Flagelo
do Terceiro Mundo
Pedro J. Bondaczuk
O papa João Paulo II, ao receber, ontem, no
Vaticano, um grupo de funcionários do Fundo das Nações Unidas para a Infância
(Unicef), alertou para a situação da maioria das crianças no mundo, sem teto,
sem lar e sem comida. E classificou a situação desses meninos pobres de “um dos
grandes escândalos da nossa sociedade”. Aduziríamos: é o maior deles! Senão,
vejamos.
Segundo relatórios do próprio Unicef, no ano
passado, nos países em desenvolvimento (eufemismo para designar os miseráveis),
15 milhões de crianças morreram de doenças ou de desnutrição. Isto é: de fome.
O órgão estima, ainda, que no Terceiro Mundo, 40 mil menores de idade morrem,
em média, por dia (notem bem, 40 mil por dia!!!) por falta de alimentos.
Segundo um outro estudo, divulgado pelo Unicef, a recessão mundial tende a
agravar esse quadro.
O documento conclui que os piores efeitos da
recessão nos países industrializados estão sendo repassados para os Estados
pobres do Planeta. E que estes, multiplicados, acabam vitimando, sobretudo, as
crianças.
Isso é mais revoltante quando se constata que,
apenas 10% do que se gasta diariamente na tresloucada corrida armamentista das
superpotências, seriam suficientes para acabar com esse quadro de horror, onde
os fortes (ou privilegiados), ao invés de protegerem os fracos, os subjugam, em
troca do pão, quando não os deixam morrer, de maneira mais cruel e mesquinha:
de fome.
O Sumo Pontífice pede leis que permitam, sem
burocracia (a fome e o abandono não esperam), que essas crianças sem lar possam
ser adotadas, definitiva ou temporariamente. Infelizmente, a voz do pastor,
certamente, mais uma vez deverá cair em ouvidos moucos, surdos aos apelos da
razão. É lamentável e perigoso esse procedimento. E, sobretudo, iníquo e
imoral. Mas é a regra mundial da atualidade.
(Artigo publicado na página 9, Internacional, do
Correio Popular, em 27 de abril de 1984)
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