Tuesday, July 31, 2018

Reflexão do dia


LEITURA REQUER, ALÉM DE CONCENTRAÇÃO, 

MÉTODO

Absorvemos muito pouco do conteúdo de um texto se o lermos sem método, mesmo que nos concentremos ao máximo no que estivermos fazendo. Querem uma prova? Façam o teste. Releiam um livro, qualquer um, que vocês tenham lido, digamos, há dez anos, sem fazer anotações à margem e muito menos ficha de leitura. Qual o resultado? Ele lhes parecerá inédito. Apenas um trecho ou outro lhes soará como vagamente familiar. Não precisam acreditar em mim. Façam vocês mesmos a experiência. Pior será se o conteúdo contiver ideias que divirjam das suas. Aí vocês não absorverão absolutamente nada mesmo. Por isso, não exagerei quando escrevi uma crônica em que defendo a tese de que “leitura é um ato de fé” (que tem, propositalmente, este título). Você tem que acreditar no autor para ler o livro até o fim. E, principalmente, para fazer a leitura de outras obras que ele tenha escrito.

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PESCA EM ÁGUAS TURVAS

Prosseguindo em minha tentativa de “pesca em águas turvas”, tenho uma nova proposta a fazer às editoras. Diz-se que a internet dá visibilidade a escritores e facilita negócios. É isso o que venho tentando, há algum tempo, conferir. Tenho mais um livro, absolutamente inédito, a oferecer. Seu título é: “Dimensões infinitas”, que reúne 30 ensaios sobre temas dos mais variados e instigantes. Abordo, em linguagem acessível a todos, num estilo coloquial, assuntos tais como as dimensões do universo (tanto do macro quanto do microcosmo), o fenômeno da genialidade, a fragilidade dos atuais aparatos de justiça, o mito da caverna de Platão, a secular busca pelo lendário Eldorado, o surgimento das religiões, as tentativas de previsão do futuro e as indagações dos filósofos de todos os tempos sobre nossa origem, finalidade e destino, entre outros temas. É um livro não somente para ser lido, mas, sobretudo, para ser refletido. Meu desafio continua sendo o mesmo de quando iniciei esta tentativa de “pesca em águas turvas”. Ou seja, é o de motivar alguma editora a publicá-lo, sem que eu precise ir até ela e nem tenha que contar com algum padrinho, mas apenas pela internet, e sem que eu precise bancar a edição (já que não tenho recursos para tal). Insistirei nesta tentativa todos os dias, sem limite de tempo. Para fecharmos negócio, basta que a eventual editora interessada (e espero que alguma se interesse, pois o produto é de qualidade) entre em contato comigo no inbox do Facebook ou pelo e-mail pedrojbk@gmail.com. Quem se habilita?


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CITAÇÃO DO DIA:


Senso artístico e moral 

O senso artístico não é sustentado por um senso moral forte e rigoroso, torna-se um dos maiores perigos para a alma do homem, pois pode encontrar a beleza até no acontecimento mais feroz e vulgar.

(Konstantin Aksakov).



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DIRETO DO ARQUIVO - Inflação e recessão


Inflação e recessão


Pedro J. Bondaczuk


A inflação brasileira, se ainda não está vencida, pelo menos está domada, alcançando taxa acumulada anual de um único dígito em 1996: 9,2%, conforme o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), da Fundação Getúlio Vargas, divulgado na sexta-feira.

O resultado frustrou os pessimistas e surpreendeu os otimistas e o próprio governo. As previsões, no fim de 1995, eram quase unânimes de que a taxa anualizada ficaria ao redor de 20%.

Alcançou menos da metade dessa cifra, o que se constitui em importante vitória para o País, que não faz muito tempo chegou a acumular 5.000%. O empenho deve ser no sentido de uma redução ainda mais expressiva para 1997, para que o Brasil atinja o mesmo patamar de uma Suíça, de um Japão ou de uma Alemanha.

Mas que essas baixas taxas não venham acompanhadas de indesejáveis sequelas, como a recessão, o desemprego e a paralisia nas atividades econômicas. O País precisa crescer, e muito, a uma taxa mínima média de 4% ao ano, para que possa saldar a mais grave das dívidas que tem: a social.

Outro dado que merece menção (e sobretudo comemoração) é a constatação de que os preços nos hipermercados estão, neste mês, no mesmo patamar dos de julho de 1994, quando da criação do Plano Real. Toda a "gordura" que haviam adquirido na conversão da URV, portanto, acabou sendo "queimada".

A partir de agora, qualquer redução que vier a ocorrer será de fato real, fazendo com que os salários se valorizem, sem a necessidade de reajustes, aumentando o poder de compra dos trabalhadores e, por consequência, o seu padrão de vida.

O IGP-M anualizado de 1996 é a menor taxa já apurada pela FGV desde 1957, quando foi de 2,6%. E poderia ter sido ainda mais baixa, não fossem três "vilões", exatamente os setores mais carentes do País e que devem demandar todas as atenções do governo: Habitação (25,72%), Transportes e comunicação (17,39%) e Saúde e cuidados pessoais (14,44%).

É certo que a tendência do valor do aluguel é decrescente, dada a preponderância da oferta de imóveis sobre a procura nas principais cidades brasileiras. E isso ocorre não por causa do aumento de unidades habitacionais para o trabalhador, mas porque muitas pessoas que há quatro ou cinco anos moravam em casas alugadas, tiveram que se mudar para favelas, por não terem mais condições de pagar.

O governo tem sido extremamente moroso nesse aspecto. Os financiamentos são escassos, em valores aquém dos preços de mercado e as exigências são excessivas. Faltam recursos para bancar moradias às pessoas de baixa renda ou para incentivar outros projetos, do tipo mutirões ou cestas de materiais de construção.

Mas investimentos nessa área, além da relevância social, trazem retorno para o governo, por serem geradores de empregos, aumentando a arrecadação da Previdência Social.

Quanto aos transportes públicos, são caros, insuficientes e de má qualidade. O governo tem grande responsabilidade pelos aumentos verificados nas passagens ao autorizar reajustes dos combustíveis, inclusive o que entra em vigor depois de amanhã. Mas é lícito comemorar esta vitória na luta contra a inflação.

(Editorial número um, publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 30 de dezembro de 1996).

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CRÔNICA DO DIA - Conversa de doido?


Conversa de doido?

Pedro J. Bondaczuk

A vida só é possível
reinventada.
Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas...”

“Sou raiz e vou caminhando
sobre as minhas raízes tribais...”

“É por aqui que passam meditando
que cruzam, descem, trêmulos, sonhando,
neste celeste, límpido caminho

os seres virginais que vêm da Terra,
ensanguentados da tremenda guerra,
embebedados do sinistro vinho...”

“O que é isso?”, perguntará, atônito, o leitor. “É conversa de doido?!”. Não, não é! Aliás, pelo contrário, são palavras dos seres, provavelmente, os mais lúcidos do Planeta: os poetas. São estrofes de poemas célebres, colhidos a esmo, para ilustrar nossas considerações.

Os primeiros versos, por exemplo, são de Cecília Meirelles. Trazem, como se vê, belíssima metáfora do sol. Abrem seu tão conhecido poema “Cada palavra uma folha”. Já a segunda citação é de outra poetisa, não menos célebre, Cora Coralina, uma das mais inspiradas da Literatura Brasileira. A metáfora da raiz é outro inteligentíssimo achado. Foge, claro, ao senso comum. Quem não está habituado a ler poesia, e tenta interpretar essas palavras, literalmente, não vê sentido algum nelas. Classifica-as como conversa de doido. Pena! Deixa de usufruir belo momento de sabedoria e sensibilidade. Esses versos são os que abrem o poema “Sou raiz”.

Finalmente, a terceira citação é de um poeta que me toca fundo na alma, não apenas pelo seu tremendo talento, mas pela trajetória de vida que teve, filho que era de escravos, numa época em que a escravidão era coisa normal no Brasil (e os poetas é que são considerados loucos!). Refiro-me ao catarinense João Cruz e Sousa, lídimo representante da corrente literária que se convencionou chamar de “Parnasianismo”. São os dois tercetos com que encerra o soneto “Caminho da glória”.

Ler poesia, para quem não está preparado para tal, e interpretá-la ao pé da letra, é, de fato, o mesmo que ouvir conversa de doido. Parece não haver nenhum nexo. Evidentemente, há! E que nexo!

Em editorial que escrevi tempos atrás para o “Literário”, espaço do qual sou editor, intitulado “Jeito de ler”, afirmei: “A poesia é, sabidamente, um dos gêneros mais difíceis, se não for o mais difícil, da Literatura e exige do poeta talentos especiais para a produção de obras consistentes, duradouras e de real valor literário. O leigo não entende que seja assim. Escreve textinhos tacanhos, não raro eivados de erros de toda a sorte, e acha que se tratam de ‘poemas’ transcendentais, embora tenham rimas pobres (quando têm) e lugares-comuns em profusão”.

E não é o que ocorre? Quem não é do ramo, se espanta com a linguagem do poeta. Interpreta-a, reitero, como “conversa de doido”, que é o que de fato parece. Parece... mas, evidentemente, não é. Ali há talento, há visão e, sobretudo, há criatividade. E como se deve ler um poema? Como se lê qualquer outro texto – um jornal ou revista, por exemplo, ou mesmo uma placa de publicidade? Evidentemente, não!

No referido editorial, observei: “O poeta expressa seus sentimentos, via de regra, através de metáforas que, se forem interpretadas ao pé da letra, soarão como conversa de doido. Expressões como ‘brado dos sapos em lagoas de luz’ ou ‘lágrimas de estrelas’, claro, não podem ser interpretadas em sentido literal”. E nem “anda o sol pelas campinas/e passeia a mão dourada/pelas águas, pelas folhas...”, claro.

E prossegui no editorial: “Há um jeito diferente de se ler poesia. Requer-se uma predisposição emocional para se entender a mensagem que o poeta quis transmitir. É um tipo de texto para ser ‘sentido’ e não meramente interpretado pelo cérebro. A melhor forma de lê-lo, para ‘senti-lo’ em toda a sua grandeza e profundidade, é fazê-lo em voz alta, atentando para a pontuação (quando existir)”.

Recomendo-lhe, pois, leitor amigo, que “aprenda” a ler poesia. A primeira vantagem que terá com isso será um prazer estético como poucos outros que você já teve ou possa vir a ter. A segunda, é que aprenderá a enxergar a vida por um outro prisma, menos árduo, menos sofrido e violento e mais onírico, amoroso e casual.

Encerrei o citado editorial dessa forma: “Quem adquire o hábito de ler poesia, jamais o abandona. É um prazer estético como poucos. Vibra com cada metáfora bem construída e chega a sentir na pele a emoção que o poeta transmite. É, de fato, um gênero difícil, mas também, dos mais belos (se não o mais belo) quando quem a ele recorre o faz com talento e competência”.

Conversa de doido? Palavras sem senso e sem nexo? Os poemas (os bons, evidentemente) podem até soar dessa forma àqueles que Nelson Rodrigues costumava classificar de “idiotas da objetividade”. Colocar um poeta na categoria dos loucos é, de fato, manifestar a própria insanidade. Ademais, admitindo que sejam, digamos, “um tanto fora de centro”, eu exclamaria, como fiz em relação a Vincent Van Gogh, ao mencionar que morreu em um hospício da Holanda: “Bendita loucura!!”


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Monday, July 30, 2018

Reflexão do dia


A MAGNÍFICA “MAGIA” DA LEITURA
No prólogo da primeira edição de uma de suas obras mais geniais, a “História universal da infâmia”, Jorge Luís Borges acentua: “Ler, além do mais, é uma atividade posterior à de escrever, é mais resignada, mais atenciosa, mais intelectual”. Mais adiante, arremata: “Às vezes acredito que os bons leitores são cisnes ainda mais negros e singulares que os bons autores”. Eu também creio, mestre, eu também. Portanto, estimular as pessoas a lerem e a formarem esse saudável (e delicioso) hábito, é prestar-lhes supremo favor. É descortinar-lhes um mundo infinito de maravilhas. É, até, em alguns casos, preencher-lhes a solidão e fazer com que se sintam sempre em excelente e nobre companhia. Quantas pessoas mundo afora, por exemplo, não se consolam, não com um livro, mas até com uma carta de algum ente querido e distante, lendo-a, relendo-a, tornando a lê-la, a relê-la dezenas, centenas, quiçá milhares de vezes?! Que magnífica magia é esta da leitura! Que privilégio nós, desta geração, temos, de contar com a oportunidade de acesso a este meio tão prático e relativamente barato de nos instruir, sonhar, crescer e evoluir!
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PESCA EM ÁGUAS TURVAS

Prosseguindo em minha tentativa de “pesca em águas turvas”, tenho uma nova proposta a fazer às editoras. Diz-se que a internet dá visibilidade a escritores e facilita negócios. É isso o que venho tentando, há algum tempo, conferir. Tenho mais um livro, absolutamente inédito, a oferecer. Seu título é: “Dimensões infinitas”, que reúne 30 ensaios sobre temas dos mais variados e instigantes. Abordo, em linguagem acessível a todos, num estilo coloquial, assuntos tais como as dimensões do universo (tanto do macro quanto do microcosmo), o fenômeno da genialidade, a fragilidade dos atuais aparatos de justiça, o mito da caverna de Platão, a secular busca pelo lendário Eldorado, o surgimento das religiões, as tentativas de previsão do futuro e as indagações dos filósofos de todos os tempos sobre nossa origem, finalidade e destino, entre outros temas. É um livro não somente para ser lido, mas, sobretudo, para ser refletido. Meu desafio continua sendo o mesmo de quando iniciei esta tentativa de “pesca em águas turvas”. Ou seja, é o de motivar alguma editora a publicá-lo, sem que eu precise ir até ela e nem tenha que contar com algum padrinho, mas apenas pela internet, e sem que eu precise bancar a edição (já que não tenho recursos para tal). Insistirei nesta tentativa todos os dias, sem limite de tempo. Para fecharmos negócio, basta que a eventual editora interessada (e espero que alguma se interesse, pois o produto é de qualidade) entre em contato comigo no inbox do Facebook ou pelo e-mail pedrojbk@gmail.com. Quem se habilita?


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CITAÇÃO DO DIA:
Mel da alma 

A arte é o mel da alma amassado nas asas da infelicidade e do trabalho.

(Theodore Dreiser).



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DIRETO DO ARQUIVO - Inflação à moda europeia


Inflação à moda européia


Pedro J. Bondaczuk


O País registrou, no ano passado, de acordo diversos institutos de pesquisa, a mais baixa inflação acumulada em praticamente meio século. A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo (Fipe), por exemplo, apurou 4,82%. Trata-se do menor índice inflacionário desde 1950, quando havia atingido 3,72%.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) chegou a cifra semelhante, em torno de 4,4%. Já o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) detectou taxa anual de 6,11%.

É uma inflação, senão parecida com a da Suíça, próxima disso. Ou pelo menos digna da União Europeia, de países como Grécia, Irlanda ou Portugal. Nada mal para quem já chegou a ter taxa de 84% em um único mês.

E as cifras poderiam ser ainda menores --- de 2,5% conforme a Fipe --- não fosse o aumento até exagerado das tarifas públicas. A sociedade fez a sua parte. O governo? Nem tanto. Principalmente o Congresso, que deixou de aprovar reformas fundamentais para a economia do País. O controle da inflação beneficiou pessoas de baixa renda. O desemprego, no entanto, anulou essa vantagem de parcela expressiva de brasileiros, que ficou não somente sem corrosão salarial, mas sem salários.

(Editorial número dois, publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 12 de janeiro de 1998).


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CRÔNICA DO DIA - Crônica esportiva


Crônica esportiva

Pedro J. Bondaczuk
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Volta e meia sou questionado, principalmente por estudantes, se a crônica esportiva, notadamente a que versa sobre essa paixão mundial, que é o futebol, é literatura. Minha resposta, invariavelmente, é a mesma: depende de quem a escreve e da abordagem que lhe confere. Há pessoas que, embora lidem com texto e façam dele seu ganha pão, não vibram com o que escrevem. Sua escrita é chata, monótona, formal e sem graça.

Um redator talentoso, criativo e original é competente o suficiente para fazer de uma bula de remédio literatura de primeira linha. E há outros tantos que, por melhor que seja o assunto que se propõem a abordar, se perdem em bla-bla-blás sem pé e nem cabeça e despidos de conteúdo.

A crônica, esportiva ou não, para merecer de fato essa designação, não pode ser factual. Ou seja, não pode se esgotar tão logo o acontecimento que a gerou se esgote. Textos assim têm designação própria: são artigos. Estes sim têm que se ater rigorosamente a fatos e não fazem concessões a reflexões e muito menos a divagações. A maioria das pessoas confunde, a todo o momento, os dois gêneros, um jornalístico e o outro literário.

Tenho lido com assiduidade grandes cronistas esportivos, dos quais o mestre dos mestres foi, sem dúvida, o já saudoso Armando Nogueira. Ele comentava, sempre com elegância e inteligência, mas sem jamais fugir do rigor dos fatos, não apenas futebol, mas todo o tipo de esporte, mesmo os menos praticados e mais exóticos. E mesmo quando o assunto era aparentemente factual, todo ele calcado num determinado e transitório evento esportivo, ele conseguia, por artes “mágicas”, tornar o texto perene e, mais do que isso, imortal.

Tenho crônicas de Armando Nogueira dignas de figurar nas melhores antologias do gênero e, claro, com merecido destaque. Oportunamente, comentarei algumas delas, irrepreensíveis do começo ao fim, sem que o mais severo e ácido dos críticos possa encontrar o mais ligeiro senão e fazer a mínima restrição.

Outro cronista esportivo da minha predileção é Eduardo Gonçalves de Andrade, ou melhor, Doutor Eduardo Gonçalves de Andrade. Dito assim, o leitor pensará com seus botões: “O Editor, hoje, pirou, ou bebeu. Não conheço esse cronista, de quem nunca ouvi falar”. Pois bem, e se eu disser que se trata de um dos melhores jogadores que este país pentacampeão do mundo já produziu, melhora? Vocês estão, mesmo, lentos de raciocínio. Pois bem, já que não mataram a charada, lhes revelo o apelido pelo qual ficou conhecido, quer nos gramados, quer na crônica esportiva: Tostão.

Ah, agora caiu a ficha! Pois é, o grande centroavante da Copa de 1970, originalmente um meia, a exemplo de Pelé, Rivelino e Jairzinho, revela-se tão bom na escrita quanto foi jogando bola. Seus textos são como os do mestre Armando, embora ambos tenham estilos totalmente diferentes. Mesmo os que parecem ser factuais, não o são. Leiam qualquer de suas crônicas. Tomem, por exemplo, uma escrita há dez anos. Não lhes parece que Tostão a escreveu ontem? Isso não é jornalismo (e mesmo que fosse, seria da melhor qualidade), mas literatura pura.

Quando abordo determinados assuntos, principalmente os mais populares, como este, evito, sempre que posso, de citar nomes. Por que? Para não cometer injustiças das quais venha a me arrepender, omitindo gente boa, que mereceria ser citada, mas que, ou por lapsos de memória (é impossível lembrar-me de tudo o que preciso, nos momentos de maior necessidade), ou por falta de espaço, acabo não dizendo nada a seu respeito. E, invariavelmente, tenho que me penitenciar na sequência.

Mas temos (felizmente), gente muito boa, jornalistas ou não, escrevendo excelentes crônicas esportivas. Citaria, sem ter que pensar bastante, Fernando Calazans, por exemplo, ou Márcio Guedes, ou Paulo Vinícius Coelho, ou Juca Kfoury, ou André Plihal, ou Xico Sá (que desmistifica o gênero e escreve textos deliciosos, com irreverência e humor). Fosse citar todo mundo que gosto, gastaria os cinquenta textos que programei para escrever, sobre literatura e futebol, apenas digitando nomes. Claro que não é o que vocês esperam de mim.

Creio que a área em que o jornalismo brasileiro está melhor servido é, justamente, esta, a dos esportes. Aliás, corrijo: do futebol. Porquanto outras modalidades esportivas importantes, como o vôlei, o basquete, o atletismo etc., vivem à míngua, com seus dirigentes e praticantes vibrando de emoção quando conseguem, pelo menos, ser citados, mesmo que de passagem e em apenas umas poucas linhas.

O tema é amplo e é claro que voltarei a ele. Seria impossível fazer sequer sua introdução em um espaço tão restrito, por maior que fosse meu poder de síntese (que ademais é pequeniníssimo, já que sou daqueles redatores prolixos, apreciados por poucos e um tormento para os que não gostam de ler).


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Sunday, July 29, 2018

Reflexão do dia


O LIVRO É LIDO PARA ETERNIZAR A MEMÓRIA”
William Wordsworth atribui aos livros papel semelhante ao dos sonhos (a respeito dos quais escrevi recentemente). Mas vê certa vantagem nos segundos. Concordo com ele. Vocês já imaginaram se, numa dessas catástrofes tão possíveis, fossem destruídos todos os livros já escritos e publicados no Planeta? Pior, e se ocorresse súbita amnésia coletiva, que fizesse com que todos, absolutamente todos os seres humanos, se esquecessem dos respectivos alfabetos, de suas gramáticas e técnicas da escrita? Em questão de dias, a humanidade retroagiria milênios, quem sabe às cavernas primitivas. Não quero nem pensar na mais remota possibilidade desse pesadelo se concretizar. Seria avassalador e catastrófico. Jorge Luís Borges aventa uma hipótese menos radical do que a minha, mas ainda assim desastrosa: “Fala-se do desaparecimento ou da extinção do livro. Creio que isto é impossível. Dir-se-á: que diferença pode haver entre um livro e um jornal ou um disco? A diferença é que um jornal é lido para ser esquecido; um disco é ouvido, igualmente, para ser esquecido – é algo mecânico e, portanto, frívolo. O livro é lido para eternizar a memória”. E não é?!!



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PESCA EM ÁGUAS TURVAS


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CITAÇÃO DO DIA:

Sem pátria 

Os grandes artistas não têm pátria.

(Alfred de Musset).


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DIRETO DO ARQUIVO - Quem preserva tem


Quem preserva tem


Pedro J. Bondaczuk


O parque industrial brasileiro desperdiça, a cada ano, em virtude de técnicas e processos de produção inadequados, a exorbitância de Cr$ 4,6 trilhões, que poderiam reverter para toda a sociedade em forma de benefícios vários. Principalmente em artigos mais baratos.

Essa cifra corresponde a 11% do Produto Interno Bruto. Em outras palavras, os bens produzidos pelo nosso parque fabril são caros e de baixa qualidade. Esses dados foram divulgados na semana passada pelo Ministério da Economia, na oportunidade em que o presidente Fernando Collor lançou um novo programa, objetivando capacitar a indústria nacional a se tornar mais eficiente e competitiva.

No mundo contemporâneo, caracterizado pela crescente competição, não cabe mais nenhum empirismo, nenhuma experiência na base da tentativa e erro e assim por diante, até porque os recursos existentes no Planeta são exauríveis e à medida em que beiram a exaustão se tornam mais valiosos, e portanto mais caros.

Afinal, isto está na própria definição da economia. Só o escasso é valioso. E a atividade econômica nada mais é do que a administração da escassez. Do nosso imenso parque fabril, que corre o risco de entrar num acelerado processo de sucateamento, apenas 10% das indústrias que o integram produzem mercadorias com capacidade de concorrer com similares internacionais.

Nisso vai muito de desleixo, de falta absoluta de respeito para com o consumidor. Daí a existência tão curta de muitos empreendimentos. Toda e qualquer atividade produtiva requer esforço, sabedoria, competência, dedicação. Tal empenho deve ser contínuo, acompanhado de periódicas reciclagens, já que a tecnologia é altamente dinâmica. Isto tem um nome: administração. Boa, evidentemente.

O Prêmio Nobel de Economia norte-americano, Paul A. Samuelson, costuma escrever em seus artigos e reiterar em suas palestras e entrevistas uma verdade que o homem de negócios que pretenda ser vencedor precisa sempre ter na cabeça: "O capitalismo não tem mente, não pergunta o que se deve fazer com tal região mais atrasada ou com tal indivíduo menos hábil".

A consequência da incompetência é inexorável. As empresas brasileiras, até por uma questão de sobrevivência, precisam perder a mania de investir no curtíssimo prazo. O caminho óbvio é o investimento em pesquisas, no desenvolvimento contínuo e permanente de novos métodos, novas máquinas, nova mentalidade.

Thomas Alva Edison, o gênio norte-americano, autor de inúmeros inventos, entre os quais a lâmpada incandescente, deu a receita para o sucesso, quando foi indagado a respeito, afirmando: "Nunca fiz nada valioso por acaso, nem nenhuma das minhas invenções surgiu por acidente. Todos são frutos do trabalho".

(Editorial publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 14 de novembro de 1990).


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CRÔNICA DO DIA - Fôlego para o trabalho


Fôlego para o trabalho



Pedro J. Bondaczuk


O ato de produzir – seja um móvel, uma peça, um carro ou um poema, um conto, um quadro, uma sinfonia – requer uma série de requisitos. Em primeiro lugar, a pessoa que se dispõe a executar essa tarefa de criação (ou de transformação) tem que estar preparada para ela. Precisa saber fazer e não apenas querer, partindo de uma boa ideia. Em segundo lugar, a obra em questão precisa ser factível. Em terceiro, é necessário haver a matéria-prima necessária e o instrumental adequado para a produção. E os requisitos não param por aí. Passam pelo planejamento, pela pesquisa, pela medição etc. Mas, sobretudo, é necessária uma dose adequada de trabalho, sem a qual o que se idealizou não passará de simples ideia.

Estas considerações vêm a propósito daquilo que muitos pseudo artistas, ou seja, leigos que pretendem invadir searas que desconhecem, ou os que estão dando os primeiros passos no mundo fascinante, mas cheio de espinhos, das artes, denominam de "inspiração". E o que vem a ser isso? Ou melhor, existe aquela centelha súbita que faz com que uma determinada obra, qualquer que seja a sua natureza, brote do nada e já surja acabada? Claro que não! Alguns ingênuos acham que sim. Artistas e artesãos experientes admitem sua existência, mas atribuem-lhe importância bastante reduzida, ínfima, imperceptível no ato de produção. Para cada pessoa, a palavra "inspiração" tem um significado diferente. Para uns, é a ideia principal, o cerne, a alma que determina como vai ser a obra. Para outros, é a mera tomada de fôlego, a descoberta do caminho mais fácil para a execução do que foi antecipadamente planejado.

Raros são os escritores que se confessam satisfeitos com o resultado final de seus textos, sejam contos, poemas, romances, novelas etc. A maioria, antes de dá-los por concluídos, corta, refaz, acrescenta, modifica trechos, parágrafos, capítulos. Há, até, os que descambam para o exagero e reescrevem várias vezes o trabalho inteiro, produzindo cinco, dez, vinte ou mais versões. Eu já agi assim e inúmeras vezes. Existem casos em que o editor se vê forçado a interferir e "confiscar" os originais do escritor, caso contrário a obra acaba não sendo nunca publicada. Se deixar por conta do autor, o texto corre o risco de permanecer inédito, tamanha sua obsessão em busca do impossível: da perfeição. O que vem a ser isso? Excesso de perfeccionismo? Insegurança? Falta de talento? Não! Trata-se da busca da qualidade. É respeito pela própria imagem que o intelectual consciente possui. É esse zelo que impede (ou pelo menos ajuda a evitar) com que venha a cair em ridículo, por falta de autocrítica. É verdade que muitos exageram. Eu sou um destes.

Mário de Andrade, por exemplo, chegou a gastar mais de vinte anos para escrever um único conto, que poderia ter sido escrito em menos de meia hora. E ninguém, nem seu mais ácido crítico, se atreve a lhe negar o mérito de um dos monstros sagrados da moderna literatura brasileira. Muitos romances, hoje consagrados pela crítica e pelo público, tiveram gestações prolongadas, às vezes até de décadas. São estes os trabalhos que no fim das contas permanecem, e encantam, e se tornam paradigmas das novas gerações e findam por se constituir em modelos, em parâmetros, em clássicos literários.

Não basta, pois, a "inspiração", a fagulha, a centelha de uma boa ideia. Sem a técnica, sem o domínio do idioma, sem a verossimilhança do tema escolhido, ou mesmo proposto, sem a clareza e a concisão, sem a capacidade de prender a atenção do leitor, sem a constante e aguçada autocrítica, os escritores "inspirados" (ou artistas e artesãos quaisquer) jamais chegarão a lugar algum.

O saudoso poeta matogrossense Manoel de Barros deu a definição adequada para a questão. Acentuou: "Acho que a inspiração é um entusiasmo para o trabalho, um estado anímico favorável à poesia, mas não chega por si só a fazer arte. Seria, quando muito, uma erupção sentimental, brotoeja, esguicho romântico, soluço de dor de corno".

Por isso, quando um escritor compara a produção de alguma obra com as dores do parto, não há  exagero algum nessa figura de linguagem. Um texto em elaboração, antes de concluído, chega a "doer" no autor. A angústia, a preocupação, a insegurança e a incerteza quanto ao produto final constituem-se em medonhos pesadelos. E raros, raríssimos dos grandes mestres, depois da obra acabada, consideram que ela ficou exatamente como imaginaram quando se lançaram à empreitada. Inspiração? Existe por acaso?


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Saturday, July 28, 2018

Reflexão do dia


OS “VERDADEIROS ANALFABETOS”
Entre os mais de um bilhão de pessoas que não sabem ler, em todo o mundo, isso acontece em decorrência de circunstâncias perversas e aziagas, alheias à sua vontade. Não leem e não escrevem não por desastrosa decisão pessoal, mas porque não tiveram (e não têm) a oportunidade de aprender. São analfabetos por causa das circunstâncias. Há, todavia, um tipo de analfabetismo mais estranho e contundente: o dos que, sabendo ler, não leem. A estes Mário Quintana classifica, numa primorosa crônica, de “os verdadeiros analfabetos”. E não são? Essa sua opção priva-os de maravilhas imensas, ditadas pela magia da leitura. Por que? É uma constatação tão óbvia, que me recuso a explicitá-la.

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A LEITURA É PARA A MENTE O QUE O EXERCÍCIO É 
PARA O CORPO”

O romancista chileno Roberto Bolaño, no romance “2666” (caudaloso livro, de 852 páginas, classificado pelos críticos literários do jornal “Folha de S. Paulo” como um dos dez melhores lançamentos editoriais de 2010), coloca, na boca de um dos personagens, esta pérola, a propósito da leitura: “Ler é como pensar, como rezar, como conversar com um amigo, como expor suas ideias, como ouvir as ideias dos outros, como ouvir música (sim, sim), como contemplar uma paisagem, como dar um passeio pela praia”. Exagero? Longe disso. Afinal, como acentuou o ensaísta norte-americano Richard Steele, “a leitura é para a mente o que o exercício é para o corpo”. Ou seja, é a maneira de robustecê-la e conservar sua sanidade. É o jeito de ampliar seu potencial. Pobres, pois, os que sabendo ler, não leem, por preguiça ou por outra desastrosa opção qualquer!!!

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PESCA EM ÁGUAS TURVAS

Prosseguindo em minha tentativa de “pesca em águas turvas”, tenho uma nova proposta a fazer às editoras. Diz-se que a internet dá visibilidade a escritores e facilita negócios. É isso o que venho tentando, há algum tempo, conferir. Tenho mais um livro, absolutamente inédito, a oferecer. Seu título é: “Dimensões infinitas”, que reúne 30 ensaios sobre temas dos mais variados e instigantes. Abordo, em linguagem acessível a todos, num estilo coloquial, assuntos tais como as dimensões do universo (tanto do macro quanto do microcosmo), o fenômeno da genialidade, a fragilidade dos atuais aparatos de justiça, o mito da caverna de Platão, a secular busca pelo lendário Eldorado, o surgimento das religiões, as tentativas de previsão do futuro e as indagações dos filósofos de todos os tempos sobre nossa origem, finalidade e destino, entre outros temas. É um livro não somente para ser lido, mas, sobretudo, para ser refletido. Meu desafio continua sendo o mesmo de quando iniciei esta tentativa de “pesca em águas turvas”. Ou seja, é o de motivar alguma editora a publicá-lo, sem que eu precise ir até ela e nem tenha que contar com algum padrinho, mas apenas pela internet, e sem que eu precise bancar a edição (já que não tenho recursos para tal). Insistirei nesta tentativa todos os dias, sem limite de tempo. Para fecharmos negócio, basta que a eventual editora interessada (e espero que alguma se interesse, pois o produto é de qualidade) entre em contato comigo no inbox do Facebook ou pelo e-mail pedrojbk@gmail.com. Quem se habilita?

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CITAÇÃO DO DIA:

Objetivo do artista 

O objetivo profundo do artista é dar mais do que aquilo que tem.

(Paul Valéry).


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