Inflação à moda européia
Pedro J. Bondaczuk
O País registrou, no ano
passado, de acordo diversos institutos de pesquisa, a mais baixa
inflação acumulada em praticamente meio século. A Fundação
Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo
(Fipe), por exemplo, apurou 4,82%. Trata-se do menor índice
inflacionário desde 1950, quando havia atingido 3,72%.
O Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) chegou a cifra semelhante, em torno
de 4,4%. Já o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos
Socioeconômicos (Dieese) detectou taxa anual de 6,11%.
É uma inflação, senão
parecida com a da Suíça, próxima disso. Ou pelo menos digna da
União Europeia, de países como Grécia, Irlanda ou Portugal. Nada
mal para quem já chegou a ter taxa de 84% em um único mês.
E as cifras poderiam ser ainda
menores --- de 2,5% conforme a Fipe --- não fosse o aumento até
exagerado das tarifas públicas. A sociedade fez a sua parte. O
governo? Nem tanto. Principalmente o Congresso, que deixou de aprovar
reformas fundamentais para a economia do País. O controle da
inflação beneficiou pessoas de baixa renda. O desemprego, no
entanto, anulou essa vantagem de parcela expressiva de brasileiros,
que ficou não somente sem corrosão salarial, mas sem salários.
(Editorial número dois,
publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 12 de
janeiro de 1998).
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