Tuesday, January 31, 2017

CONFORMAR-SE OU NÃO SE CONFORMAR?

O inconformismo é marca registrada de heróis e santos, de artistas e cientistas, das pessoas que, de fato, fazem a diferença no mundo. Nem todos concordam. Há moralistas, por exemplo, que pregam que o conformismo é uma virtude. Que quando não podemos modificar determinada situação, nitidamente ruim, devemos nos conformar com ela, nos adaptar e tocar a vida. Se as coisas fossem assim, o homem ainda estaria vivendo nas cavernas, se alimentando da caça e dos frutos que colhia, a mercê do acaso e dos elementos. Claro que em algumas coisas, que não sejam essenciais, devemos nos conformar, para sermos felizes. Por exemplo, se não temos riquezas, isso não deve nos desesperar, desde que tenhamos o suficiente para viver. Afinal, que valor intrínseco têm essas bugigangas, pelas quais muitos empenham a vida? Mas de nada adianta a pessoa ser criativa, gerar milhões e milhões de idéias e ter uma infinidade de conhecimentos se mantiver somente para si própria os frutos do seu privilegiado cérebro. Tudo isso será inútil se não causar efeitos positivos no mundo. Como todos nós, sem exceções, esse pensador e criador irá morrer. E se não partilhar com os outros o que souber, tudo o que sabe irá se perder com sua morte.


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Modelo exaurido



Pedro J. Bondaczuk


O presidente Fernando Collor está comandando, desde sexta-feira, um superencontro de seus ministros, previsto para durar 30 horas, com o objetivo de traçar estratégias para seus quase dois anos e meio de governo. Entre outros temas, estão sendo debatidas medidas objetivando um reaquecimento gradual da economia, sem perder de vista o combate à inflação, visando a atenuar o impacto social provocado pela recessão, que atormenta e empobrece a todos desde 1990.

A reforma fiscal está na pauta, embora, com ela, pelo que se tem conhecimento, a pesada carga tributária que se abate sobre a sociedade não venha a ser atenuada. Pelo contrário, pode, até, ser agravada.

Os contribuintes que entregaram, nesta semana, sua declaração do Imposto de Renda, sentiram a voracidade do Leão. Poucas vezes as pessoas tiveram diante de si normas tão perversas, que não lhes permitiram abatimento praticamente nenhum do rendimento bruto – como aluguéis ou despesas com instrução – quanto agora.

O que foi descontado na fonte no correr do ano não sofreu qualquer correção, ao contrário do que ocorreu com a tabela para o cálculo final do tributo. Conseqüência: quem ganha, por exemplo, até dez salários mínimos, dificilmente escapou da mordida do Leão, embora esta remuneração esteja muitíssimo distante de satisfazer as necessidades de um cidadão de classe média.

O atual governo, que assumiu em meio a tantas promessas de estabilidade e justiça social, está devendo muito à sociedade. Sob o pretexto do combate à inflação, estagnou o País, que já perdeu toda a década de 1980 na busca de seu desenvolvimento e corre o risco de perder mais uma.

A política recessiva, comandada pelo ministro da Economia, Marcílio Marques Moreira, se tem seus defensores – aqueles que não vêm sendo penalizados pela paralisia, diria, catatonia econômica – conta com adversários de respeito, mesmo em partidos tradicionalmente afinados com o Planalto, como é o caso do PDS.

O deputado federal e ex-ministro Delfim Netto, em entrevista publicada na revista institucional “Dow Notícias” – edição do trimestre janeiro-fevereiro-março de 1992 – afirmou que no Brasil há “a metrópole estatal e a colônia privada”. E observou: “O setor privado precisa se convencer que é colônia...ele é escravo...Tem que pagar para que a metrópole viva bem. Veja esta recessão que nós estamos vivendo, ela não atingiu o governo em nada, nem os funcionários públicos. Ninguém vê um funcionário público aposentado morrer numa fila. Eles têm aposentadoria integral, melhores salários, todas as vantagens sociais e mais a garantia de emprego. E o setor privado corre todos os riscos”.

A propósito dos aposentados, todos viram, chocados, na televisão, o episódio – em absoluto o único – da morte de Jesus Maria Pereira de Medeiros numa fila do INSS em Niterói, na terça-feira. Pessoas idosas, doentes, algumas em cadeiras-de-rodas, passam noites inteiras em quilométricas filas, expostas às intempéries, para receber minguados Cr$ 96 mil, como foi o caso do cidadão falecido.

Onde estão as apregoadas medidas desburocratizantes, que não conseguiram acabar com essa perversidade contra os idosos e enfermos? Tudo não passou de propaganda enganosa. A respeito da inflação, o ex-ministro ressaltou que a maior parte da culpa cabe ao próprio governo, incapaz de controlar o déficit público e, principalmente, por ser o único que tem o poder de emitir moeda mesmo que sem lastro.

Delfim admitiu que o setor público pode, até, ter parcela da responsabilidade pelas taxas inflacionárias terem estacionado no incômodo patamar dos 20%. Mas justificou: “Eu estou convencido que, numa larga medida, a inflação é um mecanismo pelo qual a colônia privada se defende da capacidade da metrópole estatal. Se não houvesse inflação, a colônia privada estaria morta. Eles teriam comido o fígado da gente. A inflação é que impede que eles se divirtam como um canibal, com os nossos fígados”.

É indispensável, portanto, que tanto o presidente Collor, quanto seus ministros, se convençam de que a recessão já esgotou o caráter “didático” que o governo possivelmente pretendeu lhe dar. E, pior, está exaurindo o próprio País, colocado hoje num estado muito próximo de uma convulsão social.    

(Artigo publicado na página 3, Opinião, do Correio Popular, em 17 de maio de 1992)


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Mercado de valores


Pedro J. Bondaczuk


A evolução material e espiritual dos povos é diretamente proporcional aos valores que criam, testam e consolidam. Alguns são perpétuos, posto que ambíguos, como verdade, justiça, liberdade, solidariedade e vai por aí afora. Outros, envelhecem e são ultrapassados. Caem no esquecimento em duas ou três gerações.

Há ocasiões em que se derrubam valores e não se criam novos que os substituam. Nelas, a humanidade regride até quase a barbárie. Em outras, contudo, gerações brilhantes e criativas multiplicam princípios, idéias e conceitos e legam à posteridade um bem que é inestimável. A história caminha, pois, com os passos de um bêbado: um para frente e dois para trás. E assim vamos nós.

André Malraux escreveu: “Entre 18 e 20 anos, a vida é como um mercado onde se compram valores, não com dinheiro, mas com atos. A maior parte das pessoas não compra nada”. Concordo com ele, em termos. Ou seja, apenas parcialmente. Essa aquisição de princípios acontece não apenas na idade que ele citou, mas em todas as outras. Vivemos “comprando valores” que norteiem nossos passos e nos façam proceder melhor, com mínima coerência, na bolsa da vida.

São raras, por exemplo, as verdades absolutas, aceitas unanimemente, sem nenhuma contestação, dadas sua lógica e clareza. A maioria dos conceitos tidos como verdadeiros por uns, é contestada por outros, e isso vale tanto em questões de moral, quanto de comportamento, de ciência, de arte etc.etc.etc.

Muitos princípios científicos, por exemplo, tidos, por longo tempo, como exatos, um dia são derrubados por novas descobertas. Por milênios os homens acharam que a Terra fosse plana, como uma mesa, e que o sol e as estrelas giravam ao seu redor. Hoje, qualquer criança recém-alfabetizada sabe que isso não é verdade.

Muitas das ações consideradas morais (não confundir com legais), em passado não muito distante, hoje são consideradas o oposto, e vice-versa. Uma delas? A escravidão!  Outro aspecto a se considerar é que há pessoas que atribuem valor excessivo à inteligência, como se ela fosse infalível.

Acham, por essa razão, que ela jamais as induzirá ao erro. Não é bem assim. Quanto mais inteligente uma pessoa for, maiores serão as possibilidades de se equivocar, já que a quantidade de assuntos sobre os quais irá refletir é infinitamente mais ampla do que a do néscio. Este pensa pouco e, por isso, não erra tanto.

Afinal, o que vem a ser a tão decantada inteligência? Por definição, não é nada mais que a capacidade de “entender” o que nos cerca, (tanto o concreto, quanto o abstrato). E o entendimento, convenhamos, não é infalível e sequer sinônimo de sabedoria.

Os verdadeiros inteligentes conferem mil vezes ou mais o que veem, ouvem ou leem, antes de chegarem a qualquer conclusão. Desconfiam de armadilhas que possam estar escondidas atrás dos fatos e que os induzam a erros (e não raro, induzem mesmo).

O que ambicionamos, mesmo, é reproduzir, na Terra toda, o bíblico Jardim do Éden. E há algum mal nesse desejo, nesse sonho, nessa utopia, nessa idealização? Claro que não! O errado é nos limitarmos a sonhar com o Paraíso, sem nada fazer para que tudo não se limite ao terreno abstrato dos sonhos. Temos é que agir. Temos que perpetuar os valores que herdamos e os multiplicar “ad infinito”. Temos que “viver” a justiça, e não apenas falarmos dela.

A rigor, cada pessoa imagina o Paraíso de uma forma diferente, peculiar, própria, de acordo com seus gostos e anseios. Para uns, trata-se de um lugar de eterna alegria, de absoluta, completa e ininterrupta confraternização entre todas as pessoas e todas as espécies, sem dores, injustiças e nem maldades.

Para estes, ali o leão é manso como um gatinho e brinca de apostar corrida com o cordeiro e não há hierarquias ou poder. Ademais, ninguém pensa em passar quem quer que seja para trás. Para outros, porém, o Paraíso é uma festa sem fim, com as melhores comidas e bebidas, onde tudo é perfeito e belo.

As maneiras de pintar esse lugar ideal, do qual a morte terá sido banida, como se vê, têm milhões, quiçá bilhões de versões, materiais ou espirituais, dependendo de quem o imagina. Um dos caminhos para se chegar a essa utópica sociedade (talvez o único, sabe-se lá) é justamente a criação, o cultivo e a vivência de valores.

Que eles, portanto, não fiquem, apenas, no terreno da teoria ou das boas-intenções. Que sejam plenamente exercitados, se não por todos (já que a unanimidade é praticamente impossível, quando não burra), pelo menos por uma expressiva maioria.

Mas todos têm, bem no íntimo, a sua versão particular de mundo ideal.  Da minha parte, às vezes sou tentado a projetar o Paraíso da mesma forma que Jorge Luís Borges, que escreveu: “Sempre imaginei que o Paraíso será uma espécie de biblioteca”. Quem sabe se não é? Confesso que me satisfaria, razoavelmente, se fosse apenas isso. Enquanto meu sonho não se concretiza, todavia, sigo, como aplicado investidor, “comprando valores na bolsa da vida”. Até quando?!!


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Monday, January 30, 2017

SONHOS MORREM, PORÉM PODEM RENASCER

Os sonhos são como as águas. Se estas forem estagnadas, “morrem”, ficam poluídas e deixam, portanto, de ser saudáveis. Todavia, se forem correntes, se puderem se renovar continuamente, se compuserem ribeirões, riachos, cascatas e grandes rios, estarão sempre eliminando impurezas e, por conseqüência, sendo salubres e vitais. E se forem motivados por necessidades, certamente sairemos em busca da sua concretização, tenhamos ou não competência para isso. Se não a tivermos, daremos um jeito. Não teremos escolha. Ou, quem sabe, nos esforçaremos para aprender o que for necessário. Ou, o que é mais comum, recorreremos a terceiros, que sejam devidamente habilitados a satisfazer nossas necessidades, arcando, óbvio, com os devidos ônus, ou seja, pagando o preço pelos préstimos recebidos. É assim que as coisas funcionam. Um dos versos do poema “Palavras ao mar”, de Vicente de Carvalho, ilustra a caráter essa renovação (das águas e dos sonhos). É o que diz:

“Sei que a ventura existe,
sonho-a; sonhando a vejo, luminosa,
como dentro da noite amortalhado
vês longe o claro bando das estrelas;
em vão tento alcançá-la e as curtas asas
da alma entreabrindo, subo por instante.
Ó mar! A minha vida é como as praias,
e os sonhos morrem como as ondas voltam!”.

Morrem, mas podem renascer, sem dúvida, mais vigorosos e belos e em maior quantidade. Mas essa é uma outra história... que fica para uma outra vez...

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Pacificador ou Anticristo?


Pedro J. Bondaczuk


O presidente soviético, Mikhail Gorbachev, experimentou, ontem, em Bonn, mais uma vez, o lado agradável da “glasnost” e da “perestroika”, ou seja, a enorme popularidade que goza fora do seu país. Na URSS, no entanto, às voltas com uma máquina burocrática pesadona e ineficiente e com a escassez de quase tudo (até sabonete está faltando por lá), sua performance não chega a ser tão brilhante. Em parte também pelo preconceito que os russos têm contra sua mulher, Raisa. Justamente uma das coisas que o tornam mais “charmoso” junto aos meios de comunicação ocidentais.

Nos últimos tempos, a espetacular recepção que o líder do Cremlin recebeu na capital germânica, com várias gradações de entusiasmo, tem se repetido em todas as partes que ele vai. Foi assim quando esteve nos Estados Unidos, por exemplo. Repetiu-se na Grã-Bretanha, em Cuba, na Polônia. E culminou com a ovação que recebeu em Pequim e em Xangai dos chineses.

No entanto, sua popularidade confere-lhe uma responsabilidade dobrada. Ela é fruto da mensagem que Gorbachev vem pregando desde que assumiu a liderança soviética. Das suas ações, tendentes a liberalizar a vida do seu próprio povo, promover o desarmamento internacional e procurar o entendimento mundial. Ou seja, permitir uma convivência civilizada e até construtiva entre pessoas que pensam de maneiras diferentes.

Imagine, agora, o leitor se tudo o que o presidente soviético vem prometendo não passar de mera retórica. Nós, particularmente, temos prevenção contra líderes carismáticos. Em geral, conforme a história dos povos registra, eles têm sido causas de grandes tragédias. E Gorbachev tem carisma.

Ocorre que Adolf Hitler também tinha. E o homem forte da China, Deng Xiaoping, também dispunha desse magnetismo, desse poder de despertar confiança e comandar multidões. O “füherer” germânico conduziu sua nação ao maior desastre de sua história, ensangüentando as suas páginas e enchendo-as de terror e de maldade.

O dirigente chinês, por seu turno, acaba de revelar-se um “ídolo com pés de barro”, após ter ordenado o estúpido massacre da Praça da Paz Celestial. Por isso, temos prevenção contra líderes carismáticos. O papel de liderança, em nível mundial, que Gorbachev vem assumindo a cada dia que passa se torna mais decisivo. Ao final, ao contrário de Hitler e de Deng, ele tem em suas mãos o poder de vida e de morte da humanidade, mediante o monstruosamente dimensionado arsenal nuclear, capaz de, sozinho, destruir cerca de 50 planetas do tamanho da Terra. Os Estados Unidos possuem a outra metade. Seria ele o arauto da paz ou o temido “Anticristo” das profecias de Nostradamus?

(Artigo publicado na página 12, Internacional, do Correio Popular, em 14 de junho de 1989).


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País da luz



Pedro J. Bondaczuk


"A novidade
que tem no Brejo da Cruz
é a criançada
se alimentar da luz.

A composição de Chico Buarque de Holanda que traz este trecho é pouco conhecida, (ou não tanto quanto outras tantas de suas canções), mas traz uma carga poética imensa em sua simplicidade. É uma verdadeira pintura, posto que feita com este instrumento frágil (e que nos fornece tão poucos recursos para criar), que é a palavra. Desperta, sobretudo, nossa "imaginação". Ou seja, nossa capacidade de transformar conceitos abstratos em imagens (que é o significado desse termo). E traz um elemento essencial à vida (animal ou vegetal), como a conhecemos, e à percepção do próprio mundo e de tudo o que nos cerca: a luz.


Sabe-se que nas profundezas abissais dos oceanos há um peixe que vive na absoluta escuridão. Por não precisar, não tem olhos. Para quê? No ambiente escuro em que habita não poderia mesmo ver! E a natureza é sumamente sábia....e prática. Não faz nada que seja supérfluo. Qualquer órgão que não seja utilizado, finda por se atrofiar, até desaparecer. O homem, por exemplo, tem vestígios de guelras, herdadas dos antepassados que viviam no mar. Hoje, esse órgão não teria qualquer função para o ser humano. Daí ter se atrofiado a tal ponto de ser quase imperceptível”.

Esta é a maneira com que iniciei a crônica “País da luz”, que redigi há 14 anos, em dezembro de 2002. Esse também é o título de meu livro de crônicas, inédito, que esteve em vias de ser publicado em 2010 e que, na última hora, acabou preterido (por mim). Hoje considero que foi uma decisão infeliz que tomei na oportunidade. Nas negociações que empreendi, então, com a Editora Barauna, ficou assentado que eu publicaria dois livros por essa empresa, sendo um de crônicas e outro de contos. No primeiro caso, deveria escolher entre “Cronos e Narciso” e “O País da luz”. Por mera intuição, sem consultar ninguém (o que foi uma burrice) optei pelo primeiro. Sem desmerecer o livro publicado, hoje publicaria, sem pestanejar, o segundo. Mas... A oportunidade passou. Também não fui muito feliz na escolha da obra de ficção. “Passarela de sonhos” é muito melhor que “Lance fatal”. Enfim... Claro que o ideal seria publicar os quatro. Pensei, todavia, que publicaria, em condições melhores, “O País da Luz” e “Passarela de sonhos”, mais adiante. Não consegui, porém, negociar (pelo menos até hoje) esses livros com nenhuma editora. É provável, pois, que permaneçam inéditos para todo o sempre, por “omnia século seculorum”. Vá se saber!      
 
Para não frustrar o leitor que eventualmente tenha ficado curioso em relação à crônica que suscitou estes comentários, reproduzo sua sequência abaixo, esperando que lhe agrade, como me agradou ao redigi-la?

“Todos nos ‘alimentamos’ de luz... Aqui ou no ‘Brejo da Cruz’. Mais ainda o artista, comprometido em reproduzir e, quando possível, criar beleza. Ou em sugeri-la, para que o leitor, ou o apreciador de um quadro ou de uma escultura, a projetem em imagem. Ou seja, ‘imaginem’ um cenário qualquer. Arte, portanto, é antes de tudo sugestão. É sempre, no mínimo, um dueto. Requer uma parceria: a do autor e de seu consumidor. Jamais um mesmo quadro, por exemplo, vai ser visto e interpretado da mesma forma por duas pessoas. Ou um poema será sentido de maneira igual. Ou uma sinfonia despertará idênticas emoções e fantasias. A arte é, em essência, coletiva.

Luz...Três simples letrinhas no nosso idioma com um significado, uma função e um mistério tão transcendentais! Nada a supera em velocidade (300 mil quilômetros por segundo). Os cientistas ainda não definiram com precisão sua natureza. É matéria? É energia? É ambos? Não é nenhum dos dois? Ninguém pode afirmar nada a seu respeito. Seus raios são dotados de determinada quantidade de calor. Concentrados (lasers ou masers), são poderosíssimos. Cortam uma chapa do mais duro dos metais (titânio, aço, etc.) como se fosse um tablete de manteiga. Os místicos associam-na à divindade ou à glória divina.

Em excesso, ofusca a vista e pode até cegar. E quando não cega, faz com que o olho humano não distinga os contornos, as cores e os matizes daquilo que nos cerca. Precisa ser na medida exata para a nossa fragilidade. Nós, brasileiros, somos privilegiados nesse aspecto. Não nos falta luz, como ocorre nos países próximos aos pólos, onde a incidência dos raios solares não é tão direta. Por isso, eles são sombrios. Os povos que habitam essas áreas são mais tristes, mais circunspectos, mais melancólicos do que o nosso. Também não contamos com os exageros da zona equatorial, como em partes da África. Temos luz na medida certa. Nem a mais e nem de menos. Daí a nossa natureza ser tão exuberante. Daí o Brasil ser um país tão belo. Daí nosso povo, submetido a privações, a maus governos e a toda sorte de carências, ser tão feliz e positivo. E, sobretudo, bonito.

‘Luz, quero luz. Luz na janela, nas ruas, no mar, no coração de todo mundo. Luz na cabeça dos que nos (des)governam’. Estas palavras não são minhas. São de uma crônica de Antônio Torres, publicada no caderno ‘Idéias’, do ‘Jornal do Brasil’ do Rio de Janeiro, em 5 de janeiro de 1992. Ou seja, em pleno verão, o período do ano marcado pela descontração e pela alegria de viver. A época em que, como a criançada do Brejo da Cruz, quebramos o nosso jejum nos ‘alimentando de luz...’"


Está aí! Gostaram? Espero que sim. Reitero que da minha parte, “diverti-me” a valer, redigindo este texto. E não somente este, mas todos os que integram o livro (inédito) que tem esse mesmo título, porquanto, tal qual a meninada do Brejo da Cruz, alimentei-me gulosamente, até fartar, de luz, de muita luz!

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Sunday, January 29, 2017

SEJAMOS COMO ONDAS DO MAR

Queiram ou não, a necessidade é o grande estimulante dos ideais. E como estes tendem a estimular ações, os três fatores se casam para se tornar os reais fundamentos da civilização. Nossos sonhos, dos menores e mais triviais, aos grandiosos e que mais valorizamos, morrem, como as ondas do mar, que se desmancham nas areias das praias. Principalmente, se nos limitarmos, apenas, a sonhar. Isso não é motivo, porém, para que não os tenhamos. O que não podemos é nos frustrar por não conseguir concretizá-los. Devemos ser, de fato, como as ondas do mar. Se é verdade que morrem na praia e se desmancham na areia, tornam a se reagrupar e vão e vêm, vão e vêm e vão e vêm, num moto-perpétuo, enquanto a Terra existir. Não deve ser motivo de frustração o fato das asas da alma serem tão curtas e frágeis e não conseguirem alcançar as estrelas. Amanhã, esses sóis tão distantes ainda estarão lá, luzindo no firmamento, e depois de amanhã, e depois, e depois, por anos, décadas, séculos e milênios sem fim.


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