Tuesday, October 31, 2017

CADA SER HUMANO É “UM UNIVERSO DE NATUREZA ESPIRITUAL”

Jacques Maritain escreveu sobre nossa condição individual e, simultaneamente, coletiva, ou seja, como partes de um todo: “Cada ser humano é um indivíduo como o animal, a planta, o átomo, fragmento de uma espécie, parte singular da imensa rede de influências cósmicas, étnicas e históricas que o dominam. E ao mesmo tempo é uma pessoa, quer dizer, um universo de natureza espiritual, dotado de livre-arbítrio e, como tal, um todo independente em face do mundo”. E quem foi esse ilustre pensador? Jacques Maritain, que faleceu em 22 de abril de 1973, foi um filósofo francês, de orientação católica (era da escola tomista), que, entre outras coisas, influenciou a ideologia da democracia cristã. Produziu muito, legando à posteridade mais de 60 livros. Um dos escritores que mais se preocuparam com a questão da superpopulação, foi o inglês Aldous Leonard Huxley, falecido dez anos antes de Jacques Maritain, em 22 de novembro de 1963. Foi um dos mais festejados e aclamados romancistas do século XX, cuja obra mais lida e mais citada é “Admirável mundo novo”. Li, desse autor, além desse livro, “Contraponto”, “Sem olhos em Gaza”, “Ronda grotesca”, “Volta ao admirável mundo novo”, além dos ensaios “As portas da percepção” e “A situação humana”.


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A dança das pesquisas

Pedro J. Bondaczuk

Á medida em que se aproxima o primeiro turno das eleições municipais de 3 de outubro próximo, mais e mais as pesquisas de opinião ganham destaque na imprensa. Para uns, elas refletem de fato a intenção do eleitorado. Para outros, são manipuladas e não passam de instrumento disfarçado de propaganda.

Há os que se deixam levar por elas e votam no candidato que as lidera. E existem os eleitores de personalidade, que optam por um programa de governo e fecham questão em torno dele, sem se deixar levar por qualquer outro tipo de argumento. Seriam as pesquisas infalíveis? Evidentemente, não.

Há precedentes, e muitos, em que elas não detectaram corretamente as tendências. Ou em que estas mudaram radicalmente em cima da hora. O caso mais citado é o das eleições de 1988, em São Paulo, quando o atual prefeito Paulo Maluf estava muitos pontos à frente dos seus adversários, mas acabou derrotado pela petista Luiza Erundina.

Outro episódio semelhante, envolvendo o atual presidente Fernando Henrique Cardoso e Jânio Quadros, também na Capital, ocorreu em 1984. Naquela oportunidade, a vitória de FHC era dada como líquida e certa por todas as pesquisas, que apenas variavam quanto à diferença. Na hora da verdade, contudo, não foi o que aconteceu.

O que os institutos detectam é a "intenção" de voto do eleitor e não o sufrágio em si. E nada impede que esta venha a mudar em cima da hora, no momento mesmo do exercício do voto. Não são muito freqüentes essas mudanças de opinião, mas elas ocorrem. Se as pesquisas fossem infalíveis, não seria necessária a votação.

Mas não é a exatidão das consultas que se questiona, e sim a influência que exercem sobre o eleitorado. Em alguns países, elas são proibidas um mês antes da realização das eleições. Entre nós, a legislação não é tão rígida.

As pesquisas eleitorais completam, em 1996, exatos 60 anos. A primeira foi feita em 1936, durante a sucessão presidencial norte-americana. De lá para cá, as entrevistas tornaram-se mais sofisticadas, as tabulações de resultados passaram a ser feitas por computadores e seu grau de exatidão chega a quase 100%.

Mas elas são um retrato das "intenções" do eleitor em dado momento. Não preveem, por mais que se pretenda, o que o cidadão pesquisado vai de fato fazer na hora de exercitar o direito de voto. É aí, nesse momento de enorme responsabilidade, que se recomenda que ele seja absolutamente racional e frio e expresse apenas o seu desejo, de forma livre, democrática e soberana.


(Artigo escrito em 16 de setembro de 1996)


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Preço do triunfo

Pedro J. Bondaczuk

Os fins “sempre” justificam os meios? Há pessoas que garantem que sim e agem dessa forma, como se essa fosse a conduta normal dos vencedores. Depende, porém, de quais são essas “finalidades” – se são, de fato, benéficas e não prejudicam ninguém ou se para serem alcançadas alguém terá que perder – e quais as estratégias que empregamos para atingi-las. Se forem a competência, o conhecimento e as ações construtivas, serão métodos desejáveis e aprováveis. Caso contrário...

Ademais, creio que deva haver muito cuidado no emprego dessa palavrinha “sempre” – que considero um tanto pernóstica – e de sua antônima, “nunca”. A primeira pressupõe que seja possível uma absoluta impossibilidade humana: a eternidade. Sugere algo que não tem começo e nem fim. Não é o caso, evidente, do homem.

Já a segunda palavra tem a conotação de algo que não se possa fazer ou alcançar jamais, interdito a quem quer que seja. Diante de tanta maravilha que já vi, nos meus tantos anos de vida, no entanto, chego à conclusão que é apenas “impossível Deus pecar”. No mais... Considero, pois, impróprio o emprego da palavra “nunca”, assim como da sua antônima “sempre”. Pode parecer mero preciosismo vocabular, mas não é. Para deixar claros os conceitos que abordamos, temos que empregar as palavras de forma correta, com seu real e estrito significado.

Muito bem, se é verdade que os fins nem sempre justificam os meios, não é menos real que eles “nunca” os justifiquem. Há situações em que quaisquer ações são justificáveis face às suas finalidades. Exemplo? Embora eu seja totalmente avesso a qualquer tipo de violência, faria vistas grossas, no entanto, se ela fosse empregada para pôr fim a uma tirania. Neste caso, o fim justifica o emprego de todo e qualquer meio. Inclusive desse. Isso, porém, é sumamente raro.

Há pessoas que fazem de tudo para atingir determinados objetivos. Entram em competição com os outros só para ganhar. Não admitem derrota em nenhuma circunstância. Não lhes importa se o que fazem é lícito ou ilícito, moral ou imoral, ético ou aético. Para elas, só a vitória conta.

Sacrificam amores, amizades, valores e tudo o mais no afã, na desesperada tentativa, na obsessão de vencer. Às vezes, conseguem o seu objetivo. Chegam ao “topo do mundo”, mas a que preço? Ademais, não permanecem por muito tempo no alto. E quanto maior for a altura que atingirem... maior, claro, será a queda, quando acontecer.

São inúmeras as pessoas, mundo afora, que, obcecadas pela fortuna, fama e poder, agem como o célebre personagem de Goethe, o tão conhecido Fausto. Ou seja, vendem a alma ao diabo, em troca desse ilusório e pífio objetivo. Acham que enganam o gênio do mal e que não terão preço algum a pagar pela imprudente permuta. Claro que se enganam. Sempre chega o dia fatídico do resgate da dívida, quando, então, percebem que não são tão espertas quanto supunham e que obtiveram, somente, a tal “vitória de Pirro”, que na verdade, a despeito das aparências, é fragorosa derrota . Mas aí... já é tarde, muito tarde para recuar.

Conheço inúmeros casos de pessoas que sacrificaram sólidas amizades por uma promoção no trabalho, por exemplo. Fizeram intrigas sobre amigos para a direção da empresa, por eles estarem à sua frente na competição por uma posição mais elevada e melhor remunerada, sabotaram seus projetos, se apropriaram de suas ideias e lograram, por meios tão torpes, seu objetivo.

Ou seja, agiram como Judas, que vendeu Jesus Cristo por 30 moedas, usando os mesmos argumentos do apóstolo infiel. Todavia, não tardou para que suas tramoias e artimanhas fossem descobertas. Como Fausto, que perdeu a alma para o diabo, por transitórias glória, fortuna e poder, tiveram, também, perda total. Ficaram sem emprego e sem o amigo. E, principalmente, sem reputação.

Casos desse tipo, infelizmente, são bastante comuns. Não se constituem, pois, em exceções, mas se transformaram (infelizmente) em regras de conduta. Provavelmente você, caro leitor, conheça um ou mais episódios desse tipo. Ou foi, até mesmo, vítima de alguma dessas decepcionantes traições. Acho lícitas as competições, desde que dentro de regras rígidas, iguais e consensualmente aceitas. Fora disso…

“Triunfos” desse tipo são ilusórios, falsos, enganadores. Por serem transitórios, escondem, na verdade, contundentes derrotas no seu desfecho. É só questão de tempo. O poeta indiano, Rabindranath Tagore, escreveu estes versos, que soam a aforismo repleto de sabedoria e verdade:: “Há triunfos que só se obtêm pelo preço da alma, mas a alma é mais preciosa que qualquer triunfo”.. E não é verdade? O Fausto de Goethe e os demais “Faustos” mundo afora que o digam.


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Monday, October 30, 2017

OS PREDADORES MAIS FEROZES E RESISTENTES DO SER HUMANO SÃO INVISÍVEIS

Os predadores mais ferozes e resistentes que o ser humano ainda tem, são invisíveis a olho nu: os vírus e bactérias, que o atacam no interior do próprio organismo, afetando seu funcionamento normal, causando-lhe o colapso (doenças) e levando-o, afinal, à morte. Mesmo estes, no entanto, vêm sendo, paulatinamente, vencidos, mediante medicamentos cada vez mais potentes e eficazes, práticas de higiene simples, mas eficientes, desconhecidas num passado ainda recente e técnicas médicas cada vez mais bem-sucedidas para seu restabelecimento. Não é por acaso, pois, que a espécie teve (e tem) explosiva multiplicação em decorrência desses avanços na luta contra seus invisíveis predadores. Claro que, como indivíduo, cada um de nós faz tudo o que for possível para sobreviver, e o máximo de tempo que conseguir. É instintivo. E vamos mais longe, empenhamo-nos para preservar nossas características genéticas básicas na nossa descendência. Ocorre que o que é bom no plano individual pode não o ser no coletivo. A existência de mais pessoas no mundo implica em maiores necessidades. O Planeta, porém, tem limites, tanto espaciais, quanto de geração do que é essencial à vida humana. E, a própria lógica sugere, já estamos nos aproximando celeremente deles que, a rigor, não conhecemos com precisão quais são.


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Perdas irreparáveis

Pedro J. Bondaczuk

A aliança que dá sustentação ao governo do presidente Fernando Henrique Cardoso acaba de sofrer duas perdas irreparáveis, embora ninguém seja insubstituível, ou não deveria ser. O ministro das Comunicações, Sérgio Motta, além de ser um dos homens da maior confiança de FHC, na qualidade de seu amigo pessoal, era tido como peça-chave na campanha para a reeleição, que a despeito de pesquisas (prematuras neste momento), promete ser das mais acirradas dos últimos tempos.

Já o líder do governo na Câmara, o deputado Luís Eduardo Magalhães, era um dos principais articuladores na votação das reformas do Estado, em andamento no Congresso desde o início da atual administração (que caminhou com extrema lentidão, nos quatro anos em que vem sendo debatida). Aos 43 anos de idade, era uma figura política em franca e veloz ascensão, para quem se previa um futuro dos mais brilhantes e promissores, não apenas no âmbito do Legislativo, mas principalmente do Executivo.

Era candidatíssimo ao governo da Bahia onde, só por uma dessas incríveis surpresas (raras por sinal), que muitas vezes emergem das urnas e atropelam os favoritos, deixaria de ser eleito, dada a inegável preponderância do seu pai, o senador Antonio Carlos Magalhães, nesse Estado. Mas aspirava voos muito mais altos do que esse. Queria o Planalto. Era consenso, em Brasília, que o parlamentar baiano vinha sendo cuidadosamente preparado para ser o sucessor do próprio Fernando Henrique, nas eleições presidenciais de 2002.

Com as mortes, e enquanto não encontra substitutos à altura, o próprio presidente assume a coordenação política das reformas, virtualmente paralisadas antes mesmo das duas infaustas ocorrências. Fica sobrecarregado num momento crítico, quando as campanhas presidenciais estão em vias de ganhar as ruas e o País --- notadamente São Paulo --- vê-se mergulhado no maior desemprego dos últimos 50 anos.

Apesar de FHC contar, a seu favor, com a estabilização da economia, é visível o descontentamento nacional diante da atual paralisia econômica e da falta de perspectiva, a curto prazo, de uma reversão da situação. Nestas circunstâncias, qualquer candidato que tiver um programa minimamente consistente de geração de empregos, que não seja inflacionário e que se afigure factível, tem condições de "atropelar" o presidente, na reta final, e frustrar seu sonho de reeleição. Difícil? Pode ser! Impossível? De forma alguma!

A história recente, aqui mesmo na América do Sul, apresenta vários exemplos de favoritos nas pesquisas e que acabaram derrotados por francos "azarões". O caso mais notável foi o do escritor Mário Vargas Llosa, no Peru, em fins da década passada. Durante mais de um ano, os vários institutos peruanos davam-lhe mais de 70% das intenções de votos do eleitorado. Mesmo às vésperas das eleições, detinha 65% das preferências, o dobro de todos seus adversários somados. Tudo indicava que a votação seria apenas um "passeio", mera formalidade. Mas não foi.

Eis que surgiu um candidato desconhecido, descendente de japoneses, com uma campanha bastante agressiva, embora carente de recursos e visto com desconfiança tanto pela esquerda, quanto pela direita, com uma plataforma confusa de governo, eivada de populismo, motivo de chacota na imprensa.

Para surpresa geral, no entanto, Alberto Fujimori, ridicularizado por expressiva parcela da opinião pública, conseguiu votos suficientes para provocar um segundo turno. E neste, foi eleito presidente. Em eleições, portanto, nunca se pode menosprezar os adversários e se julgar ganhador por antecedência. FHC já tem uma experiência amarga nesse sentido quando, favorito à prefeitura de São Paulo --- tendo inclusive tirado fotos na cadeira de prefeito --- foi batido, na reta final, pelo ex-presidente Jânio Quadros.

(Artigo escrito em 27 de abril de 1998)


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Controle do homem

Pedro J. Bondaczuk

O raciocínio, embora seja indispensável, por se tratar de característica distintiva do ser humano em relação a qualquer outro vivente, torna-se inócuo e sem sentido se não vier acompanhado de alguma ação. Nem que essa seja a mais elementar de todas: a mera comunicação do que se raciocinou. Afinal, se não os comunicarmos, ninguém saberá o teor e o alcance do que raciocinamos. E sem isso... esse ato nobre não passará de mera perda de tempo. Ninguém irá tirar proveito dele e nós muito menos.

Por outro lado, é certo que tudo o que fizermos tem que ser minimamente planejado. Agir às cegas é contraproducente e, não raro, até fatal. Em contrapartida, planos que não sejam executados são, a exemplo do raciocínio, inócuos. Não geram efeitos e, por essa razão, também se constituem em perda de tempo.

Não me adianta fazer planos mirabolantes, detalhados e perfeitos, se acabarem engavetados e logo após esquecidos. Inúmeras pessoas agem assim, quer no que se refere às suas vidas, quer às atividades profissionais que exercem.

Conheço um escritor que já planejou dezenas de livros. Vi alguns desses planos e achei-os perfeitos. No entanto... escreveu, de fato, apenas um. Maior resultado ele teria, obviamente, se agisse mais e planejasse menos. Seria, provavelmente, um best-seller, fosse homem de ação.

Há, nas empresas, a mania das reuniões da sua “cúpula pensante”. Há algumas que exageram e promovem várias num só dia. Quem já participou de alguma delas sabe o quanto são dispersivas e contraproducentes.

Determinadas decisões, que poderiam (e deveriam) ser comunicadas – não apenas à equipe diretiva, mas a todos os funcionários – mediante simples memorandos, o são nesses encontros, em que há muito bla-bla-blá e pouca (ou nenhuma) objetividade. A rigor, são, via de regra, inócuas. Raramente resultam em ações efetivas.

Anos atrás, quando eu trabalhava em uma agência de publicidade de porte médio, uma poderosa multinacional, com ramificações em mais de 50 países, contratou-nos para elaborar uma campanha cuja finalidade era, justamente, desestimular as tais “reuniões”. A cúpula da empresa avaliou a relação custo-benefício e concluiu que o primeiro fator era muitíssimo maior do que o segundo.

Ou seja, tratava-se de um “ralo” por onde preciosos recursos se escoavam, com pouco e, não raro, sem nenhum retorno. Preciosas horas de trabalho, que poderiam e deveriam resultar em decisões fundamentais para a companhia (e de funcionários regiamente pagos, frise-se) eram gastas para se discutir obviedades, regadas a refrigerantes e litros e mais litros de café.

Uma das peças que criamos na oportunidade foi um enorme painel de acrílico, com um determinado slogan (que não me recordo qual foi), desestimulando as chefias de convocar reuniões, que foi colocado logo na entrada da empresa. Em vez delas, foi instituída a obrigatoriedade de cada chefe de seção elaborar, nos minutos finais do expediente, meticulosos relatórios sobre o que suas seções fizeram e com quais resultados.

Ficamos sabendo, posteriormente, que a campanha foi um sucesso. As tais reuniões, num primeiro momento, foram reduzidas à metade. E o balanço daquele ano, daquela multinacional específica, refletiu considerável salto em seu gráfico de lucros, que é o que importa e sempre irá importar aos seus atentos acionistas.

Conversas, por melhor que seja o seu nível, não são ações. Principalmente quando têm pouca (ou nenhuma) objetividade, como ocorre no caso das reuniões, autêntica praga na maioria das empresas brasileiras (e, quiçá, do resto do mundo). E, para empreendimentos industriais e/ou comerciais, óbvio, tempo é, e sempre será, dinheiro.

Não quero dizer, todavia, que raciocínio, planejamento e diálogo sejam inúteis. Longe disso. Contudo, para serem eficazes, e gerarem os efeitos que deles se espera, devem vir sempre, sem exceção, acompanhados da respectiva e indefectível ação. Caso contrário...

Afinal, produzir significa agir, assim como criar, modificar, consertar, pesquisar etc.etc.etc. Enfim, todo e qualquer verbo traz essa conotação. Essa, aliás, é a característica fundamental de Deus. A Bíblia diz, em seu preâmbulo: “No princípio era o verbo”. Ou seja, era o agente que construiu todo o universo, com sua grandeza e complexidade.

Aliás, a constatação de que agir é fundamental sequer é nova, mas sumamente óbvia. Tanto que o poeta grego Píndaro, que viveu entre 518 a.C e 438 a.C., já havia chegado à mesmíssima conclusão, há 2.500 anos, nestes versos do poema “Quarta Olímpica”, em que diz:

“Não banho as minhas palavras
na mentira; a ação é o controle de todo o homem”.

Simples (e óbvio) assim!!!




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Sunday, October 29, 2017

HOMEM TRANSFORMOU-SE DE PRESA EM PREDADOR

De todos os problemas que ameaçam a sobrevivência da espécie, e o mais relegado a um plano secundário, destaca-se o da superpopulação. A reprodução é um dos instintos básicos de toda e qualquer espécie de vida, quer a unicelular, quer as estruturas mais complexas, como os animais, entre eles o homem. É um processo que ocorre à revelia, tanto dos irracionais, quanto do único ser vivo dotado de razão. A natureza, todavia, tem mecanismo próprio para evitar que determinada espécie se reproduza em quantidade maior do que os recursos necessários à sua sobrevivência. Utiliza-se dos predadores. É um processo cruel, mas inflexível e necessário. O homem, ao longo de milênios, também já chegou a ser presa. Todavia, o recurso magnífico de que é dotado, a inteligência, fez com que provesse formas de defesa que lhe garantiram a sobrevivência. Fabricou armas e abrigos seguros, por exemplo. E foi mais longe: tornou-se, ele, o predador dos seus antigos predadores. Tanto que já provocou a extinção de um número muito grande de espécies e outras tantas correm sérios riscos de desaparecer.


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Municípios perdem outra vez



Pedro J. Bondaczuk


O tradicional recenseamento, ou seja, a contagem de quantos e como somos, o que fazemos, onde moramos etc. foi adiado, no corrente ano, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, por alegada falta de condições para ser realizado.

Quem perde com isso são os municípios, cujo repasse federal de recursos é baseado na população. Dessa maneira, cidades como Londrina, Campinas e Nilópolis, por exemplo, para citar apenas as que ostensivamente tiveram um crescimento populacional muito maior do que o constatado (ou intuído) pelas estimativas (feitas ao sabor de quem as realiza), vão ter, mais uma vez, prejuízos. Ficarão privadas de preciosas verbas, indispensáveis para o seu desenvolvimento, que de fato lhes pertencem.

A direção do órgão, em manifestações públicas de seus representantes, nega que haja uma componente política na decisão do adiamento do Censo. Todavia, a própria Associação de Funcionários do IBGE, através do seu diretor Francisco José Freire, se opõe, duramente, à transferência. Acusa, inclusive, o órgão de “incompetência administrativa”. E assegura que a verba foi liberada em tempo hábil para a contratação de recenseadores.

Como se observa, o Censo oficial tem uma função muito mais nobre do que a maioria dos brasileiros possa imaginar. Até 1980, foram realizados nove deles. O primeiro ocorreu em 1872 e constatou que o Brasil tinha 9.930.478 cidadãos. O seguinte iria acontecer apenas em 1890, quando os habitantes do País já somavam 14.333.915 indivíduos.

Na virada do século, a população apurada foi de 17.438.434. Em 1910, não houve recenseamento, fato que voltaria a se repetir, somente, em 1930, por causa do Estado Novo, e agora, em 1990. Se o adiamento atual foi ou não jogada política, não é possível de se comprovar. Afinal, as reais intenções das pessoas nunca estão estampadas em suas testas.

Vários prefeitos e inclusive a Associação dos Funcionários do IBGE acham que se agiu, no mínimo, com má fé. Se por uma eventualidade a razão foi esta, é lamentável, por demonstrar que o País continua praticando um municipalismo às avessas. Que o Governo Federal segue drenando os recursos (que seriam úteis e proveitosos nas comunidades) para o “saco sem fundo” de um Estado que, a despeito de certa melhoria, continua ainda sendo ineficiente e perdulário.

Tal procedimento não somente fere o preceito do genuíno federacionismo, consubstanciado na Constituição, como até mesmo foge à lógica nas prioridades nacionais, num país que não pode mais cometer qualquer erro na promoção do seu desenvolvimento, principalmente depois de ter andado tanto para trás ao longo da deprimente década de 1980. Que o Congresso instaure uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar quem e porque adiou o Censo de 1990.

(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 18 de agosto de 1990)



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Pessoas insubstituíveis

Pedro J. Bondaczuk

O beijo da pessoa amada é um dos momentos de intimidade mais profundos, mágicos, deliciosos e inesquecíveis que existem num relacionamento amoroso. Pode-se dizer que é uma das mais íntimas comunhões de dois corpos e duas almas. Ouso afirmar, até, que se trata de um “diálogo” direto, enfático e profundo entre um homem e uma mulher que se amam, sem precisar ao menos de uma só palavra.

Mais intenso e precioso o beijo se torna, porém, caso seja conquistado: se for manifestação espontânea de agrado, da pessoa a quem amamos, por nossos gestos de carinho e manifestações de respeito. E caso tenhamos a desventura de perder nosso grande amor, são os beijos trocados os momentos que nos despertam as mais ricas e preciosas recordações.

Seria, contudo, esta a maior delícia da vida? Diria que é uma delas. Se fizermos uma enquête a respeito constataremos, sem nenhuma surpresa, que nove entre dez pessoas sadias e normais responderão que nada no mundo é mais delicioso do que o amor correspondido. Ainda que sem correspondência, esse sentimento está repleto de satisfações íntimas, posto que sempre haverá a esperança de que um dia a pessoa que nosso coração elegeu como amada venha a corresponder ao que sentimos por ela.

Não é por acaso que este é o tema de predileção dos poetas. E, por mais que eles escrevam, que se esmerem em imagens e metáforas, jamais conseguirão expressar, com fidelidade, tudo o que sentem, porquanto esse sentimento é inexprimível em palavras. Outra manifestação que merece destaque são as lágrimas, eficazes válvulas de escape criadas pela natureza para amainar as emoções e evitar que façam estragos em nossa saúde.

Não fossem elas, o coração dificilmente resistiria os grandes impactos emocionais que, vira e mexe, nos acometem. São sempre bem-vindas quer em situações de angústia e desespero – aos quais acalma e alivia – quer nas de extrema alegria, ou, principalmente, de euforia. Constituem-se, por outro lado, em poderosas armas femininas.

As mulheres conseguem, de mim, tudo o que querem, quando choram. Não suporto vê-las chorar! As lágrimas estão sempre presentes nos casos de amor, reconciliando ou separando de vez os casais. Todavia, nenhum momento passado com a pessoa amada é mesquinho ou banal.

Quem ama, não esquece um só episódio desse grande amor, que dá encanto e transcendência mesmo a uma vida aparentemente pacata e vazia. Mas o instante que os amantes consideram mais marcante, é o do primeiro encontro, da primeira impressão, das primeiras palavras trocadas, do primeiro contato e, o clímax, do primeiro beijo.

É um momento que nunca mais se apaga da memória dos que se amam. O poeta cubano, Fayad Namis, compara-o aos fatos mais marcantes da história humana. Conclui que, para os amantes, é mais importante até do que a invenção da roda, a descoberta do fogo, a criação da escrita etc.

Por isso, algumas perdas que temos na vida são irreparáveis e nos deixam um imenso vazio, impossível de ser preenchido, na alma. Há pessoas que, contrariando o ditado, são, de fato, insubstituíveis em nossa estima e consideração. Mas não precisamos esquecer os que nos deixaram (ou porque morreram, ou porque se separaram de nós e as circunstâncias colocaram todo um continente de distância ou por outro motivo qualquer), quer seja a pessoa amada, quer parentes ou amigos.

Nossas saudades são livres e velozes e não se limitam nem pelo tempo e nem pelo espaço. Subitamente, sem nenhum aviso, trazem-nos à mente, mediante a recordação, essas pessoas que muito amamos e das quais nos separamos em decorrência de alguma circunstância.

Levam-nos, em suas velozes asas, de volta a períodos e lugares em que fomos felizes e que deixaram marcas indeléveis em nossos corações e mentes. E esses seres especiais, locais marcantes e episódios felizes tanto podem ser bastante remotos, da nossa infância, como recentes, de poucas horas atrás, por exemplo.

Às vezes nos deixam nostálgicos, outras, nos servem de consolo. Da minha parte, busco não sofrer com saudades. Agradeço, isto sim, a Deus, pelo privilégio de ter conhecido aquelas pessoas que me marcaram ou de haver vívido aqueles momentos jubilosos e ímpares.

Podemos, e devemos, guardá-los para sempre na memória e os homenagear com freqüência, lembrando-nos como eram e o que fizeram. É uma obrigação afetiva que temos com essas pessoas, circunstâncias e lugares. O poeta Farias de Carvalho escreveu o seguinte, neste poema de título comprido, mas de rara beleza, intitulado “Ao irmão Agostinho Caballero Martin, no seu regresso”:

Como vieste,
foste,
cavalgando uma estrela.

Agora, sim,
será certo e tranqüilo procurá-la
nos rebanhos do azul pelo infinito”.


Portanto, há ou não há pessoas insubstituíveis? Claro que sim!!!


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