Produtividade
vence crises
Pedro J. Bondaczuk
O País está sendo submetido a um duro tratamento da
doença econômica que há anos o acometeu, tendo que tomar um remédio amargo para
deter o processo hiperinflacionário que havia se instalado na ressaca dos Planos
Cruzado I e II e Verão, e para pôr fim à crise que afeta a toda a sociedade.
Há quem tema que a terapia esteja descambando para o
exagero, ou por inadequação do “medicamento”, ou por erro na dosagem. Outros,
porém, entendem que não há caminhos alternativos. Ou o Brasil organiza a sua
economia, modernizando-a e tornando-a mundialmente competitiva, ou terá que
amargar a decadência, num mundo em plena transformação, onde o que conta é a
eficiência, o resultado final.
A chave de tudo, não somente para os brasileiros,
mas para outros povos, qualquer que seja o estágio de desenvolvimento que
atravessem, está um conceito simples, que vem sendo crescentemente valorizado:
a produtividade. Ou seja, a utilização inteligente, racional e planejada dos
recursos disponíveis para produzir cada vez mais, sem mutilar a qualidade. É
disso que o País precisa, principalmente diante da sua carência de capitais.
O presidente Collor de Mello ressaltou esse aspecto,
no discurso que proferiu anteontem, em Maceió, se referindo à reativação do
Proálcool. No entanto ele pode (e deve) ser estendido a toda atividade
produtiva nacional. Momentos de crise não admitem acomodação.
Situações críticas podem tanto destruir uma pessoa
(ou uma sociedade), quanto servir de degrau para a sua evolução. E em instantes
de dificuldade, quando não se pode recorrer a ninguém para nos socorrer, quando
tudo e todos parecem estar contra nós e temos que sair de alguma enrascada por
nossa própria conta, que lançamos mão daquele potencial de criatividade e força
que possuímos e muitas vezes nem sabemos que temos, ou somos incapazes de
dimensionar.
O momento é grave e angustiante para os brasileiros.
O último boletim do Dentro de Estudos da Conjuntura do Instituto de Economia da
Unicamp, por exemplo, prevê o aprofundamento da recessão para o próximo ano.
Isto é mortal para um país que tem a necessidade inadiável de gerar anualmente
2,5 milhões de novos empregos.
Em épocas de salários achatados, não há outro
caminho para se ganhar melhor, do que o de produzir mais. Não se admite, em
ocasiões como esta, o subaproveitamento de recursos: humanos, tecnológicos e
financeiros. Caso se aja assim, corre-se o risco de estagnação. Afinal, os
senhores de nossos destinos não são (e nem devem ser) os outros, governos, ideologias
ou instituições. Somos nós mesmos, quando de fato queremos erigir um mundo
melhor.
(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio
Popular, em 31 de agosto de 1990)
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