, algumas citações dele a propósito delas. Como esta: “A mulher é o ser mais perfeito entre as criaturas: é uma criação transitória entre o homem e o anjo”. Pelo menos mostrou que as tinha em alta conta. Ou como esta afirmação, diria que um tanto mais “picante”: “Mesmo à mulher mais faladora, o amor ensina a calar”. Será? Não ponho minha mão no fogo, embora eu não seja nenhum entendido na psicologia feminina. Prefiro amá-las, mesmo sem entendê-las. Menciono, por fim, mais esta citação, embora pudesse mencionar dezenas de outras, frutos de sua observação: “As mulheres vêem tudo ou não vêem nada, segundo as disposições da sua alma: a única luz delas é o amor”.

Apontar, pois, uma única personagem feminina inesquecível na obra de Honoré de Balzac é meio caminho para ser contestado por milhões. Cada leitor, certamente, tem a sua, por motivos que só ele pode explicar (ou, provavelmente, nem possa). Pois foi este o desafio que me fizeram dia desses, me colocando, como se vê, numa “roubada”. Como não sou homem de ficar em cima do muro, e ciente de que serei unanimemente contestado, escolhi uma específica, com a ressalva de que também não me esqueço de dezenas de outras. Não se trata de achar que a escolhida seja “a única” inesquecível. Por razões que nem sei explicar, optei por aquela que, para mim, é a “mais inesquecível”. Por que? Talvez por pura intuição ou sei lá o quê.. Refiro-me a Eugênia Grandet, personagem do romance de mesmo nome, um dos primeiros que Balzac publicou, um dos que mais vendeu e um dos raros que escreveu em sua fase de “felicidade”, quando ainda não estava atolado em dívidas, coisa que o atormentou na maior parte da sua vida.

A esta altura, meus tantos críticos de ocasião devem estar murmurando, mordazmente, á socapa: “O que este sujeito viu nessa protagonista tolinha, ingênua e fútil, cobiçada por todos os rapazes solteiros da cidade não por suas virtudes, mas de olho na fortuna do papai Grandet, grande unha de fome, protótipo da avareza, que dava a vida para não ceder um único e reles centavo a quem quer que fosse”? Nem sempre nos lembramos vida afora de alguém pelo seu lado bom. Ou apenas por ele. Podemos não esquecer de determinada pessoa (ou, no caso, personagem) por sua crueldade, ou feiúra, ou hipocrisia, ou burrice ou por tantos e tantos e tantos defeitos mais. Claro que na maioria das vezes as bondosas, altruístas, belas, humanas etc.etc.etc. tendem a nos impressionar mais e por isso se tornar inesquecíveis.

Eugênia Grandet não ousa rebelar-se contra o tirânico pai (não, pelo menos, ostensivamente), um ditador de causar inveja a Hitler, Stalin e Pinochet somados. Sua rebelião é sutil e dissimulada. Todavia, sem se aperceber, apaixona-se por um pilantra de marca, vagabundo com alergia ao trabalho, desses que esperam que dinheiro caia do céu sem precisar fazer nada se não colhê-lo, no caso seu primo Carlos, cuja família tinha ido à bancarrota e que via no casamento com a prima a única forma de se dar bem na vida. Tratava-se de um sujeitinho raquítico, um tanto afeminado, irresponsável e mal intencionado, muitíssimo pior do que qualquer de seus tantos rivais, pretendentes de Eugênia. Mas foi a ele que ela escolheu. E não relutou, à revelia do Papai Grandet (que percebeu a mil anos-luz de distância as verdadeiras intenções do pilantra), em lhe dar, até, certa importância em dinheiro, para que ele viajasse à Índia e com isso reunisse condições, como alegava, para se casar com ela, regenerando-se, por consequência. O malandro, claro, não tinha nenhuma intenção de se regenerar e de mudar de vida e deu um baita bolo na tolinha apaixonada.

Balzac foge do estereótipo de “final feliz” da maioria dos romances do seu tempo. Sua protagonista se dá mal e tem, por isso, todos os motivos para se lamentar e nenhum para celebrar. É enganada pelo “amor de sua vida” e tem que amargar abandono, solidão e desilusão. Então, por que cargas d’água elegi Eugênia Grandet como personagem feminina inesquecível na vasta obra de Balzac se ela era como era?!!! Pelo fato dela não perder a pose perante o mundo e nem se entregar – pelo menos em público – a estéreis e inúteis lamentações, que só causariam piedade nos mais sensíveis e alimentariam chacotas e toda espécie de zombarias na imensa maioria das pessoas. Ao contrário, a despeito de todas as expectativas negativas, sobretudo dos leitores, a moça desafia o mundo, céus. terras e potestades e mantém, olimpicamente, a pose de garota rica e elegante, como se fosse a mais vitoriosa das mulheres. Só mesmo um gênio, como Balzac, para criar uma personagem assim que, na vida real nem mesmo é tão rara, mas que em literatura é raríssima.


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Thursday, October 29, 2015

Outro poema de Mauro Sampaio que partilho com vocês é “Esquecer a vida”. Este, ele dedicou a Theodoro de Souza Campos Junior, escritor ao qual sucedi na cadeira de nº 14 da Academia Campinense de Letras. Diz:

“Esquecer a vida dentro do sonho.
Torná-la irreal na realidade do sonho.
Inverter tudo.
Amar de tal maneira a vida,
que o vivê-la será pouco.
Ignorar a alma e o espírito e o consciente.
Pensar no espaço.
Não entender nada.
Não estar triste nem alegre,
nem saber o que é bom, e mau e belo ou não.
Recortar todos os momentos da vida
e fazer dos retalhos o sonho.
O que aconteceu antes
é o que passou na forma e no espaço.
O que está, não está, é um constante movimento.
O Princípio nasceu de um Sonho.
O que se sente da vida, quando se repara nela,
é que só vale pelo sonho que é,
ou pelo sonho que fazemos dela!”.

O que dizer mais diante desses versos majestáticos e definitivos?! E precisa dizer algo? Só nos resta ficar calados... e meditar.


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Fogo em tanque de gasolina


Pedro J. Bondaczuk


As superpotências, “subitamente”, descobriram que o Golfo Pérsico é vital para o Ocidente, depois de quase sete anos de guerra nessa região, que a tornaram um dos pontos mais inseguros e explosivos do Planeta.

Os Estados Unidos lembraram que tanto o Irã, quanto a União Soviética, poderiam fechar o Estreito de Hormuz (que forma uma espécie de porta natural para essas águas) e fazer o mundo cair de joelhos, diante da falta de petróleo para movimentar veículos, fábricas, termelétricas e impulsionar a vida econômica de toda uma civilização que se amoldou a essa fonte energética esgotável. Mas o observador fica indagando a si próprio: por que apenas agora baixou essa luz inspiradora na mente do presidente norte-americano Ronald Reagan?

Que não se diga que foi por causa dos repetidos ataques iranianos aos navios do Kuwait. Esse pretexto seria incrível, pois, percentualmente, essa monarquia moderada da região foi uma das que menos sofreram  com a chamada Guerra dos Petroleiros, que vem se desenvolvendo na área desde 1985 e que já atingiu 240 embarcações.

A bem da verdade, também, (embora não se nutra grande afeto pelo regime fanático que foi implantado no país que já foi chamado de Gendarme do Golfo Pérsico) é indispensável que se diga que quem iniciou esses ataques indiscriminados contra propriedade alheia foi o Iraque, numa tentativa de sabotar a economia persa, como forma de levar a República Islâmica a aceitar a negociação de um acordo de paz.

Os iraquianos escoam, há tempos, sua produção petrolífera através da Turquia, em completa segurança. Teerã, por seu turno, teve que usar de criatividade imensa para vender seu produto e atender sua clientela. Seu terminal da Ilha de Kharg chegou a ser bombardeado até duas vezes num único dia. Sua maior refinaria de petróleo, a de Abada (que também era a de maior capacidade de refino do mundo) foi arrasada.

Portanto, a hora das superpotências intervirem no conflito deveria ser aquela. A União Soviética nem tanto, pois em toda essa história, ela é apenas uma livre atiradora. Seus interesses no Golfo são meramente estratégicos. Tudo o que ela conseguir ali será sempre lucro. Afinal, os russos não dependem do óleo da região, na qualidade de maiores produtores dessa matéria-prima, da qual são, por enquanto, auto-suficientes.

Mas os Estados Unidos e a Europa Ocidental teriam tudo a perder com um bloqueio no Estreito de Hormuz. Suponhamos que o Irã, num gesto de desespero totalmente suicida (bem ao feitio do martírio pregado pelo seu líder religioso, o aiatolá Ruhollah Khomeini), provoque uma batalha de grandes proporções, envolvendo todas as embarcações que possui, nessa entrada do Golfo. É óbvio que perderá sua incipiente frota.

Mas uma quantidade tão grande de barcos naufragados pode interromper a passagem (como aconteceu por anos a fio, por exemplo, no Canal de Suez). Como os países da região farão para escoar, em curto prazo, seu petróleo? Quanto tempo o Ocidente suportará ficar sem esse vital produto?

Permitir, portanto, que uma guerra nessa zona fosse tão longe é o mesmo que ver uma criança brincando com fósforos nas proximidades de um tanque de gasolina e, ao invés de impedir sua desastrada brincadeira, se limitar a cruzar os braços e assistir ao resultado disso.

Partir para um confronto na área pode ser muito mais perigoso, gora, do que não fazer nada. Mas isto também não é o ideal. O que se tem que fazer é obter uma fórmula diplomática, negociada e aceitável, que leve Irã e Iraque a se considerarem vencedores do atual conflito, para contentar o seu orgulho nacional.

Caso contrário...algum dos meninos pode jogar o fósforo aceso no tanque de gasolina e provocar uma magnífica explosão, de conseqüências impossíveis até de se imaginar.

(Artigo publicado na página 11, Internacional, do Correio Popular, em 30 de maio de 1987).


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Fracasso como motor do sucesso

Pedro J. Bondaczuk

O escritor francês Honoré de Balzac foi um sujeito do tipo em que as circunstâncias da sua vida rivalizam, em interesse, com a obra que produziu. E olhem que esta foi assombrosa, tanto em quantidade, quanto em qualidade. Foi gênio das letras e isso ninguém discute. Basta ver a quantidade de escritores que influenciou, a maioria hoje clássicos da Literatura mundial, entre os quais inclui-se o nosso Machado de Assis. O sujeito foi um fenômeno! Entre outras coisas, devemos-lhe a criação do Realismo nas letras mundiais. Notabilizou-se por suas agudas observações psicológicas, sobretudo das mulheres (mas não somente delas), que compreendia como poucos. Não por acaso, virou “adjetivo” das figuras femininas de determinada idade.

Quem nunca ouviu a expressão “balzaquiana”? Ela é utilizada, há muito tempo e o tempo todo, para caracterizar mulheres cuja idade seja igual ou próxima ou mesmo um tantinho superior aos trinta anos. Sua vasta obra mostra que as conhecia como poucos. Ousaria dizer, até, que como ninguém. Era um “expert” no universo feminino. Captou, e descreveu, gostos, temores, pensamentos, sentimentos etc. etc.etc. das fêmeas de diversas idades e condições econômicas e sociais, variando, apenas, em intensidade. A origem desse adjetivo é o primoroso romance de Balzac “A mulher dos trinta anos”, obra-prima sem igual. Nem precisava dizer. Afinal...

O que choca o estudioso de Literatura é a constatação que sua genialidade literária, sua incrível criatividade, seu incomparável poder de observação eram proporcionais à sua incompetência quando se tratava de fazer negócios. O sujeito era um rotundo, completo e absoluto fracasso quando o assunto era ganhar dinheiro. Metia-se em transações absurdas. Perdia fortunas num piscar de olhos. Era um verdadeiro “pato”, desses que uma criança de seis anos embrulharia com a maior facilidade, sem fazer qualquer esforço. Vivia, pois, endividado, atolado em contas a pagar sem quase nada a receber,  com a corda no pescoço, premido (ou espremido?) por credores, que não lhe davam trégua. Curiosamente, esses desastres financeiros, constantes, onipresentes e repetitivos transformaram-se em principal combustível para exercitar sua genialidade. Foi um homem que feza do fracasso (como negociante) o motor de seu sucesso (como escritor).

Tinha que escrever, escrever e escrever, incansável e doidamente, e publicar de imediato o que escrevia, para conseguir algum dinheiro para pagar dívidas, posto que seus ganhos fossem sempre insuficientes. Para sorte dele, tinha um talento absurdo, que talvez nem ele soubesse que fosse tanto e que, portanto, não valorizasse. Para que o leitor tenha uma idéia, a coleção de romances, novelas e contos que escreveu, intitulada “A comédia humana”, consiste de 95 livros, nos quais Balzac retratou todos os níveis da sociedade francesa do seu tempo. Porém, sabem o que mais? O escritor achou que não havia esgotado o assunto. Diga-se de passagem que nunca foi repetitivo. Todos esses livros são rigorosamente originais, geniais, únicos. Pois não é que Balzac ainda não estava satisfeito?!!! Seu plano era o de escrever mais, muito mais, pelo menos  o mesmo tanto de livros que já havia escrito, o que só não fez porque a morte não deixou. Morreu relativamente jovem (até para aquele tempo, a primeira metade do século XIX), em 18 de agosto de 1850, aos 51 anos de idade. Pudera! Nem mesmo máquinas, feitas de aço, resistem a tanta atividade.

Todavia, Balzac não se limitou, apenas, a escrever romances, novelas e contos. “A comédia humana”, por si só fenômeno de produtividade e criatividade, está longe, muito longe de se constituir em seu único legado às letras mundiais. Escreveu, também, "estudos filosóficos" (como “A Procura do Absoluto”, 1834) e estudos analíticos (como a “Fisiologia do Casamento”, que causou escândalo ao ser publicado em 1829). Foi “só” (como se isso fosse pouco)?!!! Longe disso! Escreveu “Du Droit d'aînesse” (1824), “Histoire impartiale des Jésuites” (1824), “Code des gens honnêtes” (1826), etc,etc.etc. E muitos eteceteras! É verdade que não fez fortuna com sua obra. Ao contrário, morreu devendo para Deus e o mundo. Porém conquistou algo que para qualquer escritor é o mais importante: o reconhecimento da posteridade. Influenciou romancistas, também geniais, como Eça de Queiroz, Gustave Flaubert, Marcel Proust, Henry James, etc.etc.etc. Segue influenciando milhares e milhares de escritores, mundo e tempo afora, mesmo que não reconheçam essa influência e sequer a identifiquem. Que sujeito mais estranho foi esse tal de Balzac!!!!


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Wednesday, October 28, 2015

Partilho com vocês, para sua reflexão neste meio de semana, este poema de Mauro Sampaio, intitulado “Justificar-me”, e que foi dedicado ao Dr. Lycurgo de Castro Santos Filho, um dos mais eminentes, competentes e reconhecidos urologistas do País, que tive o raro privilégio de contar como companheiro de Academia por quase uma década, até a sua morte:

“Justificar-me?
Justificar-me de ser, mas não por convicção?
Mas quem é, e sabe que é, e quer ser, sem querer mais ser?
Não haverá em todos nós uma parada
com tristeza e desonra por dentro, e satisfação externa para o exterior?
Há tanta justificativa que nada justifica,
tanta compreensão que não compreende nada,
que o melhor
é a não explicação de explicação alguma.
É sentir-se à beira de um abismo
e vê-lo como o caminho natural para a planície!”.


Agora deu para entender por que coloco Mauro Sampaio no mesmo patamar dos mais consagrados poetas brasileiros, de Mário Quintana, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto e Cecília Meirelles, entre outros?

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“Balbúrdia Literária” José Paulo Lanyi – Contato: jplanyi@gmail.com
“A Passagem dos Cometas” – Edir Araújo – Contato: edir-araujo@hotmail.com
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