Concentração de renda
Pedro J. Bondaczuk
A renda per capita do
brasileiro --- ou seja, a divisão da riqueza nacional pelo número
de seus habitantes --- era, em 1993, de US$ 5.500. É como se cada
pessoa, não importa sua idade ou condição profissional, recebesse
pouco mais de US$ 450 mensais. Claro que é somente um número. Os
20% mais ricos recebem em torno de US$ 30 mil ou mais. Por outro
lado, 80% da população ativa fica com irrisórios US$ 112. E o
restante...Não recebe nada.
As cifras atuais, embora
maiores, não diferem muito das de três anos atrás. A renda per
capita brasileira ficou em 1993 e continua em 1996 abaixo da média
mundial --- onde são incluídos países absolutamente inviáveis no
aspecto econômico como Afeganistão, Vietnã e Burkina Faso por
exemplo ---, que era há três anos de US$ 5.711. No âmbito do
Mercosul, o Brasil só está à frente do Paraguai com US$ 3.340.
Daí, não ser de se estranhar
a colocação inexpressiva do País (58º lugar) no "ranking"
das Nações Unidas no seu Índice de Desenvolvimento Humano,
divulgado na semana passada. Em vez de contestar os critérios do
levantamento ou tentar justificar o injustificável, as autoridades
deveriam utilizar esses dados para balizar suas ações
administrativas.
Para desconcentrar, com maior
velocidade, a renda nacional. Para aumentar o tamanho do bolo, mas
repartir com justiça o fruto desse crescimento. Para conferir
prioridade absoluta à preservação e valorização do maior
patrimônio de qualquer Estado organizado que se preze: o homem.
(Editorial número dois,
publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 22 de julho
de 1996).
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