Contagem regressiva
Pedro J. Bondaczuk
O País está na contagem
regressiva para a implantação da nova moeda, o Real, o que deixa
muitas pessoas apreensivas e dá pretexto aos oportunistas para
tentar levar vantagem sobre seus semelhantes. Preferimos, porém,
acreditar na seriedade do plano de estabilização econômica e de
seus autores, que jogam no seu sucesso toda uma carreira pública.
A menos que sejam suicidas
políticos, portanto, o novo programa que elaboraram merece um
crédito, ou pelo menos --- senão uma entusiasmada adesão --- uma
certa cooperação. Adam Smith, o escocês que lançou no século
XVIII as bases da moderna economia, afirmou que "o que faz
melhorar a situação da maioria nunca pode ser considerado como um
inconveniente para o todo".
E qual é o principal problema
brasileiro das últimas duas décadas, responsável pela degradação
social e pela estagnação do País? Com certeza é esse "imposto"
indireto e perverso, que drena recursos dos mais pobres para os
bolsos dos mais ricos, chamado inflação. Toda a tentativa que se
faça para o seu combate, desde que competente e séria, merece não
somente o crédito, mas a adesão dos cidadãos.
O romancista inglês, William
Somerset Maugham, tem uma citação interessante, que ilustra a
importância do equilíbrio econômico, que diz: "O dinheiro é
como o sexto sentido, os outros cinco não funcionam bem sem ele".
Daí o País não poder mais conviver com a desorganização
econômica, fonte permanente de injustiças sociais e causa básica
da violência.
A população quer emprego,
para poder participar de um esforço gigantesco e comum de
desenvolvimento. Quer escolas, quer moradias, quer hospitais. Chega
de recessão, que apenas inibe o potencial nacional e situa o Brasil
numa posição humilhante, e que ele não merece, no contexto
internacional.
Está na hora de provarmos,
para nós mesmos e para o mundo, que somos competentes, solidários e
vencedores. A inflação não é invencível.
(Editorial publicado na página
2, Opinião, da Folha do Taquaral, em 25 de junho de 1994).
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