Tuesday, January 17, 2017

É hora de votar


Pedro J. Bondaczuk


A campanha para o segundo turno das eleições municipais está chegando ao fim, sem que o eleitor se mostre empolgado em relação a uma votação que é decisiva para os seus interesses. Afinal, o eleito vai influir, através da administração que fizer, diretamente na valorização ou não do seu patrimônio pessoal e no da comunidade a que pertence.

A conservação da sua rua, a coleta do lixo, o transporte que o levará ao trabalho, o posto de saúde em seu bairro ou em local próximo a ele, a escola, etc., vão valorizar ou desvalorizar seu imóvel, dependendo de existirem ou não. Ou de serem eficientes ou ineficientes.

A escolha de um prefeito, em certa medida, é muito mais importante para o cidadão do que a do presidente da República. Trata-se de alguém muito mais próximo a cada um de nós e com ações, portanto, mais visíveis do que as de qualquer outro que ocupe cargo no Poder Executivo.

As campanhas --- tanto pelo rádio e televisão, quanto nas ruas, através de comícios e de contatos pessoais   --- se pecaram por falta de melhores idéias ou de soluções, pelo menos mantiveram relativa sobriedade, com respeito mútuo entre os candidatos.

Raros foram os ataques de caráter pessoal e assim mesmo os que ocorreram foram bastante sutis para serem notados. Portanto, nesse aspecto, os postulantes ao Palácio dos Jequitibás estão de parabéns.

Quanto ao desinteresse público em relação aos políticos e à política, não é um fenômeno só dos campineiros, dos paulistas ou dos brasileiros. É uma tendência mundial. Basta atentar para o que ocorreu nas eleições presidenciais dos Estados Unidos desta semana, que registraram a maior abstenção já ocorrida nesse país desde 1924. Mesmo sendo a campanha mais cara de todos os tempos e lugares!

Apenas 49% dos mais de 190 milhões de norte-americanos habilitados compareceram para votar. Lá, o voto não é obrigatório, mas um direito que o cidadão exerce ou não, a seu critério. Entre nós --- embora defendamos que também deva ser assim --- se o comparecimento fosse facultativo quantos votariam? É possível que sequer houvesse eleição.

Mas não é através da omissão que se irá melhorar a qualidade dos nossos políticos. Os seguidos erros de escolha do eleitor devem-se mais à falta de prática democrática (da qual o voto é a expressão maior) do que à sua incapacidade de discernimento.

A democracia, já dizia um antigo "cacique", é como uma flor: requer cuidados diários, constantes, permanentes, para permanecer bela e viçosa. Na próxima sexta-feira o eleitor campineiro terá mais uma oportunidade para mantê-la saudável. Precisa fazê-lo.

Deve conscientizar-se que, se votar errado (ou, o que é pior, se se omitir do voto), não adiantará reclamar quando a sua cidade não estiver sendo administrada da maneira como esperava e que poderia e deveria ser. Por isso, tem o dever de fazer a melhor das escolhas.



(Artigo publicado em 8 de novembro de 1996 na Folha do Taquaral)

Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk

No comments: