Friday, October 13, 2017

Muitos desaparecimentos e nenhuma explicação no Triângulo das Bermudas

Pedro J. Bondaczuk

Os casos de desaparecimento de navios e aviões no “Triângulo das Bermudas”, inexplicáveis e sem que restasse qualquer vestígio das naves e aeronaves que sumiram, apenas nos derradeiros 50 anos, ascendem a várias centenas. É impossível de saber quantas foram e até de estimar o número. Sabe-se, todavia, que foram muitas, centenas, quiçá milhares de ocorrências. Esses “desaparecimentos” foram desde minúsculas chalupas, passando por veleiros de porte médio, indo até a gigantescos e modernos navios e robustos aviões (em alguns casos de esquadras inteiras deles). Foram tanto rústicas aeronaves de contrabandistas de rum das Antilhas, que desapareceram quanto esquadrilhas de combate inteiras, dotadas de moderna aparelhagem de controle e com tripulações de grande experiência.

A Guarda Costeira dos Estados Unidos revelou, há algum tempo, que apenas um em cada três desaparecimentos é comunicado às autoridades. A área já foi palco de grandes buscas internacionais, onde cada palmo do traiçoeiro oceano foi vasculhado à procura das infelizes vítimas, sem qualquer sucesso. Durante a Segunda Guerra Mundial, inúmeros aviões desapareceram no “Triângulo do Diabo”. A maioria, por motivo estratégico (é evidente que não se pode, num conflito, revelar nossas baixas ao inimigo) jamais foi sequer informada ao público. Finda a conflagração, os desaparecimentos continuaram numa alarmante sucessão.

Neste momento em que o leitor estiver lendo este relato, por exemplo, é bastante provável que algumas pessoas estejam desaparecendo na região. E que nunca mais se encontrará qualquer vestígio nem dos barcos ou aviões em que elas estiverem, e muito menos delas próprias. Isso aconteceu, por exemplo, em 5 de dezembro de 1945, com uma ultratreinada esquadrilha de 5 TBMs (Torpedo Bomber Médium) da Marinha norte-americana, com 15 experientes aviadores. Um ano antes, havia acontecido algo semelhante com sete bombardeiros dos Estados Unidos. Estranhamente, também no mês de dezembro, quando se dá a maioria dessas ocorrências na área.

Duas horas depois que essas pesadas e eficientes aeronaves levantaram voo, quando estavam a 300 milhas de Kindley Field, os pilotos encontraram estranhos fenômenos atmosféricos. Alguns desses avantajados aviões foram arrastados para cima, como se fossem feitos de papel e depois arremessados de centenas de metros. Dois conseguiram escapar e voltaram às Bermudas para informar a ocorrência. Cinco simplesmente sumiram, sem deixar qualquer vestígio.

Nenhum sinal de explosão foi registrado. Nenhuma parte não-submergível foi vista flutuando na área. Nada que pudesse ao menos dar qualquer pista para sequer se conjeturar sobre o que aconteceu foi detectado. Em dois anos, os britânicos perderam duas aeronaves Tudor IV na área nas mesmas circunstâncias. Tratava-se de um avião que tinha dado mostras sobejas de eficiência durante a guerra.

Eram Lancasters adaptados para funções civis e colocados no serviço do transporte de passageiros. O primeiro, um “Star Tiger”, com 31 pessoas a bordo (entre as quais o marechal-do-ar britânico Sir Arthur Cuningham), desapareceu no “Triângulo do Diabo” em 30 de janeiro de 1948. Cinco dias depois, quando a aeronave já não disporia de qualquer combustível, vinda de uma área sem nenhuma ilha em suas proximidades, em pleno Atlântico Norte, foi captada uma mensagem por um rádio-amador na costa Leste dos Estados Unidos. Uma voz apenas soletrou: “G-A-H-N-P”, que era justamente o prefixo do “Tiger” sumido. Que nunca foi encontrado.

Quase um ano depois, em 19 de janeiro de 1949, era a vez de um “Star Ariel” da British South American Airlines, desaparecer no “Triângulo das Bermudas”. Buscas intensas, envolvendo navios, aviões e lanchas de diversos países, praticamente varreram toda a região. Inutilmente. Não foi possível jamais se saber nem o que, e nem como se deu esse estranho desaparecimento. E muitos, muitos outros casos, inclusive bastante recentes, poderiam ser relatados. Todos com o mesmo resultado. Nenhum vestígio das pessoas e dos veículos.

A descrição dos fenômenos do “Triângulo do Diabo” desafia a imaginação dos que tentam explicar suas causas. Bill Verity, por exemplo, presenciou uma estranha e inexplicável chuva de raios. Ele próprio afirmou depois: “Nunca vi raios assim. Um após outro caíam no mar. Era o inferno desencadeado. Fui rodeado a noite inteira e o dia seguinte por imensas descargas elétricas. Nunca encontrei nada parecido. Sentia o cheiro de ozônio quando atingiam o mar. Não me assusto facilmente, mas naquela noite fiquei apavorado”.

O consultor de parapsicologia de Miami, M. B. Dyckshoorn, tem uma estranha teoria para os desaparecimentos. E, ao contrário do que poderíamos achar, não parte para o terreno místico, mas tenta dar uma explicação lógica e racional, baseada em pseudofenômenos naturais. Diz: “Não há nada de misterioso em metade dos desaparecimentos ocorridos no Triângulo do Diabo. São resultado de causas naturais. Da outra metade, alguns podem ser considerados sobrenaturais, no sentido de que não estamos familiarizados com o tipo de incidente que talvez tenha conduzido aos desaparecimentos, mas visualizo uma razão científica. Vejo aviadores sufocados porque o ar lhes é sugado dos pulmões. Não conseguem respirar. Mesmo com o oxigênio e as cabinas pressurizadas, eles sufocam. É um gigantesco vórtice ou redemoinho, que se origina numa depressão no fundo do oceano causada talvez pelo resfriamento do núcleo terrestre. Quando ele chega à superfície, absorve todo o ar circulante. É capaz de atrair aviões que estejam voando a até três mil metros de altitude. Suga para o seu interior grandes navios, ou qualquer coisa que esteja na superfície, absorvendo-os sem deixar vestígios”.

Os seguidores do falecido profeta Edgar Cayce, entretanto, apelam para o fantasioso. Afirmam que onde está hoje o “Triângulo do Diabo”, existiu, outrora, o continente perdido da Atlântida, com uma evoluída civilização, que havia atingido na época em que foi tragada pelo mar um estágio tecnológico muitos furos acima do atual. Dizem que a principal metrópole dos atlântidas está submersa próxima à atual ilha de Bimini, cerca de 70 quilômetros de Miami. Para esse pessoal, a causa dos desaparecimentos seria poderosa fonte de energia construída por esse povo mitológico e que repousaria no fundo do oceano. Lenda? Verdade? Mistificação? Vá saber!

Mas os fenômenos acima descritos certamente não são fantasias (longe disso). Nem outras ocorrências estranhas, freqüentemente verificadas na região, como bússolas cujas agulhas inexplicavelmente começam a girar loucamente, em aviões e navios que trafegam no “Triângulo do Diabo”. Ou o curto-circuito que tem ocorrido em todo o sistema elétrico em vários iates e até em transatlânticos.


Isso, certamente, não é lenda e nem mistificação. Nem a média de oito mil casos de desaparecimentos comunicados à Guarda Costeira da Flórida, que é aquela que mais trabalho tem no mundo com esse tipo de operação. Muita gente já passou pela área dezenas de milhares de vezes, sem que testemunhasse qualquer espécie de anormalidade. Mas várias pessoas sumiram misteriosamente na primeira ocasião que por ali passaram. E nenhum vestígio do seu desaparecimento jamais foi achado. O que realmente se passa no “Triângulo da Morte”? Cada um tire as suas próprias conclusões.

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