O que estamos
celebrando
Pedro
J. Bondaczuk
O que é o tempo,
caríssimo leitor? É um conceito abstrato, embora tratando do concreto. É uma
criação exclusiva do homem, tendo nosso planeta, a Terra, e nossa estrela, o
Sol, como referenciais. Os animais e demais seres vivos não contam o número de
alvoradas e de ocasos (dias e noites) e muito menos a volta completa deste
nosso mundinho ao redor do astro que o ilumina e aquece (os anos) de suas
vidas. Limitam-se a viver e a seguir seus instintos, sem se aterem à questão de
“idade”, coisa exclusivamente humana. Mesmo que haja vida inteligente em outras
partes do universo (o que não deixa de ser uma probabilidade, mesmo que não se
trate de possibilidade), se esses seres tiverem criado o conceito de tempo,
duvido que sua contagem seja sequer “parecida” com a nossa. Nem poderia ser.
Explico. Para que fosse
igual (o que a lógica me induz a duvidar), teriam que habitar um planeta
igualzinho à Terra (sem tirar e nem por), com as mesmas dimensões, peso e
características, além de contar com um satélite estritamente igual à Lua,
orbitar uma estrela que não difira em absolutamente nada do Sol, e que, de
lambuja, apresente a mesmíssima distância e também radiação do nosso “astro
rei”. Convenhamos, leitor, a probabilidade de haver outro mundo assim beira a
zero. Só não descarto por completo que isso possa ocorrer dada a dimensão
absurdamente imensa, quiçá infinita, do universo.
Basta olhar para o céu
para intuir que este conjunto monumental conta com bilhões e bilhões de
galáxias. Estas, por seu turno, têm bilhões e bilhões de estrelas. E tais sois,
ao fim e ao cabo, têm bilhões e bilhões de planetas e vai por aí afora. Para
isso, nem é preciso ser astrônomo ou contar com sofisticados telescópios. A
observação a olho nu pode nos dar essa certeza. E quantos são todos esses
astros, que ascendem a 10 elevado á enésima (e põe enésima nisso!!!) potência?
Ninguém jamais poderá sequer estimar, mesmo que com baixíssima possibilidade de
acerto, quanto mais saber de verdade.
O homem só criou esse
“conceito”, sem o qual não existiria, entre outras coisas, a disciplina chamada
de Física, após “inventar” os números. Ou seja, após conceber a idéia de
“contagem”. Isso é tão lógico que constitui o óbvio dos óbvios, sem dúvida. E
quando se deu essa criação? Como saber? Esse é mais um dos tantos e tantos
mistérios que cercam nossa origem (como, quando e por que?), finalidade e
destino, e que jamais será desvendado, mas que permanecerá, enquanto esse
animal inteligente existir como espécie, espicaçando nossa insaciável
curiosidade.
O que vem a ser,
segundo nossa convenção, um dia? Qualquer criança razoavelmente instruída sabe
que é uma volta completa da Terra ao redor do seu próprio eixo (imaginário),
por sinal inclinado, diferente de outros planetas. Qual a causa dessa
inclinação? Só se pode especular a propósito. Esse giro integral foi
subdividido por vinte e quatro, e tal subdivisão foi batizada de horas. Para
sofisticar ainda mais nossa contagem de tempo, as horas foram divididas por
sessenta (os minutos) e cada um destes foi repartido novamente por outros
sessenta (os segundos).
Convenhamos, é
engenhosíssima essa “invenção” e, sobretudo, é prática. Nossa espécie não
consegue mais ficar sem esse conceito. E o que vem a ser um ano? É a volta
completa da Terra, em sua órbita elíptica, ao redor do Sol. É isso o que
estamos celebrando, mais uma vez, desde ontem e ao longo deste domingo. Sua
duração aproximada é de 365 dias, cinco horas, 48 minutos e 48 segundos. A cada
quatro anos, se faz o acréscimo de mais um dia em nosso calendário, o Juliano
(que, aliás, é relativamente novo), inserido no mês de fevereiro, embora faltem
resíduos de minutos e segundos, que são desconsiderados.
A humanidade já teve
dezenas de calendários diferentes para medir o tempo. Ainda hoje, há pelo menos
uns dez deles, mundo afora, embora para efeitos práticos (para o comércio, por
exemplo), a comunidade mundial regule suas atividades pelo que vige no
Ocidente, o Gregoriano. Daí eu não levar muito a sério essa questão de datas no
estudo da História. Enfim... Destaque-se que, sem o conceito de tempo, não
haveria, também, o de “velocidade”. Afinal, esta vem a ser o quanto um objeto (ou uma pessoa) se desloca num espaço
definido, em determinado período.
Sei que não lhe trouxe
nenhuma novidade, esclarecido leitor, e nem era a minha intenção. Tratei do
assunto apenas para lembrar o que estamos celebrando desde a noite de ontem e
no correr deste domingo. Encaramos essa passagem de ano como o fim de um ciclo
e início de outro, com a esperança de que seja melhor do que o período que se
encerrou. Até pode ser. Contudo, somente será se todas as circunstâncias forem
favoráveis e se fizermos a nossa parte. Façamo-la, pois! E que ao cabo dos
próximos 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 48 segundos não tenhamos o que
lamentar (ou, se tivermos, que isso seja pouco, quase nada) e que tenhamos
muitíssimo a agradecer e a celebrar. É o que desejo, do fundo do coração, a
todos vocês que me honram com seu prestígio e amizade. .
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