Sunday, April 26, 2015

Vexame frente ao Japão


Pedro J. Bondaczuk


A seleção brasileira masculina de futebol, que chegou aos Estados Unidos com aura de imbatível – condição essa que foi reforçada após a vitória sobre o combinado do resto do mundo, na verdade um "catado" de grandes craques, uma semana antes do início das Olimpíadas – teve algumas lições amargas de humildade. Se aprendeu ou não, vamos todos conferir nesta semana. A maior de todas foi a derrota para a ingênua e primária equipe do Japão. Um vexame.

Mas não foi a única lição. Os sobressaltos experimentados contra a Hungria, Nigéria e Gana, principalmente neste último caso, devem ter servido como alerta de que o jogo se ganha é no campo e nunca na véspera. Seja qual for o adversário, é preciso que a equipe sue a camisa e que cada atleta faça o melhor, tendo em vista o sucesso do grupo, já que se trata de um esporte coletivo.

Uma vacilada, como a do final do primeiro tempo e início do segundo na partida de ontem, pode pôr todo um trabalho de dois anos a perder. A expectativa da torcida, que ainda acredita na medalha de ouro, pela qualidade dos jogadores que integram essa seleção – embora boa parte ainda esteja devendo uma apresentação pelo menos razoável, como são os casos de Dida, Aldair, Juninho, Rivaldo e até de Bebeto apesar dos seus gols – é que as lições tenham sido de fato aprendidas.

A Nigéria, pelo que todos puderam ver, não é nenhum "bicho papão". Sequer é a atual campeã da Copa da África, título esse que é ostentado pelo futebol sul-africano. Mas se o Brasil der espaço, pode, em um lance fortuito, deixar o "time dos sonhos" (que nestes Jogos Olímpicos esteve mais para ser o "dos pesadelos") de fora da grande final contra Argentina ou Portugal.

Passado mais esse obstáculo, amanhã, só vai faltar mais um pequeno passo para que o tetracampeão mundial conquiste o único título que ainda lhe falta em sua brilhante trajetória: a medalha de ouro de uma Olimpíada.

A proximidade do objetivo, todavia, não é motivo para que se baixe a guarda, embora também não seja para pânico. Que se deixe o "já ganhou" no hotel. Haverá tempo de sobra para as comemorações se o sucesso de fato vier, como se espera. O momento é de concentração, de união, de pensamento positivo e, sobretudo, de mostrar a competência que esse grupo – provável time, com uma mudança ou outra, da Copa do Mundo de 1998 na França – sem dúvida tem sobra. Mas que ainda precisa mostrar em campo.

(Artigo publicado no Caderno de Esportes do Correio Popular em 29 de julho de 1996)


 Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk

No comments: