Eleições na hora da verdade
Pedro J. Bondaczuk
A campanha para a sucessão do
presidente José Sarney está entrando na reta final, em sua fase
decisiva, sem que algumas providências fundamentais tenham ainda
sido tomadas. Dentro de menos de duas semanas, no dia 15 próximo,
vai começar a propaganda gratuita pelo rádio e televisão, quando
então os mais de 50% dos brasileiros que ainda estão indecisos
acerca de seus candidatos vão ter condições de tomar essa
importantíssima decisão.
Afinal, há 29 longos e
penosos anos o nosso povo não escolhe seu governante máximo. É
mister, pois, que o reencontro com as urnas se dê em grande estilo.
Que o eleitorado demonstre consciência e prove que sabe votar. Que
não faça do voto um instrumento de barganha ou uma arma de
protesto, mas uma manifestação de esperança nos destinos e no
futuro deste País.
No entanto, a somente 75 dias
da votação, não se sabe ainda o tipo de cédula que será adotado
para a escolha daquele que terá a incumbência de governar 140
milhões de brasileiros. Enquanto o Congresso segue discutindo o
"sexo dos anjos", o tempo corre e o prazo para o Tribunal
Superior Eleitoral organizar as eleições, com uma margem de
segurança prudente, vai ficando a cada dia mais escasso. É
lamentável, portanto, o tratamento dado pelos legisladores a um
pleito tão importante e por tantas razões.
A propaganda gratuita nos dois
mais ágeis meios de comunicação de massas, por outro lado, vai
definir as posições dos candidatos. O chamado "palanque
eletrônico", hoje em dia, é o meio mais rápido e eficiente
para eleger ou deixar de eleger um postulante ao cargo máximo de uma
nação.
Nos Estados Unidos, desde a
década de 1960, a televisão vem decidindo pleitos presidenciais. Na
França, Grã-Bretanha, Alemanha Ocidental, Japão e em tantos e
tantos outros países, o mesmo fenômeno se repete. Até Mikhail
Gorbachev, na União Soviética, sentindo a necessidade de tornar
conhecidas suas ideias reformistas, liberalizou esse tipo de mídia,
permitindo a transmissão direta das sessões do novo Soviete
Supremo. Portanto, a partir do próximo dia 15, quem tiver "cacife"
vai aparecer fatalmente. Quem não tiver, terá que se contentar em
"bater palmas" para o vencedor.
(Artigo publicado sob
pseudônimo na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 2 de
setembro de 1989).
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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