É hora de votar
Pedro J. Bondaczuk
A
campanha para o segundo turno das eleições municipais está chegando ao fim, sem
que o eleitor se mostre empolgado em relação a uma votação que é decisiva para
os seus interesses. Afinal, o eleito vai influir, através da administração que
fizer, diretamente na valorização ou não do seu patrimônio pessoal e no da
comunidade a que pertence.
A
conservação da sua rua, a coleta do lixo, o transporte que o levará ao
trabalho, o posto de saúde em seu bairro ou em local próximo a ele, a escola,
etc., vão valorizar ou desvalorizar seu imóvel, dependendo de existirem ou não.
Ou de serem eficientes ou ineficientes.
A
escolha de um prefeito, em certa medida, é muito mais importante para o cidadão
do que a do presidente da República. Trata-se de alguém muito mais próximo a
cada um de nós e com ações, portanto, mais visíveis do que as de qualquer outro
que ocupe cargo no Poder Executivo.
As
campanhas --- tanto pelo rádio e televisão, quanto nas ruas, através de
comícios e de contatos pessoais --- se
pecaram por falta de melhores idéias ou de soluções, pelo menos mantiveram
relativa sobriedade, com respeito mútuo entre os candidatos.
Raros
foram os ataques de caráter pessoal e assim mesmo os que ocorreram foram
bastante sutis para serem notados. Portanto, nesse aspecto, os postulantes ao
Palácio dos Jequitibás estão de parabéns.
Quanto
ao desinteresse público em relação aos políticos e à política, não é um
fenômeno só dos campineiros, dos paulistas ou dos brasileiros. É uma tendência
mundial. Basta atentar para o que ocorreu nas eleições presidenciais dos
Estados Unidos desta semana, que registraram a maior abstenção já ocorrida
nesse país desde 1924. Mesmo sendo a campanha mais cara de todos os tempos e
lugares!
Apenas
49% dos mais de 190 milhões de norte-americanos habilitados compareceram para
votar. Lá, o voto não é obrigatório, mas um direito que o cidadão exerce ou
não, a seu critério. Entre nós --- embora defendamos que também deva ser assim
--- se o comparecimento fosse facultativo quantos votariam? É possível que
sequer houvesse eleição.
Mas
não é através da omissão que se irá melhorar a qualidade dos nossos políticos.
Os seguidos erros de escolha do eleitor devem-se mais à falta de prática
democrática (da qual o voto é a expressão maior) do que à sua incapacidade de
discernimento.
A
democracia, já dizia um antigo "cacique", é como uma flor: requer
cuidados diários, constantes, permanentes, para permanecer bela e viçosa. Na
próxima sexta-feira o eleitor campineiro terá mais uma oportunidade para
mantê-la saudável. Precisa fazê-lo.
Deve
conscientizar-se que, se votar errado (ou, o que é pior, se se omitir do voto),
não adiantará reclamar quando a sua cidade não estiver sendo administrada da
maneira como esperava e que poderia e deveria ser. Por isso, tem o dever de
fazer a melhor das escolhas.
(Artigo
publicado em 8 de novembro de 1996 na Folha do Taquaral)
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
No comments:
Post a Comment