Parabéns,
Campinas “do meu andar”…
Pedro
J. Bondaczuk
Campinas,
ao completar, neste julho de 2018,
244 anos de fundação, é uma cidade “jovem”, podemos assim
dizer. Se compararmos
sua idade à de
localidades multimilenares, como Jericó, Damasco, Biblos e Beirute,
entre outras – todas com mais de 10 mil anos de existência –
seria “um bebê”. O que é notável, porém,
é o fato de
que,
em tão pouco tempo, ela
tenha
se tornado essa metrópole gigante, progressista e
vibrante, modelo de desenvolvimento inclusive
para povos tidos e havidos como mais desenvolvidos do que nós. E
tudo isso foi construído por pouco mais do que três gerações de
campineiros!!
É admirável!!!
Pensem
nisso. Pensem quantas etapas tiveram
que ser
queimadas para que Campinas superasse, em todos os parâmetros
possíveis, cidades já nem digo multimilenares, mas
multicentenárias, tanto do Brasil quanto de várias partes do mundo.
Isso
diz muito da operosidade do campineiro. Além
do que,
a
cidade teve que “renascer das cinzas”, em decorrência da
epidemia (na verdade foram seis epidemias em nove anos) de febre
amarela, que em fins do século XIX quase apagou Campinas do mapa.
Mais de três mil campineiros morreram na oportunidade! E essa cifra
só não foi maior, porque muitos dos mais de vinte mil moradores,
que puderam sair daqui,
saíram para outras localidades, reduzindo a população a algo em
torno de cinco mil habitantes, se tanto.
Muitos,
porém, decidiram aqui permanecer, na tentativa de salvar a
cidade da extinção. Entre estes, destacam-se os que se tornaram
mártires dessa empreitada, como Ângelo Simões, José Paulino,
Costa Aguiar e Irmã Serafina, entre um punhado de tantos outros.
Dentre estes, merece especial destaque o sanitarista (fundador do
Instituto Butantã) Emílio Ribas, natural de Pindamonhangaba, pelo
seu desprendimento e suas
peritas
ações.
O
historiador Jorge Alves de Lima trata desse episódio dramático (e
heroico) de Campinas em seu livro “O ovo da serpente”. Destaca,
por exemplo, as duras condições que o sanitarista enfrentou no
combate à doença, ao constatar: “Emílio Ribas tinha dificuldades
de trazer pacientes, porque o hospital era muito perto do cemitério”.
Houve
momento em que os mortos eram tantos, que não se dava conta de
sepultá-los.
A ação desse médico tem que ser destacada, embora
muitos outros se destacaram no combate à febre amarela, por
um motivo principal.
Ele
tinha a convicção, por
exemplo,
de que o transmissor da doença era o mosquito “Aedes Aegypti”,
embora
houvesse ceticismo a respeito.
Para provar sua tese, deixou-se picar por um inseto contaminado. E…
ficou doente.
Jorge
Alves de Lima resume assim
a ousada
atuação de Emílio Ribas: “Ele enfrentou de maneira destemida,
corajosa, foi valente, não abandonou a cidade, contraiu a febre
amarela, escapou e voltou e salvou Campinas”. E
a cidade hoje ai está, vibrante, dinâmica e progressista. Como a
mitológica fênix, portanto, “renasceu das próprias cinzas”.
Caminhando,
hoje, por suas ruas, praças e avenidas, sinto a presença dos
pioneiros fundadores, como o bandeirante Barreto Leme. E dos tantos
heróis que a cidade produziu. Dos que projetaram (e projetam)
Campinas nas artes (como por exemplo Carlos Gomes, José Pancetti e
Guilherme de Almeida, entre tantos outros), nas ciências, nos
esportes, na política, na economia, enfim, na cultura em geral.
Sinto a força, a energia e o espírito de luta que emanam do seu
povo. E faço minhas as palavras do poeta gaúcho Mário Quintana,
que escreveu (para Porto Alegre), estes versos, que cabem como uma
luva para o que sinto em relação a Campinas que tanto amo, ao
ensejo de seu 244º aniversário:
“Quando
eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso
Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)
E talvez de meu repouso...”
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso
Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)
E talvez de meu repouso...”
PARABÉNS,
CAMPINAS, MEU AMOR!!!!!
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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