Saturday, June 30, 2018

Reflexão do dia


A CIVILIZAÇÃO EVOLUI, EMBORA AOS SALTOS E 

RECUOS PERIÓDICOS

A civilização (ou, pelo menos, o que entendemos que ela, de fato, seja), não é (nunca foi) um processo linear, contínuo, evolutivo, sem retrocessos. Muito pelo contrário. Caracterizou-se, desde os primórdios da história registrada, por saltos e recuos, ao sabor das gerações. Felizmente, para nós, todavia, cada passo dado paras trás, pelos variados povos, correspondeu a dois ou mais dados para a frente, anos após. Caso isso não ocorresse, estaríamos, provavelmente, em estado de animalidade bruta, de completa selvageria, sem escrita, ciência, artes, filosofia etc., talvez habitando, ainda, em insalubres cavernas, sem saber nem ao menos como produzir o fogo e à mercê, portanto, dos elementos e dos predadores.

@@@



PESCA EM ÁGUAS TURVAS

Prosseguindo em minha tentativa de “pesca em águas turvas”, tenho uma nova proposta a fazer às editoras. Diz-se que a internet dá visibilidade a escritores e facilita negócios. É isso o que venho tentando, há algum tempo, conferir. Tenho mais um livro, absolutamente inédito, a oferecer. Seu título é: “Dimensões infinitas”, que reúne 30 ensaios sobre temas dos mais variados e instigantes. Abordo, em linguagem acessível a todos, num estilo coloquial, assuntos tais como as dimensões do universo (tanto do macro quanto do microcosmo), o fenômeno da genialidade, a fragilidade dos atuais aparatos de justiça, o mito da caverna de Platão, a secular busca pelo lendário Eldorado, o surgimento das religiões, as tentativas de previsão do futuro e as indagações dos filósofos de todos os tempos sobre nossa origem, finalidade e destino, entre outros temas. É um livro não somente para ser lido, mas, sobretudo, para ser refletido. Meu desafio continua sendo o mesmo de quando iniciei esta tentativa de “pesca em águas turvas”. Ou seja, é o de motivar alguma editora a publicá-lo, sem que eu precise ir até ela e nem tenha que contar com algum padrinho, mas apenas pela internet, e sem que eu precise bancar a edição (já que não tenho recursos para tal). Insistirei nesta tentativa todos os dias, sem limite de tempo. Para fecharmos negócio, basta que a eventual editora interessada (e espero que alguma se interesse, pois o produto é de qualidade) entre em contato comigo no inbox do Facebook ou pelo e-mail pedrojbk@gmail.com. Quem se habilita?


@@@

CITAÇÃO DO DIA:


Visão de mundo 

A obra literária é (...) a expressão de uma visão do mundo, de uma maneira de ver e de sentir um universo concreto de seres e de coisas e o escritor é um homem que encontra uma forma adequada para criar e expressar esse universo. Pode ocorrer, entretanto, uma defasagem maior ou menor entre as intenções conscientes, as idéias filosóficas, literárias ou políticas do escritor e a maneira pela qual ele vê e sente o universo que ele cria. Neste caso, toda vitória das intenções conscientes será fatal à obra, cujo valor estético dependerá da medida em que ela expresse, malgrado e contra as intenções e as convicções conscientes do seu autor, a maneira pela qual ele vê e sente realmente seus personagens.

(Lucien Goldmann, livro "Materialismo dialético e história da literatura").


Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk

DIRETO DO ARQUIVO - Concentração de renda


Concentração de renda


Pedro J. Bondaczuk


A renda per capita do brasileiro --- ou seja, a divisão da riqueza nacional pelo número de seus habitantes --- era, em 1993, de US$ 5.500. É como se cada pessoa, não importa sua idade ou condição profissional, recebesse pouco mais de US$ 450 mensais. Claro que é somente um número. Os 20% mais ricos recebem em torno de US$ 30 mil ou mais. Por outro lado, 80% da população ativa fica com irrisórios US$ 112. E o restante...Não recebe nada.

As cifras atuais, embora maiores, não diferem muito das de três anos atrás. A renda per capita brasileira ficou em 1993 e continua em 1996 abaixo da média mundial --- onde são incluídos países absolutamente inviáveis no aspecto econômico como Afeganistão, Vietnã e Burkina Faso por exemplo ---, que era há três anos de US$ 5.711. No âmbito do Mercosul, o Brasil só está à frente do Paraguai com US$ 3.340.

Daí, não ser de se estranhar a colocação inexpressiva do País (58º lugar) no "ranking" das Nações Unidas no seu Índice de Desenvolvimento Humano, divulgado na semana passada. Em vez de contestar os critérios do levantamento ou tentar justificar o injustificável, as autoridades deveriam utilizar esses dados para balizar suas ações administrativas.

Para desconcentrar, com maior velocidade, a renda nacional. Para aumentar o tamanho do bolo, mas repartir com justiça o fruto desse crescimento. Para conferir prioridade absoluta à preservação e valorização do maior patrimônio de qualquer Estado organizado que se preze: o homem.

(Editorial número dois, publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 22 de julho de 1996).


Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk

CRÔNICA DO DIA - Idealismo ativo


Idealismo ativo


Pedro J. Bondaczuk

.
Há dois tipos de idealismo: o ativo, que se reflete em ações concretas e eficazes para que aquilo que se idealize tenha a mínima chance de se tornar concreto, e o romântico, estático, imóvel, que se limita a meras cogitações individuais e fica na dependência exclusivamente das circunstâncias, quando não do acaso, para produzir efeitos. Este último pode, via de regra, ser classificado, sem nenhum exagero, de mero “devaneio”.

Os idealistas de fato, os que, com suas ideias, sonhos e realizações mudaram o mundo para melhor, não se limitaram jamais a idealizar realidades desejáveis e promissoras. Agiram!. Trabalharam duro pelas causas que abraçaram, sem se importar se teriam ou não eventuais vantagens pessoais. Já os simples sonhadores, que achavam que as coisas iriam se acertar por si sós, terminaram a vida frustrados, amargos e infelizes. Não idealizaram. Limitaram-se a “devanear”.

Claro que todo o escritor (salvo exceções) é, em certa medida, idealista. Tem algum tipo de mensagem a transmitir ao mundo, caso contrário, não escreveria. Ninguém o obriga a fazê-lo. Duvido, porém, que algum deles, quando se propõe a produzir um livro, esteja de olho, “apenas” no dinheiro que este poderá render.

Se estiver, certamente é um alienado. Dá para contar nos dedos de uma só mão (e ainda assim, provavelmente, ficarão de fora o anular e o indicador) quantos escritores enriqueceram, apenas, com Literatura. Pondero que não considero como tal essa enxurrada de lixo cultural que as editoras nos impingem e que, para o nosso aborrecimento e desgosto, lhes assegura o faturamento e lucros consideráveis nos balanços de fim de ano em detrimento do que vale a pena ser escrito, impresso, publicado e, sobretudo, lido.

Quando proponho, portanto, que o escritor divulgue, por todos os meios possíveis ao seu alcance, o fruto do seu tremendo trabalho (e quem escreve sabe do desgaste físico, mental e, principalmente, psicológico e emocional que isso implica), não penso, evidentemente, em cifrões. Mas... se essa ação impulsionar vendas, pergunto: que mal haverá nisso? Significará, caso eu consiga me tornar um best-seller, que sou mercenário? O lucro (caso venha) será consequência, nunca objetivo.

Deixar por conta das editoras a divulgação de uma obra, notadamente se você tiver convicção que ela irá beneficiar, de alguma maneira, seu único destinatário (o leitor, pois ninguém escreve para os editores, críticos etc.), não é ser idealista. É entregar-se a devaneios. Afinal, dificilmente você será o único escritor ligado a elas por contrato. O catálogo delas será, certamente, dos mais extensos. E em quem você acha que elas irão apostar?

Em você, que transmite princípios nobres e úteis, mas é desconhecido e tem baixo potencial de vendas, ou no sujeito que escreveu sobre como “fazer mágicas” para brilhar em festinhas infantis ou em quem se limitou a publicar receitas de comidas exóticas? Provavelmente estes sujeitos venderão mais, muito mais do que você. E as editoras concentrarão toda sua atenção, não tenha a mais remota dúvida, nesses livros, que estão a trilhões de anos-luz de ser literatura.

Quem você acha que elas irão divulgar ad náusea, você, que com seu esforço, talento e criatividade se propõe a educar gerações ou quem escreve histórias bizarras, de vampiros, lobisomens e outros quetais, de gosto sumamente duvidoso, totalmente supérfluas, quando não idiotas e inúteis? Consulte a relação semanal dos livros mais vendidos e você saberá em quem elas apostam.

Ademais, a participação em feiras de livros, como enfatizei, não se destina, sequer, a promover vendas. Não, pelo menos, como objetivo primordial. Se estas aumentarem, tanto melhor. A vantagem principal de participar desse tipo de evento é a possibilidade de você conhecer pessoas e lugares e de veicular ainda mais e melhor as ideias que o mobilizaram a escrever. Isso sim é idealismo legítimo, porquanto ativo.

Quem me conhece não pode me apontar jamais o dedo acusador e dizer que sou mercenário em relação à literatura. Fiz, nas últimas duas décadas, sem abrir mão de nenhuma das minhas obrigações profissionais, conjugais ou sociais, roubando preciosas horas do meu descanso e lazer, quase um milhar de palestras e conferências, notadamente em escolas e centros culturais de várias partes do País, divulgando minhas ideias sobre literatura e sobre a vida. O público que me ouviu ascende a algumas dezenas de milhar. E sabem quanto cobrei por toda essa superexposição, que me consumiu tanto tempo, trabalho e estudo? NADA!!!! Que mercenário mais desastrado que sou, não é mesmo?!!



Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk

Friday, June 29, 2018

Reflexão do dia


O QUE VEM A SER UMA HIERARQUIA?

O que vem a ser uma hierarquia? De acordo com a enciclopédia eletrônica Wikipédia, é a “ordenação de elementos em ordem crescente de importância”. Nessa forma de organização, cada um de seus integrantes é subordinado ao que lhe está imediatamente acima, exceto, claro, o que está no topo, que não se subordina a ninguém. As hierarquias apresentam-se nas mais variadas formas, dependendo onde são criadas e para qual fim. Podem ser familiares, empresariais, religiosas, esportivas, econômicas, políticas, etc.etc.etc. Todas, porém, guardam mais ou menos a mesma conformação. Uma organização, para que funcione a contento, como dela se espera, requer também um “líder”. O conceito de liderança é um dos temas com os quais mais tenho trabalhado nos últimos anos, quer em textos, quer em palestras e conferências, quer em debates com estudantes. E nesses eventos percebi que nem sempre o assunto é entendido com correção. Há quem confunda o líder, por exemplo, com o tirano, com o mandão, com o que se julga com poder de decidir sobre a vida e a morte de subordinados. Mas ele não se vale da coação para comandar os liderados. Outros confundem-no com um “chefe”. Há, todavia, diferenças abissais entre estes dois elementos de uma hierarquia, como tive a oportunidade de destacar, em dias anteriores, aqui mesmo, neste espaço..

@@@



PESCA EM ÁGUAS TURVAS

Prosseguindo em minha tentativa de “pesca em águas turvas”, tenho uma nova proposta a fazer às editoras. Diz-se que a internet dá visibilidade a escritores e facilita negócios. É isso o que venho tentando, há algum tempo, conferir. Tenho mais um livro, absolutamente inédito, a oferecer. Seu título é: “Dimensões infinitas”, que reúne 30 ensaios sobre temas dos mais variados e instigantes. Abordo, em linguagem acessível a todos, num estilo coloquial, assuntos tais como as dimensões do universo (tanto do macro quanto do microcosmo), o fenômeno da genialidade, a fragilidade dos atuais aparatos de justiça, o mito da caverna de Platão, a secular busca pelo lendário Eldorado, o surgimento das religiões, as tentativas de previsão do futuro e as indagações dos filósofos de todos os tempos sobre nossa origem, finalidade e destino, entre outros temas. É um livro não somente para ser lido, mas, sobretudo, para ser refletido. Meu desafio continua sendo o mesmo de quando iniciei esta tentativa de “pesca em águas turvas”. Ou seja, é o de motivar alguma editora a publicá-lo, sem que eu precise ir até ela e nem tenha que contar com algum padrinho, mas apenas pela internet, e sem que eu precise bancar a edição (já que não tenho recursos para tal). Insistirei nesta tentativa todos os dias, sem limite de tempo. Para fecharmos negócio, basta que a eventual editora interessada (e espero que alguma se interesse, pois o produto é de qualidade) entre em contato comigo no inbox do Facebook ou pelo e-mail pedrojbk@gmail.com. Quem se habilita?


@@@

CITAÇÃO DO DIA:


Identidade eterna 

O grande artista (...) estabelece a identidade eterna consigo mesmo. Pela maneira segundo a qual nos mostra tal ato de Orestes ou Édipo, do príncipe Hamlet ou dos irmãos Karamazov, ele nos torna próximos esses destinos tão afastados de nós no espaço e no tempo; torna-os fraternos e reveladores para nós. Assim, alguns homens têm o grande privilégio, essa parte divina, de encontrar no fundo deles mesmos, para nos oferecerem, aquilo que nos liberta do espaço, do tempo e da morte.

***

Voz da solidão 

A voz do artista tira sua força do fato de nascer de uma solidão que chama o universo para lhe impor o acento humano; e nas grandes artes do passado, sobrevive para nós a invencível voz interior das civilizações desaparecidas. Mas essa voz, sobrevivente e não imortal, eleva seu cântico sagrado sobre a incessante orquestra da morte.

***

O que destrói a obra 

Não é a paixão que destrói a obra de arte, mas a vontade de provar; o valor de uma obra não é função da paixão ou da indiferença que a anime, mas do acordo entre o que ele expressa e os meios que utiliza.

(André Malraux, prefácio do livro "O tempo do desprezo").



Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk

DIRETO DO ARQUIVO - União de esforços


União de esforços


Pedro J. Bondaczuk


Se o plano de estabilização econômica lançado pelo presidente Fernando Collor de Mello, de um lado, provocou efetivo arrocho na espiral inflacionária existente entre nós, afastando de vez os riscos quanto a um possível processo de hiperinflação, de outro, no entanto, vem ocasionando sérias apreensões e incertezas sobre o futuro. E nesse particular, convenhamos, não há como esconder o sol com a peneira. Objetivou o governo, com aquela iniciativa, nivelar não só as pessoas entre si, como ainda as regiões do País, no alcance dos mesmos propósitos e em meio também de atribuições idênticas. O Estado de São Paulo, por exemplo, considerado como o carro-forte da nossa economia, figurando há muito como o coração do Brasil, ficou situado, ironicamente, no mesmo nível de outras regiões, carentes de tudo. A impressão no momento é de que o nosso Estado vai pagar um preço bem alto nessa tentativa inteiramente válida de se acabar com a inflação.

O certo é que o parque industrial paulista está funcionando praticamente na base de compasso de espera, aturdido ainda pelo vigor do choque aplicado na economia. As demais atividades também operam com idêntico marasmo. Como assinalou o economista José Pastore, "ao buscar a cura monetária, o Plano Collor acabou simultaneamente com a moeda e com o mercado". E sem dinheiro, sejamos francos, pouco ou nada se pode fazer de prático.

Passados já mais de trinta dias da aplicação daquele plano, apesar de amainada toda aquela espécie de poeira levantada na tarde do dia 16 de março, pelo menos aqui em São Paulo, as coisas se apresentam um tanto desanimadoras. O desemprego e a paralisação dos negócios começam agora a preocupar seriamente as forças vivas do trabalho e da produção, movimentando inclusive autoridades do Estado e dos municípios. Parece até que, a cada dia que passa, ficam mais difíceis os ajustes à filosofia estabelecida pelo plano. Ainda há pouco, cerca de mil pequenos empresários, reunidos em São Paulo, tomaram a iniciativa de alertar o governo para a gravidade da situação existente em nosso Estado. Todos reclamam quanto à falta de dinheiro para o pagamento da folha de pessoal no corrente mês.

Por outro lado, em meio a essa fase de crise aguda, sem o vislumbre de qualquer luz no final do túnel, os chamados gerentes de Recursos Humanos passaram a desenvolver um trabalho de grande expressão na vida das empresas. Cabe a eles, nesta hora crucial de decisões firmes, a tarefa de orientar ou traçar diretrizes em relação ao comportamento da economia interna das empresas. Não se trata apenas do encontro de fórmulas criativas para a redução dos gastos das folhas de pagamento, mas, acima de tudo, do exercício daquela colaboração necessária capaz de evitar na medida do possível o agravamento dos problemas sociais.

Como ainda é muito cedo para qualquer avaliação correta sobre a eficácia do Plano Collor, face à postura de não ter ele retorno, a recomendação sensata é de uma união de forças, especialmente no Estado de São Paulo, no sentido de que as coisas não piorem ainda mais. Não podia realmente a sociedade conviver de modo pacífico em meio a uma inflação de 70% ao mês. Também era um absurdo o governo remunerar a tomada de dinheiro com taxas acima de 3% ao dia. Portanto, na presente conjuntura, com esta inflação zero admitida pelo governo, todos têm de adotar uma postura de paciência e compreensão diante do quadro que aí está. Do contrário, nada feito.

(Editorial publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 24 de abril de 1990)



Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk

CRÔNICA DO DIA - Livros dispensáveis e indispensáveis


Livros dispensáveis e indispensáveis



Pedro J. Bondaczuk



A morte do escritor argentino Jorge Luís Borges, ocorrida em 14 de junho de 1986, em Genebra, trouxe à baila na oportunidade, nos meios de comunicação – que não costumam, aliás, dar ênfase à literatura, sobretudo à boa – não somente a vida e a obra desse reconhecido e reputado intelectual, mas a “magia” do ato de escrever. Ou seja, a transcendência de se lançar no papel, para perpetuá-los, conhecimentos, experiências, emoções e, sobretudo, criações, de quem tem o que dizer, quer para a sua geração e, (pelo menos é a ambição da maioria), quer para as que a vierem a suceder.

Muita coisa se escreveu a propósito naqueles dias, mas de escasso conteúdo. A maior parte do que foi escrito não passou de velhos e surrados clichês, que cairiam a caráter no que costumeiramente dizia o marcante personagem do romance “O Primo Basílio”, de Eça de Queiroz, o Conselheiro Acácio. Ou seja, somente um desfile interminável de obviedades.

A ocasião, porém, teve um mérito: o de ensejar aos leitores de jornais e de revistas rara oportunidade de reflexão sobre a atividade (e a responsabilidade), do escritor, tão indispensável ao homem civilizado como a comida, como a roupa ou como o ar que respiramos, mas que tem se prostituído, se mercantilizado e sido utilizada por mistificadores de toda a sorte, por tarados e por psicopatas de diversas patologias, com as bênçãos das editoras, de olho, somente, nos lucros, em detrimento, claro, da arte e da cultura.

Há, e todos sabem, livros que seria uma bênção se não tivessem sido escritos; se as florestas derrubadas para fabricar o papel em que foram impressos fossem conservadas intactas. Exemplos? Há uma infinidade. Como as estapafúrdias e preconceituosas teorias raciais do Conde Gobineau, que tanto mal causaram. Ou como o “Mein Kampf”, de Adolf Hitler. Ou como os milhões de manuais de magia negra, que podem ser encontrados nas prateleiras de qualquer livraria. Ou como outras tantas tolices do gênero que circulam por aí. Além, é claro, de uma infinidade de baboseiras pornográficas, sem conteúdo e nada que se aproveite, editadas aos borbotões, para saciar as taras de perversões de desajustados.

Há, porém, escritores que não se concebe que não tivessem existido, tamanha foi, é e sempre será a sua influência no pensamento contemporâneo. São, aliás, atemporais. Enriquecem o espírito com o seu talento e sensibilidade. O leitor, certamente, deve ter a sua relação pessoal desses mestres da comunicação. Há, é verdade, aqueles que frequentam todas as listas, que são unanimidades. Outros, não se constituem em consenso, por serem relativamente desconhecidos.

Na minha relação de preferências constam escritores como Jorge Luís Borges, óbvio (que foi quem suscitou estas reflexões), Juan Rulfo, Mário Vargas Llosa, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meirelles, Manuel Bandeira, Pablo Neruda, Gabriela Mistral, Gabriel Garcia Márquez e Fernando Sabino, entre os que me vêm de imediato à memória, cada qual por um motivo irresistível, isto entre os contemporâneos.

Minhas predileções de leitura, porém, não param por aí. São tantos os autores que aprecio, que seus nomes, caso declinados um a um, preencheriam um alentado volume, do porte de uma lista telefônica de uma cidade como São Paulo, tantos que são, o que mostra que não faltam opções de qualidade para o amante da boa leitura.

Em minhas relações de preferência, por exemplo, jamais deixaria de incluir escritores como Ernest Hemmingway, William Faulkner, John Steinbeck, Walt Whitman, Henry David Thoreau, John dos Passos, T. S. Eliot, Leon Tolstoi, Paul Valery, Honoré Balzac, Marcel Proust, Arthur Rimbaud, Émile Zola, Jean-Paul Sartre, Fiodor Dostoievski (sobre o qual escrevi tantos textos), Pushkin, Gogol, Jorge Amado, Guimarães Rosa e tantos e tantos outros recriadores da vida e dos sonhos, que me encantaram, inspiraram e fizeram com que eu fosse o que sou.

Claro que há os clássicos, os eternos, os que sobrevivem ao tempo e ao esquecimento, como Homero, Platão, Aristóteles, Ovídio, Juvenal, Cícero, Virgílio, Petrarca, Camões, Dante e mais um milhar de iluminados.

Há livros cuja inexistência deixaria o mundo mais pobre, em termos espirituais, mais atrasado e mais mesquinho. Sem eles, nós, intelectuais que nos jactamos da nossa modernidade, não passaríamos de “anões” do espírito. Somos grandes (será que somos mesmo?) apenas porque estamos sobre os ombros de gerações e gerações de homens e mulheres geniais, que nos agigantaram. Pensem nisso!


Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk 

Thursday, June 28, 2018

Reflexão do dia


DITADORES NÃO DÃO A MÍNIMA IMPORTÂNCIA AOS 

MALES QUE PODEM CAUSAR, E QUE CAUSAM

Não há glória alguma em destruir, causar dor, matar. E nem há ciência. As feras broncas, sem raciocínio, sentimentos ou moral, fazem isso até com maior eficiência, quando não com “perfeição”. Na verdade, não somos nada. Somos menos do que um piscar de olhos na eternidade. E, no entanto... alguns de nossos atos têm um alcance tão grande, que continuam a produzir efeitos através dos anos. Às vezes, até por séculos, muito tempo depois da nossa extinção como pessoas. Muitos, muitíssimos não dão a mínima para as consequências de suas ações, tanto em vida, quanto, mais ainda, após sua morte. Não têm a menor noção da necessidade de solidariedade, de organização, de liderança ou de hierarquia, à qual se submetem, sem questionar, ou são forçados a se submeter. Estes (a imensa maioria) não vivem. Limitam-se a sobreviver. Agem por instinto, e nem sempre o construtivo. Não estão nem aí se vão ou não prejudicar alguém no presente e muitíssimo menos no futuro, quando não mais existirem. Não são, óbvio, talhados para a liderança. E quando o poder lhes cai no colo, exorbitam dele, transformam-se em sanguinários tiranos, em ditadores cínicos e egoístas para os quais as outras pessoas não passam de números, de meras cifras estatísticas.


@@@



PESCA EM ÁGUAS TURVAS

Prosseguindo em minha tentativa de “pesca em águas turvas”, tenho uma nova proposta a fazer às editoras. Diz-se que a internet dá visibilidade a escritores e facilita negócios. É isso o que venho tentando, há algum tempo, conferir. Tenho mais um livro, absolutamente inédito, a oferecer. Seu título é: “Dimensões infinitas”, que reúne 30 ensaios sobre temas dos mais variados e instigantes. Abordo, em linguagem acessível a todos, num estilo coloquial, assuntos tais como as dimensões do universo (tanto do macro quanto do microcosmo), o fenômeno da genialidade, a fragilidade dos atuais aparatos de justiça, o mito da caverna de Platão, a secular busca pelo lendário Eldorado, o surgimento das religiões, as tentativas de previsão do futuro e as indagações dos filósofos de todos os tempos sobre nossa origem, finalidade e destino, entre outros temas. É um livro não somente para ser lido, mas, sobretudo, para ser refletido. Meu desafio continua sendo o mesmo de quando iniciei esta tentativa de “pesca em águas turvas”. Ou seja, é o de motivar alguma editora a publicá-lo, sem que eu precise ir até ela e nem tenha que contar com algum padrinho, mas apenas pela internet, e sem que eu precise bancar a edição (já que não tenho recursos para tal). Insistirei nesta tentativa todos os dias, sem limite de tempo. Para fecharmos negócio, basta que a eventual editora interessada (e espero que alguma se interesse, pois o produto é de qualidade) entre em contato comigo no inbox do Facebook ou pelo e-mail pedrojbk@gmail.com. Quem se habilita?


@@@

CITAÇÃO DO DIA:


Realização de uma obra 

Com o tempo, só com o tempo, mostra a obra o seu rosto verdadeiro. Realizar uma obra é construir um edifício. Lá está ele. Digam o que disserem, façam o que fizerem, lá está ele, plantado no mundo, com as suas portas abertas.

(Osman Lins).



Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk

DIRETO DO ARQUIVO - Otimismo exagerado


Otimismo exagerado


Pedro J. Bondaczuk


O pretenso "melhor Natal do real" parece, ao que tudo indica, não passar de excesso de otimismo da equipe econômica do governo, senão mais uma marota tentativa dos "marqueteiros" de plantão para melhorar a imagem, e por consequência a popularidade, do presidente Fernando Henrique Cardoso. Pelo menos é o que mostram dados preliminares do comércio, que não vendeu tanto quanto esperava vender neste mês de dezembro. É certo que há, ainda, alguns dias para o encerramento do período de festas, com possibilidades, portanto, de bons negócios. E como o brasileiro deixa tudo para a última hora...Quem sabe?!

Não se pode negar, é verdade, que os principais shoppings de São Paulo e do Rio de Janeiro, e as lojas mais tradicionais do centro das duas cidades, vêm tendo grande afluência de potenciais compradores. Se todos comprassem... Todavia, a maioria dos que param em frente das vitrines, para ver as novidades e ofertas natalinas (com preços não tão convidativos como seria de se esperar, é bom que se destaque), não se dispõe a comprar coisa alguma. Há setores, como o de eletro-eletrônicos, por exemplo, que talvez não tenham do que reclamar. Mas a maioria... Parece, pois, que o período será "gordo" somente para os camelôs.

A propalada queda das taxas de desemprego no País (se é que realmente ocorreu), foi meramente residual. Recuperaram-se pouquíssimas vagas, comparadas com as que foram perdidas nos últimos dois anos. E as admissões não foram uniformes, havendo regiões em que elas sequer ocorreram. A suposta recuperação do emprego deve ter acontecido, isto sim, por conta da contratação de trabalhadores temporários, tendo em vista o período de festas de fim de ano. Ademais, parte considerável daqueles que retornaram ao mercado de trabalho, depois de um longo e tenebroso período ausente dele, preferiu resgatar créditos, "limpar" o nome na praça e poupar alguns trocados (sempre que possível), quando não liquidar velhas e incômodas dívidas. Para as compras de presentes, ao que parece, pouco, ou nada, restou.

Na verdade, a economia vem dando sinais bastante preocupantes da iminência de nova crise. A decisão do governo chileno de aderir ao mercado comum das Américas (a ALCA), em detrimento do Mercosul, abalou seriamente as estruturas deste último, mesmo o Chile não sendo integrante oficial do acordo, mas mero parceiro de ocasião. Há, até, quem diga que a decisão do presidente Ricardo Lagos selou, de vez, a sorte de mais esta tentativa regional de parceria econômica.

Caso isso venha, de fato, a ocorrer, será uma pena e, mais do que isso, um desastre para as economias fragilizadas, e em processo de lenta e gradual recuperação, do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Os quatro países vão perder a maior chance que já tiveram em suas histórias para negociar, de igual para igual, com os grandes blocos econômicos mundiais e, principalmente, com os Estados Unidos.

Um dos indicadores de que as coisas não andam bem foi a vertiginosa desvalorização do real, em relação ao dólar, verificada nos últimos dias, chegando a cotação da nossa moeda a ultrapassar a barreira psicológica dos R$ 2,00. É certo que o fenômeno deve favorecer nossas exportações, que mais uma vez não conseguiram "decolar", como o governo pretendia, fazendo com que, novamente, nosso saldo da balança comercial fosse deficitário, a despeito da meta de superávit assumida com o Fundo Monetário Internacional.

Fica, até mesmo nos mais ferrenhos defensores do governo, a desagradável sensação de fracasso do Plano Real, que pôs fim, não se nega, a um prolongado e perigoso processo inflacionário, de quase quinze anos de duração, mas foi absolutamente incapaz de propiciar condições para a indispensável retomada do nosso desenvolvimento. Em 2001, com ou sem razão, o atual modelo será, com certeza, ampla e severamente questionado em palanque, notadamente pelas esquerdas, com vistas às eleições presidenciais de 2002.

Ainda mais se, de fato, o Mercado Comum do Cone Sul acabar implodindo e sendo simplesmente "enterrado", em razão de picuinhas, de arraigados antagonismos sem pé e nem cabeça e de divergências internas ditadas mais por infantis intransigências, do que por questões econômicas práticas e substanciais. O fim dessa experiência de pouco mais de dez anos, que requer, sim, ajustes, tornará os países que integram o Mercosul, e por extensão toda a América Latina (dada a inequívoca liderança continental principalmente de Brasil e Argentina) enfraquecidos e impotentes nas negociações com europeus e norte-americanos.

O que os Estados Unidos querem, de fato, com a ALCA, é criar novos mercados "apenas" para os seus produtos, livres de quaisquer barreiras ou limitações, sem sequer cogitarem em conceder tratamento igual a quem quer que seja. A grande potência mundial da atualidade, que investe seguidamente contra supostos protecionismos alheios, lançando mão, invariavelmente, de retaliações comerciais (principalmente contra o nosso País), é, ela própria, extremamente protecionista. Não costuma pactuar regras com "parceiros", mas impõe, a ferro e fogo, suas leoninas condições, sem admitir rebeldias ou contestações. Será que Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai não aprenderam nada com os erros de um passado ainda recente? Será que se julgam suficientemente capazes de encarar a Comunidade Europeia e os Estados Unidos, cada qual por sua própria conta, e levar alguma espécie vantagem comercial? Que ilusão!!!

(Editorial da Folha do Taquaral da segunda quinzena de dezembro de 1998).



Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk

CRÔNICA DO DIA - Sejamos líricos


Sejamos líricos



Pedro J. Bondaczuk


As emoções, em geral, prescindem da companhia muitas vezes necessária (mas às vezes incômoda) da razão. Têm a sua própria dinâmica, sua lógica, seu espaço e seu tempo. Estas observações vêm a propósito de um episódio que protagonizei há 57 anos (parece uma eternidade e, no entanto, foi tão ontem!).

Em janeiro de 1961 fui a Porto Alegre, visitar parentes que há tempos não via. Tinha recém completado 19 anos de idade, aliás feitos durante a viagem. Estava, portanto, naquela fase de achar-me o dono do mundo, ou quase. Confiava poder conquistar tudo e todos. Estava imbuído daquela irresponsabilidade característica dos moços, que tanto pode conduzir a gestos de heroísmo, quanto a arroubos de loucura. Foi quando conheci uma mulher deslumbrante, absolutamente inesquecível.

Jamais conversei com ela. A seu respeito, fiquei sabendo somente o nome. Nada mais. Soube que ela estava interessada em meu primo Alexandre, de quem era vizinha. Não trocamos nem ao menos um cumprimento, um olhar, um sorriso, um gesto de cumplicidade e entendimento.

Nunca, todavia --- nem até então e nem mesmo depois, pelo menos até hoje --- conheci pessoa mais bonita. Tratava-se de uma mulher esteticamente perfeita. Não havia um único traço, uma só linha, um detalhe que destoasse. Era toda harmonia. Chamava-se Jeudi, como soube através do meu primo.

Tinha uma combinação rara da delicadeza europeia com o erotismo tropical da brasileira. Era morena, com profundos e claros olhos azuis e cabelos negros. Seu sorriso (ah! seu sorriso devastador!) iluminava-lhe o rosto. Não consegui esquecê-la nunca mais. Embora a visse somente a uma certa distância, observando-a em seus gestos naturais, provavelmente ela jamais sequer me notou. E no entanto... Ouso dizer, passados tantos anos, que ela é uma das paixões da minha vida. Platônica, é verdade, mas ainda assim paixão.

Os objetivos, as pessoas essencialmente práticas (aquelas que o jornalista Nelson Rodrigues e o poeta Affonso Romano de Sant'Anna chamam de "idiotas da objetividade"), devem estar rindo desta confissão juvenil feita por um homem, digamos, “experiente”, posto que vivido. A estes, responderia com a exortação de Nelson Rodrigues: "Amigos, sejamos mais líricos e menos objetivos". Até porque, quem pode explicar o que se passa na alma humana?

Emoção racionalizada é como aquelas borboletas de colecionadores. Torna-se morta. Perde o mistério, a chama, o viço, a graça. Ainda hoje, tenho a imagem da Jeudi nítida, clara, viva e linda (lindíssima) na retina. Basta fechar os olhos para vê-la no esplendor dos seus 18 anos (ou seriam 17, 16, 15? Não importa!).

Nunca mais soube qualquer notícia dela. Hoje, provavelmente, está casada e deve ser avó. Se a encontrasse, certamente não a reconheceria. A mulher que amei foi aquela que ficou perdida num já distante janeiro de 1961, no bairro Passo da Areia, de Porto Alegre, onde morava a minha musa.

A esse propósito, vêm-me à memória os versos de um poema de Carlos Drummond de Andrade, que se não explica, justifica essa paixão que talvez não tenha sido sequer platônica, podendo ser classificada como meramente "estética" e que peço licença para reproduzir:

"O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino não nega a sentença.
O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.
Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor".

Dizem que o tempo tudo apaga. Isto, porém, é relativo. É mera generalização. Enquanto estivermos vivos, é incapaz de apagar nossas lembranças mais vívidas, mais lúcidas, mais marcantes. Distorce, é verdade, alguns de seus contornos. Desfoca a imagem e a torna diluída, esmaecida, como uma fotografia amarelada.

Mas o principal permanece. A emoção original fica até mais intensa, em decorrência da saudade. Cinquenta e sete anos... Não consigo me furtar de repetir os versos de Cora Coralina que dizem:

"Eu nasci num tempo antigo
muito velho
muito velhinho, velhíssimo".

Eu também...



Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk

Wednesday, June 27, 2018

Reflexão do dia


PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE O LÍDER E O CHEFE

O chefe é escolhido por alguém, já o líder emerge naturalmente na organização (ou numa sociedade) de forma espontânea. Não se forma, é inato. Sua personalidade e autoridade moral são tão grandes, que ninguém sequer discute sua liderança. Esta impõe-se natural e espontaneamente. As pessoas seguem-no não por serem obrigadas a tal, ou por temerem-no, mas por confiarem nele. São capazes, se preciso, de confiar (e confiam mesmo) as próprias vidas às suas mãos. Muitos confundem, por outro lado, governantes, escolhidos pelo povo (ou que assumem o poder pela força das armas, o que é mais trágico), atribuindo-lhes suposta capacidade de liderança nacional. Vários deles, ao longo da história, já conduziram (e há os que ainda conduzem) populações inteiras a catastróficas e estúpidas guerras. Deveriam se conscientizar da gravidade de seus atos, mas não se conscientizam. Precisariam ter noção das desgraças que vão causar, mas não têm. Deveriam entender (mas não entendem) a real natureza do poder que lhes é outorgado (ou que usurpam). Necessitariam ter em mente o todo, e se conscientizar que o período que vivem é mero segmento de algo muito maior, infinitamente mais amplo, que é o eterno.

@@@


PESCA EM ÁGUAS TURVAS


Prosseguindo em minha tentativa de “pesca em águas turvas”, tenho uma nova proposta a fazer às editoras. Diz-se que a internet dá visibilidade a escritores e facilita negócios. É isso o que venho tentando, há algum tempo, conferir. Tenho mais um livro, absolutamente inédito, a oferecer. Seu título é: “Dimensões infinitas”, que reúne 30 ensaios sobre temas dos mais variados e instigantes. Abordo, em linguagem acessível a todos, num estilo coloquial, assuntos tais como as dimensões do universo (tanto do macro quanto do microcosmo), o fenômeno da genialidade, a fragilidade dos atuais aparatos de justiça, o mito da caverna de Platão, a secular busca pelo lendário Eldorado, o surgimento das religiões, as tentativas de previsão do futuro e as indagações dos filósofos de todos os tempos sobre nossa origem, finalidade e destino, entre outros temas. É um livro não somente para ser lido, mas, sobretudo, para ser refletido. Meu desafio continua sendo o mesmo de quando iniciei esta tentativa de “pesca em águas turvas”. Ou seja, é o de motivar alguma editora a publicá-lo, sem que eu precise ir até ela e nem tenha que contar com algum padrinho, mas apenas pela internet, e sem que eu precise bancar a edição (já que não tenho recursos para tal). Insistirei nesta tentativa todos os dias, sem limite de tempo. Para fecharmos negócio, basta que a eventual editora interessada (e espero que alguma se interesse, pois o produto é de qualidade) entre em contato comigo no inbox do Facebook ou pelo e-mail pedrojbk@gmail.com. Quem se habilita?

@@@

CITAÇÃO DO DIA:

Arquitetura que detesta 

Ó bela, dos céus infinitos, dos louros trigais ondulantes, existirá outro lugar na Terra em que tanta gente rica e poderosa tenha pago e tolerado tanta arquitetura que detesta do que dentro de suas fronteiras? Duvido seriamente. Toda criança vai à escola em um prédio que parece a cópia xerox de um armazém atacadista de peças de reposição. (...) Toda casa de verão de 900 mil dólares construída nas matas de Michigan ou nas praias de Long Island tem tantas grades tubulares, rampas, escadas circulares em metal fresado, painéis industriais de vidro plano, baterias de lâmpadas de tungstênio halógeno e cilindros brancos que mais parece uma refinaria de inseticida. (...) Toda grande firma de advocacia em Nova York se muda sem um ai sequer de protesto para um edifício de escritório tipo "caixa de vidro" com laje de concreto por teto de 2,38 metros de altura e paredes de gesso e corredores mínimos --- e depois contratam um decorador e lhe entregam um orçamento de centenas de milhares de dólares para transformar esses quadrados e cubos mesquinhos numa fantasia horizontal de palacete inglês da Restauração.

***

Ponto de partida 

A partir de 1945 os nossos plutocratas, burocratas, presidentes de faculdades sofrem uma mudança inexplicável. Tornam-se inseguros, reticentes. De repente, estão prontos a aceitar aquele copo de água gelada na cara, aquele tapa revigorante na boca, aquela reprimenda pelo excesso de gordura em sua alma burguesa, conhecida como arquitetura moderna.

(Tom Wolfe, livro "Da Banhaus ao Nosso Caos").


Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk,