Wednesday, April 29, 2015

De acordo com Programa de População da ONU, nascem, atualmente, em média, três bebês por segundo no Planeta. Descontando os indivíduos que morrem – por doenças, assassinatos, acidentes, guerras, fome ou velhice – a espaçonave Terra ganha, diariamente, cerca de 250 mil passageiros. E isso ocorre, notadamente, em países paupérrimos, inviáveis, do ponto de vista econômico, de tão pobres que são.  Não precisa ser nenhum gênio para concluir que um dia o limite de pessoas será atingido, se é que já não foi. Afinal, o Planeta não é elástico, não estica, não amplia automaticamente seu território. O trágico é que 90% desse crescimento populacional ocorre onde a prudência manda que se limite a natalidade. Ou seja, nas regiões mais pobres do mundo, o que só multiplica a miséria, a fome, as doenças, os conflitos sociais e a violência.

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Dolorosa tentativa de reconciliação


Pedro J. Bondaczuk


O processo de pacificação nacional no Líbano continua penoso e instável, embora muitos passos tenham sido dados rumo à reconciliação, pelo gabinete de Rachid Karami. Beirute, por exemplo, está, virtualmente, sob o controle do Exército, o aeroporto da capital funciona outra vez, tanto para pousos quanto para decolagens e a Linha Verde, que dividia a zona urbana em duas virtuais e distintas cidades (a parte Leste, dos cristãos, e a Oeste, de predominância muçulmana), já não mais existe.

Entretanto, ao que parece, ainda há muita brasa ardendo sob as cinzas, como demonstra o incidente ocorrido ontem, no bairro de Basta. Atentados, como este, podem pôr a perder todo um trabalho lento, paciente, de refinada diplomacia, como este, conduzido pelo hábil político Karami. O passo dado, em Beirute, para a reconciliação nacional, embora expressivo, ainda é muito pequeno. Um quase nada.

Sob intensa expectativa e uma vacilante esperança, no sábado da próxima semana, dia 18 de agosto, o governo libanês tentará avançar mais alguns centímetros, penosos, sofridos, rumo ao restabelecimento da ordem no país.

O Exército, agora revigorado e com o moral alto, após o sucesso da operação em Beirute, tentará ocupar as problemáticas Montanhas Chuf, que circundam a capital, com o objetivo de pacificar duas das dezessete milícias rivais libanesas: as drusas e as cristãs maronitas.

Mas é necessário que haja boa vontade, não apenas de Karami, de Gemayel e de outros líderes, que sonham com uma sociedade reestruturada, onde a lei e a ordem voltem a imperar. É preciso que todos desarmem os espíritos, arregacem as mangas e caiam em si, atentando para a dura realidade do país.

Uma família desunida nunca pode prosperar. Da mesma forma, ocorre com uma comunidade nacional, que não passa de uma macro-família, ligada por laços comuns, de língua, do território e das tradições.

O que aconteceu ao Líbano, nesses penosos nove anos de guerra civil, deve servir de exemplo, e de alerta, a outros países. Exemplo de como a intolerância pode prosperar quando se dá ouvidos a extremistas, internos e externos. Alerta para as conseqüências desastrosas que o ódio, a insânia e as ações ao arrepio das leis podem trazer em termos de perda de vidas e de bens. Por isso, nunca é demais a aplicação do surrado clichê, que por vir do povo, cristaliza uma grande sabedoria: “É sempre preferível um mau acordo do que uma boa demanda”.     

(Artigo publicado na página 10, Internacional, do Correio Popular, em 10 de agosto de 1984)


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Considerações em torno da amizade

Pedro J. Bondaczuk

A amizade é um sentimento que sempre me intrigou. Venho, há anos, tentando racionalizá-la, na condição   de estudioso do comportamento, buscar suas raízes, pesquisar as causas que a materializam e a concretizam e quanto mais me aprofundo, mais atônito fico. Inúmeras pessoas são céticas a esse propósito. Não acreditam que dois indivíduos, diferentes em tudo (em gostos, idéias, visões de vida etc.etc.etc.) possam ser amigos, de maneira desinteressada, sem que um pense em levar algum tipo de vantagem sobre o outro, ou que ambos tenham essa intenção. Tenho pena de quem pensa assim. Esses dificilmente manterão, algum dia, amizade com alguém, seja lá quem for, dada sua patológica desconfiança. Não têm noção do que perdem. Há muita gente que age e que pensa dessa maneira. Que acha que a amizade só surge da necessidade de quem as ajude em alguma coisa ou lhes dê alguma espécie de lucro. Encaram todos como potenciais concorrentes, como possíveis adversários, quando não como inimigos. E tornam-se infelizes, amargos e... perdedores.

A história registra amizades notáveis, sólidas, a salvo de abalos e de crises, indestrutíveis, que superaram testes e conflitos que poderiam arruiná-las, por terem arruinado muitas outras semelhantes, e sobreviveram. E não somente isso: cresceram, se fortaleceram e se consolidaram. A Bíblia nos relata um desses casos: o de Davi e Jonatas, relatado, em detalhes, no livro de I Samuel. Como não sou teólogo, recorro a um especialista na matéria, no caso o Reverendo Welerson Alves Duarte (como poderia ser outro, não importa de que denominação cristã) para esclarecer esse episódio. O referido clérigo classificou essa profunda ligação afetiva entre pessoas com biografias e interesses tão heterogêneos e díspares (potencialmente conflitantes), como uma “aliança de amor” Por ela, uma das partes abriu mão até mesmo de um reino, no caso o de Israel, em favor do amigo, sem se aborrecer e nem vacilar em momento algum.

Explico para os que não são familiarizados com textos bíblicos. Jonatas era filho de Saul, o primeiro rei israelita. Este ascendeu ao trono quando este povo, até então nômade, mal começava a se organizar politicamente como Estado, ou mais especificamente, como nação. Jonatas era, portanto, herdeiro natural do trono, como o primogênito do monarca. Ocorre que Davi, que não fazia parte da família real, era tido e havido pelos juízes e profetas como o escolhido por Deus para conduzir os destinos de Israel. Qual seria a reação natural e humana do sucessor do trono, mesmo ligado por sentimento de profunda amizade pelo “rival” (que é o que Davi era), ao tomar ciência dessa circunstância? Seria, sem dúvida, o de defesa dos próprios interesses. Não é o que você faria, caro leitor? É o que qualquer pessoa faria.

Essa amizade seria cercada de desconfiança. A parte aparentemente prejudicada acreditaria que o amigo, de alguma forma, simularia tal sentimento exclusivamente por interesse, agindo de forma a apunhalá-lo pelas costas. Qualquer um que não confiasse cegamente no amigo agiria assim. Saul agiu, vendo nessa amizade (em cuja sinceridade não conseguia acreditar) como mero ato de oportunismo para usurpar a coroa que deveria caber ao filho. Tanto que chegou, até, a tentar matar Davi. Mas Jonatas... não pensou assim. Confiou, até o fim, no amigo, sem questionar suas intenções e nem desconfiar delas. Pagou, por isso, o preço da perda do trono e nem assim se indispôs contra Davi. .

Concordo com a conclusão do Reverendo Walerson, após analisar esse episódio bíblico: “Amigo é aquele com quem podemos ser nós mesmos. Ser nós mesmos implica uma apresentação sem reservas e espontânea de si mesmo, sem o autocontrole exigido pelas regras da polidez. Li certa vez que amigo é aquele com quem se pode pensar alto”. E não é?!! Davi e Jonatas pensaram alto. E não se espantaram com o pensamento um do outro. Tenho minhas dúvidas se nos dias atuais uma amizade, por mais sólida e sincera que seja, resistiria às circunstâncias que a descrita na Bíblia resistiu. Não garanto que não, mas não tenho tanta fé assim em sua resistência. Há muitas formas de identificarmos amigos potenciais, antes mesmo que venhamos a conhecê-los em profundidade. Uma, por exemplo, é certa identidade de sentimentos, idéias e comportamentos, que nos conduzem a uma instintiva empatia em relação a determinada pessoa.

O escritor Carol S. Lewis sugere maneira mais simples e direta desse reconhecimento. O autor de “Alice no país das maravilhas” afirma: “A amizade nasce no momento em que uma pessoa diz para outra: ‘O quê? Você também? Pensei que eu fosse o único!’”. Claro que há outras formas de identificação, até porque, nem sempre é necessário (ou pelo menos não é indispensável) que uma pessoa pense e sinta exatamente como nós pensamos e sentimos para privar da nossa amizade. Esta, no entanto, é a forma mais comum, e também a mais segura, para o reconhecimento de um amigo em potencial. E também, é mister ressaltar, para reconhecer algum inimigo que seja, se não um perigo para nós, pelo menos grande incômodo.

Vocês já notaram como há pessoas que nos despertam instintiva antipatia, sem que tenhamos convivido com elas e sequer trocado palavras, apenas pela observação delas à distância? Não afirmo que sejam inimigos potenciais (às vezes nem são), mas raramente conseguimos estabelecer relação de amizade com elas. Por que isso acontece? Nunca consegui entender. Aspiramos ser reconhecidos por nossos méritos, mesmo que estes sejam ínfimos e, se possível, não apenas valorizados, mas até estimados por eles. Nada no mundo pode ser mais gratificante do que o fato de sermos considerados “preciosos” (se possível indispensáveis) para alguém. Esta é, no meu entender, a verdadeira grandeza pela qual vale a pena lutar.

Para tanto, porém, é necessário que conservemos a inocência das crianças. Ser inocente, ressalte-se, não é ser ingênuo como muitos podem pensar, mas jamais agir com malícia e com segundas intenções em relação a ninguém. Em vez de eventual deficiência, ela é, na verdade, a mais clara manifestação de sabedoria. Eduardo Sá escreveu: “Ser inocente é ter um olhar longo e aberto... É estar, ombro a ombro, com todo o universo e ser grande, ter brilho e voz (e vida) só porque se é precioso para alguém... Talvez por isso, só os sábios sejam inocentes”. Afinal, são seres preciosos para o mundo por aquilo que são, sem máscaras, enganos, subterfúgios ou exageros, e não pelo que eventualmente têm. Por isso, consideramo-los “amigos”, mesmo que nunca os tenhamos conhecido pessoalmente e que tenham, até mesmo, morrido décadas, séculos ou milênios antes do nosso nascimento. É estranho, estranhíssimo, esse sentimento da amizade no qual, no entanto, creio sem reservas e ao qual estou disposto a me entregar sem reservas, de coração, corpo e alma.


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Tuesday, April 28, 2015

Há ocorrências que não são casuais, frutos de cuidadoso planejamento, que redundam no resultado pretendido e por isso esperado. É quando o acaso deixa de se manifestar. Ou melhor, pode deixar, como também pode não deixar. Até nessas circunstâncias temos que torcer para que ele não se manifeste e não venha a arruinar e anular todos os bem urdidos planos que fizermos. Qual a probabilidade de, ao você lançar um dado que não seja viciado, digamos cinco vezes, conseguir o número seis em todas elas? Baixa, não é mesmo? Baixíssima! Quase beirando a zero. E, no entanto, em determinado dia, sem essa ou mais aquela, sem estratégia específica e principalmente sem explicação, você consegue essa façanha. É provável que você tente, e tente e tente isso novamente e pelo resto da sua vida nunca consiga. Mas é possível (embora a possibilidade seja ínfima, ou infimíssima ou um superlativo qualquer até muito mais intenso) e logre obter de novo, duas vezes seguidas, o número seis em cinco jogadas. Não há, claro, nenhuma lógica. E se houvesse deixaria de ser acaso.

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Papel da ONU é contraditório


Pedro J. Bondaczuk


O aspecto feio e brutal da guerra do Golfo Pérsico começou a vir à tona desde ontem, quando milhares de telespectadores puderam ver na televisão (e os leitores, em fotos de jornais) a exibição dos prisioneiros das forças aliadas, exibidos, machucados, amedrontados e humilhados, pelo presidente iraquiano Saddam Hussein ao mundo.

Foi uma volta à realidade para aqueles que estavam encarando o confronto como mero espetáculo pirotécnico. Como um simples show televisivo. Como mera opção ao Rock in Rio. Que entendiam que Saddam Hussein iria entregar os pontos após uma única batalha (embora tenha sido a mais feroz, de caráter aéreo, de que se tem notícia até aqui.

Todavia, cada vez mais está ficando claro que a guerra mal está começando. E ela vai Ter com certeza um desfile de horrores, parte considerável da qual apenas os historiadores do futuro tomarão conhecimento e, mesmo assim, na versão do ganhador, em virtude da censura imposta ao noticiário. É como diz o adágio popular: “Aos perdedores, as batatas”.

Entendemos, como grandes líderes mundiais, do porte do papa João Paulo II, ressaltaram que não foram esgotadas todas as possibilidades para uma solução pacífica do conflito. Por exemplo, as sanções econômicas poderiam ser efetivas, desde que se desse mais tempo para que elas funcionassem. Não se deu.

Optou-se pelo recurso insensato das armas. Lamentável, foi o papel das Nações Unidas nisso tudo. Organismo criado com o objetivo básico de promover a paz e a concórdia entre os povos, no entanto a ONU é a patrocinadora da confrontação militar, a antítese do objetivo maior que fundamentou a sua criação.

Mais uma vez a organização agiu com um peso e duas medidas. Não mediu as conseqüências dessa guerra em termos de estabilidade regional. Montou uma bomba de tempo que fatalmente explodirá um dia.

Ademais, muita gente pergunta, e não sem razão, por que a entidade não atuou com rigor idêntico, por exemplo, contra a China, que em 1959 simplesmente varreu do mapa o reino teocrático do Tibete? Qual o sentimento dos tibetanos diante da postura atual da ONU na crise do Golfo Pérsico?

Não estariam se perguntando por que não foram defendidos com o mesmo vigor, a mesma energia, idêntica determinação? Mas esse pequeno país anexado, situado no chamado “Teto do Mundo”, não dispõe de petróleo. Não tem instalado ali nenhum empreendimento multinacional de porte. Não interessa a ninguém, a não ser ao seu próprio povo, violentado de forma tão brutal pelos chineses, com a complacência dos que hoje rilham os dentes contra o truculento ditador do Iraque.

A guerra seria aceitável – e ainda mais patrocinada pela ONU – se fosse contra a miséria crescente de dois terços da humanidade. Se fosse contra o analfabetismo, que afeta um bilhão de seres humanos. Se fosse contra a intolerância, que ao invés de ser combatida, ganhou espaços incríveis nas principais mídias mundiais. Só que o preço da violência nunca é barato. E todos, inocentes e pecadores, terão fatalmente de pagá-lo um dia.

(Artigo publicado na página 14, A Guerra no Golfo, do Correio Popular, em 23 de janeiro de 1991).


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Vantagens e riscos da comunicação

Pedro J. Bondaczuk

A comunicação é essencial para uma vida em comunidade que seja segura, produtiva e minimamente civilizada. Imaginem como seríamos caso fôssemos impossibilitados de nos comunicar. O homem é o único animal da natureza que desenvolveu meios para tal. Aprendeu como transmitir o que sente, o que quer e o que pensa. E não somente isso. Também (e principalmente) comunica o que aprende a terceiros, para que esse aprendizado não se perca, para que estes aprendam também e que, por sua vez ensinem a outros, em processo interminável e evolutivo. É o que chamo de “círculo-virtuoso” do conhecimento.  Esta é a maior característica da inteligência humana. O homem não só entende onde está e tudo o que o cerca, mas comunica aos semelhantes esse entendimento. É por acreditar na importância e na eficácia da comunicação que fiz dessa atividade opção de vida.

Para comunicarem-se, os homens desenvolveram um sistema de símbolos – primeiro sonoros e, posteriormente gráficos – para que pudéssemos dar conta do que pensamos, sentimos, queremos (ou repudiamos, quando o caso) etc.etc.etc. É o que conhecemos como “palavra”. Quando menciono comunicação, não me refiro, somente, à das mídias impressa e eletrônica, por exemplo, fenômeno relativamente recente, de uns três ou quatro séculos, se tanto que, todavia, por suas características, é impessoal, embora importantíssima. Refiro-me, sobretudo, à conversa, cara a cara, entre pessoas com experiências e informações a permutar e que de fato as permutam. Esse tipo de comunicação, que estava a pique de desaparecer, está sendo relativamente recuperado, com o advento das redes sociais.
É certo que estas têm, ainda, muitas falhas e são utilizadas de forma imprópria e inconveniente por várias e várias pessoas. A falha não está no veículo, mas em quem o utiliza inadequadamente. Por isso, a tendência geral é a de achar que as redes sociais estão longe de reproduzir uma boa conversa, a coloquial e do olho no olho. Bem, pelo menos é melhor do que a ausência completa de contato com dezenas, centenas, quiçá com milhares de pessoas que não sejam nem de nosso círculo familiar e nem do âmbito do trabalho, escola etc. com as quais somos induzidos a nos comunicar com certa frequência.

O que noto nesses contatos todos é a prevalência do negativo. Aliás, nesse aspecto, as redes sociais são uma cópia, e muito mal feita, do comportamento da imprensa formal. Esta confere espaço desmedido e ilimitado a bandidos violentos, a políticos corruptos e a indivíduos egoístas e maldosos, entre outros, enquanto os bons, os construtivos, os solidários e idealistas são ignorados, ou quase. Não defendo, óbvio, a alienação. Mas a lógica diz que deveria haver uma divisão inteligente e justa entre as informações negativas, de coisas ruins que realmente acontecem e devem ser informadas, para nos prevenirmos contra elas e as boas, que são tantas, mas que parecem serem ínfimas, pois poucos tomam conhecimento delas.

Tentarei explicar. Uma propaganda (muito bem feita, por sinal) para uma vida de melhor qualidade, que foi veiculada pela televisão, se não me engano em 2002, foi a do Açúcar União. O anúncio dava uma “receita” inteligente e bem-humorada para se viver 200 anos. Claro que tamanha longevidade é exagerada. Mas que vai melhorar a “qualidade de vida” de quem a adotar, disso não resta dúvida. Entre as recomendações do anúncio estão, por exemplo: “não levarmos nada muito a sério; rirmos mais, especialmente de nós mesmos; abraçarmos mais aos que gostamos; nos entregarmos mais vezes às pequenas, porém relevantes sensações (físicas e emocionais); nos apaixonarmos mais vezes, mesmo que seja sempre pela mesma pessoa” etc.etc.etc. Isto é,  devemos viver plenamente o presente, já que não sabemos qual será nosso amanhã, sem nos descuidarmos do futuro, prevenindo-nos, na medida do possível, dos potenciais percalços ditados pelo acaso. Há quem siga essa receita? Estou convicto que há. E por que a mídia não noticia? Por que não tem violência e sangue?

No jornalismo é bastante comum se afirmar que atos positivos, em que ressaltem os melhores aspectos morais e emocionais do homem, "não dão Ibope". Ou seja, não interessam aos leitores. Será? Alguém já fez pesquisa a respeito? Se fez, desconheço-a. As boas notícias deveriam interessar a todos. De tanto lerem e ouvirem notícias referentes á violência, à corrupção e à criminalidade, as pessoas findam por se alienar da realidade. Em suas cabeças, apenas o mal passa a ser soberano no mundo, como se só ele existisse, o que está longe de ser verdade. Com isso, até subconscientemente, tendem a imitar os atos ruins ou, no mínimo, a fazerem vistas grossas a eles, achando que sejam “normais”. Claro que não são!

O escritor português José Saramago, ganhador de um Prêmio Nobel de Literatura, escreveu: "As pessoas começam por ceder nas pequenas coisas e acabam por perder o sentido da vida". E perdem mesmo... Em vez de ignorarmos os maus exemplos ou, pior, de imitá-los, atentemos para as atitudes positivas e ajamos sempre assim, construindo, em vez de destruir. Não nos deixemos levar pela tentação de seguir a correnteza poluída e negativa. A comunicação existe para construir, não para disseminar, mesmo que a intenção não seja esta (e estou seguro que não é), ódio, violência, desgraças e horror.  Apostemos na bondade, no positivo, no construtivo e no eficaz. Este é o caminho da felicidade, objetivo de todas as pessoas inteligentes e de bom senso!

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Monday, April 27, 2015

O acaso pode, em um reles segundo, alterar nossa vida para sempre, para melhor ou para pior, sem que possamos fazer coisa alguma para ajudá-lo, no primeiro caso, ou evitá-lo no segundo. É o imprevisível, o fortuito, o ocasional. Caso pudesse ser previsto ou prevenido, perderia sua característica. Não seria “acaso”. É como se estivéssemos jogando, continuamente, uma roleta-russa, sem que sequer soubéssemos disso. Muitos negam não apenas seu poder, mas sua existência. Quem nunca ouviu dizer que “nada no mundo acontece por acaso”?. Engano de quem pensa assim. Não chegaria a tal exagero, mas poderia substituir, pelo menos em parte considerável do que nos ocorre, o tal do “nada”, por seu antônimo, ou seja, o inclusivo “tudo”.


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Convenção sem grandes emoções


Pedro J. Bondaczuk


A convenção nacional do Partido Republicano dos Estados Unidos, encerrada, ontem, em Nova Orleans, apresentou muito menos emoção do que a democrata, levada a efeito no mês passado, em Atlanta, na Geórgia. O único momento realmente de grandeza, que sensibilizou os observadores políticos, foi a abertura do encontro partidário, com o discurso do presidente Ronald Reagan.

E nem tanto pelo teor do seu pronunciamento, que foi aquele que todos esperavam, com ênfase naquilo que o mandatário entende como sendo seus principais sucessos e com duras críticas às administrações anteriores da oposição, para ele, todas “desastrosas”, o que é um tanto simplista. No mais, a convenção foi de uma monotonia a toda a prova.

É certo que em termos de eleições, principalmente nos Estados Unidos, onde o candidato eleito vai ocupar o cargo de maior poder no mundo, não são essas reuniões partidárias que contam. Muito dinheiro rola durante a campanha. A opinião pública não somente é sondada a toda hora, mas também manipulada pelos maiores especialistas em propaganda que se conhece.

E nem todos que opinam, votam, já que o voto, nos EUA, não é obrigatório. Mas se fôssemos julgar pelo entusiasmo, pelo ímpeto das respectivas campanhas, diríamos que os democratas, desta vez, estão com “jeito de vencedores”.

Nós mesmos já mencionamos, inúmeras vezes, neste espaço, que o trunfo dos republicanos, a sua “grande cartada”, é o carisma de Reagan. Mas é mister que se frise e se repita que em política, prestígio é algo pessoal, que não se transfere.

Muitos candidatos de governos, confiantes na boa gestão e na popularidade dos que estavam no poder e apoiavam suas candidaturas, tiveram o dissabor de aprender isso na prática, na própria carne, em inúmeras ocasiões e lugares. Convenhamos, Bush não é nenhum fenômeno de comunicação. Muito pelo contrário, é até um tanto apático. No aspecto de domínio de uma platéia, perde, e disparadamente, para Michael Dukakis.

Comenta-se, amiúde, que “todos” os norte-americanos são ricos. Que após a administração Reagan, o grande “problema” desse povo é não ter problemas. Mas a coisa não é bem assim. Muita gente ganhou dinheiro como nunca durante os oito anos da atual administração, não há como negar.

Mas sempre que alguém ganha, necessariamente alguém também perdeu. E muita, mas muita gente mesmo empobreceu como nunca neste período nos Estados Unidos. Tais pessoa estariam dispostas a repetir a experiência? Votariam, de novo, num republicano?

A verdade é que a campanha está totalmente indefinida. Quem souber trabalhar melhor o eleitorado, principalmente em cima das falhas do adversário, deverá ser o vencedor. Só que Dukakis, ao contrário de Jimmy Carter, em 1980, e de Walter Mondale, em 1984, agora é a “pedra” e não a “vidraça”, papel que acabou sobrando para Bush.

(Artigo publicado na página 10, Internacional, do Correio Popular, em 19 de agosto de 1988).


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A nossa vez e nossa voz

Pedro J. Bondaczuk

A arte – toda arte, qualquer arte – é uma das maiores, se não a maior manifestação de inteligência. Não conseguimos criar coisa alguma, está claro, se antes não entendermos o significado do que pretendemos produzir, às vezes partindo de uma idéia esparsa, colhida ao acaso e, não raro, de simples fragmento dela, aparentemente incoerente. Quando a produzimos, pouco nos importa o valor material do produto artístico. A maioria de nossas criações pode, até, não valer nada materialmente, não ter qualquer serventia para ninguém, exceto a contemplação do belo. Mas isso é pouco? Não! Jamais!  Criar, seja o que for, também é descobrir. É, sobretudo, ousar. É ter coragem para aceitar o risco do ridículo. É desafiar o sistema vigente com alguma novidade. É enriquecer o patrimônio da própria humanidade. É ser original. É colher frutos desse supremo ato com humildade.

O norte-americano Michael Drury diz o seguinte a respeito: "A grande verdade, a verdade transformadora, é que ser criativo constitui uma descoberta – a descoberta de nós mesmos, de nossa maneira própria de reagir diante da vida. E descoberta é aquilo que ninguém sabia antes. É algo que se faz só, como nascer ou morrer". O lado melhor disso tudo não é, reitero, o prático, o material. É a satisfação íntima advinda da certeza de que fizemos o que gostamos e nos sentimos realizados com isso, sem nos importarmos se os outros vão ou não valorizar o que fizemos. E isso importa? Para mim não. E creio que a resposta será a mesma da parte de qualquer artista criativo e competente. O que conta é a descoberta acompanhada de revelação: de nós mesmos.

Vamos conversar um pouco a respeito? Não estranhem se esse meu monólogo lhes parecer um tanto maluco, digamos, incoerente. Provavelmente será. Papo entre amigos às vezes é assim. Muda de assunto sem aviso prévio e os interlocutores sequer estranham. A arte precisa ser instintiva, natural, selvagem. É a única forma de sermos autênticos sem causar estranheza. É nossa carta de alforria, a absoluta e irrestrita liberdade de expressão.. Ninguém é forçado a ser artista: músico, escritor, pintor, escultor, poeta... É uma escolha pessoal e intransferível, questão de vocação, gosto, competência, talento ou sabe-se lá mais o quê.. Ou se é ou não se é artista. Não existe meio-termo. Não existe o “meio artista”. Fazer arte é o modo que cada pessoa dispõe para ser livre, para impor a personalidade, para deixar marca no mundo. A aceitação ou não do que o artista produzir vai depender de critérios subjetivos de apreciação e avaliação dos destinatários. Mas a arte não comporta interferências e nem censuras.

A liberdade de escolha do artista tem que ser respeitada e irrestrita. Só a ele cabe decidir sobre o que, quando, como e onde criar. Pois a arte, insisto e reitero, é nossa carta de alforria. É nosso "DNA". É nosso ser. É nossa vez. É nossa voz... e não raro única... Não podemos, todavia, nos fiar, apenas, na inteligência no processo criativo. Ela ajuda, não há dúvidas (o sujeito burro praticamente não tem nenhuma chance de sucesso, como destaquei dia desses), mas sozinha é inerme. Precisa do auxílio da sensibilidade. Requer o acréscimo da emoção. Sem esquecer jamais a irrestrita liberdade no ato de criar. A vida, com seus mistérios, oportunidades e armadilhas, tende a ser nosso modelo de arte. Temos que acreditar nela e buscar seus aspectos positivos e mais nobres, como beleza, grandeza e transcendência.

O desencanto que se apossa da maioria das pessoas, nestes tempos loucos de insensatez e de violência, é tão grande, que pequenos (mas de maiúsculo significado) gestos de bondade e de solidariedade, que se praticam no dia-a-dia (e que não são poucos), que não deixam de ser obras de arte vivas, passam despercebidos.  Ou são ignorados, quando divulgados publicamente. Ou são, na melhor das hipóteses, logo depreciados. Não podemos, porém, nos importar com esse tipo de opinião. Devemos agir com bondade, grandeza, solidariedade e espontaneamente, sempre dispostos a ajudar quem precise, sem outra distinção senão essa necessidade.

As amizades – as irrestritas, espontâneas e desinteressadas como todas deveriam ser – são fartas fontes de inspiração para obras de arte. Li, nestes anos todos em que convivo com artes e artistas, inúmeros poemas, contos, crônicas e romances em torno do tema. Claro que se trata de assunto delicado, não muito fácil de se lidar com competência. Não o recomendo aos imperitos, aos pessimistas e aos mau humorados. Eles não saberão explorá-lo com grandeza, beleza e credibilidade necessárias. Se não acreditarem na sua existência (cansei de ouvir o desabafo de que “amigos são apenas nossos dentes e olhe lá”), tudo o que escreverem a respeito soará falso, deficiente e piegas. Não canso de reproduzir o apelo, em tom de desabafo, de Vinícius de Moraes, quando soube da morte de um amigo. Escreveu: "Ah, meus amigos, não vos deixeis morrer assim. Ide ver vossos clínicos, vossos analistas, vossos macumbeiros, e tomai sol, tomai vento, tomai tento, amigos meus... Amai em tempo integral, nunca sacrificando ao exercício de outros deveres este sagrado, do amor. Amai e bebei uísque. Não digo que bebais em quantidades federais, mas quatro, cinco uísques por dia nunca fizeram mal a ninguém. Amai, porque nada melhor para a saúde que um amor correspondido. Mas, sobretudo, não morrais, amigos meus".

A experiência me diz que o melhor termômetro para medir a temperatura de um afeto é o temor de perder a pessoa a quem é voltado. Isso vale tanto para o amor, quanto para as amizades. Quanto mais tememos perder a companhia de uma pessoa, mais afeiçoados estamos a ela. Faço meu o apelo de Vinicius aos meus amigos, a você que participa desse papo informal e um tanto amalucado, que tanto prezo (mesmo sem conhecê-lo pessoalmente) e que não admito perder. Pena que o poetinha não seguiu a própria receita. Um dia, inesperadamente, sem nenhum aviso, nos deixou. Seu coração, grandioso, fonte da sua criatividade, não resistiu a tanto acúmulo de ternura. Simplesmente explodiu!

Antes de encerrar este papo descontraído (e amalucado, reitero, sem constrangimento), deixo-lhe, caro interlocutor, derradeira recomendação. Tenha cautela com informações e, principalmente, com imagens com as quais alimenta, diariamente, seu espírito. Nosso subconsciente não é seletivo, como é o consciente. Não estabelece filtragem de valores, separando o bem do mal. Grava tudo, absolutamente tudo o que vemos, ouvimos e sentimos. Caso, na vida cotidiana, nos fartemos de imagens de atos de degradação e de destruição alheios, através do noticiário, do cinema e da televisão, corremos o risco do nosso subconsciente incrementar nossa instintiva agressividade individual e interferir, para pior, em nossa personalidade.

Queiram ou não, as cenas terríveis, mostradas por determinados filmes, se constituem, de fato, numa aprendizagem da crueldade. Subconscientemente, podemos ser incitados à imitação e nos tornarmos, à nossa revelia, pessoas violentas e destrutivas. O sociólogo francês, Philipe Saint-Marc, faz a seguinte advertência a respeito: “Não existe uma substituição da agressividade individual, mas a aprendizagem da crueldade, o incitamento à imitação, à reprodução na vida cotidiana de atos de degradação ou de destruição que excitaram a imaginação do espectador”. Portanto, cautela! Mas não seja parcimonioso, econômico ou moderado no ato de criar. Crie, crie e crie a não mais poder. Porquanto a arte é uma das maiores, se não a maior, manifestação de inteligência. E você é inteligente, ora pois...


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Sunday, April 26, 2015

Ao nascermos, salvo exceções, somos fonte inesgotável de esperanças para os pais e a sociedade. Boa parte das pessoas, porém, frustra tais expectativas. De quem se esperava, por exemplo, um trabalhador, emerge um vagabundo. Quem se achava que viesse a ser protótipo de bondade, gentileza e solidariedade, se transforma em um marginal, ou viciado, ou um indivíduo violento e mesquinho e assim por diante. Dificilmente o meio e, principalmente, o fim, correspondem à alegria, entusiasmo e esperanças do começo. Essas reflexões vêm a propósito de uma afirmação do escritor italiano Cesare Pavese em um de seus tantos textos, em que declara: “A única alegria no mundo é começar. É bom viver porque viver é começar sempre, a cada instante”. E não tem razão o ilustre companheiro de letras? Viva a vida!!!


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Livros que recomendo:

“Balbúrdia Literária” José Paulo Lanyi – Contato: jplanyi@gmail.com
“A Passagem dos Cometas” – Edir Araújo – Contato: edir-araujo@hotmail.com
“Aprendizagem pelo Avesso”Quinita Ribeiro Sampaio – Contato: ponteseditores@ponteseditores.com.br
“Um dia como outro qualquer” – Fernando Yanmar Narciso.  

O que comprar:

Cronos e Narciso (crônicas, Editora Barauna, 110 páginas) – “Nessa época do eterno presente, em que tudo é reduzido à exaustão dos momentos, este livro de Pedro J. Bondaczuk reaviva a fome de transcendência! (Nei Duclós, escritor e jornalista).Preço: R$ 23,90.

Lance fatal (contos, Editora Barauna, 73 páginas) – Um lance, uma única e solitária jogada, pode decidir uma partida e até um campeonato, uma Copa do Mundo. Assim como no jogo – seja de futebol ou de qualquer outro esporte – uma determinada ação, dependendo das circunstâncias, decide uma vida. Esta é a mensagem implícita nos quatro instigantes contos de Pedro J. Bondaczuk neste pequeno grande livro.Preço: R$ 20,90.

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Vexame frente ao Japão


Pedro J. Bondaczuk


A seleção brasileira masculina de futebol, que chegou aos Estados Unidos com aura de imbatível – condição essa que foi reforçada após a vitória sobre o combinado do resto do mundo, na verdade um "catado" de grandes craques, uma semana antes do início das Olimpíadas – teve algumas lições amargas de humildade. Se aprendeu ou não, vamos todos conferir nesta semana. A maior de todas foi a derrota para a ingênua e primária equipe do Japão. Um vexame.

Mas não foi a única lição. Os sobressaltos experimentados contra a Hungria, Nigéria e Gana, principalmente neste último caso, devem ter servido como alerta de que o jogo se ganha é no campo e nunca na véspera. Seja qual for o adversário, é preciso que a equipe sue a camisa e que cada atleta faça o melhor, tendo em vista o sucesso do grupo, já que se trata de um esporte coletivo.

Uma vacilada, como a do final do primeiro tempo e início do segundo na partida de ontem, pode pôr todo um trabalho de dois anos a perder. A expectativa da torcida, que ainda acredita na medalha de ouro, pela qualidade dos jogadores que integram essa seleção – embora boa parte ainda esteja devendo uma apresentação pelo menos razoável, como são os casos de Dida, Aldair, Juninho, Rivaldo e até de Bebeto apesar dos seus gols – é que as lições tenham sido de fato aprendidas.

A Nigéria, pelo que todos puderam ver, não é nenhum "bicho papão". Sequer é a atual campeã da Copa da África, título esse que é ostentado pelo futebol sul-africano. Mas se o Brasil der espaço, pode, em um lance fortuito, deixar o "time dos sonhos" (que nestes Jogos Olímpicos esteve mais para ser o "dos pesadelos") de fora da grande final contra Argentina ou Portugal.

Passado mais esse obstáculo, amanhã, só vai faltar mais um pequeno passo para que o tetracampeão mundial conquiste o único título que ainda lhe falta em sua brilhante trajetória: a medalha de ouro de uma Olimpíada.

A proximidade do objetivo, todavia, não é motivo para que se baixe a guarda, embora também não seja para pânico. Que se deixe o "já ganhou" no hotel. Haverá tempo de sobra para as comemorações se o sucesso de fato vier, como se espera. O momento é de concentração, de união, de pensamento positivo e, sobretudo, de mostrar a competência que esse grupo – provável time, com uma mudança ou outra, da Copa do Mundo de 1998 na França – sem dúvida tem sobra. Mas que ainda precisa mostrar em campo.

(Artigo publicado no Caderno de Esportes do Correio Popular em 29 de julho de 1996)


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