Para atender a salários
Pedro
J. Bondaczuk
A liberação de créditos
para atender ao problema dos salários, pela ministra Zélia Cardoso
de Mello, veio pelo menos acalmar ânimos e colocar um hiato saudável
no relacionamento de empresários e empregados. Os bancos que poderão
responder ao empréstimo em questão receberão recursos do Banco
Central. Esta foi a maneira encontrada para, pelo menos, solucionar
um impasse que vinha ocorrendo no relacionamento empresarial e com os
sindicatos. Pelo menos há uma trégua. E doravante poderão ser
tomadas medidas que venham a completar o problema salarial,
certamente um dos mais complexos da política que se instala agora no
País.
De qualquer forma, abriu-se
uma válvula que virá ao encontro de interesses recíprocos. Com a
instalação do Plano Collor ou Plano Brasil Novo, surgiram, no
transcorrer das decisões, casos aparentemente difíceis de
solucionar, porém que agora passam a ajustar a máquina oficial na
jurisdição, com o acerto das providências do Ministério da
Economia. A flexibilidade de interesses precisa ser mantida, desde
que dela depende em muito o sucesso ou não do programa oficial. E
diante do evento, estamos certos de que tudo é possível dentro do
esquema econômico, uma vez que possa haver entendimento e boa
vontade entre as partes dos que devem pagar seus trabalhadores e dos
que precisam receber seus soldos para a correspondência de suas
obrigações comuns.
Aliás, espera-se e confia-se
que o governo tenha condições para enfrentar e achar meios de
resolver muitas das pendências que, naturalmente, e por decorrência
do próprio plano, surgem no entremeio das medidas adotadas pelo
governo.
Dentro de um clima que possa
manter a ordem pública e as esperanças dos que tremem à
perspectiva de um recesso, é óbvio que haverá caminhos que se
abram à solução de outros problemas que possam surgir e que fazem
parte da própria estrutura das novas regras que admitem acabar com a
inflação no Brasil.
Assim, espera-se perfeito
entrosamento entre as classes que alimentam interesses comuns e que,
como sabemos, visam somente ao bem do povo. Os entreveros podem ser
habituais, pois é certo que, afinal, haverá de se encontrar fórmula
de pôr as coisas em ordem. Questão de boa vontade. E também de
interesse em realizar tudo na melhor paz possível.
O que não se pode aceitar é
que oposicionistas que falam no escuro, pretendam torpedear o Plano
Brasil Novo, pela sistemática do palavreado sem base. O que membros
da esquerda estão promovendo é prova de desinteresse pelo futuro do
País e diríamos mesmo de falta de brasilidade, o que, no momento, é
absolutamente desnecessário. Gostaríamos e seria aconselhável que
os arautos esquerdistas vejam com bons olhos a vontade do governo em
acertar nossos destinos.
(Editorial publicado na página
2, Opinião, do Correio Popular, em 1 de abril de 1990)
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