A missão de Jacó
Pedro
J. Bondaczuk
A
administração municipal, no corrente ano, acumulou críticas por
parte de vários setores, inclusive do próprio partido que,
teoricamente, dá sustentação política ao prefeito, principalmente
em virtude de alguns escândalos vindos à baila, em especial no
segundo semestre.
Um
foi o referente à denúncia do vice-prefeito, Antonio da Costa
Santos, acerca de uma suposta fraude na concorrência do metrô de
superfície, o chamado Veículo Leve sobre Trilhos. O outro, foi o da
contratação da empresa de propaganda Círculo, sem a devida
licitação, conforme o jurista Heitor Regina.
Não
se pode, evidentemente, imputar somente falhas e omissões
administrativas ao prefeito. Há, também, um lado positivo a ser
destacado, embora os acertos sejam exatamente a sua obrigação, o
motivo dele ter sido conduzido ao cargo pela maioria dos eleitores da
cidade.
Campinas,
todavia, encerra o ano com muitos problemas que, se não forem
atacados prontamente, tendem a se agravar. A água, por exemplo,
continua racionada neste verão, que se anuncia dos mais quentes. Por
outro lado, qualquer chuva mais forte provoca inundações e estragos
em várias partes, até mesmo na Zona Central. Queixas, cobranças,
necessidades não faltam, ao contrário das verbas.
Aliás,
a carência de recursos é uma realidade que assola toda e qualquer
administração neste País, onde sobra mês para aquilo que se
arrecada. Isto vale tanto para um pai de família quanto para um
gerente de empresa ou um prefeito.
Por
isso, todo dinheiro arrecadado precisa ser gasto, sobretudo, com
bom-senso. Administrar é definir prioridades. E é isso o que a
população espera do seu administrador. Este é o anseio tanto dos
que o apoiam, quanto dos que lhe fazem oposição. Afinal, Jacó
Bittar não é apenas o prefeito do PT – aliás, do partido vem
sendo cada vez menos – dos petistas ou dos que, mesmo tendo outras
posições ideológicas, votaram nele. É de toda Campinas.
É
a troca que se dá num sistema democrático, onde a minoria aceita
perder uma eleição, tendo como contrapartida o direito de exigir o
atendimento de suas necessidades enquanto cidadãos, desde que elas
sejam justas e prioritárias.
O
ano que entra é decisivo para a atual administração mostrar a que
veio, já que é o da véspera de um novo pleito municipal, quando
tudo será posto na balança e o povo irá julgar nas urnas se o
governo satisfez suas expectativas ou se decepcionou, deixando para o
sucessor uma carga enorme de problemas não-resolvidos.
(Editorial
publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 30 de
dezembro de 1990).
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