Thursday, July 05, 2018

DIRETO DO ARQUIVO - Para atender a salários


Para atender a salários


Pedro J. Bondaczuk


A liberação de créditos para atender ao problema dos salários, pela ministra Zélia Cardoso de Mello, veio pelo menos acalmar ânimos e colocar um hiato saudável no relacionamento de empresários e empregados. Os bancos que poderão responder ao empréstimo em questão receberão recursos do Banco Central. Esta foi a maneira encontrada para, pelo menos, solucionar um impasse que vinha ocorrendo no relacionamento empresarial e com os sindicatos. Pelo menos há uma trégua. E doravante poderão ser tomadas medidas que venham a completar o problema salarial, certamente um dos mais complexos da política que se instala agora no País.

De qualquer forma, abriu-se uma válvula que virá ao encontro de interesses recíprocos. Com a instalação do Plano Collor ou Plano Brasil Novo, surgiram, no transcorrer das decisões, casos aparentemente difíceis de solucionar, porém que agora passam a ajustar a máquina oficial na jurisdição, com o acerto das providências do Ministério da Economia. A flexibilidade de interesses precisa ser mantida, desde que dela depende em muito o sucesso ou não do programa oficial. E diante do evento, estamos certos de que tudo é possível dentro do esquema econômico, uma vez que possa haver entendimento e boa vontade entre as partes dos que devem pagar seus trabalhadores e dos que precisam receber seus soldos para a correspondência de suas obrigações comuns.

Aliás, espera-se e confia-se que o governo tenha condições para enfrentar e achar meios de resolver muitas das pendências que, naturalmente, e por decorrência do próprio plano, surgem no entremeio das medidas adotadas pelo governo.

Dentro de um clima que possa manter a ordem pública e as esperanças dos que tremem à perspectiva de um recesso, é óbvio que haverá caminhos que se abram à solução de outros problemas que possam surgir e que fazem parte da própria estrutura das novas regras que admitem acabar com a inflação no Brasil.

Assim, espera-se perfeito entrosamento entre as classes que alimentam interesses comuns e que, como sabemos, visam somente ao bem do povo. Os entreveros podem ser habituais, pois é certo que, afinal, haverá de se encontrar fórmula de pôr as coisas em ordem. Questão de boa vontade. E também de interesse em realizar tudo na melhor paz possível.

O que não se pode aceitar é que oposicionistas que falam no escuro, pretendam torpedear o Plano Brasil Novo, pela sistemática do palavreado sem base. O que membros da esquerda estão promovendo é prova de desinteresse pelo futuro do País e diríamos mesmo de falta de brasilidade, o que, no momento, é absolutamente desnecessário. Gostaríamos e seria aconselhável que os arautos esquerdistas vejam com bons olhos a vontade do governo em acertar nossos destinos.

(Editorial publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 1 de abril de 1990)



Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk

No comments: