Campanhas retardadas
Pedro J. Bondaczuk
A
Copa do Mundo dos Estados Unidos e o lançamento do Real, temas que polarizam as
atenções e ocupam a maior parte do espaço na imprensa, fizeram com que as
campanhas para as eleições de 3 de outubro próximo esfriassem.
Um
cidadão menos informado, ou distraído, poderia até se esquecer que, dentro de
dois meses e meio, os eleitores vão acorrer às urnas para eleger um novo
presidente, todos os governadores e renovar a Câmara de Deputados, parte do
Senado e as Assembléias Legislativas.
Como
se vê, o tempo é curto, curtíssimo, principalmente quando se leva em conta o
fato de o País ter dimensões continentais.
Alguns
podem argumentar que a partir de agosto próximo, os candidatos terão dois meses
para dar o seu recado pelo rádio e pela televisão, com o início da propaganda
eleitoral gratuita. Para os partidos que vão dispor de bom tempo, a observação
é verdadeira. E para os outros, os médios e pequenos, que contam com bancadas
reduzidas no Congresso?
É
verdade que a opinião unânime do eleitor é a de que as campanhas, da maneira
como têm sido desenvolvidas nas últimas eleições, são uma enorme chatice. E a
deste ano tende a ser mais chata ainda, com a inexplicável proibição da
exibição de cenas externas, de comícios e manifestações. Vai se restringir às
fotos dos candidatos e às suas mensagens, que terão de ser apresentadas em
alguns ínfimos segundos.
Para
um país cujo grande problema é a falta de consciência política e onde o
analfabeto tem direito a voto, esse tipo de propaganda é o pior possívele
apenas vai contribuir para a escolha de um Congresso tão ruim ou pior do que o
atual.
É
verdade que para os dois principais cargos em disputa, a Presidência da
República e o governo do Estado, as emissoras de televisão, certamente, vão
promover debates ao vivo. Contudo, a maior deficiência nas eleições brasileiras
têm se manifestado, historicamente, na composição dos legislativos.
O
ideal é que o próximo presidente consiga, junto com o mandato --- que será de
quatro anos --- condições de governar. Para que isso ocorra, é preciso que
conquiste maioria no Congresso, de forma tal que dispense a necessidade de
barganha com a oposição para a aprovação dos projetos que fundamentem seu
programa de governo.
As
limitações das campanhas, iniciadas, no nosso entender, tardiamente, tendem a
comprometer a compreensão dessa necessidade por parte do eleitorado.
(Artigo
publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 2 de julho de 1994).
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