Thursday, October 15, 2015

Na Rota do Penta


Pedro J. Bondaczuk

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A trajetória da seleção brasileira nesta Copa pode não ter sido das mais brilhantes até aqui, se comparada com as de 1958, 1962, 1970 e 1994. Embora individualmente não fique nada a dever àquelas excepcionais equipes, revelou, na França, um grande desentrosamento. Isso mostra, no mínimo, que os amistosos disputados nos últimos quatro anos foram mal planejados ou apenas para fazer "caixinha" para a CBF e atender ao patrocinador. Além disso, houve erros na convocação, com craques do porte de Mauro Galvão, Müller, Márcio Santos, Jardel, etc. não sendo sequer cogitados.

Mas o time, com todas as deficiências mostradas, notadamente no meio de campo (que não soube até aqui sair com rapidez para o ataque e mostrou falhas de marcação) e no sistema de cobertura dos laterais, apresentou algumas virtudes. E não são poucas, convenhamos. Fez o suficiente para chegar às semifinais e credenciar-se à conquista do penta.

Se o Brasil vai ser campeão ou não é outra história. Fica por conta do imponderável. Afinal, trata-se de "jogo" e com apenas dois resultados possíveis: vitória ou derrota. Nessa fase da Copa não há empate. É uma competição de "tiro curto", onde nem sempre o melhor vence. Mas contrariando prognósticos de pessimistas, de histéricos e daquela "turma do contra", que parece ficar contente com qualquer insucesso do Brasil (revelando forte componente masoquista, por sinal), aos tropeções ou não, mesmo dando sustos incríveis na torcida, chegou à semifinal.

Entre as virtudes que podem ser apontadas na atual seleção está a efetividade do ataque que, mesmo mal municiado, já fez 13 gols, numa das melhores performances ofensivas de todas as Copas que disputou. E no caso brasileiro, são literalmente "todas". O País encerra o século como o único tetracampeão, com possibilidades reais de sagrar-se penta e consolidar sua incontestável hegemonia nesse esporte.

A distribuição da artilharia comprova que o time não depende, como em outras oportunidades, de um único jogador. Quatro estão rigorosamente empatados com três gols cada um (Bebeto, Rivaldo, Ronaldinho e César Sampaio) revelando um grande elenco de opções, não igualado praticamente por nenhuma outra seleção (à exceção da Dinamarca) desta Copa. Ainda pode dar-se o luxo de manter no banco de reservas craques do nível de Denilson e de Edmundo.

A seleção mostrou, também, excelente poder de recuperação. Perdeu quando podia perder, sem que a derrota se refletisse no moral do grupo. Mostrou técnica quando foi possível (no jogo contra Marrocos e no segundo tempo contra o Chile) e raça quando jogou mal, no caso da dramática partida contra a Dinamarca. Se o penta vier, que não se diga que o time foi "retranqueiro", como o de 1994. Caso não obtenha êxito... Terá sido, com certeza, uma equipe valente e aguerrida, vencida apenas pelas circunstâncias normais de jogo.



(Artigo publicado no Correio Popular em 6 de julho de 1998)

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