Campanha agora deve pegar fogo
Pedro J.
Bondaczuk
A campanha presidencial norte-americana, a partir desta
convenção, que se realiza em Atlanta, na Geórgia, do Partido Democrata, deve,
literalmente, pegar fogo. Os membros da agremiação, após oito anos de
divisionismos e de falta de liderança, estão unidos.
Poucas vezes eles mostraram
tamanha vontade de vencer, como agora, após um longo jejum, de oito anos, do
poder. É claro que o outro lado não vai permanecer inerte, sem nada fazer para
que os republicanos se mantenham na Casa Branca.
No calor dos comícios,
certamente, o presidente Ronald Reagan deverá lançar todo o peso do seu enorme
prestígio em favor de George Bush. É verdade que os vários escândalos da atual
administração serão usados, com toda a certeza, como elementos muito
importantes pelos democratas contra seu adversário.
Mas seria uma infantilidade não
levar em conta o “punch” do atual mandatário, o seu verdadeiro carisma, que fez
com que ele ultrapassasse virtualmente incólume o Rubicão do “Irangate”. Sua
popularidade, na ocasião, chegou a sofrer ligeiros arranhões. Mas, a seguir, as
duas reuniões de cúpula que ele realizou com Mikhail Gorbachev, após o auge do
escândalo (a de dezembro de 1987 em Washington e a recente, em Moscou),
restabeleceram essa simpatia a seu devido lugar, se é que não a aumentaram.
Até mesmo a população soviética
ficou encantada com o veterano presidente, o mais velho da história
norte-americana, mas que soube preservar um vigor e uma jovialidade que muitos,
com a metade da sua idade, não têm.
Os democratas, desta feita, tentam repetir a mesma fórmula
que deu certo em 1960, respeitando até mesmo a sua configuração geográfica.
Escolheram para candidato um jovem, da Nova Inglaterra, do mesmo Estado de
Massachusets de Kennedy, igualmente filho de imigrantes (só que gregos e não
irlandeses como o assassinado ex-presidente) e que, para completar, com
requintes de perfeição, a estratégia, também foi buscar para vice um
conservador do Sul, do mesmo Texas de Lyndon Johnson, na figura do senador
Lloyd Bentsen.
Ou seja, estão cutucando a onça
com vara curta. Entraram com tudo no reduto de Bush, que considera esse Estado
como a sua casa, do ponto de vista político. O partido, desta feita, conta com
algo a mais, que nos últimos anos não contou. Com a garantia dos votos dos
negros e dos hispânicos, assegurados pela liderança que o pastor Jesse Jackson
exerce sobre essa comunidade.
É claro que nada disso é garantia
para uma vitória, liquida e certa, diante de um eleitorado tão volúvel e caprichoso.
Afinal, eleição, qualquer que seja, é loteria. Mas que ajuda, disto não se tem
como duvidar.
(Artigo publicado na página 13, Internacional, do Correio Popular, em 20
de julho de 1988).
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