Wednesday, March 07, 2018

DIRETO DO ARQUIVO - Guerra sem quartel


Guerra sem quartel


Pedro J. Bondaczuk

O tráfico de drogas vem se alastrando, nos últimos anos, por várias partes do País, notadamente em nossa região. Não faz muito, Campinas e seu entorno eram somente pontos de passagem dos narcotraficantes. Quando muito, a região contava com um ou outro laboratório de refino e processamento, principalmente de cocaína.

Os pontos de consumo eram quase que restritos apenas às capitais (principalmente São Paulo e Rio de Janeiro). O grosso da droga, vinda da Colômbia e da Bolívia, via Paraguai, era destinado, no entanto, ao Exterior: à Europa e principalmente aos Estados Unidos.

Hoje a coisa mudou. Campinas continua como grande rota de passagem, mas agora parte considerável do produto fica na cidade. Pesquisas têm demonstrado, e quantificado, o crescimento (assustador) no número de viciados na metrópole. Daí o vertiginoso aumento da violência e da criminalidade entre nós.

Claro que esta não é a única causa, mas certamente é a maior, de tantos homicídios, roubos, assaltos, etc. A droga é um produto caro e nem todos os viciados têm recursos para sustentar o vício. A maioria não tem. Daí os consumidores recorrerem, via de regra, a roubos, a assaltos e a outras ações ilícitas, no intuito de conseguir o dinheiro para custear a aquisição desse nefasto “veneno”.

A luta contra as drogas não é e nem pode ser solitária. Tem que envolver toda a sociedade, cada qual com sua função. À polícia, por exemplo, cabe a tarefa de coibir o tráfico e prender os traficantes, não apenas os pequenos, mas principalmente os poderosos, que financiam e sustentam a atividade.

Ao Judiciário, compete punir, e com o máximo rigor da lei, os que corrompem, desgraçam e perdem tantas pessoas, as induzindo ao vício e as tornando dependentes do seu nefasto comércio. A tarefa dos pais e dos educadores, por seu turno, não é das menores, muito pelo contrário. É a da prevenção, que é muito mais eficaz e menos dolorosa do que qualquer remédio.

Sua função é, sobretudo, a de conscientizar, de esclarecer, de alertar e de prevenir, sobretudo os jovens, que são os que estão mais expostos aos riscos do vício, de forma competente, honesta e firme, expondo-lhes os riscos e as consequências de enveredarem por esse caminho, que raramente tem retorno.

E a profissionais especializados de clínicas e centros de recuperação de drogados resta o desafio de ajudar os viciados a se livrarem desse “inferno” e voltarem a ter uma vida normal, se reintegrando à família e à sociedade. Só com essa ação integrada é que conseguiremos, senão vencer, pelo menos equilibrar essa guerra sem quartel.


(Editorial da Folha do Taquaral da segunda quinzena de setembro de 1998).



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