Muitos
desaparecimentos e nenhuma explicação no Triângulo das Bermudas
Pedro
J. Bondaczuk
Os
casos de desaparecimento de navios e aviões no “Triângulo das
Bermudas”, inexplicáveis e sem que restasse qualquer vestígio das
naves e aeronaves que sumiram, apenas nos derradeiros 50 anos,
ascendem a várias centenas. É impossível de saber quantas foram e
até de estimar o número. Sabe-se, todavia, que foram muitas,
centenas, quiçá milhares de ocorrências. Esses “desaparecimentos”
foram desde minúsculas chalupas, passando por veleiros de porte
médio, indo até a gigantescos e modernos navios e robustos aviões
(em alguns casos de esquadras inteiras deles). Foram tanto rústicas
aeronaves de contrabandistas de rum das Antilhas, que desapareceram
quanto esquadrilhas de combate inteiras, dotadas de moderna
aparelhagem de controle e com tripulações de grande experiência.
A
Guarda Costeira dos Estados Unidos revelou, há algum tempo, que
apenas um em cada três desaparecimentos é comunicado às
autoridades. A área já foi palco de grandes buscas internacionais,
onde cada palmo do traiçoeiro oceano foi vasculhado à procura das
infelizes vítimas, sem qualquer sucesso. Durante a Segunda Guerra
Mundial, inúmeros aviões desapareceram no “Triângulo do Diabo”.
A maioria, por motivo estratégico (é evidente que não se pode, num
conflito, revelar nossas baixas ao inimigo) jamais foi sequer
informada ao público. Finda a conflagração, os desaparecimentos
continuaram numa alarmante sucessão.
Neste
momento em que o leitor estiver lendo este relato, por exemplo, é
bastante provável que algumas pessoas estejam desaparecendo na
região. E que nunca mais se encontrará qualquer vestígio nem dos
barcos ou aviões em que elas estiverem, e muito menos delas
próprias. Isso aconteceu, por exemplo, em 5 de dezembro de 1945, com
uma ultratreinada esquadrilha de 5 TBMs (Torpedo Bomber Médium) da
Marinha norte-americana, com 15 experientes aviadores. Um ano antes,
havia acontecido algo semelhante com sete bombardeiros dos Estados
Unidos. Estranhamente, também no mês de dezembro, quando se dá a
maioria dessas ocorrências na área.
Duas
horas depois que essas pesadas e eficientes aeronaves levantaram voo,
quando estavam a 300 milhas de Kindley Field, os pilotos encontraram
estranhos fenômenos atmosféricos. Alguns desses avantajados aviões
foram arrastados para cima, como se fossem feitos de papel e depois
arremessados de centenas de metros. Dois conseguiram escapar e
voltaram às Bermudas para informar a ocorrência. Cinco simplesmente
sumiram, sem deixar qualquer vestígio.
Nenhum
sinal de explosão foi registrado. Nenhuma parte não-submergível
foi vista flutuando na área. Nada que pudesse ao menos dar qualquer
pista para sequer se conjeturar sobre o que aconteceu foi detectado.
Em dois anos, os britânicos perderam duas aeronaves Tudor IV na área
nas mesmas circunstâncias. Tratava-se de um avião que tinha dado
mostras sobejas de eficiência durante a guerra.
Eram
Lancasters adaptados para funções civis e colocados no serviço do
transporte de passageiros. O primeiro, um “Star Tiger”, com 31
pessoas a bordo (entre as quais o marechal-do-ar britânico Sir
Arthur Cuningham), desapareceu no “Triângulo do Diabo” em 30 de
janeiro de 1948. Cinco dias depois, quando a aeronave já não
disporia de qualquer combustível, vinda de uma área sem nenhuma
ilha em suas proximidades, em pleno Atlântico Norte, foi captada uma
mensagem por um rádio-amador na costa Leste dos Estados Unidos. Uma
voz apenas soletrou: “G-A-H-N-P”, que era justamente o prefixo do
“Tiger” sumido. Que nunca foi encontrado.
Quase
um ano depois, em 19 de janeiro de 1949, era a vez de um “Star
Ariel” da British South American Airlines, desaparecer no
“Triângulo das Bermudas”. Buscas intensas, envolvendo navios,
aviões e lanchas de diversos países, praticamente varreram toda a
região. Inutilmente. Não foi possível jamais se saber nem o que, e
nem como se deu esse estranho desaparecimento. E muitos, muitos
outros casos, inclusive bastante recentes, poderiam ser relatados.
Todos com o mesmo resultado. Nenhum vestígio das pessoas e dos
veículos.
A
descrição dos fenômenos do “Triângulo do Diabo” desafia a
imaginação dos que tentam explicar suas causas. Bill Verity, por
exemplo, presenciou uma estranha e inexplicável chuva de raios. Ele
próprio afirmou depois: “Nunca vi raios assim. Um após outro
caíam no mar. Era o inferno desencadeado. Fui rodeado a noite
inteira e o dia seguinte por imensas descargas elétricas. Nunca
encontrei nada parecido. Sentia o cheiro de ozônio quando atingiam o
mar. Não me assusto facilmente, mas naquela noite fiquei apavorado”.
O
consultor de parapsicologia de Miami, M. B. Dyckshoorn, tem uma
estranha teoria para os desaparecimentos. E, ao contrário do que
poderíamos achar, não parte para o terreno místico, mas tenta dar
uma explicação lógica e racional, baseada em pseudofenômenos
naturais. Diz: “Não há nada de misterioso em metade dos
desaparecimentos ocorridos no Triângulo do Diabo. São resultado de
causas naturais. Da outra metade, alguns podem ser considerados
sobrenaturais, no sentido de que não estamos familiarizados com o
tipo de incidente que talvez tenha conduzido aos desaparecimentos,
mas visualizo uma razão científica. Vejo aviadores sufocados porque
o ar lhes é sugado dos pulmões. Não conseguem respirar. Mesmo com
o oxigênio e as cabinas pressurizadas, eles sufocam. É um
gigantesco vórtice ou redemoinho, que se origina numa depressão no
fundo do oceano causada talvez pelo resfriamento do núcleo
terrestre. Quando ele chega à superfície, absorve todo o ar
circulante. É capaz de atrair aviões que estejam voando a até três
mil metros de altitude. Suga para o seu interior grandes navios, ou
qualquer coisa que esteja na superfície, absorvendo-os sem deixar
vestígios”.
Os
seguidores do falecido profeta Edgar Cayce, entretanto, apelam para o
fantasioso. Afirmam que onde está hoje o “Triângulo do Diabo”,
existiu, outrora, o continente perdido da Atlântida, com uma
evoluída civilização, que havia atingido na época em que foi
tragada pelo mar um estágio tecnológico muitos furos acima do
atual. Dizem que a principal metrópole dos atlântidas está
submersa próxima à atual ilha de Bimini, cerca de 70 quilômetros
de Miami. Para esse pessoal, a causa dos desaparecimentos seria
poderosa fonte de energia construída por esse povo mitológico e que
repousaria no fundo do oceano. Lenda? Verdade? Mistificação? Vá
saber!
Mas
os fenômenos acima descritos certamente não são fantasias (longe
disso). Nem outras ocorrências estranhas, freqüentemente
verificadas na região, como bússolas cujas agulhas
inexplicavelmente começam a girar loucamente, em aviões e navios
que trafegam no “Triângulo do Diabo”. Ou o curto-circuito que
tem ocorrido em todo o sistema elétrico em vários iates e até em
transatlânticos.
Isso,
certamente, não é lenda e nem mistificação. Nem a média de oito
mil casos de desaparecimentos comunicados à Guarda Costeira da
Flórida, que é aquela que mais trabalho tem no mundo com esse tipo
de operação. Muita gente já passou pela área dezenas de milhares
de vezes, sem que testemunhasse qualquer espécie de anormalidade.
Mas várias pessoas sumiram misteriosamente na primeira ocasião que
por ali passaram. E nenhum vestígio do seu desaparecimento jamais
foi achado. O que realmente se passa no “Triângulo da Morte”?
Cada um tire as suas próprias conclusões.
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
No comments:
Post a Comment