Sunday, September 30, 2018

Reflexão do dia


AS NOVAS GERAÇÕES SERÃO TÃO GENEROSAS 

COMIGO 

COMO O TEMPO VEM SENDO?

Resolvi avançar mais vinte anos no tempo, na consulta do meu álbum de fotografias. A foto seguinte foi tirada na Academia Campinense de Letras, em 1995, durante uma das várias palestras que fiz no local, três anos após haver me tornado “imortal”. Senti, então, o quanto fui privilegiado na vida e o quanto tenho a agradecer, sem nada (ou muito pouco) a lamentar. O tempo poupou-me dos desgastes naturais da idade. A imagem em questão não sugere, nem forçando muito a barra, que o sujeito empolgado na retórica, ali retratado, seja, de fato, um cinquentão. Claro que comparada com a foto de 1948, ninguém dirá que se trata da mesmíssima pessoa. A metamorfose foi total. Finalmente, encerrei a jornada sentimental com a fotografia tirada há nove anos, para ilustrar a orelha dos meus dois livros, “Cronos & Narciso” e “Lance Fatal”, que estava publicando na oportunidade. Comparada com a de catorze anos antes, essa imagem mostra, sim, desgastes do tempo, mas surpreendentemente menores do que seria de se esperar. Exibe um sujeito que aparenta cinquenta anos (mas está além dos setenta), ainda com farta cabeleira, sem cabelos grisalhos e nem rugas. Apenas os óculos denunciam que a idade começa a cobrar seu quinhão de desgaste e decomposição. Mesmo sem ser hipócrita, portanto, (pelo menos acho que não sou), tive (mas não tenho) não somente duas caras (literalmente), mas uma infinidade delas. Fico a perguntar aos meus botões: “com qual delas serei lembrado pela posteridade (caso o seja) e se as novas gerações serão tão generosas comigo como o tempo, até aqui, vem sendo?”


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A CAMINHO DO SUCESSO!!!

Tudo indica que meu novo livro, “Dimensões infinitas”, a “menina dos meus olhos” entre minha já vasta obra literária, em breve estará nas livrarias, ao seu alcance, querido e fiel leitor. Tão logo a possibilidade se transforme em certeza e seja confirmada a publicação, darei maiores detalhes sobre a editora, a data de lançamento e outras informações pertinentes. Por enquanto reitero o que já informei sobre esse livro. Dimensões infinitas reúne 30 ensaios sobre temas dos mais variados e instigantes. Nele abordo, em linguagem acessível a todos, num estilo coloquial, claro e simples (sem ser simplório) assuntos da maior relevância cultural tais como as dimensões do universo (tanto do macro quanto do microcosmo), o fenômeno da genialidade, a fragilidade dos atuais aparatos de justiça, o mito da caverna de Platão, a secular busca pelo lendário Eldorado, o surgimento das religiões, as tentativas de previsão do futuro e as indagações dos filósofos de todos os tempos sobre nossa origem, finalidade e destino, entre outros temas. É um livro não somente para ser lido, mas, sobretudo, para ser refletido. Meu desafio se, ou melhor, quando ele for publicado, é o de convencer os leitores (no caso você, meu caríssimo amigo) da sua qualidade e importância e transformá-lo num grande sucesso editorial. Por que não?!!! Afinal, já não sou mais, e há muito tempo, “marinheiro de primeira viagem. “Dimensões infinitas”, caso seja mesmo publicado (e estou convencido de que vai ser) será meu quinto livro, o segundo de ensaios. Conto com você, querido leitor, que nunca me abandonou nos meus momentos mais difíceis, como sempre contei. Estou esperançoso e confiante de que em breve essa esperança irá se transformar em euforia. Que os anjos digam amém!!!!


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CITAÇÃO DO DIA:


Tecnologia e felicidade

O desenvolvimento insaciável da tecnologia está deixando todos mais infelizes, além de privar o homem de tempo para pensar, atividade indispensável e humana por excelência. 

(Konrad Lorenz).



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DIRETO DO ARQUIVO - Educação cara e ruim


Educação cara e ruim



Pedro J. Bondaczuk


O ano letivo tem início na segunda-feira, na maioria das escolas brasileiras e com o começo das aulas, os pais passam a enfrentar o drama, que se torna cada vez maior de ano para ano, da compra de materiais escolares. Entre cadernos, lápis, borracha e outras coisas, constantes nas extensas listas exigidas pelas escolas (exceto os livros), além de uniforme e transporte, as despesas estão saindo, por baixo, quando a pessoa anda muito, Cr$ 27 mil. Ou seja, mais de dois salários mínimos vigentes.

Os que têm mais de um filho estudando ficam, portanto, numa situação terrível, praticamente de impasse. A experiência demonstra, todavia, que as relações de materiais são, em geral, exageradas, já que nem tudo o que é exigido é utilizado durante o ano. Os aumentos de preços, em relação ao custo do ano passado, por outro lado, excedem em muito a inflação dos últimos 12 meses, beirando os 2.400% e até 2.800%.

Além de tudo, as escolas avisam que quem não tiver o material completo, não poderá entrar em aula. Para os pais que têm filhos estudando em colégios particulares, evidentemente, as despesas se tornam muito mais agudas, raiando ao absurdo, numa época em que as atividades econômicas se veem duramente afetadas por uma recessão, que tende a se agravar, e por um manifesto quadro de desemprego, que ronda ameaçadoramente muitas famílias.

É lamentável que tudo isso ocorra num país tão carente de cérebros, indispensáveis para promover o seu desenvolvimento. O ensino brasileiro, além de ser de baixa qualidade, torna-se um dos mais caros do mundo, mesmo para os que estudem em escolas públicas.

Afinal, estes também não escapam das quilométricas relações de materiais escolares. Por outro lado, embora oficialmente o uniforme não possa ser exigido, poucos são os estabelecimentos que não os incluem na lista de obrigações dos pais.

Outra coisa que não vem sendo respeitada é a questão dos livros descartáveis. O Ministério da Educação recomendou que eles não fossem adotados, pois não servem de um ano para o outro. Todavia, o que se observa não é exatamente isso. Há, evidentemente, um forte exagero quanto às exigências das escolas.

Num momento como este que o País atravessa, de economia de guerra, seria prudente e até humano exigir apenas os materiais que fossem realmente indispensáveis para que o aluno aprenda bem o que lhe irá ser ensinado.

Isto é perfeitamente possível, desde que haja um pouquinho, um mínimo de sensibilidade e bom senso por parte dos responsáveis pela elaboração dessas listas. Já os que produzem e vendem esse equipamento escolar têm que se habituar ao saudável exercício da concorrência.

Precisam aprender a lucrar no volume de mercadorias vendidas e não no preço unitário, e virtualmente padronizado, numa espécie de cartel camuflado. Não há orçamento que suporte custos da dimensão do que os pais estão tendo que arcar neste momento!

(Editorial publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 1º de fevereiro de 1991).


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CRÔNICA DO DIA - Força que calava a razão


Força que calava a razão

Pedro J. Bondaczuk

A escravidão, uma das formas mais hediondas, cruéis, vis e covardes do animal homem, que o avilta e rebaixa ao nível bastante inferior ao de qualquer fera irracional, foi (ou é, posto que a prática persiste em algumas partes do mundo,embora de forma disfarçada) uma ação que remonta, provavelmente, aos mais primitivos arremedos de civilização, talvez mesmo à época das cavernas. Comportamento considerado, hoje, inconcebível pelas pessoas “normais”, era rigorosamente comum, notadamente nas três Américas, há apenas menos de 160 anos (no Brasil há somente 130). Despertava repúdio e nojo em bem poucas pessoas. A maioria considerava-o absolutamente “normal”.
Nos meus tempos de menino (faz tempo!!!), quando soube, pela primeira vez, da existência dessa prática, não acreditei. Achava então que ela não passava de histórias contadas pelos adultos para impressionar crianças inocentes. Não me passava pela cabeça que isso pudesse existir de fato. Achava que era de tamanha crueldade, que pessoa alguma agiria dessa forma.
Na escola primária, todavia, perdi a inocência, em idade em que já havia me conscientizado do alcance e da intensidade da maldade humana. Convenci-me, assustado e ainda um tanto incrédulo, que não se tratava de ficção. Horrorizado, acreditei, por fim, que determinados homens, há não muito tempo, ainda poucos anos antes do meu nascimento, tratavam semelhantes de forma mais dura e desumana até do que os animais de carga.
Consideravam-nos suas propriedades, meros “objetos”, que compravam e vendiam com a maior naturalidade, e dos quais dispunham como bem entendessem. Não compreendo como, agindo assim, podiam amar alguém e beijar, por exemplo, o rosto dos filhos ao chegarem em casa, sem peso na consciência. Ainda hoje, já com sete décadas e meia de vida, tenho muita dificuldade em pensar, ouvir, tratar e escrever a respeito da escravidão, tão cruel e inacreditável essa prática ainda me parece. E olhem que sou jornalista, afeito aos maiores horrores e patifarias que existem, matérias-primas do meu ofício!
Na Europa – posto que na Rússia czarista alguma forma de servidão tenha persistido até a Revolução Bolchevique de 1917 – esse comportamento vil e escabroso foi abolido, pelo menos na maioria dos países, há pelo menos meio milênio ou mais. Nas Américas, todavia, persistiu até recentemente, de forma, digamos, “industrializada”, em que muita gente lucrava, e muito, e não apenas com a força de braços alheios, mas com o apresamento de escravos nos recantos da África em que essas pessoas viviam, com o seu transporte, venda, caça quando logravam fugir, etc. Muita fortuna no Novo Mundo, ostentada com empáfia e arrogância pelos descendentes ainda nos dias atuais, se fez dessa forma. Foi obtida não por esforço pessoal, talento e capacidade produtiva e gerencial, mas às custas da escravidão, que considero o pior dos roubos: o da liberdade, além do da força física dos escravizados.
No Brasil, essa prática hedionda e vil foi extinta por decreto, assinado pela Princesa Isabel, em 13 de maio de 1888, a Lei Áurea. Houve, claro, resistência por parte dos que se beneficiavam da escravidão que, com relutância, findaram por acatar a determinação legal, não sem ônus para a Monarquia e principalmente para os ex-cativos, abandonados ao deus-dará. A abolição, enfatize-se, foi o estopim para a queda do regime monárquico, pouco mais de um ano depois de instituída, com a proclamação da República.
Nos Estados Unidos, contudo, a libertação dos escravos provocou uma guerra civil, dramática e sangrenta, a da Secessão, que por pouco não estilhaça de vez a unidade dessa que é hoje a única superpotência do Planeta. E o autor dessa corajosa decisão, o 16º presidente norte-americano Abraham Lincoln, pagou com a vida por este então ousado gesto de humanidade e de racionalidade. Acabou assassinado, em 15 de abril de 1865 – quatro dias depois de haver prometido em discurso a concessão do direito a voto aos negros – por John Wilkes Booth, conhecido ator e espião confederado de Maryland, a tiros, no Teatro Ford, em Washington, enquanto assistia a uma peça na companhia da primeira-dama.
Os fatos que levaram Abraham Lincoln ao poder, sua primeira gestão e o drama da Guerra da Secessão, além da abolição da escravatura e os conflitos internos que levaram a esse desfecho, narrados com detalhes e analisados nas causas e consequências, valeram a um renomado historiador da Universidade de Columbia, Eric Foner, o cobiçado Pulitzer de 2011, na categoria História. Esse novaiorquino, que recém completou 75 anos de idade (nasceu em 7 de fevereiro de 1943), tido como simpatizante de esquerda, escreveu vários livros sobre o tema da escravidão, e não somente nos Estados Unidos, mas também na América Central e em especial no Haiti, onde os escravos se rebelaram, sob a liderança de Pierre Toussaint, e proclamaram a independência de uma parte da Ilha Hispaniola (a outra originou a atual República Dominicana).
O livro premiado é “The fiery trial: Abraham Lincoln and american slavery”. Trata-se de um prêmio para lá de merecido a este que é considerado o maior historiador contemporâneo, notadamente dos Estados Unidos, mas legítimo herdeiro do britânico Arnold Toynbee.
Sou, é verdade, um tanto suspeito para avaliar os méritos de Eric Foner. Explico o porque. Quando ainda menino, no último ano do antigo curso primário, elegi, como paradigmas, nos quais desejava espelhar minha vida (e que, de fato, venho espelhando) três personalidades, que reverencio ainda hoje e mais do que nunca.
A primeira foi Helen Keller, pela sua garra ao superar deficiências físicas aparentemente insuperáveis (era cega, surda e muda, mas aprendeu a se comunicar com o mundo, a falar e se tornou uma das maiores conferencistas do mundo). O segundo foi o doutor Albert Schweitzer, que abandonou brilhante carreira médica na Europa, mais especificamente na Alemanha, para cuidar, de graça. por mais de 60 anos consecutivos, até a sua morte, de leprosos na remota localidade de Lambaréne, na África. Ganhou, por isso, justíssimo Prêmio Nobel da Paz, em 1952. Finalmente o terceiro foi Abraham Lincoln, ex-lenhador, autodidata, que superou a pobreza e as dificuldades para se instruir e chegou à Presidência dos Estados Unidos (foi o primeiro presidente Republicano) e que pôs fim a essa vergonha que foi a escravidão. Tudo o que se refira a essas três personalidades, pois, tem, para mim, aspecto muito especial, caráter um tanto sagrado.

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Saturday, September 29, 2018

Reflexão do dia


O TEMPO DETERIOROU-ME, MAS NÃO ESFRIOU

 MEU ENTUSIASMO

Se a diferença entre a fotografia de 1948 e a de 1951, no álbum que eu estava folheando, e que postei ontem neste espaço, já era imensa, a de sete anos antes com a da adolescência era como a da água para o vinho. Havia um ou outro traço facial a sugerir que se tratava da mesma pessoa, mas um estranho, que fizesse a comparação, dificilmente diria que era o mesmo menino. Mas era. O exercício fascinou-me e resolvi avançar no tempo. Tomei uma foto dos meus tempos de estudante universitário, já maduro evidentemente, com vinte e tantos anos, pensando seriamente em casar. Modéstia a parte, na ocasião eu era considerado um homem bastante atraente pelas mulheres. Quando passava, não havia aquela que não voltasse a cabeça em minha direção para uma olhada mais atenta (tomara que minha esposa não leia este texto). Algumas diziam que eu me parecia com o ator de cinema norte-americano James Dean, então muito badalado e tido como símbolo sexual. Ah, aqueles tempos! Foram, com absoluta certeza, os mais felizes da minha vida, em todos os sentidos! Não parei por aí, todavia. Continuei a série de comparações. Comparei essa fotografia, tirada no Distrito de Barão Geraldo, em Campinas, com outra, batida na mesma cidade, mas oito anos depois. A foto foi obtida no jardim da minha casa, em 1975. Mostra-me com duas das minhas filhas, ambas ainda bebês (uma com dois e outra com um ano de idade), uma em cada um dos meus braços. Esta é a minha imagem preferida de todas dos vários álbuns que tenho. Exibe um homem maduro, então com trinta dois anos de idade, confiante e seguro, sabedor do que pretendia da vida. Mas o tempo (ah, o tempo!!!) não perdoa nada e ninguém. Tornou-me este ancião decadente que hoje sou, embora não tenha conseguido esfriar meu entusiasmo. Este é intocável!!!!

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A CAMINHO DO SUCESSO!!!

Tudo indica que meu novo livro, “Dimensões infinitas”, a “menina dos meus olhos” entre minha já vasta obra literária, em breve estará nas livrarias, ao seu alcance, querido e fiel leitor. Tão logo a possibilidade se transforme em certeza e seja confirmada a publicação, darei maiores detalhes sobre a editora, a data de lançamento e outras informações pertinentes. Por enquanto reitero o que já informei sobre esse livro. Dimensões infinitas reúne 30 ensaios sobre temas dos mais variados e instigantes. Nele abordo, em linguagem acessível a todos, num estilo coloquial, claro e simples (sem ser simplório) assuntos da maior relevância cultural tais como as dimensões do universo (tanto do macro quanto do microcosmo), o fenômeno da genialidade, a fragilidade dos atuais aparatos de justiça, o mito da caverna de Platão, a secular busca pelo lendário Eldorado, o surgimento das religiões, as tentativas de previsão do futuro e as indagações dos filósofos de todos os tempos sobre nossa origem, finalidade e destino, entre outros temas. É um livro não somente para ser lido, mas, sobretudo, para ser refletido. Meu desafio se, ou melhor, quando ele for publicado, é o de convencer os leitores (no caso você, meu caríssimo amigo) da sua qualidade e importância e transformá-lo num grande sucesso editorial. Por que não?!!! Afinal, já não sou mais, e há muito tempo, “marinheiro de primeira viagem. “Dimensões infinitas”, caso seja mesmo publicado (e estou convencido de que vai ser) será meu quinto livro, o segundo de ensaios. Conto com você, querido leitor, que nunca me abandonou nos meus momentos mais difíceis, como sempre contei. Estou esperançoso e confiante de que em breve essa esperança irá se transformar em euforia. Que os anjos digam amém!!!!


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CITAÇÃO DO DIA:


Tecnologia não é civilização 

Afirmo que a tecnologia moderna --- com seus maravilhosos instrumentos técnicos --- não é civilização. Que diferença existe entre progresso e civilização? Uma só: a civilização é o uso moral do progresso.

(Luigi Piccinato, urbanista italiano).



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DIRETO DO ARQUIVO - Materiais escolares


Materiais escolares


Pedro J. Bondaczuk


A proximidade do reinício das aulas, no começo de fevereiro próximo, significa para os pais um verdadeiro drama. É o momento de fazer a "via-sacra" às papelarias, para comprar os materiais escolares solicitados pelas escolas, cujas relações ficam mais extensas, de ano para ano.

Algumas das exigências são das mais absurdas. Contrariam, inclusive, a lei. Há  escolas que solicitam de seus alunos determinadas marcas de cadernos, lápis, guache, etc., em geral as mais caras, triplicando ou mais o preço final, o que não é permitido.

Os exageros não param por aí. Não se restringem à qualidade do material exigido. As relações são a cada ano mais extensas e variadas, muitas descambando para o exoticismo. Outras, desrespeitando o mínimo senso de proporção.

Em uma delas, por exemplo, foram solicitadas quatro dúzias de lápis preto, quantidade que criança alguma conseguirá usar durante um único ano letivo. Itens que as escolas devem, obrigatoriamente, fornecer aos alunos, por constarem de suas planilhas de custos, como papel higiênico ou copos descartáveis, são incluídos nas listas.

Alguns pais reclamam, mas nenhum ousa deixar de atender às exigências, por temor de represálias contra os filhos. É preciso bom senso e moderação das escolas.

(Editorial número dois publicado na página 2 do Correio Popular em 16 de janeiro de 1998).


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CRÔNICA DO DIA - Questão de status



Questão de status


Pedro J. Bondaczuk


A posição que as pessoas ocupam num determinado contexto social (ou profissional) é denominada, genericamente, de “status”. Já os componentes dos vários grupos com identidade de ideias, objetivos e/ou situações, inserem-se no que se convencionou chamar de “classes”. Estas distinguem-se, umas das outras, por uma série de características, como a atividade exercida por seus membros, a renda que ostentam, a origem familiar etc.

Numa democracia que se preze, por exemplo, alguém que nasceu numa família pobre tem chances (pelo menos em tese) de ascender a uma categoria superior à de seus pais e de chegar, até, ao topo da pirâmide social. Isso seria possível ou por sua capacidade inata, ou por seu talento, ou por seu esforço, ou pelas oportunidades que tem, entre outros fatores. Na prática, porém, essa ascensão, notadamente em sociedades mais atrasadas, não é tão comum e se constitui, mesmo, em raridade. O indivíduo pode, em contrapartida, também decair, o que, por sinal, é muito mais comum.

Desde que se formaram os primeiros grupos primitivos, em geral compostos por pessoas com laços comuns de sangue, na pré-história, os indivíduos procuraram, até instintivamente, juntar-se aos que tivessem gostos parecidos, ideias semelhantes e histórias, tradições e objetivos comuns. As classes surgiram, portanto, espontaneamente, sob o ideal da liberdade, igualdade e fraternidade.

Ocorre que os homens nunca foram iguais: nem física, nem mental e nem psicologicamente. Os mais aptos e, sobretudo, os mais fortes logo se destacaram e se impuseram. Assumiram liderança até natural e não tardou para que impusessem, em geral pela força bruta, suas preferências e desejos. Emergiram as chamadas “elites”.

As classes se dividiram, se multiplicaram, se consolidaram e, em algumas sociedades, até se cristalizaram, transformando-se em castas (por exemplo, como acontece na Índia, que se modernizou em diversos aspectos, menos neste) que se tornaram não só vitalícias, mas hereditárias. Acentuou-se a exploração do homem pelo homem, do fraco pelo forte, do ignorante pelo esclarecido.

Há determinados símbolos externos que caracterizam o status que alguém ostenta na sociedade em que vive. Estes, na maioria dos casos, são de caráter material, baseados, quase sempre (as exceções são raríssimas) no ter, em vez do ser. As ostentações mais comuns são, por exemplo, um luxuoso carro do ano (de preferência importado), o tipo de moradia em que a pessoa mora, o bairro em que reside, a cidade, o Estado e o País que integra, o tamanho da sua conta bancária etc. Mas há outros, como a escola em que estuda, a profissão que exerce e até como se diverte.

Tudo isso que citei aplica-se, também, a escritores. Alguns – e os motivos são os mais variados possíveis, e quase todos subjetivos – gozam de melhor status do que outros. Seus lançamentos de livros repercutem mais na imprensa, os críticos ficam mais atentos ao que escreveram, os leitores predispõem-se a esperar deles maior qualidade e eles são candidatos naturais, diria naturalíssimos, quase que automáticos, aos vários prêmios literários existentes mundo afora, notadamente o mais cobiçado de todos, aquele que confere maior notoriedade ao ganhador: o Nobel de Literatura. Isso significa que sejam melhores do que os outros? Às vezes sim. Mas nem sempre.

Há escritores cujos livros você lê e não entende a razão da sua fama e da sua popularidade. Seus estilos são cansativos e empolados, suas ideias são repetitivas, seus enredos inverossímeis, mas... ainda assim, vendem livros aos borbotões. São louvados pela crítica e alçados à condição de paradigmas.

No polo oposto estão escritores não raro até geniais, com cujos livros você só topa casualmente, porquanto contam com pouca ou nenhuma divulgação, e que se mantêm obscuros. Nunca ganham o centro do palco. Prêmios? Nem pensar! Ficam relegados aos bastidores, isso quando ficam. Por que isso acontece? Não tenho explicação. Creio que ninguém a tenha. Embora possa comprovar, caso preciso, que isso existe mesmo e mais, que é muito mais comum do que se pensa.

O que esses escritores badalados têm, e os desconhecidos não, é maior prestígio. Sequer entro no mérito se merecido ou não. Via de regra, são os que melhor se comunicam, os que divulgam muito bem o que fazem e que, por isso, se dão bem. Óbvio que têm méritos literários, mesmo que não tantos quantos lhes atribuem e que lhes conferem tamanho prestígio. Ou seja, ostentam status mais elevado do que seus parceiros de atividade, muitas vezes até mais talentosos e hábeis na escrita, porém obscuros.

Quanto maior e mais amplo for o contato entre indivíduos e grupos, maiores são suas possibilidades de, senão ascender socialmente (ou em termos de status), pelo menos melhorar suas condições de vida. O isolamento, por seu turno, tende a manter a situação sempre igual e a perpetuar a posição que as pessoas têm até nos seus descendentes. E tudo isso vale, reitero, igualmente, para escritores, que é o que interessa abordar neste espaço, voltado à Literatura.

Nas grandes cidades há mais oportunidades de crescimento – a despeito de mais riscos, determinados pela violência e criminalidade, decorrentes, em grande parte, da miséria – daí o acelerado processo de urbanização pelo que o mundo passa. Hoje, por exemplo, dois terços dos mais de 7 bilhões de habitantes do Planeta vivem em cidades. E o processo de concentração populacional segue se acelerando, ameaçando transformar toda a Terra numa única, gigantesca e caótica Babel. Pensem nisso.


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Friday, September 28, 2018

Reflexão do dia


FOTOS DENUNCIAM MINHA METAMORFOSE

ATRAVÉS DO TEMPO

Outro dia, estive folheando um dos vários álbuns de fotografia que tenho, com imagens de várias etapas da minha vida. Ele começa por uma foto minha quando bebê, a única que me restou, já que as outras ficaram em mãos de parentes – pais, tios, avós etc. – mas pelo menos esta foi salva, a testemunhar que um dia, também, fui um recém-nascido “fofinho”, como asseguram as tias corujas. Pois é, há momentos em que até chego a duvidar disso. Mas a metamorfose pela qual passei começou a ficar clara com a comparação de duas imagens: uma, datada de 1948, quando eu tinha cinco anos de idade, na fazenda do meu avô paterno, em Horizontina, Rio Grande do Sul e outra de 1951, tirada em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo. A primeira mostra um guri loirinho, cabeça raspada, à exceção de uma franja na frente, conforme o figurino de então para crianças. A segunda, retrata um garoto já querendo assumir (prematurissimamente) ares de adulto, com farta cabeleira, muito bem penteada e fixada com brilhantina. Poucos traços levariam um estranho a supor que se tratasse do mesmo garoto. Mas se trata. Continuei com minha jornada sentimental, numa espécie de reprise das tantas transformações que sofri. Comparei essa última foto com outra tirada em 1958, no Ginásio Adventista Campineiro (atual Instituto Adventista São Paulo), em Hortolândia (antiga Jacuba), quando já tinha namorada, aumentava a idade para dissimular meus quinze anos, e buscava mostrar-me precocemente adulto, como qualquer adolescente saudável faz.

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A CAMINHO DO SUCESSO!!!

Tudo indica que meu novo livro, “Dimensões infinitas”, a “menina dos meus olhos” entre minha já vasta obra literária, em breve estará nas livrarias, ao seu alcance, querido e fiel leitor. Tão logo a possibilidade se transforme em certeza e seja confirmada a publicação, darei maiores detalhes sobre a editora, a data de lançamento e outras informações pertinentes. Por enquanto reitero o que já informei sobre esse livro. Dimensões infinitas reúne 30 ensaios sobre temas dos mais variados e instigantes. Nele abordo, em linguagem acessível a todos, num estilo coloquial, claro e simples (sem ser simplório) assuntos da maior relevância cultural tais como as dimensões do universo (tanto do macro quanto do microcosmo), o fenômeno da genialidade, a fragilidade dos atuais aparatos de justiça, o mito da caverna de Platão, a secular busca pelo lendário Eldorado, o surgimento das religiões, as tentativas de previsão do futuro e as indagações dos filósofos de todos os tempos sobre nossa origem, finalidade e destino, entre outros temas. É um livro não somente para ser lido, mas, sobretudo, para ser refletido. Meu desafio se, ou melhor, quando ele for publicado, é o de convencer os leitores (no caso você, meu caríssimo amigo) da sua qualidade e importância e transformá-lo num grande sucesso editorial. Por que não?!!! Afinal, já não sou mais, e há muito tempo, “marinheiro de primeira viagem. “Dimensões infinitas”, caso seja mesmo publicado (e estou convencido de que vai ser) será meu quinto livro, o segundo de ensaios. Conto com você, querido leitor, que nunca me abandonou nos meus momentos mais difíceis, como sempre contei. Estou esperançoso e confiante de que em breve essa esperança irá se transformar em euforia. Que os anjos digam amém!!!!


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CITAÇÃO DO DIA:


Linguagem do universo 

O livro do universo está escrito em linguagem matemática.

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Definição da matemática

Matemática é a ciência na qual nunca sabemos a que nos referimos, nem se aquilo que dissemos é certo.

(Galileu).



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DIRETO NO ARQUIVO - Aposta na Educação


Aposta na Educação


Pedro J. Bondaczuk


O Ministério de Educação é, provavelmente, o de melhor desempenho, na média, do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Não que esteja tudo perfeito, às mil maravilhas, sem qualquer problema nesse setor. Longe disso. Mas sem dúvida, o País evoluiu bastante nesse aspecto, em relação a um passado ainda recente.

Embora o próprio governo cite a redução da inflação anual acumulada, para taxas de somente um dígito, como seu maior feito, essa façanha, embora não negada, trouxe um custo social intolerável, que deve ser corrigido ou pelo próprio Fernando Henrique (caso logre a reeleição) ou por seu eventual sucessor.

Nos próximos dias, o Planalto encaminha ao Congresso o Plano Nacional de Educação. Trata-se de um programa de longo prazo para os próximos dez anos, que tem meta bastante ousada: universalizar o acesso ao ensino básico (1ª a 8ª série) e garantir que as crianças de 7 a 14 anos permaneçam na escola, eliminando a evasão escolar.

Para tanto, estabelece parâmetros que vão normatizar desde a destinação de verbas para estabelecer e manter a infraestrutura escolar, até a formação de professores, com remuneração condizente com a função. A educação é o único caminho para o País sair de vez do subdesenvolvimento. Apostar nela é assegurar um futuro mais justo e humano para as novas gerações.

(Editorial número dois, publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 6 de janeiro de 1998).


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CRÔNICA DO DIA - Num piscar de olhos


Num piscar de olhos

Pedro J. Bondaczuk

O haicai (ou haiku ou, ainda, haikai) é, certamente, o tipo de poesia mais sintético que existe. Pelo menos o é entre todas as outras formas de compor que conheço. Em apenas 17 sílabas, distribuídas em três versos de 5, 7 e 5, respectivamente, expressa uma idéia completa que muitas vezes o poeta que recorresse a outra maneira de poetar precisaria de extenso poema, com centenas de versos, utilizando páginas e mais páginas e, até, quem sabe, todo um livro para expressar. Sou fascinado por esse sintetismo, que exige do autor imensa autodisciplina. È a poesia feita (e sobretudo lida) “num piscar de olhos”.

O haicai originou-se no Japão. Sua característica, como já deu para adivinhar, é a valorização da concisão e da objetividade. Deriva do “tanka” ou “waka”, da aristocracia e dos cortesãos japoneses, que o idealizaram como uma espécie de jogo de inteligência, argúcia e observação. Nada nele é supérfluo. Nessa forma de fazer poesia não há espaço para preciosismos verbais. Cada palavra tem seu peso no efeito final do poema.

Em japonês, haiku (plural de haicai) são, geralmente, impressos em uma única linha vertical. Outrossim, não raro, vêm acompanhados de uma pintura (chamada “haiga”), alusiva ao tema desenvolvido. Já em português, consagrou-se a fórmula de se utilizar três linhas paralelas. E nada impede que os poemas sejam, também, ilustrados, embora a maioria não o seja.

Os três versos que compõem o haicai têm, para muitos, uma simbologia, digamos “filosófica”. Sua forma de apresentação refletiria as três principais fases da nossa vida. É mais ou menos a versão oriental do enigma com que a Esfinge, que ficava às portas da cidade egípcia de Tebas, desafiava as pessoas a decifrarem. Assim, os dois versos ímpares de um haicai têm o mesmo tamanho, para simbolizar a similaridade entre infância e velhice. Há uma sabedoria natural nisso. Afinal, estas são fases em que todos nós somos mais frágeis, e suscetíveis, portanto, de maiores atenções e cuidados. São as quatro pernas da manhã e as três da noite do enigma da Esfinge.

Já o verso do meio, maior do que os outros dois, ou seja, de sete sílabas, simboliza a maturidade. É o período da vida de maior vigor, de mais força física (embora nem sempre também intelectual), caracterizado pela ação na consecução da obra a que nos propusermos legar para a posteridade.

No Japão, os poetas que se especializam nesse tipo de poesia são conhecidos como “haijins”. O principal deles, figura até mesmo lendária por sua inspiração, é Matsuô Bashô (que viveu entre os anos de 1644 e 1694). Esse notável haicaidista fez do haicai mais do que produção literária. Tratou-o como prática espiritual.

Há outra corrente que interpreta a estrutura desse tipo de poema com uma simbologia diferente da que citei. Veem nela uma representação das mudanças ocorridas na natureza sob o influxo de alguma força natural ou de um ato humano. Para estes, as cinco primeiras sílabas de um haicai destinam-se a “desenhar” um cenário, quase que visualmente, determinando as circunstâncias em que ele se apresenta: se é noite ou dia, inverno ou verão etc. O segundo verso, por sua vez, seria o movimento que animaria a cena, o dinamismo, a vida, representada por algum de seus agentes. Finalmente o último teria por objetivo mostrar um resultado, via de regra inesperado, portanto surpreendente, ditado pelo contato com os elementos anteriores.

Aliás nossa vida segue, mais ou menos, esse roteiro. Sua origem, óbvio, depende de circunstâncias alheias à nossa vontade. Não somos nós que decidimos se iremos ou não nascer. Somos lançados no mundo à nossa revelia, para o bem ou para o mal. A maturidade, por seu turno, tem, pelo menos potencialmente, muito de vontade e consciência. Se agirmos e pensarmos de determinada forma poderemos ser bem sucedidos ou fracassados nos objetivos a que nos propusermos a atingir. Finalmente, o “entardecer”, a velhice, é o resultado do que fizemos ou deixamos de fazer, sem esquecer do detalhe “do que outros nos fizeram”.

O haicai, todavia, tem uma regra básica, diria “áurea”: a de jamais abordar temas que descrevam ou mesmo sugiram destruição da vida, em qualquer de suas formas. Estão vedados, portanto, cataclismos naturais, como terremotos, tsunamis, furacões, erupções vulcânicas etc., bem como tragédias provocadas pelo homem, como as guerras. Os sentimentos destrutivos por extensão – tais como ódio, vingança, ciúmes e outras paixões irracionais similares – também são vedados. O haicai é, sobretudo, a exaltação da vida.

A temática dos haicaidistas centraliza-se em três assuntos básicos: numa cena da natureza, numa metáfora positiva ou num estado emocional de alegria ou êxtase. Reproduzo, abaixo, a título de ilustração, seis haicais, sendo três do poeta Roberto Evangelista e três de Luís Bacellar, respectivamente, extraídos do excelente livro “Crisântemo de cem pétalas”.



Borboleta amarela
flores de ameixeira
fada aventureira.


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Noite. Vagalumes
dançam na lanterna de
pedra do parque


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Entre a minha e a tua
janela florescem
tuas samambaias.


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A água rola
seixos e arredonda a terra
seixos rolantes


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Árvore sem nome
e sem frutos, ah,
delícia de sombra!


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O voo poente
das andorinhas enverga
o horizonte.


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