Sunday, July 29, 2018

DIRETO DO ARQUIVO - Quem preserva tem


Quem preserva tem


Pedro J. Bondaczuk


O parque industrial brasileiro desperdiça, a cada ano, em virtude de técnicas e processos de produção inadequados, a exorbitância de Cr$ 4,6 trilhões, que poderiam reverter para toda a sociedade em forma de benefícios vários. Principalmente em artigos mais baratos.

Essa cifra corresponde a 11% do Produto Interno Bruto. Em outras palavras, os bens produzidos pelo nosso parque fabril são caros e de baixa qualidade. Esses dados foram divulgados na semana passada pelo Ministério da Economia, na oportunidade em que o presidente Fernando Collor lançou um novo programa, objetivando capacitar a indústria nacional a se tornar mais eficiente e competitiva.

No mundo contemporâneo, caracterizado pela crescente competição, não cabe mais nenhum empirismo, nenhuma experiência na base da tentativa e erro e assim por diante, até porque os recursos existentes no Planeta são exauríveis e à medida em que beiram a exaustão se tornam mais valiosos, e portanto mais caros.

Afinal, isto está na própria definição da economia. Só o escasso é valioso. E a atividade econômica nada mais é do que a administração da escassez. Do nosso imenso parque fabril, que corre o risco de entrar num acelerado processo de sucateamento, apenas 10% das indústrias que o integram produzem mercadorias com capacidade de concorrer com similares internacionais.

Nisso vai muito de desleixo, de falta absoluta de respeito para com o consumidor. Daí a existência tão curta de muitos empreendimentos. Toda e qualquer atividade produtiva requer esforço, sabedoria, competência, dedicação. Tal empenho deve ser contínuo, acompanhado de periódicas reciclagens, já que a tecnologia é altamente dinâmica. Isto tem um nome: administração. Boa, evidentemente.

O Prêmio Nobel de Economia norte-americano, Paul A. Samuelson, costuma escrever em seus artigos e reiterar em suas palestras e entrevistas uma verdade que o homem de negócios que pretenda ser vencedor precisa sempre ter na cabeça: "O capitalismo não tem mente, não pergunta o que se deve fazer com tal região mais atrasada ou com tal indivíduo menos hábil".

A consequência da incompetência é inexorável. As empresas brasileiras, até por uma questão de sobrevivência, precisam perder a mania de investir no curtíssimo prazo. O caminho óbvio é o investimento em pesquisas, no desenvolvimento contínuo e permanente de novos métodos, novas máquinas, nova mentalidade.

Thomas Alva Edison, o gênio norte-americano, autor de inúmeros inventos, entre os quais a lâmpada incandescente, deu a receita para o sucesso, quando foi indagado a respeito, afirmando: "Nunca fiz nada valioso por acaso, nem nenhuma das minhas invenções surgiu por acidente. Todos são frutos do trabalho".

(Editorial publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 14 de novembro de 1990).


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