Saturday, March 31, 2018

Reflexão do dia


NARRATIVA FEITA POR UM “FANTASMA CEGO”

A exemplo de Brás Cubas, de Machado de Assis, no romance de João Almino, “Ideias para onde passar o fim do mundo”, aquele que narra os “acontecimentos” é um “fantasma”. E, para complicar ainda mais as coisas e multiplicar o toque de surrealismo, é cego. Ou seja, já morreu, mas tem essa prerrogativa de, mediante a intuição, prescindindo, portanto, da visão, de “enxergar” o que se passa ao seu redor, bem como a de penetrar no cérebro e coração de cada personagem, para revelar seus pensamentos, sentimentos, intenções e motivações. Não vou, claro, lhes contar o enredo que é, aliás, como procedo sempre que comento alguma obra. Não as resenho, salvo exceções, mas pinço aspectos pitorescos para debater com vocês. Querem conhecer a história? Comprem o livro e leiam-no com atenção e espírito crítico!!!



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DESAFIO E PROPOSTA

Meu desafio está atrelado à proposta que tenho a fazer. Explico. Diz-se que a internet dá visibilidade a escritores e facilita negócios. É isso o que quero conferir. Tenho um novo livro, dos mais oportunos para um ano como este, de Copa do Mundo de Futebol. Seu título é: “Copas ganhas e perdidas”. Trata-se de um retrospecto de mundiais disputados pelo Brasil (que disputou todos, por sinal), mas não sob o enfoque do profissional de imprensa que sou, mas de um torcedor. É um livro simultaneamente autobiográfico e histórico, que relata como e onde acompanhei cada Copa do Mundo, de 1950 a 2014, da minha infância até meus atuais 75 anos de idade. Meu desafio é motivar alguma editora a publicá-lo, sem que eu precise ir até ela e nem tenha que contar com algum padrinho, apenas pela internet, e sem que eu tenha que bancar a edição (já que não tenho recursos para tal). Insistirei nesta tentativa até que consiga êxito, todos os dias, sem limite de tempo. Basta que a eventual editora interessada (e espero que alguma se interesse, pois o produto é de qualidade) entre em contato comigo no inbox do Facebook ou pelo e-mail pedrojbk@gmail.com. A proposta e o desafio estão lançados. Acredito que serei bem sucedido!!!


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CITAÇÃO DO DIA:


Amor e verdade 

O amor e a verdade estão unidos entre si, como as faces de uma moeda. É impossível separá-los. São as forças mais abstratas e mais poderosas deste mundo.

(Mohandas Karamanchand Gandhi).



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DIRETO DO ARQUIVO - Vícios de sempre


Vícios de sempre


Pedro J. Bondaczuk


A política brasileira, às vésperas da terceira eleição direta para a Presidência da República desde a redemocratização do País, segue apresentando os mesmos vícios de antes do golpe militar de 1964. O sistema partidário, salvo três ou quatro partidos com efetiva expressão, é totalmente equivocado. As agremiações políticas, da forma como estão estruturadas, não representam efetivamente correntes de pensamento. Têm, é verdade, estatutos registrados na Justiça eleitoral, mas nem mesmo a sua cúpula conhece a fundo o seu teor. Tais regimentos não passam de mera formalidade legal.

A maioria dos partidos não é mais do que um complexo conjunto de siglas, que confunde a opinião pública e principalmente a população, sem significado filosófico. Algumas, inclusive, são meramente de "aluguel" e até leiloam legendas para eventuais candidatos (em geral sem preparo ou expressão) aos cargos em disputa e que nada dizem ao eleitorado.

As campanhas, salvo raras exceções, tratam o eleitor como idiota, embora o brasileiro, em sua maioria, seja de fato despolitizado e não entenda o real significado dessa nobre atividade, transformada entre nós em um oportunístico jogo de interesses pessoais. Inúmeros candidatos ainda barganham votos por promessas de empregos, por cestas básicas ou até por bugigangas de menor valor, como se este ato de escolha não passasse de mera mercadoria. A legislação coíbe essa prática, mas ela está mais disseminada (diria arraigada) do que nunca.

A composição do Congresso, das Assembleias Legislativas e das Câmaras Municipais, por outro lado, está longe de refletir a realidade populacional das cidades, dos Estados e do País. No plano federal, por exemplo, privilegia unidades da Federação com pequena população, em detrimento daquelas mais populosas, com problemas mais complexos, e que acabam, invariavelmente, penalizadas na alocação de recursos, como ocorre com São Paulo, que virtualmente sustenta o País, com retorno muito aquém do que lhe seria cabível.

Os parlamentares eleitos, por sua parte, não se sentem obrigados a prestar contas àqueles que lhes confiaram a incumbência da representação. Isso seria facilmente corrigido caso houvesse o voto distrital. Tal dispositivo vem sendo prometido há anos, mas nunca saiu disso. Restringe-se a promessas e nada mais.

Políticos trocam de partido a toda a hora, confundindo a cabeça do eleitorado acerca das suas reais tendências ideológicas, se é que tenham uma. E as distorções sequer param por aí. O corporativismo impera entre os parlamentares, que protegem verdadeiros delinquentes, afetando a credibilidade da própria instituição aos olhos da população.

Alianças são barganhadas, com grandes prejuízos ao erário público, na nefasta distorção do princípio pregado por São Francisco de Assis, do "é dando que se recebe", sem que nada ocorra aos infratores. Entre as reformas de que o País precisa, com urgência, portanto, provavelmente a que maior premência apresenta é a política.

É indispensável a existência de um mecanismo que dificulte a criação de partidos sem nenhuma significação, para que somente aqueles que de fato reflitam o pensamento de uma quantidade expressiva de cidadãos continuem existindo. Ademais, é preciso que haja uma regra rígida referente à fidelidade partidária, com sanções contra os que não se revelarem coerentes com aquilo que pregam, mas não executam.

O voto, por outro lado, precisa ganhar "qualidade". Para isso, o comparecimento às urnas deve ser opcional. Afinal, trata-se de um direito democrático e jamais de uma obrigação. É uma prerrogativa que o eleitor pode ou não exercer, de acordo com sua conveniência ou vontade.

Para que se conscientize da relevância desse exercício de cidadania, o indivíduo deve ter acesso ao máximo de informação. Precisa saber que seu voto pode contribuir para a evolução ou o retrocesso da comunidade a que pertence. Tem que ser cúmplice da organização administrativa do País. Além disso, é mister que seja alertado para as consequências de uma eventual omissão.

É assim que uma eleição funciona em países com tradição democrática. Essa liberdade de votar, ou deixar de fazê-lo, é, sobretudo, manifestação de confiança no cidadão. É respeito à sua individualidade. É a base da verdadeira democracia.

(Texto escrito em 27 de julho de 1998 e publicado como editorial na Folha do Taquaral).



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CRÔNICA DO DIA - Encontro fatal


Encontro fatal


Pedro J. Bondaczuk


As descobertas – ouso afirmar embora admita contestações – são uma das principais características da vida. Vivemos descobrindo coisas, concretas e abstratas, do nascimento à morte. E, fôssemos imortais, seguiríamos descobrindo eternidade afora. Chegamos a “este” mundo (desconheço, óbvio, se existe outro com condições de abrigar a vida como a conhecemos, embora intua que sim) simultaneamente estranho e hostil, porém também fascinante e misterioso, sem saber coisa alguma. Custamos a aprender a sentar, a engatinhar, a andar, a falar e vai por aí afora. E continuamos aprendendo, aprendendo e aprendendo, tanto coisas básicas e essenciais à sobrevivência, quanto as supérfluas, inúteis e algumas até nocivas e deletérias. Embora pareça clichê, e de fato seja, o saber não ocupa lugar.

Somos dotados de insaciável curiosidade, que é a "mãe" de toda a sabedoria (mas, não raro, também, de toda a burrice). Procuramos conhecer de tudo, quer esse conhecimento nos conduza a uma evolução, quer nos traga riscos de sofrer retrocessos ou até mesmo nos leve à autodestruição, ou individual ou até da espécie (como são os casos dos segredos do átomo e da estrutura genética, capazes de fazer o ser humano desaparecer do universo, se utilizados de forma inadequada).

O conhecimento de que mais necessitamos, porém, posto que apenas parcialmente, o autoconhecimento, é relegado a um segundo plano, como se fosse desnecessário. Ledo engano! E por que me refiro a essa “parcialidade” no processo de nos conhecermos a nós mesmos? Porque entendo que jamais teremos possibilidades de chegar ao autoconhecimento integral. Sei que muitos contestarão essa afirmação e é saudável e necessário que assim seja. A contestação, quando inteligente e civilizada, é não apenas útil, mas indispensável para se chegar à verdade (outra abstração ambígua) ou pelo menos se aproximar dela.


Não creio que haja alguém que se conheça integralmente e que não se surpreenda, amiúde, com alguma idéia, com algum desejo ou com alguma ação que não julgava ser capaz de ter ou praticar. Somos, mesmo que parcialmente, “estranhos” a nós mesmos. Isso mesmo. E, como é de meu estilo exagerar, não reluto em utilizar o superlativo “estranhíssimos”. Há quem busque (ou pelo menos aparente buscar) este autoconhecimento. A maioria, porém, sequer pensa nisso. Muitas pessoas, embora pensem, relutam em assumir essa tarefa. A maioria não a assume jamais. Aliás, sequer chega a tentar. Quem nem tenta, possivelmente, teme o que possa vir a descobrir a seu respeito, sabe-se lá.


Todavia, só conhecendo nossas potencialidades e vulnerabilidades (embora apenas algumas, porquanto insisto em minha crença na impossibilidade de um autoconhecimento integral) teremos condições de evoluir e, quem sabe, voar tão alto, a ponto de alcançar as estrelas. Por isso, vale o esforço.
Gosto de abordar este assunto, sempre que aparece oportunidade para tal, mesmo sem ter nada de novo a acrescentar ao debate. Embora não acredite na possibilidade de um autoconhecimento integral, defendo que devemos tentar, e tentar e tentar, exaustiva e permanentemente, chegar a essa “luz” espiritual. Aliás, este é o objetivo final de todos os filósofos e correntes filosóficas. Muitas não explicitam essa meta, mas ela está sempre subjacente em suas proposições e seus raciocínios.

As pessoas, no processo acelerado de massificação pelo qual o mundo atravessa neste início da segunda década do terceiro milênio da era cristã, sequer param para pensar qual a razão de suas existências. Não especulam (salvo exceções, naturalmente) acerca do que estão fazendo sobre a face da Terra. Em suma, não se entendem e nem procuram se entender. Não se estimam e nem se desestimam. Vivem porque vivem, e pronto! E se não têm um grau de estima genuíno por si próprias, não podem jamais sentir qualquer coisa de realmente profunda pelos outros. Daí a solidão que domina tanta gente. Daí a fuga para os “paraísos” artificiais de droga e do alcoolismo (na verdade infernos). Daí a violência crescente que pode nos destruir a todos. O que tais pessoas precisam é de objetivos claros e de um mínimo de autoconhecimento, para não dizer, de bom senso, que de fato não têm e, pior, nem procuram ter.


A este propósito, gosto de citar, sempre que o assunto vem à baila, uma afirmação do premiado poeta chileno Pablo Neruda, que escreveu: “Algum dia, em qualquer parte, em qualquer lugar, indefectivelmente, encontrar-te-ás a ti mesmo e essa, só essa, pode ser a mais feliz ou a mais amarga das tuas horas”. Fugir desse encontro é inútil, posto que impossível. Para alguns, será uma revelação gloriosa. Para outros...


Algumas verdades, preexistentes, mas que por alguma razão, não conseguimos alcançar em determinado período da nossa trajetória de vida, de repente, emergem diante de nós, se desnudam aos nossos olhos, se revelam à nossa consciência. Muitas são óbvias, mas encaramo-las dessa maneira apenas depois da revelação. Esta, em geral, ocorre com a aquisição da experiência, resultado de muitos anos de empirismo, de sucessivas tentativas e erros. Torna-se, para nós, também uma descoberta.


Robert Louis Stevenson faz interessante observação a esse propósito: "Todos podem executar seu trabalho, por difícil que seja, por um dia. Todos podem viver com doçura, paciência, ternura e pureza até que o Sol se ponha. E isso é tudo o que a vida realmente significa". Ou seja, ela é muito simples. Nós é que a complicamos com nossos temores, iras, ambições e egoísmo. Sei que estou sendo repetitivo, mas este é um vezo de jornalista. Afinal, o jornalismo tende a ser, e é, reiterativo.


Reagimos (para o bem e para o mal, mas geralmente para este último) muito em função das circunstâncias, do momento, das oportunidades. O que o indivíduo precisa é das informações básicas que o conduzam ao autoconhecimento. Ou, para ser coerente, à tentativa de chegar a ele. Reitero que, somente se conhecendo (posto que, insisto, parcialmente) o indivíduo estará capacitado a fazer a escolha do que entender ser o melhor para ele.

E se errar? Paciência! O erro é uma possibilidade onipresente de quem tenta, arrisca e age. Se o cometer, será, certamente, um fracassado e infeliz, caso não torne a tentar. Tem que continuar tentando, quantas vezes forem necessárias. Precisará, portanto, ter um objetivo na vida, um norte, uma direção para onde seguir. Mas de um que seja factível e de preferência de caráter altruísta, que lhe direcione as ações para metas maiores do que as individuais e mesquinhas. Só assim terá (posto que remota) possibilidade e se sentir minimamente realizado e feliz. Você se conhece? Eu, certamente, não.



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Reflexão do dia


CENÁRIO IDEAL PARA UM ROMANCE FUTURISTA

Minha escolha, óbvia, caso eu pretendesse um cenário futurista para um romance surreal recairia sobre uma cidade que trouxe o futuro para o presente e se distingue de todas as outras já na sua concepção urbanística. Vista do alto, pelo menos na sua parte considerada “nobre”, reproduz um avião prestes a decolar para o progresso sem fim. Claro que me refiro a Brasília. E não vai aí nenhum laivo de ufanismo. É mero sentido prático. Afinal, a proposta não é escolher um cenário futurista para um romance surreal? Pois então! Querem escolha mais adequada?! Na verdade, não fui eu que me vi compelido a fazer essa opção. Foi o escritor, professor e diplomata João Almino. Em “Ideias para passar o fim do mundo” (Editora Brasiliense), a história transcorre em Brasília, embora o tempo em que ele situa sua trama seja um indeterminado futuro (que tanto pode ser no ano que vem, quanto no próximo século ou milênio). Baseado na resenha escrita por Almeida Fischer e publicada no jornal “O Estado de São Paulo”, desse livro instigante (mas que exige grande exercício mental do leitor), informo que o romance de João Almino “parte de uma fotografia de grupo, cujos participantes se transformam em personagens de um roteiro de filme que o narrador deixou inconcluso ao morrer”.



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DESAFIO E PROPOSTA

Meu desafio está atrelado à proposta que tenho a fazer. Explico. Diz-se que a internet dá visibilidade a escritores e facilita negócios. É isso o que quero conferir. Tenho um novo livro, dos mais oportunos para um ano como este, de Copa do Mundo de Futebol. Seu título é: “Copas ganhas e perdidas”. Trata-se de um retrospecto de mundiais disputados pelo Brasil (que disputou todos, por sinal), mas não sob o enfoque do profissional de imprensa que sou, mas de um torcedor. É um livro simultaneamente autobiográfico e histórico, que relata como e onde acompanhei cada Copa do Mundo, de 1950 a 2014, da minha infância até meus atuais 75 anos de idade. Meu desafio é motivar alguma editora a publicá-lo, sem que eu precise ir até ela e nem tenha que contar com algum padrinho, apenas pela internet, e sem que eu tenha que bancar a edição (já que não tenho recursos para tal). Insistirei nesta tentativa até que consiga êxito, todos os dias, sem limite de tempo. Basta que a eventual editora interessada (e espero que alguma se interesse, pois o produto é de qualidade) entre em contato comigo no inbox do Facebook ou pelo e-mail pedrojbk@gmail.com. A proposta e o desafio estão lançados. Acredito que serei bem sucedido!!!


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CITAÇÃO DO DIA:

A melhor música 

O amor é a melhor música na partitura da vida. Sem ele você será um eterno desafinado no imenso coral da humanidade.

(Roque Schneider).



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DIRETO DO ARQUIVO - Na rota do crime


Na rota do crime


Pedro J. Bondaczuk


A cidade de Campinas, não faz muito, gozava de enorme e justo prestígio nacional e internacional por suas excelências. Era decantada, em verso e prosa, por todas as partes do País, pelos expoentes da sua cultura, por seus talentosos artistas (pintores, escultores, poetas, músicos, etc.), por seus esportistas, pelos seus exímios e eficientes médicos e pelos produtivos e competentes centros de pesquisa científica de que dispõe. Trata-se, ainda, de um dos melhores lugares para se trabalhar, prosperar e viver. É um polo continental de alta tecnologia. Não faz muito, era conhecida como a "capital da gentileza", a "Atenas brasileira" e outras tantas e lisonjeiras denominações, que nos enchiam de vaidade e de justo orgulho. E não havia exagero em nada disso.

Ultimamente, no entanto, a cidade anda frequentando as manchetes da imprensa por outro motivo, nada agradável ou mesmo conveniente. Vem sendo citada como uma das vertentes de uma suposta rede do crime organizado, que estaria estendendo os seus tentáculos corruptores por 14 Estados da Federação, e cujo expoente maior seria o deputado cassado do Acre, Hildebrando Pascoal.

Essa terrível organização criminosa, de fazer inveja às várias versões da Máfia (quer a siciliana, quer a napolitana ou a norte-americana), seria responsável por toda a sorte de delitos. Estaria infiltrada em todos os escalões do poder, como não faz muito ocorria na vizinha Colômbia. Seus crimes iriam desde o narcotráfico e a consequente lavagem do dinheiro sujo obtido com essa atividade ilícita, ao roubo de caminhões e cargas, pistolagem, assassinatos de motoristas, políticos e desafetos e vai por aí afora. As denúncias são de Jorge Meres Alves de Almeida, que confessou fazer parte dessa quadrilha, denunciando os companheiros para obter pena mais suave. Implicam homens públicos, empresários, delegados, policiais, etc. Muitos deles seriam de Campinas. E isto nos parece exagero. Pelo menos, até que se prove o contrário.

O vértice campineiro dessa corja de bandidos estaria, supostamente, centralizado na atuação do empresário William Sozza, que nega enfaticamente sua participação na rede em questão e se diz vítima de uma enorme "armação". Estaria mentindo? É impossível de se afirmar. Não se pode, porém, tirar nenhuma conclusão a priori, e muito menos fazer prejulgamentos, lançando, apressadamente, suspeição sobre quem quer que seja, antes de concluídas as investigações levadas a cabo pela Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara Federal, que apura a ação nefasta e destruidora do narcotráfico no País. É bom que se recorde o que aconteceu, anos atrás, no famoso caso da Escola de Base.

Na oportunidade, um casal, proprietário de uma instituição de ensino pré-escolar, foi execrado publicamente e sofreu um verdadeiro linchamento moral, por suposto abuso sexual contra um garotinho de 4 anos, com base somente em afirmações da própria criança e de seus pais. A imprensa, de maneira açodada e irresponsável, assumiu, de imediato, baseada em frágeis evidências, a culpabilidade dos acusados. Exerceu, por sua conta e risco, o papel de juiz e simultaneamente de executor (o que não lhe cabe jamais e nunca deveria caber) e tratou o pobre casal como dois notórios criminosos, dois monstros, indignos de qualquer comiseração. E se deu mal.

Ao cabo das investigações policiais, concluiu-se que os dois professores eram absolutamente inocentes! Mas então já era tarde. A escola havia sido fechada e os abnegados mestres, que tiveram a reputação maculada, estavam arrasados, na rua da amargura, por causa da gana de muitos editores por uma manchete escandalosa, mesmo que inverídica. Lamentável! A mulher morreu pouco tempo depois, certamente de desgosto. O marido tenta, ainda, ganhar a vida com uma acanhada lojinha, onde mal tira o suficiente para comer. Indenização por perdas e danos morais? Nem pensar!

No entanto, é indispensável que a CPI vá a fundo em suas investigações sobre o narcotráfico e, em nosso caso, apure se de fato existe a tal conexão campineira, quais são os envolvidos, que tipo de atividades criminosas exerce e, acima de tudo, se tal tentáculo, desse polvo nojento e corruptor existir, que seja imediatamente extirpado. E que, os eventuais criminosos, contra os quais se reúnam provas cabais, sejam punidos exemplarmente pela Justiça. As acusações são gravíssimas.

É preciso que Campinas volte a ser conhecida, nacional e internacionalmente, apenas pelas coisas positivas e boas que tem. Que seja lembrada pela operosidade da sua população. Que se exalte o talento e o bom gosto dos seus artistas. Que se enfatize a competência dos seus atletas. Que se valorize a excelência dos seus médicos. Trata-se de uma cidade muito especial, nascida sob o signo da vitória, que renasceu, em meados do século passado, virtualmente, das "cinzas", quando atingida por insidiosa epidemia de febre amarela que a devastou. Não é justo, portanto, que seja vítima de perversos bandidos. Não se pode permitir que o tráfico e consumo de drogas, que têm desgraçado tantas famílias, sejam livres por aqui. É preciso dar um basta à violência que se generaliza e se expande. Esta é uma tarefa não apenas das autoridades, da polícia ou da Justiça. É uma cruzada que cada campineiro deverá assumir, para que não se perca, em poucos anos, aquilo que foi construído, com tamanho sacrifício, em mais de dois séculos, por várias gerações. Reage Campinas!

(Editorial publicado na Folha do Taquaral na primeira quinzena de novembro de 1999)



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Friday, March 30, 2018

CRÔNICA DO DIA - Inteligência, consciência e vontade


Inteligência, consciência e vontade

Pedro J. Bondaczuk

A inteligência – termo que, por definição, expressa a capacidade de entendimento de situações e ideias – é, sem dúvida, fator importante para o sucesso, notadamente em atividades que dependam do raciocínio. Mas é fundamental? Entendo que não. Facilita, sem dúvida, as coisas, mas não é nenhuma garantia que a pessoa que seja privilegiada, nesse aspecto, com um QI fenomenal, terá êxito no que quer que seja, apenas por isso.

Requer-se, também, consciência e, sobretudo, vontade. Posso, por exemplo, entender melhor do que a maioria o que me cerca e, por isso, “cortar caminho” para que determinado empreendimento chegue a bom termo. Todavia, esse entendimento excepcional pouco, ou nada me valerá se eu não estiver consciente do que precisarei fazer para que o resultado almejado seja obtido. E, principalmente, se não tiver vontade de agir para sua colimação, se me omitir e se deixar para terceiros tarefas que são exclusivamente minhas. Há pessoas inteligentíssimas, mas que agem assim. Vivem como parasitas e, além de inúteis, são perniciosas.

Não podemos, pois, nos fiar, apenas, na inteligência. Nem mesmo para tentarmos concretizar nossos sonhos e projetos estritamente pessoais. Para essa concretização não dependemos, apenas, dos nossos recursos, mas de uma infinidade de pessoas que nos cercam e com as quais, de alguma forma, convivemos. Reitero que a inteligência ajuda, e muito, mas sozinha é inerme e não nos leva a lugar algum. Precisa do auxílio de uma série de sentimentos e virtudes que a impulsionem e a façam efetiva.

Por exemplo, precisamos ter fé em nossas possibilidades. Se iniciarmos algum empreendimento, sem acreditarmos no seu sucesso, é melhor que sequer venhamos a despender energias. Ele estará, liminarmente, fadado ao fracasso, a despeito do nosso privilegiado QI. Outra emoção valiosa é a esperança (tema de que tratei em recente reflexão), desde que, observo, respaldada por ações. Se nada esperarmos da vida, senão seu complemento, a morte, já estaremos espiritualmente mortos, mesmo que isso não nos seja aparente.

O escritor francês, Roger Gard, escreveu a respeito: “A inteligência só conduz à inação. É a fé que dá ao homem o ímpeto indispensável para agir e o entendimento para perseverar”. Notem que o ilustre pensador não defendeu a burrice (e nem eu a defendo, óbvio) como forma de obter o sucesso em nossos empreendimentos. Longe disso! Apenas ressaltou que a inteligência sozinha, ou seja, sem o respaldo de outras virtudes, é impotente para promover o êxito que tanto almejamos.

Conheço muitos "doutores" que acumularam em suas mentes e são capazes de reproduzir na ponta da língua um volume enorme de informações e que no entanto não dispõem de clarividência, de intuição, de criatividade. Em resumo, não sabem o que fazer com tantos dados e observações. Muitos desses sujeitos notoriamente inteligentes são uns fracassados e vivem lançando a culpa dos seus fracassos nos outros, ou nas circunstâncias, ou inventando mil e uma desculpas. São frustrados, amargos, derrotistas, ácidos críticos dos lutadores e empreendedores, embora contem com capacidade ímpar de entendimento. Só não sabem o que fazer com ela.

No outro extremo, convivo com pessoas de pouca ou nenhuma leitura. Algumas, até mesmo, são absolutamente analfabetas. Há quem as considere, por causa disso, “pouco inteligentes”. Contudo, são das tais de quem se diz que "enxergam longe". Sabem como aproveitar o pouco que conhecem e aproveitam muito bem.

As primeiras, embora gozem, em determinado momento da sua vida, de fama, de prestígio e de privilegiada posição social, são apenas “informadas”. Talvez sejam, até mesmo, inteligentes. Mas não são conscientes e não têm vontade de agir, por isso, não agem. E, mais cedo ou mais tarde, fracassam. Já as segundas, tratadas, muitas vezes, com menosprezo e até de forma desrespeitosa, por seu baixo nível de informação, são mais do que inteligentes, são “sábias”. Inteligência e sabedoria, como demonstrei num texto recente (aqui mesmo neste espaço) são conceitos bastante distintos.

A consciência é o conhecimento objetivo de tudo o que nos cerca e das informações que recebemos de várias fontes, internas ou externas. Ou seja, é o "saber que sabemos que sabemos". Parece estranho dizer dessa forma, mas é isso mesmo. Há sensações, reflexões, emoções que integram o nosso patrimônio cultural, mas que ficam escondidas em um dos substratos da nossa mente, no chamado subconsciente. Subitamente, por alguma razão que desconhecemos, emergem, afloram, brotam ao consciente, em geral nos momentos de maior necessidade. Por isso é que se diz, e com razão, que o homem ignora seu verdadeiro potencial..

A consciência é uma faculdade maravilhosa (fundamento da razão), mas pode e precisa ser cultivada e desenvolvida. A melhor forma de exercer esse cultivo é através da meditação: sobre o concreto ou abstrato, sobre o trivial ou o transcendental, sobre a vida ou a morte. Uma das leis da natureza é que o exercício continuado e disciplinado de qualquer órgão ou de todo o organismo desenvolve as aptidões (físicas e mentais), enquanto a falta de uso as atrofia.

O filósofo norte-americano Will Durant comentou, em um de seus livros: "Considere-se a consciência. Que misteriosa faculdade é esta que nos faz cientes do que estamos fazendo, ou do que fizemos, ou do que pretendemos fazer? Que percebe o conflito das nossas próprias ideias e por meio de umas critica outras? Que imagina possíveis reações e prevê resultados prováveis? Que, depois de pacientemente analisada uma situação, a atende com os recursos do pensamento e do desejo coordenados num sentido criador?".

Somos, em princípio, senhores da nossa trajetória no mundo. Ocorre que muitos abrem mão dessa prerrogativa, por não saberem fazer uso da inteligência de que são dotados. Não têm vontade de fazer uso adequado dessa capacidade. Permitem que ela se atrofie, se esclerose, beire a necrose.

Há quem ache, erroneamente, que o poeta seja um alienado, que não se preocupa com a realidade do dia a dia, na busca do seu ideal de grandeza, de solidariedade e de beleza e que, por isso, faça mau uso da inteligência. Grande engano! Esses sujeitos, que exsudam ideais por todos os poros, colocam a força da sua inteligência no empenho por construir um mundo melhor. São intelectuais participativos, que não se escondem numa torre de marfim, como injusta e equivocadamente são acusados de fazer.

O poeta (há exceções, claro) não se conforma, passiva e bovinamente, com o que ocorre ao seu redor. Empenha-se por mudanças. Atua em seu meio e faz tudo o que estiver ao seu alcance para mudar o mundo para melhor, quer por palavras (arma que sabe brandir como ninguém), quer por ações. Crente no potencial de bondade das pessoas, busca a valorização dessa virtude como forma de modificar a realidade.

Alexandre Herculano constatou, através de um de seus personagens: “...A inteligência do poeta precisa viver num mundo mais amplo do que esse a que a sociedade traçou tão mesquinhos limites”. Busca, pois, extrapolar a realidade, mas sem fugir dela. Apenas não se limita a ela. Seu empenho é o de modificá-la para melhor, pois crê na possibilidade de tornar concreto o mundo que idealiza. Isso é o que classifico de inteligência que, aliada à consciência e à vontade de agir, faz as vezes de “alavanca”, capaz, como constatou Arquimedes, de mover o mundo.


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Thursday, March 29, 2018

Reflexão do dia


CENÁRIO FUTURISTA

Se você tivesse que escolher um cenário futurista para um romance de cunho surreal, qual cidade escolheria? Nova York? Londres? Chicago? Miami? Londres, Paris, Roma ou Madri? Outra qualquer? Qual? Eu não escolheria nenhuma delas. Todas, por mais arrojo arquitetônico que tenham (e não vejo isso em nenhuma delas), têm o ranço de coisa antiga, envelhecida, ultrapassada. Não que eu despreze a tradição, longe disso. Mas lembre-se que minha pergunta foi específica, ou seja, foi sobre a escolha de um cenário futurista para um romance surreal. Nova York, a despeito da majestosidade dos seus arranha-céus, não tem nenhum (ou se tiver, tem no máximo meia dúzia), em que o arrojo arquitetônico seja a característica, em que arquitetura e arte se misturem, combinem e confundam. A maior parte dos seus edifícios é antiga. Sua construção data de fins do século XIX e início do XX. Decididamente, ela não seria o meu cenário. Chicago, Miami e Los Angeles, muito menos, pelas mesmas razões. As grandes cidades do Velho Mundo, então, podem ter de tudo, podem ser belas, confortáveis, racionais etc.etc.etc., mas... não se destacam pela modernidade arquitetônica. O mesmo se pode dizer de Dallas, com seus edifícios que parecem construídos inteiramente de vidro. E eu, qual escolheria? Claro, Brasília!!!



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DESAFIO E PROPOSTA

Meu desafio está atrelado à proposta que tenho a fazer. Explico. Diz-se que a internet dá visibilidade a escritores e facilita negócios. É isso o que quero conferir. Tenho um novo livro, dos mais oportunos para um ano como este, de Copa do Mundo de Futebol. Seu título é: “Copas ganhas e perdidas”. Trata-se de um retrospecto de mundiais disputados pelo Brasil (que disputou todos, por sinal), mas não sob o enfoque do profissional de imprensa que sou, mas de um torcedor. É um livro simultaneamente autobiográfico e histórico, que relata como e onde acompanhei cada Copa do Mundo, de 1950 a 2014, da minha infância até meus atuais 75 anos de idade. Meu desafio é motivar alguma editora a publicá-lo, sem que eu precise ir até ela e nem tenha que contar com algum padrinho, apenas pela internet, e sem que eu tenha que bancar a edição (já que não tenho recursos para tal). Insistirei nesta tentativa até que consiga êxito, todos os dias, sem limite de tempo. Basta que a eventual editora interessada (e espero que alguma se interesse, pois o produto é de qualidade) entre em contato comigo no inbox do Facebook ou pelo e-mail pedrojbk@gmail.com. A proposta e o desafio estão lançados. Acredito que serei bem sucedido!!!


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CITAÇÃO DO DIA:
Espinhos da contradição 

A rosa da profunda amizade não se colhe sem ferir a mão em muitos espinhos da contradição. No abnegar é que está o vencer de muitas resistências invencíveis ao império da vontade.

(Camilo Castelo Branco).



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DIRETO DO ARQUIVO - Na rota do crime


Na rota do crime


Pedro J. Bondaczuk


A cidade de Campinas, não faz muito, gozava de enorme e justo prestígio nacional e internacional por suas excelências. Era decantada, em verso e prosa, por todas as partes do País, pelos expoentes da sua cultura, por seus talentosos artistas (pintores, escultores, poetas, músicos, etc.), por seus esportistas, pelos seus exímios e eficientes médicos e pelos produtivos e competentes centros de pesquisa científica de que dispõe. Trata-se, ainda, de um dos melhores lugares para se trabalhar, prosperar e viver. É um polo continental de alta tecnologia. Não faz muito, era conhecida como a "capital da gentileza", a "Atenas brasileira" e outras tantas e lisonjeiras denominações, que nos enchiam de vaidade e de justo orgulho. E não havia exagero em nada disso.

Ultimamente, no entanto, a cidade anda frequentando as manchetes da imprensa por outro motivo, nada agradável ou mesmo conveniente. Vem sendo citada como uma das vertentes de uma suposta rede do crime organizado, que estaria estendendo os seus tentáculos corruptores por 14 Estados da Federação, e cujo expoente maior seria o deputado cassado do Acre, Hildebrando Pascoal.

Essa terrível organização criminosa, de fazer inveja às várias versões da Máfia (quer a siciliana, quer a napolitana ou a norte-americana), seria responsável por toda a sorte de delitos. Estaria infiltrada em todos os escalões do poder, como não faz muito ocorria na vizinha Colômbia. Seus crimes iriam desde o narcotráfico e a consequente lavagem do dinheiro sujo obtido com essa atividade ilícita, ao roubo de caminhões e cargas, pistolagem, assassinatos de motoristas, políticos e desafetos e vai por aí afora. As denúncias são de Jorge Meres Alves de Almeida, que confessou fazer parte dessa quadrilha, denunciando os companheiros para obter pena mais suave. Implicam homens públicos, empresários, delegados, policiais, etc. Muitos deles seriam de Campinas. E isto nos parece exagero. Pelo menos, até que se prove o contrário.

O vértice campineiro dessa corja de bandidos estaria, supostamente, centralizado na atuação do empresário William Sozza, que nega enfaticamente sua participação na rede em questão e se diz vítima de uma enorme "armação". Estaria mentindo? É impossível de se afirmar. Não se pode, porém, tirar nenhuma conclusão a priori, e muito menos fazer prejulgamentos, lançando, apressadamente, suspeição sobre quem quer que seja, antes de concluídas as investigações levadas a cabo pela Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara Federal, que apura a ação nefasta e destruidora do narcotráfico no País. É bom que se recorde o que aconteceu, anos atrás, no famoso caso da Escola de Base.

Na oportunidade, um casal, proprietário de uma instituição de ensino pré-escolar, foi execrado publicamente e sofreu um verdadeiro linchamento moral, por suposto abuso sexual contra um garotinho de 4 anos, com base somente em afirmações da própria criança e de seus pais. A imprensa, de maneira açodada e irresponsável, assumiu, de imediato, baseada em frágeis evidências, a culpabilidade dos acusados. Exerceu, por sua conta e risco, o papel de juiz e simultaneamente de executor (o que não lhe cabe jamais e nunca deveria caber) e tratou o pobre casal como dois notórios criminosos, dois monstros, indignos de qualquer comiseração. E se deu mal.

Ao cabo das investigações policiais, concluiu-se que os dois professores eram absolutamente inocentes! Mas então já era tarde. A escola havia sido fechada e os abnegados mestres, que tiveram a reputação maculada, estavam arrasados, na rua da amargura, por causa da gana de muitos editores por uma manchete escandalosa, mesmo que inverídica. Lamentável! A mulher morreu pouco tempo depois, certamente de desgosto. O marido tenta, ainda, ganhar a vida com uma acanhada lojinha, onde mal tira o suficiente para comer. Indenização por perdas e danos morais? Nem pensar!

No entanto, é indispensável que a CPI vá a fundo em suas investigações sobre o narcotráfico e, em nosso caso, apure se de fato existe a tal conexão campineira, quais são os envolvidos, que tipo de atividades criminosas exerce e, acima de tudo, se tal tentáculo, desse polvo nojento e corruptor existir, que seja imediatamente extirpado. E que, os eventuais criminosos, contra os quais se reúnam provas cabais, sejam punidos exemplarmente pela Justiça. As acusações são gravíssimas.

É preciso que Campinas volte a ser conhecida, nacional e internacionalmente, apenas pelas coisas positivas e boas que tem. Que seja lembrada pela operosidade da sua população. Que se exalte o talento e o bom gosto dos seus artistas. Que se enfatize a competência dos seus atletas. Que se valorize a excelência dos seus médicos. Trata-se de uma cidade muito especial, nascida sob o signo da vitória, que renasceu, em meados do século passado, virtualmente, das "cinzas", quando atingida por insidiosa epidemia de febre amarela que a devastou. Não é justo, portanto, que seja vítima de perversos bandidos. Não se pode permitir que o tráfico e consumo de drogas, que têm desgraçado tantas famílias, sejam livres por aqui. É preciso dar um basta à violência que se generaliza e se expande. Esta é uma tarefa não apenas das autoridades, da polícia ou da Justiça. É uma cruzada que cada campineiro deverá assumir, para que não se perca, em poucos anos, aquilo que foi construído, com tamanho sacrifício, em mais de dois séculos, por várias gerações. Reage Campinas!

(Editorial publicado na Folha do Taquaral na primeira quinzena de novembro de 1999)



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CRÔNICA DO DIA - Fonte inesgotável


Fonte inesgotável

Pedro J. Bondaczuk

A crônica é o gênero mais utilizado em livros que versam sobre futebol. Não me refiro, óbvio, aos tantos almanaques que as editoras se apressam em lançar em anos de Copa do Mundo. Claro que não subestimo a importância desse tipo de publicação.

Ele tem, sim, utilidade, e muita, sobretudo como material de pesquisa para repórteres, colunistas, locutores esportivos (de rádio e TV), comentaristas etc. São importantes registros históricos da maior competição da modalidade – e que, em termos de interesse do público, supera o despertado por Olimpíadas – que fundamentam e conferem exatidão a outros textos sobre futebol, literários ou não.
E por que a crônica é o gênero predileto quando se pretende uma abordagem mais livre, menos específica e menos técnica sobre o assunto? Porque, embora contando com inequívocas características da Literatura, esses livros acerca do esporte das multidões são, via de regra, escritos por jornalistas. Alguns, até mesmo, aproveitam suas melhores colunas publicadas em jornais, selecionam as que mantenham nexo entre si, e as encaminham às editoras. Pronto, está composto um bom livro sobre o tema.
Outros (poucos, é verdade), redigem textos exclusivos e inéditos. Mas raros se aventuram a explorar o assunto de forma ficcional. Acham mais fácil recorrer a crônicas. Daí a predominância desse gênero quando se trata de escrever sobre futebol.
Isso não quer dizer, claro, que não haja contos sobre este apaixonante esporte. E muito menos que não haja escritores que não passaram sequer nos arredores de uma redação de jornal escrevendo a respeito. Há, e muitos, e bons. Mas a desproporção em relação aos que se utilizam de crônicas para tratar do assunto é avassaladora.
Um dos casos que se constituem quase que em exceção a essa regra, por exemplo, é o dessa antologia – relançada em época de Copa do Mundo pela terceira vez consecutiva – intitulada “22 Contistas em Campo”, organizada e coordenada por Flávio Moreira da Costa.
O futebol (quer envolva seus principais personagens, jogadores, técnicos e árbitros; quer quando se enfoca os que orbitam ao seu redor, como torcedores, cartolas, empresários etc.), é riquíssimo e inesgotável filão de histórias. Conta com uma carga dramática como poucas atividades têm. Exemplo?
Tomemos esse personagem do esporte, catalisador das iras das várias torcidas (creio que reúna unanimidade negativa ao seu redor) figura das mais odiadas e execradas por muitos, mas indispensável para a realização de um jogo de futebol (e não me refiro às peladas, claro): o árbitro. A maioria prefere chamá-lo, impropriamente, de “juiz”.
Imaginem as pressões (e tentações) que o sujeito que assume essa tarefa sofre antes, durante e depois de uma partida! Se for decisiva, então, como uma Copa do Mundo (e nem precisa ser a final), a coisa se multiplica exponencialmente.
No futebol profissional, trata-se do único personagem não profissionalizado. Não tem, nem mesmo, salário fixo. Depende de cotas de arbitragem e para recebê-las, tem, antes, que ser escalado. Nenhum árbitro se escala. Se passar, digamos, um mês sem apitar, não receberá um único centavo do futebol, ao contrário de jogadores e de técnicos.
Além da preparação técnica, do necessário pleno domínio das 17 regras do esporte, tem que se manter em “cima dos cascos”, como se diz na gíria. Contudo, não conta com a assistência de nenhum fisicultor que lhe facilite a obtenção (e manutenção) do bom preparo físico que lhe é indispensável. Contudo, é o sujeito que mais precisa correr em campo.
Os jogadores têm uma trégua (na verdade, inúmeras), dependendo do andamento do jogo. O árbitro, não. Tem que correr o tempo todo. Ademais, é o personagem de futebol mais exposto às várias discriminações, notadamente a racial. Mas ao contrário dos atletas, que quando vítimas de preconceito contam com legiões de adeptos que saem em sua defesa, esse sujeito, que não pode errar, não conta com ninguém. Esse aspecto, aliás, é enfocado muito bem pelo escritor João Antonio, no conto “O Juiz”, que integra o livro “22 Contistas em Campo”.
Bruno Dorigatti observou o seguinte sobre este texto específico: “O Juiz, de João Antonio, sofre com o racismo dos paranaenses em Londrina, num convincente retrato das idiossincrasias que cercam um árbitro de futebol, a violência verbal, que por vezes chega às vias de fato, a pressão de apitar um jogo decisivo e tentar se mostrar equânime, a pilha errada que a imprensa enlatada (para se apropriar do termo que João Saldanha utilizava) costuma colocar para incendiar a torcida contra o dono do apito”.
Esse é apenas um dos milhares de exemplos que mostram o quanto de carga dramática cerca e envolve os personagens de um jogo de futebol. Só sobre o juiz, é possível escrever romances e mais romances, contos e mais contos, todos atrativos e originais, dependendo, claro, da criatividade do escritor. Que tal tentar?

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Wednesday, March 28, 2018

Reflexão do dia


POR UMA SOCIEDADE IDEAL

Uma sociedade ideal, aquela primorosíssima utopia do mais sonhador dos idealistas, seria (e é) impossível sem estes três ingredientes: amor, trabalho e conhecimento. Mas os autênticos, e não seus “fakes” ou simulacros. O mundo apenas se tornará o Paraíso idealizado por tantos, há tanto tempo, quando esses três elementos governarem a vida de todos. Convenhamos, não há sequer o mais leve esboço, o mais deformado arremedo dessa situação ideal. Pelo contrário. Os poetas (ah, os poetas!), comparam o amor, principalmente o frustrado e o não correspondido, a uma “doença”. Consideram-no, todavia, caso ou tão logo ocorra a sonhada correspondência, a “cura”, não só desse mal, mas de todos os males do mundo. Exemplo? Este belíssimo poema do poeta maranhense Luís Augusto Cassas, intitulado “Doença & cura”, que partilho com vocês:

Amor –
minha avenca
minha crença
minha dança
minha doença
e minha luxúria
tu que és
minha tulipa
minha derrota
e minha loucura
sê também
a minha cura”



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DESAFIO E PROPOSTA

Meu desafio está atrelado à proposta que tenho a fazer. Explico. Diz-se que a internet dá visibilidade a escritores e facilita negócios. É isso o que quero conferir. Tenho um novo livro, dos mais oportunos para um ano como este, de Copa do Mundo de Futebol. Seu título é: “Copas ganhas e perdidas”. Trata-se de um retrospecto de mundiais disputados pelo Brasil (que disputou todos, por sinal), mas não sob o enfoque do profissional de imprensa que sou, mas de um torcedor. É um livro simultaneamente autobiográfico e histórico, que relata como e onde acompanhei cada Copa do Mundo, de 1950 a 2014, da minha infância até meus atuais 75 anos de idade. Meu desafio é motivar alguma editora a publicá-lo, sem que eu precise ir até ela e nem tenha que contar com algum padrinho, apenas pela internet, e sem que eu tenha que bancar a edição (já que não tenho recursos para tal). Insistirei nesta tentativa até que consiga êxito, todos os dias, sem limite de tempo. Basta que a eventual editora interessada (e espero que alguma se interesse, pois o produto é de qualidade) entre em contato comigo no inbox do Facebook ou pelo e-mail pedrojbk@gmail.com. A proposta e o desafio estão lançados. Acredito que serei bem sucedido!!!


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CITAÇÃO DO DIA:

Segredo dito na boca 

Um beijo é um segredo que se diz na boca e não no ouvido.

(Jean Rostand).



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