Na reta final
Pedro J. Bondaczuk
A
seleção brasileira, aos trancos e barrancos, venceu mais da metade do caminho
rumo à conquista do tetracampeonato. Caso se faça uma análise serena, baseada
somente nos números, a performance da equipe não foi tão ruim. Pelo contrário.
Na
primeira fase, foi a que acumulou o maior número de pontos ganhos, teve a
defesa menos vazada e um dos três melhores ataques. Todavia, futebol é, acima
de tudo, espetáculo, embora a Copa do Mundo seja uma competição. Ao contrário
do que pensa nossa comissão técnica, no entanto, um fator não exclui o outro. A
Seleção poderia, perfeitamente, conquistar o título --- e nossa modesta opinião
é a de que o conquistará --- jogando bem. Em todo o caso...
Nosso
próximo adversário, a Holanda, pelo que mostrou neste mundial, é inferior,
tecnicamente, à Rússia e à Suécia, mas muitíssimos furos superior a Camarões e
ao modestíssimo selecionado dos Estados Unidos. Seus méritos principais são a
ousadia no ataque --- joga com três atacantes enfiados entre a zaga adversária,
inclusive com dois ponteiros clássicos --- e conta com o apoio dos zagueiros e
do meio do campo.
Falha,
porém, no sistema defensivo, com marcação deficiente e lentidão da sua zaga.
Caso a defesa brasileira mantenha a regularidade mostrada até aque, que
transformou Taffarel em mero assistente privilegiado das quatro partidas
disputadas, e se o meio de campo despertar um pouquinho que seja de sua
latargia e melhorar a qualidade do passe, não temos dúvidas em prognosticar uma
passagem tranqüila para as semifinais.
O
temor é quanto à forma do lateral Branco, se for ele mesmo o escalado para
substituir Leonardo. Embora o técnico Carlos Alberto Parreira costume fazer
mistério acerca da escalação, ele é previsível demais em suas decisões. Não
prima pela ousadia. Portanto, há 90% de chances de que quem entrará jogando
será mesmo o jogador gaúcho do Fluminense do Rio.
Sua
oportunidade pode ter chegado e espera-se que ele se supere e a agarre com
unhas e dentes, suprindo seu mau preparo
físico com garra e técnica. Todavia, a escalação de Branco não deixa de ser
temerária, ainda mais quando se leva em conta que a Holanda tem no seu lado
direito do ataque as jogadas mais perigosas e até fatais.
De
qualquer forma, entendemos que o momento das críticas e das celeumas já passou.
Até porque, Parreira não irá mudar, mesmo, a forma da Seleção jogar. Manda o
bom senso, portanto, que a torcida --- e são 150 milhões de brasileiros --- se
transforme no 12º jogador e encha a equipe de moral, para ganhar os três jogos
que faltam. O tetra está ao alcance das mãos.
(Artigo
publicado na página 2 do caderno "Copa 94" do Correio Popular, em 8
de julho de 1994).
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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