Incentivo ao esporte
Pedro J. Bondaczuk
O
esporte brasileiro, na recém-finda Olimpíada de Atlanta, teve a melhor
performance da sua história, com exceção do futebol. É verdade que o vôlei
também não confirmou sua hegemonia, obtida em Barcelona em 1992, quando
conquistou a medalha de ouro, mas o motivo foi diferente. Não faltou empenho e
preparo à equipe. A derrota, no caso, deveu-se, basicamente, à desatualização
técnica.
O
sexteto brasileiro jogou da mesma forma que há quatro anos, não acompanhando a
evolução tática que se verificou no mundo de lá para cá. Mas teve empenho,
coração, raça, brio e saiu de Atlanta de cabeça erguida. O mesmo não se pode
falar do futebol.
Este,
pelo contrário, está atualizadíssimo em termos táticos e técnicos. Mas não demonstrou
aquilo que todo torcedor exige de seu time e muito mais de uma seleção
nacional: empenho, seriedade, concentração e responsabilidade. A equipe
mostrou-se despreparada fisicamente, apática, sem vibração, entendendo que a
simples tradição do futebol brasileiro seria o bastante para a conquista da
medalha de ouro. E não foi.
Mas
nos outros esportes, o Brasil mostrou uma eficiência nunca antes vista em
Olimpíadas. Modalidades como natação, judô, iatismo e vôlei de praia
confirmaram, na hora da verdade, o excelente retrospecto pré-olímpico e até o
excederam, transformando talento em medalhas. As mulheres, com o vôlei de
quadra, basquete e até futebol, comprovaram a espetacular evolução que tiveram.
Foram, sobretudo, responsáveis e se deram bem. E todo esse desempenho brilhante
ocorreu com escasso apoio, na base do sacrifício pessoal da maioria dos
atletas.
O
que se cobra agora das autoridades --- e a Rede Bandeirantes lançou campanha
nesse sentido --- é incentivos para que a nossa juventude mostre, em Sydney, na
Austrália, na Olimpíada do ano 2000, todo o seu valor. Que adolescentes de
qualquer condição social possam ter oportunidades de praticar esportes, para
desenvolver o físico, a mente e o sentido de autodisciplina, lealdade,
determinação e responsabilidade, fatores essenciais para forjar um povo
vencedor.
Freqüentando
quadras, pistas, ringues, piscinas, tatames e campos de futebol, nossos jovens
estarão afastados da criminalidade, das drogas e de tudo o que há de ruim
propiciado pela ociosidade. Mas para isso precisam de apoio, físico,
psicológico, técnico e financeiro. Que os políticos atentem para isso e façam a
sua parte. Nossos esportistas farão, com certeza, a sua na Olimpíada do ano
2000.
(Artigo
publicado no caderno de Esportes em 1 de agosto de 1996)
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
No comments:
Post a Comment