Vexame
frente ao Japão
Pedro J. Bondaczuk
A
seleção brasileira masculina de futebol, que chegou aos Estados Unidos com aura
de imbatível – condição essa que foi reforçada após a vitória sobre o combinado
do resto do mundo, na verdade um "catado" de grandes craques, uma
semana antes do início das Olimpíadas – teve algumas lições amargas de
humildade. Se aprendeu ou não, vamos todos conferir nesta semana. A maior de
todas foi a derrota para a ingênua e primária equipe do Japão. Um vexame.
Mas
não foi a única lição. Os sobressaltos experimentados contra a Hungria, Nigéria
e Gana, principalmente neste último caso, devem ter servido como alerta de que
o jogo se ganha é no campo e nunca na véspera. Seja qual for o adversário, é
preciso que a equipe sue a camisa e que cada atleta faça o melhor, tendo em
vista o sucesso do grupo, já que se trata de um esporte coletivo.
Uma
vacilada, como a do final do primeiro tempo e início do segundo na partida de
ontem, pode pôr todo um trabalho de dois anos a perder. A expectativa da
torcida, que ainda acredita na medalha de ouro, pela qualidade dos jogadores
que integram essa seleção – embora boa parte ainda esteja devendo uma
apresentação pelo menos razoável, como são os casos de Dida, Aldair, Juninho,
Rivaldo e até de Bebeto apesar dos seus gols – é que as lições tenham sido de
fato aprendidas.
A
Nigéria, pelo que todos puderam ver, não é nenhum "bicho papão".
Sequer é a atual campeã da Copa da África, título esse que é ostentado pelo
futebol sul-africano. Mas se o Brasil der espaço, pode, em um lance fortuito,
deixar o "time dos sonhos" (que nestes Jogos Olímpicos esteve mais
para ser o "dos pesadelos") de fora da grande final contra Argentina
ou Portugal.
Passado
mais esse obstáculo, amanhã, só vai faltar mais um pequeno passo para que o
tetracampeão mundial conquiste o único título que ainda lhe falta em sua
brilhante trajetória: a medalha de ouro de uma Olimpíada.
A
proximidade do objetivo, todavia, não é motivo para que se baixe a guarda,
embora também não seja para pânico. Que se deixe o "já ganhou" no
hotel. Haverá tempo de sobra para as comemorações se o sucesso de fato vier,
como se espera. O momento é de concentração, de união, de pensamento positivo
e, sobretudo, de mostrar a competência que esse grupo – provável time, com uma
mudança ou outra, da Copa do Mundo de 1998 na França – sem dúvida tem sobra.
Mas que ainda precisa mostrar em campo.
(Artigo
publicado no Caderno de Esportes do Correio Popular em 29 de julho de 1996)
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