Momento de reflexão
Pedro
J. Bondaczuk
O momento é
de reflexão. A campanha política, com vistas às eleições
municipais de 3 de outubro próximo, se aproxima da reta final, sem
que boa parte dos campineiros tenha definido, ainda, em quem pretende
votar. Na corrida sucessória ao Palácio dos Jequitibás, dois
candidatos largaram na frente. Pelo menos é o que todas as pesquisas
de opinião indicam. São: Carlos Sampaio, do PSDB, e Hélio de
Oliveira Santos, do PDT. Nenhum, contudo, dá indicação de que
possa estabelecer sobre o adversário uma vantagem tal que lhe
possibilite vencer de cara, sem a necessidade de Segundo Turno. E
este, como todos sabem, é uma outra eleição. A vitória final
depende muito das alianças que são feitas.
Esta
é uma das raras ocasiões em que os postulantes à Prefeitura são
todos sem experiência administrativa anterior. Tratam-se de
políticos jovens, ambiciosos, de olho numa carreira que pode ser
promissora, desde que mostrem serviço e sobretudo competência, ou
morrer no nascedouro. A campanha, apesar de alguns momentos de maior
intensidade, tem se caracterizado pela civilidade. Os candidatos
limitam-se a apresentar propostas (se factíveis ou não, é questão
para se analisar), sem os costumeiros ataques pessoais,
característicos dessas ocasiões. Nesse aspecto, não se pode negar,
houve louvável evolução.
O
que deixa muito eleitor com a pulga atrás da orelha, porém, é a
dúvida se, dos concorrentes, há, de fato, quem se destaque como bom
administrador em potencial, que é o que Campinas precisa. A cidade é
das mais complexas para se governar. Apresenta problemas crônicos,
que se arrastam há anos, e que freiam o ritmo de seu
desenvolvimento. E esta metrópole, apesar de progressista e exemplar
em vários aspectos, apresenta desníveis sociais tão profundos, ou
mais, quanto o restante do País.
As
propostas apresentadas até agora pelos candidatos são muito vagas,
muito difusas e, principalmente, muito parecidas. Por exemplo, todos
os quatro postulantes que estão na dianteira nas pesquisas dizem
que, se eleitos, vão implantar o bilhete único nos transportes.
Afirmam, também, que as creches vão atender em período integral,
quando se sabe que estas contam com um déficit de 14 mil vagas.
Isso, funcionando em dois turnos. Num único...Vão faltar lugares. E
há muitas e muitas outras inconsistências nas propostas, o que
deixa o eleitor ainda mais inseguro quanto à escolha a fazer.
No
que se refere à Câmara de Vereadores, a propaganda política
gratuita por rádio e televisão, da forma como é feita, não
permite que se faça a mínima avaliação sobre a capacidade, o
currículo e a vida pregressa dos que disputam as 33 cadeiras do
Legislativo Municipal. Daí esperar-se que a taxa de renovação
fique em torno de 40% ou menos. O raciocínio do eleitor, nessas
circunstâncias, geralmente é: “na dúvida, voto no que já
conheço, mesmo que tenha restrições à sua atuação na Câmara”.
De
qualquer forma, o campineiro tem ainda três semanas para definir sua
escolha. Para não cometer equívocos, que o levem a se arrepender
depois, tem que estar super atento à campanha. Precisa ver, ouvir e
ler tudo o que se refira aos que postulam o seu voto. E votar com
convicção, com a cabeça e não com o coração, para que a cidade
não enfrente mais quatro anos de incertezas políticas e de
equívocos administrativos. Por tudo isso, este é um momento de
reflexão.
(Editorial
da Folha Regional Campinas de 14 de setembro de 2004).
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