Guerra sem quartel
Pedro J. Bondaczuk
O tráfico de drogas vem se
alastrando, nos últimos anos, por várias partes do País,
notadamente em nossa região. Não faz muito, Campinas e seu entorno
eram somente pontos de passagem dos narcotraficantes. Quando muito, a
região contava com um ou outro laboratório de refino e
processamento, principalmente de cocaína.
Os pontos de consumo eram
quase que restritos apenas às capitais (principalmente São Paulo e
Rio de Janeiro). O grosso da droga, vinda da Colômbia e da Bolívia,
via Paraguai, era destinado, no entanto, ao Exterior: à Europa e
principalmente aos Estados Unidos.
Hoje a coisa mudou. Campinas
continua como grande rota de passagem, mas agora parte considerável
do produto fica na cidade. Pesquisas têm demonstrado, e
quantificado, o crescimento (assustador) no número de viciados na
metrópole. Daí o vertiginoso aumento da violência e da
criminalidade entre nós.
Claro que esta não é a única
causa, mas certamente é a maior, de tantos homicídios, roubos,
assaltos, etc. A droga é um produto caro e nem todos os viciados têm
recursos para sustentar o vício. A maioria não tem. Daí os
consumidores recorrerem, via de regra, a roubos, a assaltos e a
outras ações ilícitas, no intuito de conseguir o dinheiro para
custear a aquisição desse nefasto “veneno”.
A luta contra as drogas não é
e nem pode ser solitária. Tem que envolver toda a sociedade, cada
qual com sua função. À polícia, por exemplo, cabe a tarefa de
coibir o tráfico e prender os traficantes, não apenas os pequenos,
mas principalmente os poderosos, que financiam e sustentam a
atividade.
Ao Judiciário, compete punir,
e com o máximo rigor da lei, os que corrompem, desgraçam e perdem
tantas pessoas, as induzindo ao vício e as tornando dependentes do
seu nefasto comércio. A tarefa dos pais e dos educadores, por seu
turno, não é das menores, muito pelo contrário. É a da prevenção,
que é muito mais eficaz e menos dolorosa do que qualquer remédio.
Sua função é, sobretudo, a
de conscientizar, de esclarecer, de alertar e de prevenir, sobretudo
os jovens, que são os que estão mais expostos aos riscos do vício,
de forma competente, honesta e firme, expondo-lhes os riscos e as
consequências de enveredarem por esse caminho, que raramente tem
retorno.
E a profissionais
especializados de clínicas e centros de recuperação de drogados
resta o desafio de ajudar os viciados a se livrarem desse “inferno”
e voltarem a ter uma vida normal, se reintegrando à família e à
sociedade. Só com essa ação integrada é que conseguiremos, senão
vencer, pelo menos equilibrar essa guerra sem quartel.
(Editorial da Folha do
Taquaral da segunda quinzena de setembro de 1998).
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