Na
Rota do Penta
Pedro J. Bondaczuk
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A
trajetória da seleção brasileira nesta Copa pode não ter sido das mais
brilhantes até aqui, se comparada com as de 1958, 1962, 1970 e 1994. Embora
individualmente não fique nada a dever àquelas excepcionais equipes, revelou,
na França, um grande desentrosamento. Isso mostra, no mínimo, que os amistosos
disputados nos últimos quatro anos foram mal planejados ou apenas para fazer
"caixinha" para a CBF e atender ao patrocinador. Além disso, houve
erros na convocação, com craques do porte de Mauro Galvão, Müller, Márcio
Santos, Jardel, etc. não sendo sequer cogitados.
Mas
o time, com todas as deficiências mostradas, notadamente no meio de campo (que
não soube até aqui sair com rapidez para o ataque e mostrou falhas de marcação)
e no sistema de cobertura dos laterais, apresentou algumas virtudes. E não são
poucas, convenhamos. Fez o suficiente para chegar às semifinais e credenciar-se
à conquista do penta.
Se
o Brasil vai ser campeão ou não é outra história. Fica por conta do
imponderável. Afinal, trata-se de "jogo" e com apenas dois resultados
possíveis: vitória ou derrota. Nessa fase da Copa não há empate. É uma
competição de "tiro curto", onde nem sempre o melhor vence. Mas
contrariando prognósticos de pessimistas, de histéricos e daquela "turma
do contra", que parece ficar contente com qualquer insucesso do Brasil
(revelando forte componente masoquista, por sinal), aos tropeções ou não, mesmo
dando sustos incríveis na torcida, chegou à semifinal.
Entre
as virtudes que podem ser apontadas na atual seleção está a efetividade do
ataque que, mesmo mal municiado, já fez 13 gols, numa das melhores performances
ofensivas de todas as Copas que disputou. E no caso brasileiro, são
literalmente "todas". O País encerra o século como o único
tetracampeão, com possibilidades reais de sagrar-se penta e consolidar sua
incontestável hegemonia nesse esporte.
A
distribuição da artilharia comprova que o time não depende, como em outras
oportunidades, de um único jogador. Quatro estão rigorosamente empatados com
três gols cada um (Bebeto, Rivaldo, Ronaldinho e César Sampaio) revelando um
grande elenco de opções, não igualado praticamente por nenhuma outra seleção (à
exceção da Dinamarca) desta Copa. Ainda pode dar-se o luxo de manter no banco
de reservas craques do nível de Denilson e de Edmundo.
A
seleção mostrou, também, excelente poder de recuperação. Perdeu quando podia
perder, sem que a derrota se refletisse no moral do grupo. Mostrou técnica
quando foi possível (no jogo contra Marrocos e no segundo tempo contra o Chile)
e raça quando jogou mal, no caso da dramática partida contra a Dinamarca. Se o
penta vier, que não se diga que o time foi "retranqueiro", como o de
1994. Caso não obtenha êxito... Terá sido, com certeza, uma equipe valente e
aguerrida, vencida apenas pelas circunstâncias normais de jogo.
(Artigo
publicado no Correio Popular em 6 de julho de 1998)
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