Friday, October 02, 2015

Na reta final


Pedro J. Bondaczuk


A seleção brasileira, aos trancos e barrancos, venceu mais da metade do caminho rumo à conquista do tetracampeonato. Caso se faça uma análise serena, baseada somente nos números, a performance da equipe não foi tão ruim. Pelo contrário.

Na primeira fase, foi a que acumulou o maior número de pontos ganhos, teve a defesa menos vazada e um dos três melhores ataques. Todavia, futebol é, acima de tudo, espetáculo, embora a Copa do Mundo seja uma competição. Ao contrário do que pensa nossa comissão técnica, no entanto, um fator não exclui o outro. A Seleção poderia, perfeitamente, conquistar o título --- e nossa modesta opinião é a de que o conquistará --- jogando bem. Em todo o caso...

Nosso próximo adversário, a Holanda, pelo que mostrou neste mundial, é inferior, tecnicamente, à Rússia e à Suécia, mas muitíssimos furos superior a Camarões e ao modestíssimo selecionado dos Estados Unidos. Seus méritos principais são a ousadia no ataque --- joga com três atacantes enfiados entre a zaga adversária, inclusive com dois ponteiros clássicos --- e conta com o apoio dos zagueiros e do meio do campo.

Falha, porém, no sistema defensivo, com marcação deficiente e lentidão da sua zaga. Caso a defesa brasileira mantenha a regularidade mostrada até aque, que transformou Taffarel em mero assistente privilegiado das quatro partidas disputadas, e se o meio de campo despertar um pouquinho que seja de sua latargia e melhorar a qualidade do passe, não temos dúvidas em prognosticar uma passagem tranqüila para as semifinais.

O temor é quanto à forma do lateral Branco, se for ele mesmo o escalado para substituir Leonardo. Embora o técnico Carlos Alberto Parreira costume fazer mistério acerca da escalação, ele é previsível demais em suas decisões. Não prima pela ousadia. Portanto, há 90% de chances de que quem entrará jogando será mesmo o jogador gaúcho do Fluminense do Rio.

Sua oportunidade pode ter chegado e espera-se que ele se supere e a agarre com unhas e dentes, suprindo seu  mau preparo físico com garra e técnica. Todavia, a escalação de Branco não deixa de ser temerária, ainda mais quando se leva em conta que a Holanda tem no seu lado direito do ataque as jogadas mais perigosas e até fatais.

De qualquer forma, entendemos que o momento das críticas e das celeumas já passou. Até porque, Parreira não irá mudar, mesmo, a forma da Seleção jogar. Manda o bom senso, portanto, que a torcida --- e são 150 milhões de brasileiros --- se transforme no 12º jogador e encha a equipe de moral, para ganhar os três jogos que faltam. O tetra está ao alcance das mãos.

(Artigo publicado na página 2 do caderno "Copa 94" do Correio Popular, em 8 de julho de 1994).


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