Thursday, March 01, 2018

DIRETO DO ARQUIVO - A missão de Jacó


A missão de Jacó


Pedro J. Bondaczuk

A administração municipal, no corrente ano, acumulou críticas por parte de vários setores, inclusive do próprio partido que, teoricamente, dá sustentação política ao prefeito, principalmente em virtude de alguns escândalos vindos à baila, em especial no segundo semestre.

Um foi o referente à denúncia do vice-prefeito, Antonio da Costa Santos, acerca de uma suposta fraude na concorrência do metrô de superfície, o chamado Veículo Leve sobre Trilhos. O outro, foi o da contratação da empresa de propaganda Círculo, sem a devida licitação, conforme o jurista Heitor Regina.

Não se pode, evidentemente, imputar somente falhas e omissões administrativas ao prefeito. Há, também, um lado positivo a ser destacado, embora os acertos sejam exatamente a sua obrigação, o motivo dele ter sido conduzido ao cargo pela maioria dos eleitores da cidade.

Campinas, todavia, encerra o ano com muitos problemas que, se não forem atacados prontamente, tendem a se agravar. A água, por exemplo, continua racionada neste verão, que se anuncia dos mais quentes. Por outro lado, qualquer chuva mais forte provoca inundações e estragos em várias partes, até mesmo na Zona Central. Queixas, cobranças, necessidades não faltam, ao contrário das verbas.

Aliás, a carência de recursos é uma realidade que assola toda e qualquer administração neste País, onde sobra mês para aquilo que se arrecada. Isto vale tanto para um pai de família quanto para um gerente de empresa ou um prefeito.

Por isso, todo dinheiro arrecadado precisa ser gasto, sobretudo, com bom-senso. Administrar é definir prioridades. E é isso o que a população espera do seu administrador. Este é o anseio tanto dos que o apoiam, quanto dos que lhe fazem oposição. Afinal, Jacó Bittar não é apenas o prefeito do PT – aliás, do partido vem sendo cada vez menos – dos petistas ou dos que, mesmo tendo outras posições ideológicas, votaram nele. É de toda Campinas.

É a troca que se dá num sistema democrático, onde a minoria aceita perder uma eleição, tendo como contrapartida o direito de exigir o atendimento de suas necessidades enquanto cidadãos, desde que elas sejam justas e prioritárias.

O ano que entra é decisivo para a atual administração mostrar a que veio, já que é o da véspera de um novo pleito municipal, quando tudo será posto na balança e o povo irá julgar nas urnas se o governo satisfez suas expectativas ou se decepcionou, deixando para o sucessor uma carga enorme de problemas não-resolvidos.

(Editorial publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 30 de dezembro de 1990).


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