Quem preserva tem
Pedro J. Bondaczuk
O parque industrial brasileiro
desperdiça, a cada ano, em virtude de técnicas e processos de
produção inadequados, a exorbitância de Cr$ 4,6 trilhões, que
poderiam reverter para toda a sociedade em forma de benefícios
vários. Principalmente em artigos mais baratos.
Essa cifra corresponde a 11%
do Produto Interno Bruto. Em outras palavras, os bens produzidos pelo
nosso parque fabril são caros e de baixa qualidade. Esses dados
foram divulgados na semana passada pelo Ministério da Economia, na
oportunidade em que o presidente Fernando Collor lançou um novo
programa, objetivando capacitar a indústria nacional a se tornar
mais eficiente e competitiva.
No mundo contemporâneo,
caracterizado pela crescente competição, não cabe mais nenhum
empirismo, nenhuma experiência na base da tentativa e erro e assim
por diante, até porque os recursos existentes no Planeta são
exauríveis e à medida em que beiram a exaustão se tornam mais
valiosos, e portanto mais caros.
Afinal, isto está na própria
definição da economia. Só o escasso é valioso. E a atividade
econômica nada mais é do que a administração da escassez. Do
nosso imenso parque fabril, que corre o risco de entrar num acelerado
processo de sucateamento, apenas 10% das indústrias que o integram
produzem mercadorias com capacidade de concorrer com similares
internacionais.
Nisso vai muito de desleixo,
de falta absoluta de respeito para com o consumidor. Daí a
existência tão curta de muitos empreendimentos. Toda e qualquer
atividade produtiva requer esforço, sabedoria, competência,
dedicação. Tal empenho deve ser contínuo, acompanhado de
periódicas reciclagens, já que a tecnologia é altamente dinâmica.
Isto tem um nome: administração. Boa, evidentemente.
O Prêmio Nobel de Economia
norte-americano, Paul A. Samuelson, costuma escrever em seus artigos
e reiterar em suas palestras e entrevistas uma verdade que o homem de
negócios que pretenda ser vencedor precisa sempre ter na cabeça: "O
capitalismo não tem mente, não pergunta o que se deve fazer com tal
região mais atrasada ou com tal indivíduo menos hábil".
A consequência da
incompetência é inexorável. As empresas brasileiras, até por uma
questão de sobrevivência, precisam perder a mania de investir no
curtíssimo prazo. O caminho óbvio é o investimento em pesquisas,
no desenvolvimento contínuo e permanente de novos métodos, novas
máquinas, nova mentalidade.
Thomas Alva Edison, o gênio
norte-americano, autor de inúmeros inventos, entre os quais a
lâmpada incandescente, deu a receita para o sucesso, quando foi
indagado a respeito, afirmando: "Nunca fiz nada valioso por
acaso, nem nenhuma das minhas invenções surgiu por acidente. Todos
são frutos do trabalho".
(Editorial publicado na página
2, Opinião, do Correio Popular, em 14 de novembro de 1990).
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