Terremoto financeiro
Pedro J. Bondaczuk
O novo "terremoto
financeiro" que agita a Ásia desde o ano passado, que já
afetou a Tailândia, a Coreia do Sul e a Indonésia (os chamados
"tigres asiáticos") e em menor medida abalou a China,
atinge desta vez um "peso pesado" da economia mundial: o
Japão. A crise mostra, entre outras coisas, a fragilidade da atual
política econômica brasileira, na era da dita "globalização".
É grande demais a nossa dependência de moedas fortes, em
decorrência da chamada "âncora cambial"! E isso é
assustador!
Boa parte das reservas em
dólar do País é constituída do chamado capital volátil, isto é,
especulativo, que fica no nosso mercado financeiro muitas vezes por
um único dia, de grupos estrangeiros que apenas buscam o máximo de
lucro, às custas das absurdas taxas de juros praticadas no Brasil.
A crise asiática, ao que tudo
indica, ainda terá muitos e imprevisíveis desdobramentos. E embora
o Planalto assegure que o País está a salvo de uma fuga em massa de
capitais, os frios números demonstram o contrário. Por exemplo,
apenas nos 12 primeiros dias de junho, o volume de saídas chegou a
US$ 1,2 bilhão, o que representa quase o total registrado em todo o
mês de maio (US$ 1,3 bilhão).
Diante de tamanha
instabilidade, resta ao brasileiro torcer, não somente pelo sucesso
da seleção nos campos da França, mas sobretudo para que o pior já
tenha passado na Ásia (o que não parece, infelizmente, ser o caso)
e voltemos a ter um "céu de brigadeiro" na economia.
(Editorial número dois,
publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 17 de junho
de 1998).
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