Friday, March 02, 2018

DIRETO DO ARQUIVO - Eleições na hora da verdade


Eleições na hora da verdade


Pedro J. Bondaczuk


A campanha para a sucessão do presidente José Sarney está entrando na reta final, em sua fase decisiva, sem que algumas providências fundamentais tenham ainda sido tomadas. Dentro de menos de duas semanas, no dia 15 próximo, vai começar a propaganda gratuita pelo rádio e televisão, quando então os mais de 50% dos brasileiros que ainda estão indecisos acerca de seus candidatos vão ter condições de tomar essa importantíssima decisão.

Afinal, há 29 longos e penosos anos o nosso povo não escolhe seu governante máximo. É mister, pois, que o reencontro com as urnas se dê em grande estilo. Que o eleitorado demonstre consciência e prove que sabe votar. Que não faça do voto um instrumento de barganha ou uma arma de protesto, mas uma manifestação de esperança nos destinos e no futuro deste País.

No entanto, a somente 75 dias da votação, não se sabe ainda o tipo de cédula que será adotado para a escolha daquele que terá a incumbência de governar 140 milhões de brasileiros. Enquanto o Congresso segue discutindo o "sexo dos anjos", o tempo corre e o prazo para o Tribunal Superior Eleitoral organizar as eleições, com uma margem de segurança prudente, vai ficando a cada dia mais escasso. É lamentável, portanto, o tratamento dado pelos legisladores a um pleito tão importante e por tantas razões.

A propaganda gratuita nos dois mais ágeis meios de comunicação de massas, por outro lado, vai definir as posições dos candidatos. O chamado "palanque eletrônico", hoje em dia, é o meio mais rápido e eficiente para eleger ou deixar de eleger um postulante ao cargo máximo de uma nação.

Nos Estados Unidos, desde a década de 1960, a televisão vem decidindo pleitos presidenciais. Na França, Grã-Bretanha, Alemanha Ocidental, Japão e em tantos e tantos outros países, o mesmo fenômeno se repete. Até Mikhail Gorbachev, na União Soviética, sentindo a necessidade de tornar conhecidas suas ideias reformistas, liberalizou esse tipo de mídia, permitindo a transmissão direta das sessões do novo Soviete Supremo. Portanto, a partir do próximo dia 15, quem tiver "cacife" vai aparecer fatalmente. Quem não tiver, terá que se contentar em "bater palmas" para o vencedor.

(Artigo publicado sob pseudônimo na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 2 de setembro de 1989).



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