Tuesday, June 30, 2015

A escolha de uma atividade profissional para, não somente assegurar o sustento pessoal e o da família, mas para deixar sua marca no mundo, é um dos momentos cruciais na vida de milhões de pessoas mundo afora. Poucos, infelizmente, se dão conta disso. E mais raros, ainda, são os que têm oportunidade para escolher o que fazer na vida, sem sufocar a vocação. Na maioria dos casos, o jovem, em busca de um trabalho a exercer, é forçado pelas circunstâncias a aceitar o primeiro emprego que lhe aparecer. E isso quando aparece. Não raro, é levado a exercer atividades perigosas, repetitivas, cansativas, chatas e de baixa remuneração. O leitor, talvez num primeiro momento, sequer concorde com minha colocação. Mas, se refletir só um pouquinho, concluirá que tenho razão. São raros os que podem escolher, com tranqüilidade, a profissão que melhor se adeque à sua personalidade e ao seu talento.


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Presente do Dia dos Pais

Dê ao seu amigão o melhor dos presentes neste Dia dos Pais: presenteie com livros. Dessa forma, você será lembrado não apenas nessa data. Mas em todos ops dias do ano, por anos e anos a fio.

Livros que recomendo:

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Imagens de um país contraditório



Pedro J. Bondaczuk


O Brasil é um país (parodiando o título de um livro famoso de Euclides da Cunha), de “contrastes e confrontos”. Trata-se de uma cultura ainda em formação, cujo processo está em franca “fermentação”, com aspectos comportamentais sumamente positivos misturados a outros bastante inquietadores.

As imagens do noticiário de TV do último feriado ressaltam, de maneira nítida e cristalina, essa contradição. Quem tenha assistido somente parte das notícias veiculadas pela televisão, no Dia da Criança, tende a tirar conclusões diametralmente opostas, dependendo daquilo que viu.

Se o telespectador pôde acompanhar, apenas, a guerra entre gangues rivais de funkeiros, de quatro horas de duração, nas praias de Ipanema, Copacabana, no Arpoador, e em Icaraí, Niterói, acompanhada dos já tristemente célebres arrastões, certamente deve ter balançado a cabeça, em desalento, e repetido aquilo que se tornou uma espécie de clichê: “este país não tem mais jeito!”

Porém, se viu as imagens do magnífico espetáculo de fé, em Aparecida do Norte, com mais de 150 mil fiéis rendendo homenagens, fazendo pedidos e pagando promessas à padroeira do Brasil, terá impressão muito diversa do caráter do brasileiro e das esperanças que ele ainda tem de construir uma sociedade justa, equilibrada e solidária.

Quem pôde presenciar somente a reportagem enfocando a festa do Dia da Criança, com especial destaque à ocorrida no Parque do Ibirapuera, talvez esquecido do enorme contingente de menores abandonados, nas ruas das grandes cidades, certamente não se furtou de uma visão mais otimista acerca do nosso futuro. Tenderá a fazer vistas grossas a uma das maiores (senão a maior) tragédias nacionais, a da miserabilidade e da exclusão de milhões de brasileiros do seu direito à cidadania.

Mas as imagens do feriado não se restringiram a, apenas, essas três cenas. Houve a do relax do paulistano de classe média nas praias dos litorais norte e sul do Estado, e os costumeiros engarrafamentos nas estradas que conduzem à orla marítima, quando do retorno à Capital.

Houve toda uma rodada do Campeonato Brasileiro, com razoável afluência de público aos estádios. Para quem viu somente essas matérias, ficará a impressão de um Brasil cheio de problemas, é verdade, no auge de uma crise, mas na trilha do desenvolvimento. A de um povo alegre e descontraído, que ri das próprias dificuldades.

Como se observa, são aspectos de um único e mesmo país, mas que, de tão diferentes e contraditórios, parecem ser de vários. Para fazer uma leitura correta dos conflitos sociais que nos afetam, é necessária, e indispensável, uma visão de conjunto. Os pessimistas e derrotistas apegam-se, apenas, às imagens negativas e deprimentes, como a das praias cariocas.

Os otimistas e alienados, detêm-se nas positivas, esquecidos de que elas são a realidade de uma minoria de brasileiros. Não se pode deixar de dar razão ao antropólogo Roberto da Matta, quando conclui: “Não se entende o Brasil através de dualismos, pois o que caracteriza o sistema brasileiro é uma espécie de ambigüidade, indecisão entre a perspectiva da casa e da rua, entre o modelo oficial e o comportamento concreto, entre leis e costumes. O Brasil é o país do número três, do mediador, entre o preto e o branco tem o mulato; entre o céu e o inferno, tem o purgatório, entre esquerda e direita, tem o centro”.

Por isso, afirmamos, e seguidamente reiteramos, que está em andamento, por aqui, uma revolução cultural profunda, cujos resultados vão depender muito dos rumos que viermos a dar às nossas ações, como resultado de uma interpretação correta da nossa realidade.   

(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 15 de outubro de 1993)


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A enigmática e apaixonante Capitu

Pedro J. Bondaczuk

O nome Maria Capitolina Santiago lhe sugere alguma coisa, prezado leitor? Não? Tem certeza? Você pelo menos já ouviu falar dessa ilustre senhora? Nunca ouviu? Pense bem. E se eu lhe disser que ela foi casada com o senhor Bento Santiago, melhora? Ainda não? Ah, mas agora tenho certeza que sua resposta será positiva, ao revelar seu apelido: Capitu! Se estiver em uma banheira, tomando banho (isso se não faltar água em sua casa nestes tempos bicudos de crise hídrica) tenha o cuidado de não sair nu, às ruas, como Arquimedes fez, por volta de 230 antes de Cristo, na cidade italiana de Siracusa, ao descobrir o princípio da flutuabilidade, gritando “Eureka! Eureka! Eureka!”.

Pois é. Maria Capitolina Santiago é o nome da personagem feminina mais famosa da Literatura brasileira, quiçá mundial, à qual foram dedicados filmes, peças de teatro, letras de música, além de imensa quantidade de livros. A despeito de parecer tão real, de carne e osso, semelhante ou parecida com alguém que conheçamos, Capitu é fruto exclusivo da imaginação de um dos escritores que mais entenderam as mulheres, sem ser nenhum renitente Dom Juan (muito pelo contrário): Machado de Assis. Aliás, esses conquistadores baratos nada entendem do mundo feminino. “Usam” suas parceiras e nada mais.

Fiz esse mesmo teste (inicialmente a título de brincadeira, mas que na sequência transformei em pesquisa informal) com mais de uma centena de amigos e de conhecidos. As respostas, quando declinei o nome completo da personagem, sem revelar seu apelido, foram as mais estapafúrdias, estranhas e pitorescas (na verdade, grotescas) possíveis. Alguns responderam que se tratava de alguma cantora obscura de rap. Outros juraram que era alguma política, não muito conhecida, variando o cargo que ocupava (vereadora, deputada, prefeita etc.etc.etc.). Houve, até, quem chutasse que se tratava do nome verdadeiro de alguma atriz global. Chutes, chutes e chutes... Todavia, tudo mudou quando revelei seu apelido, pelo qual ficou conhecida desde quando foi criada. Houve consenso nas respostas ao identificá-la como personagem de Machado de Assis. Mesmo entre os que jamais leram qualquer livro do escritor e, inclusive, entre os que não leram coisíssima alguma em termos de literatura, a não ser revistas em quadrinhos e uma ou outra notícia de jornal, se tanto.

Capitu é a principal protagonista, a personagem central do romance “Dom Casmurro”, publicado em 1899, embora o título do livro nos remeta a Bento Santiago, o Bentinho, que ficou conhecido por essa designação, a mesma dessa obra (e quem leu o livro, não teve a menor dificuldade de entender a razão). Ele  caracteriza-se, sobretudo, por seu doentio ciúme (se motivado ou não, é tema de controvérsias e debates ainda hoje, 116 anos após a publicação da obra), comparável ao de Otelo, de William Shakespeare. É ou não é coisa de gênio?

Essa mulher que causa tanta controvérsia e que é conhecidíssima do público brasileiro, mesmo que não leitor, nunca existiu. É fruto da imaginação, da capacidade de observação e do talento descritivo de Machado de Assis. Pode até ser que o escritor tenha se inspirado em alguma dama que eventualmente conheceu. Até pode ser. Se for o caso, diria que se inspirou em muitas do seu tempo. Todavia, a verossimilhança de Capitu é tamanha, que chegamos a duvidar que seja mero personagem ficcional. Tendemos a achar que foi uma pessoa “viva”, de carne e osso, com todas as virtudes e defeitos de qualquer mulher.

Confesso que me apaixonei, de imediato – fiquei literalmente “de quatro”, ao ler “Dom Casmurro” pela primeira vez – por aquela menina-moça fascinante, sobretudo a do início do romance, quando o autor narra como Capitu e Bentinho se conheceram e como se apaixonaram (pelo menos ele se apaixonou). “ (...) Criatura de catorze anos, alta, forte e cheia, apertada em um vestido de chita, meio desbotado. Os cabelos grossos, feitos em duas tranças, com as pontas atadas uma à outra, à moda do tempo, desciam-lhe pelas costas. Morena, olhos claros e grandes, nariz reto e comprido, tinha a boca fina e o queixo largo. As mãos, a despeito de alguns ofícios rudes, eram curadas com amor; não cheirava a sabões finos nem águas de toucador, mas com água do poço e sabão comum trazia-as sem mácula. Calçava sapatos de duraque, rasos e velhos, a que ela mesma dera alguns pontos (...)”. Como não se apaixonar por uma mulher assim?!!!

Mas não foi, apenas, pelo aspecto físico de Capitu que me apaixonei. Foi pelo seu espírito brincalhão, despojado, juvenil, por sua espontaneidade, pela personalidade forte e ao mesmo tempo envolvente. E, claro, pela característica que a tornou famosa e imortal através do tempo. Ou seja, seus olhos “de cigana oblíqua e dissimulada”. Recorro à enciclopédia eletrônica Wikipédia para elencar algumas das adaptações dessa personagem para outras artes e contextos, que não a Literatura e que contribuíram para popularizá-la entre pessoas que nada têm a ver com livros, muitas das quais que até detestam leituras. Cito, por exemplo, dois filmes inspirados nessa figura de “olhos de ressaca”: “Capitu” (1968) de Paulo César Saraceni e “Dom” (2003) de Moacyr Góes.

Contudo, a paixão e tormento de Bentinho foi levada, também, para os palcos, com peças como “Criador e criatura - o encontro de Machado e Capitu” (1999) de Flávio Aguiar e Ariclê Perez e “Capitu” (1999) de Marcus Vinícius Faustini. Inspirou, até mesmo, uma ópera, “Dom Casmurro” (1992) de Ronaldo Miranda e Orlando Codá. E, para o cúmulo da popularização, gerou uma bem cuidada microssérie para televisão: “Capitu”, exibida pela Rede Globo em 2008, ano do centenário da morte de seu genial criador: Machado de Assis. Nem na música popular essa apaixonante e misteriosa (dissimulada?) figura feminina deixou de constar. O compositor paulista Luiz Tatit compôs uma canção intitulada “Capitu”, gravada por Zélia Duncan e Ná Ozzetti que, apesar do título, refere-se a uma internauta que usa o nome da personagem machadiana, mas que, de alguma forma, remete a ela, já que esse apelido, convenhamos, não é lá tão comum. Grande Maria Capitolina Santiago!!!


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Monday, June 29, 2015

Já escrevi que cada idioma tem palavras exclusivas, sem correspondentes exatas em nenhuma outra língua, para expressar determinados sentimentos que são universais, ou seja, que todos os povos têm, mas que não sabem como caracterizar. Citei como exemplo o termo “saudade”, essa maneira característica do lusitano (e, por conseqüência, do brasileiro também) de lembrar de fatos agradáveis ou de pessoas especiais às quais se dedica estima. Não conheço tantas línguas assim para citar outros casos. Posso mencionar, contudo, a palavra “crise” em chinês. Nesse idioma, ela é grafada com a utilização de dois ideogramas, com significados diferentes um do outro, mas que unidos formam a idéia de uma situação crítica em nossa vida. Um desses caracteres significa “perigo”. O outro, todavia, tem o significado de “oportunidade”. Com a reunião de ambos fica explicitada a maneira como o chinês interpreta uma crise. Que tal se a interpretarmos, também, assim?! Que tal se virmos nas crises novas possibilidades de sucesso que elas sempre têm, mas nos prevenindo, prudentemente, para tudo o que possa nos ameaçar?


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Há esperança, mas é preciso mais ação


Pedro J. Bondaczuk


Os líderes mundiais, aqueles autênticos, que representam todas as principais atividades humanas, e não somente os negócios de Estado, posto que tardiamente, estão despertando para uma realidade. A de que, se não erguerem suas vozes, se não usarem seu prestígio conquistado graças aos feitos que produziram, se não fizerem algo, em pouco tempo a humanidade estará extinta.

Os riscos que ameaçam a vida neste Planeta são múltiplos e não se baseiam mais somente nas armas nucleares, embora este seja o meio mais rápido e seguro para o genocídio mundial. A depredação do meio ambiente já está cobrando o seu preço e, caso os homens não parem de agredir a natureza, em pouquíssimo tempo estaremos todos morrendo sufocados, tostados ou afetados pelos raios cósmicos.

Ontem, na multissecular e tradicional Universidade de Oxford, na Inglaterra, cientistas, líderes religiosos e personalidades públicas, de diversos campos, estiveram reunidos. Entre os que lá se encontravam, duas figuras corajosas se destacaram, pelo voto de pobreza que fizeram, pelo exemplo que dão e pela clarividência que adquiriram mediante a disciplina e a meditação: o Dalai Lama, chefe religioso exilado do Tibete, e Madre Teresa de Calcutá, esta extraordinária monja, que tem livre trânsito (com a mesma naturalidade) pelos palácios governamentais e pelos miseráveis casebres das favelas do mundo todo onde atuou.

Entre todas as mensagens apresentadas no encontro, uma nos sensibilizou em particular, por revelar uma fé imensa no homem. Foi a do astrônomo Carl Sagan, da Universidade de Cornell, em Nova York. Ele chamou a atenção, como todos os demais fizeram, para os perigos que ameaçam a humanidade.

Falou da chuva ácida, ou seja, a precipitação de ácido sulfúrico, que se forma na atmosfera em conseqüência da reação química entre os poluentes das cidades e as nuvens de vapor de água, poluindo lagos e rios e destruindo florestas.

Citou a gravíssima questão do desmatamento mundial, que compromete a renovação de oxigênio do Planeta e a absorção do gás carbônico o que, em médio prazo, pode levar a Terra ao temido efeito estufa. Alertou para a destruição da camada de ozônio, que já está se tornando dramática. Falou de tudo isso com a propriedade de quem sabe o que diz.

Mas Sagan não deixou de dizer uma outra grande verdade. Assinalou que “está ao alcance do homem mudar esse quadro sombrio, da mesma forma como no passado ele acabou com o canibalismo, com os sacrifícios humanos e com a escravidão”.

Basta, porém, que ele se conscientize que tal mudança não pode mais ser protelada. O processo tem que começar agora, neste momento e precisa ser levado a sério. Ecologia não é uma questão ideológica, como se procura dar a entender. É a diferença entre a sobrevivência do “Rei da Criação”, dos animais e das plantas neste Planeta e a sua irreversível extinção. A escolha ainda é nossa. Só não se pode afirmar é até quando o será.     

(Artigo publicado na página 11, Internacional, do Correio Popular, em 13 de abril de 1988)


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O feminismo de Machado de Assis

Pedro J. Bondaczuk

O professor e pesquisador de literatura brasileira, Mauro Rosso – destacado ensaísta e escritor, além de palestrante e conferencista – publicou, em 2008 (não consegui precisar a data exata), na revista de literatura e artes “Germina”, instigante matéria, intitulada “Machado e a mulher”. O texto em questão, informativo e esclarecedor, trata de um dos aspectos que mais chamam a atenção na prolífica e incomparável obra do nosso “Bruxo do Cosme Velho”. Ou seja, o que muitos pesquisadores caracterizam como seu “feminismo”. Como tudo o que se refere ao nosso maior escritor, pioneiro em vários sentidos, quer no que se refere a estilo quer, e principalmente, à sua variada e eclética temática, esse aspecto merece, também, análise cuidadosa, atenta, criteriosa e a mais didática possível, para que possa ser devidamente assimilado e valorizado pelo leitor.

Mauro Rosso inicia, assim, seu citado artigo: “Machado sempre escreveu sobre mulheres e para mulheres. Os amores e frustrações femininos eram seus temas constantes. A mulher sempre foi personagem primordial da sua ficção. Em Machado, o feminino confirma-se como uma categoria literária – eis um sinóptico intróto que muito bem caracteriza um dos cernes da sua obra ficcional (...)”. “Quer dizer, então, que Machado de Assis era feminista convicto!”, concluirá o atento leitor, com base nesta (e em outras tantas informações). Bem, depende de que feminismo estamos falando. Se estivermos pensando no movimento internacional organizado, sobretudo, na Europa, de cunho ideológico, que lutou (e luta) pela irrestrita igualdade de direitos e deveres entre os dois gêneros, tal conclusão será um tanto açodada, se não exagerada. Afinal, o escritor era fruto da mentalidade do seu tempo, mesmo que vários e vários passos adiante da esmagadora maioria de seus contemporâneos. Mas se pensarmos, exclusivamente, pelo lado do pioneirismo, pelo da valorização da mulher como ser humano inteligente e sensível que é, e como tema, portanto, de sua literatura,  essa caracterização é não somente válida, como oportuna.

Mauro Rosso, em outro parágrafo do seu lúcido artigo, lança luz sobre isso: “Sem se constituir propriamente em explícito ‘defensor dos direitos da mulher’ – muito menos um ‘dialético feminista’ – Machado era convicto de que as mulheres deviam ser instruídas e não permanecer atadas á vida doméstica, ao mesmo tempo sempre preocupado e atento para as necessidades emocionais, afetivas e mesmo sexuais das mulheres. Desde o início da sua gestação ficcional em prosa, Machado traçou caminhos próprios e peculiares para tratar das relações entre os homens e as mulheres muito além da visão ingênua dos românticos, do discurso dos realistas e naturalistas, injetando em sua obra muitas sementes da modernidade: criou um estilo de literatura não apenas de observação das pessoas, mas, sobretudo, de interpretação, expondo as pequenas coisas, as passagens a princípio inocentes, um outro lado, que muitas vezes aludia á presença, sempre insidiosa, do inconsciente. Sempre foi um autor interessado em prospectar as paixões humanas, em dissecar-lhes as intimidades, em levantar questões e torná-las públicas pela voz de seus personagens. Em Machado, o narrativo e o descritivo deu lugar ao psicológico, ao íntimo – transcendendo o visível, o corpóreo, o material (...)”.

Embora seja até acaciano para os leitores familiarizados com informações históricas, lembro (para os que sabem) e informo (aos que desconhecem) que no tempo de vida de Machado de Assis não havia nada sequer parecido com o Dia Internacional da Mulher e nem se cogitava a esse propósito e não só no Brasil, como na maior parte do mundo, salvo em um ou outro país, notadamente da Europa, como Inglaterra, França e os estados escandinavos. A data comemorativa foi instituída, apenas, dois anos após a morte do escritor. Nunca é demais saber, ou reforçar, a origem dessa celebração (que já tratei em outras crônicas, mas que é sempre oportuno reiterar).

Em 8 de março de 1857, funcionárias de uma indústria têxtil de Nova York, inconformadas com a desumana exploração de que vinham sendo vítimas, decidiram sair às ruas, em passeata, para protestar e, assim,  chamar a atenção da sociedade para a sua terrível situação. Embora épico, o espetáculo não deixava de ter seu lado patético. Era comovente, e ao mesmo tempo chocante, a visão daquelas mulheres corajosas, destemidas e determinadas, cobertas de andrajos, com vestidos esfarrapados e pés descalços, mas de cabeça erguida, a clamar, a exigir, a cobrar justiça.

Naquela época, sequer se cogitava de qualquer legislação que protegesse a integridade física e mental dos operários, não importava de que sexo, que eram tratados pior do que animais de carga ou do que as máquinas das indústrias. As jornadas de trabalho estendiam-se, não raro, por 16 horas ou mais, sem férias, repouso remunerado ou qualquer outra espécie de proteção.

Havia casos de trabalhadores que eram forçados a dormir nas próprias fábricas, ao lado de tornos ou teares, para cumprir metas de produção estabelecidas pelos patrões, geralmente exageradas e abusivas. Teoricamente “livres”, os operários de fins do século XIX eram tratados pior do que os escravos. E todos achavam esse procedimento “normal”.

Nesse contexto, de abuso e de exploração, as mulheres eram duplamente injustiçadas. Além de cumprirem as mesmas e estafantes jornadas de seus colegas masculinos – o que lhes minava a saúde e roubava anos e anos de vida – ainda recebiam salários irrisórios, ínfimos, ridículos, que correspondiam à metade dos que eram pagos aos companheiros homens que exerciam as mesmas funções.

Quando as corajosas e desesperadas participantes da manifestação de protesto de Nova York, nesse fatídico 8 de março de 1857, voltaram à tecelagem, para avaliar o resultado político do seu ato público, foram criminosamente punidas. Não com suspensão, desconto de salários ou demissão sumária, o que já seria inominável abuso. Sua punição, no entanto, foi muito, muitíssimo pior. As ousadas trabalhadoras pagaram com a vida pelo “atrevimento” de reivindicar direitos.

A fábrica em questão foi, conforme se comprovou posteriormente, intencionalmente incendiada, a mando dos patrões, com as operárias rebeldes no seu interior. As chances de escapar com vida eram mínimas, quase nulas. Poucas tiveram essa felicidade. Tratou-se, logicamente, de episódio de grande repercussão, que Hollywood, inclusive, transformou em filme de grande sucesso de bilheteria.

Resultado dessa sinistra e covarde revanche patronal: 139 trabalhadoras mortas, carbonizadas, sacrificadas somente por não se conformarem com a desumana exploração de que eram vítimas! Foi em homenagem a essas heróicas mártires que a Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, realizada em Copenhague, em 1910,  por proposta da ativista Clara Zelkin, instituiu o 8 de março de cada ano como o Dia Internacional da Mulher.

Quando esse fato ocorreu, Machado de Assis estava com dezessete anos de idade, a meses de completar dezoito. Não creio que tenha tomado conhecimento dessa trágica notícia, embora fosse, desde moço, pessoa muito bem informada. Tenho minhas dúvidas até se algum jornal brasileiro veiculou a informação. Intuo que não. O interesse de Machado de Assis pelas mulheres (e não me refiro ao natural e instintivo que nós, homens, temos por elas, mas o que se refere, sobretudo, ao seu papel social e profissional), portanto, não teve nada a ver com qualquer tipo de doutrinação, de influência externa, de propaganda de eventual organização feminista (que, aliás, nem existia no Brasil, país que ainda hoje é sumamente machista, imaginem como era no século XIX!!). Foi intuitivo, lógico, humano e racional, contrariando, inclusive, a patuléia ignara e chocando, por conseqüência, os descerebrados, incapazes de pensar por si próprios que se escandalizam com o que fuja à sua compreensão.


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Sunday, June 28, 2015

Apesar de nossa aparência não lembrar, sequer remotamente, o planeta que habitamos – achamo-la bela e harmoniosa; mas será que algum hipotético ET, inteligente e com aguçado critério estético, que tivesse o aspecto que para nós fosse monstruoso, mas que, por sua vez, nos achasse monstros para seus padrões, teriam a mesma opinião? Certamente que não! – somos uma espécie de representação em miniatura da Terra que nos acolhe e possibilita viver. Pelo menos nosso rosto assim o sugere, dado o formato esférico da nossa cabeça. Jorge Luís Borges observou isso, mas não dessa forma tosca e imperita com que eu fiz. Escreveu o seguinte, numa espécie de parábola: “Um homem propõe-se a tarefa de desenhar o mundo. Ao longo dos anos povoa um espaço com imagens de províncias, de reinos, de montanhas, de baías, de naus, de ilhas, de peixes, de quartos, de instrumentos, de astros, de cavalos e de pessoas. Pouco antes de morrer, descobre que este paciente labirinto de linhas traça a imagem do seu rosto”. E não é?!!!


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Fúria e insensatez


Pedro J. Bondaczuk


As manchetes dos jornais estampam os detalhes de mais uma chacina ocorrida no Rio de Janeiro, desta vez na Favela do Vigário Geral, localizada num subúrbio da cidade. As vítimas foram 21 pessoas, inclusive crianças, executadas por um grupo de 40 homens encapuzados, sem a mínima chance de defesa.

Esse crime hediondo vem se juntar a outros tantos com os quais a população já se acostumou a conviver nos últimos tempos. Como, por exemplo, a morte de sete menores na Candelária. Ou o ainda não esclarecido caso do massacre dos ianomâmis, de tantas e tão desencontradas versões.

Mais próximo de nós, temos o episódio do brutal assassinato de dois taxistas em Campinas, que chocou e revoltou esta laboriosa categoria. E há inúmeros pequenos delitos que sequer são noticiados, que assustam as pessoas e instalam por toda a parte um clima de insegurança e medo.

O que estará acontecendo com o Brasil? Estaríamos vivendo um quadro de guerra civil não declarada, como alguns se apressam a afirmar? O problema da violência (urbana ou não) seria uma prerrogativa apenas do Brasil? Estaríamos nos tornando insensíveis ao valor e à importância da vida?

As notícias procedentes do Exterior nos autorizam a afirmar que não. Esse retorno à barbárie é característico das grandes cidades mundiais, quer sejam do Primeiro Mundo, quer do Terceiro. No fim de semana, por exemplo, houve o massacre de 14 policiais na Colômbia.

Na semana passada, uma garotinha marroquina afogou-se num lago de Rotterdam, na Holanda, perante o olhar indiferente de 200 pessoas que presenciaram a cena e nada fizeram para salvar a menina. A cena, inclusive, foi filmada, como se não passasse de uma ficção, de um episódio dramático de um filme. E, no entanto, uma jovem vida se perdeu.

No dia 21 de agosto passado, um universitário japonês, que participava de um programa de intercâmbio estudantil internacional, foi morto por uma bala perdida, que ninguém sabe de onde veio, em Los Angeles, no mais rico e desenvolvido Estado norte-americano, o da Califórnia.

Tiroteios são freqüentes ali, por causa da guerra entre as gangues juvenis. Ainda nos Estados Unidos, 160 pessoas haviam sido mortas, de 1º de janeiro até a metade de julho, por tiros disparados a esmo na cidade de Nova York. O mesmo aconteceu em Denver, no Colorado, onde foi montado um esquema especial para a visita do papa João Paulo II, por temor de que o Pontífice pudesse ser atingido por um projétil saído da arma de um desses malucos.

E o que dizer da Rússia, onde quadrilhas de mafiosos transformaram Moscou numa Chicago dos anos 30? E de Alemanha, França, Grã-Bretanha, e vai por aí afora? A violência campeia por toda a parte. O aumento do rigor das penas tem sido insuficiente para detê-la. Califórnia e Nova York têm penas de morte, e mesmo assim a criminalidade apresenta espiral ascendente.

Leis duras, nós possuímos com fartura no Brasil, porém se todos os delinqüentes já condenados pela Justiça fossem presos, o Estado brasileiro precisaria investir US$ 5 bilhões para encarcerar toda essa gente.

O homem, que por alguma razão que caberia a antropólogos, psiquiatras, juristas, sociólogos, psicólogos e cientistas sociais explicar, está retroagindo à barbárie. Perdeu de vista o real e nobre significado da vida. “Coisificou” seus objetivos, aferrado a um materialismo estúpido e exacerbado. Daí esse quadro de fúria e insensatez em que se transformou a decantada “civilização” da Era Tecnológica.

(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 1º de setembro de 1993).


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Testemunha do Rio do Segundo Império

Pedro J. Bondaczuk

O escritor é testemunha do seu tempo de vida, mesmo que não se dê conta. Cabe-lhe, entre suas tantas tarefas, a de registrar hábitos, costumes, problemas, contradições etc.etc.etc. da sua época”. Esta é a maneira com que introduzi uma de minhas tantas crônicas, nas quais defendi, com argumentos diferentes (mas complementares) a tese que o ficcionista (romancista, novelista, contista) é o verdadeiro historiador de um país e, principalmente, de uma cidade. Isto, claro, quando faz dela cenário de seus enredos. Apresenta aos leitores do futuro a História que realmente importa: a que registra como as pessoas eram, onde moravam, o que vestiam, como se divertiam, o que pensavam etc.etc.etc. Nesse aspecto, Machado de Assis foi imbatível em relação ao Rio de Janeiro, e por conseqüência, ao Brasil do século XIX e início do XX, já que a cidade era a capital do então império e posterior República.

Na sequência da referida crônica afirmei que o escritor “pode até sugerir soluções para os problemas que vier a identificar. Estas, todavia, não são atribuições suas. Compete aos líderes políticos e econômicos corrigir distorções existentes e prevenir outras tantas para que jamais se verifiquem. E assim, ‘la nave va’. E foi o que também Machado de Assis fez, pela boca dos seus tantos personagens, tão vivos e verossímeis que por pouco não conseguimos não só visualizá-los, mas apalpá-los, ouvi-los e conversar com eles. Conheceu a fundo os cariocas do seu tempo (porquanto era um deles, ora bolas) e pintou-os, posto que por palavras, com naturalidade, espontaneidade, exatidão e realismo, para o conhecimento dos brasileiros do futuro (ou seja, para nós e para nossos descendentes).

O escritor e jornalista Luciano Trigo, na introdução de seu livro “O viajante imóvel – Machado de Assis e o Rio de Janeiro de seu tempo”, enfatizou que o estudo da produção literária machadiana nos permite “entrelaçar” sua vida e sua obra “com a crônica da cidade, resgatando informações sobre a moda, os costumes, os valores e as mudanças sociais do período, porque o Segundo Reinado é entendido normalmente como um período de paralisia”. Ou seja, capta a “alma urbana” de determinado segmento do século XIX e perpetua-a, com inigualável competência. Testemunha o seu tempo e registra-o com fidelidade ímpar.

E Trigo escreve mais: “Foram 49 anos do Reinado de Pedro II que corresponderam quase que à vida de Machado, mas foram mudanças imperceptíveis, embora decisivas para a formação de um novo perfil da cidade, novo perfil do carioca, mudança do comportamento, estabelecendo novos padrões de conduta, na maneira de se vestir, nas relações de trabalho, nas relações familiares, nas relações afetivas. Houve uma redefinição do papel das mulheres, dos homens, então, o período foi de mudanças lentas, mas muito importantes (...)” 

Luciano Trigo escreveu outro livro, este de ficção, sobre o “Bruxo do Cosme Velho” (que não sei se foi publicado e por qual editora). Ele explicou que “é um romance sobre um professor de literatura que usa as lições da obra de Machado para resolver problemas da sua vida pessoal”. Interessante observar alguns tópicos que o autor alinhou no índice. E Trigo revela quais são: “(...) Falo dos salões literários, da vida da Corte, da moda, dos bailes e teatros, da política, do Morro do Livramento onde Machado nasceu, do Paula Brito, que foi o seu primeiro patrão, da juventude de Machado, da nova mulher carioca, das polcas, dos hotéis e pensões, do carnaval, meios de transporte (bonde, gás, trem e telégrafo), da Rua do Ouvidor, que era o point, o lugar do ponto de encontro, de debate literário e político da época, do último baile que foi o da Ilha Fiscal, que marcou o fim do império, e do Bota-Abaixo, que foi um momento decisivo da cidade, que foi totalmente remodelada pelo Pereira Passos, o que Machado chegou a testemunhar no final da vida”.

É ou não é a lídima História, a que nos interessa  e fascina, de um longo período da vida do País, que nenhum historiador conseguiu e nem consegue hoje retratar com tanta fidelidade, graça e humor, com a vantagem sobressalente de Machado de Assis apresentar tudo isso com inteligente e perspicaz espírito crítico (que às vezes descamba para a ironia e a mordacidade)? É ou não é retrato fiel do Rio de Janeiro de quase todo o século XIX e início do XX?    

Encerro este conjunto de comentários com dois parágrafos de uma outra crônica minha, relativamente recente: “O escritor é, óbvio, testemunha do tempo em que vive. É verdade que quem é incapaz de produzir uma única linha de texto também o é. A diferença é que o homem de letras tem a capacidade de registrar tipos, lugares, comportamentos, costumes etc. enfim, tudo o que diz respeito à vida em sociedade. Afinal, escreve não especificamente para a sua geração, mas para a posteridade, o quão remota não se sabe, mesmo que não se dê conta. Portanto, o escritor, além de testemunha do seu tempo, acaba por se constituir, também, em cúmplice dele. Ou seja, age, se comporta, fala, se veste, vive etc. como todas as demais pessoas.

Mantenho o que escrevi há tempos, de que o compromisso do homem de letras não é com a realidade. É, sim, de pelo menos sugerir a possibilidade de um dia existir um mundo melhor do que aquele em que vive, de justiça, paz, amor, solidariedade e todas as virtudes que admiramos, por serem raras na atualidade (e que, ademais, sempre foram em qualquer tempo e lugar). Seu papel é o de ser, mesmo que não ostensivamente, porém nas entrelinhas, arauto da esperança. Deixe a realidade nua e crua para o jornalista”. E não foi o que Machado de Assis fez ao longo de sua vitoriosa carreira?


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Saturday, June 27, 2015

O escritor – qualquer um que se preze – é uma colcha de retalhos de influências. É influenciado pelas experiências de infância, pela educação que recebeu, pelo ambiente em que foi criado e em que vive, pelas pessoas com as quais se relaciona, por sua capacidade de observação, pelas oportunidades de acesso aos meios de informação e... sobretudo pelos livros, mais especificamente autores, que lê. É como uma espécie de calidoscópio. A cada giro do tubo que caracteriza esse objeto, experimenta uma metamorfose e já é diferente do que era antes de alguém girar essa engenhoca cheia de vidros coloridos. Para ser mais exato, devo admitir que todas as pessoas, não importa o que façam, sofrem essas influências. E por elas serem diversas e, principalmente, aleatórias, ninguém é exatamente igual a ninguém. Pode haver, até, muitos parecidos. As semelhanças aumentam ainda mais até ficarem próximas da igualdade (no caso dos gêmeos univitelino principalmente) mas são insuficientes. Iguais, iguais mesmo, jamais as pessoas, quaisquer pessoas, serão. Mesmo que  sejam clones uma da outra, ou seja, cópias rigorosamente exatas.


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