Saturday, April 11, 2015

Crime imperdoável


Pedro J. Bondaczuk


Quatro governos latino-americanos, de países em que a produção e tráfico de cocaína são muito grandes, Colômbia, Bolívia, Brasil e Venezuela, abriram virtual guerra contra essa prática que, de tão nociva, é até desnecessário de se frisar os terríveis malefícios que traz, sob todos os aspectos, às respectivas sociedades e ao mundo.

Sábado passado, representantes dos quatro vizinhos sul-americanos assinaram, em Quito, no Equador, durante almoço oferecido pelo novo presidente equatoriano, Leon Febres Cordero, um compromisso de ação comum contra os que se valem dessa atividade.

Para tornar mais efetiva essa guerra sem quartel contra esses poderosos gangsters, que amealharam fortunas incalculáveis às custas da desgraça alheia, a Organização dos Estados Americanos (que atualmente tem, na secretaria-geral, o diplomata brasileiro João Baena Soares), está disposta a assumir a liderança nessa luta, o que impediria que as fronteiras nacionais servissem de barreira contra a repressão aos produtores e traficantes de drogas, como acontece atualmente, favorecendo e facilitando a fuga dos criminosos e, conseqüentemente, a sua impunidade.

A Colômbia foi o primeiro país que lançou mão de suas Forças Armadas para enfrentar essa ameaça, não somente nacional ou continental, mas hoje mundial. Foi secundada, tempos depois, pela Bolívia, que enviou, há duas semanas, tropas para o santuário de plantio de coca, com o duplo objetivo de erradicar as plantações e deter os traficantes.

Aos poucos, outros governos vão se conscientizando da urgência de priorizar o problema, até para preservar sua autoridade sobre parcelas expressivas do próprio território nacional, desafiada por criminosa ousadia dos reis do tráfico, que matam, conspurcam, subornam e corrompem autoridades por onde quer que passem, viciando número crescente de jovens, cuja vida aniquilam, como se ela não valesse nada.

Os métodos que esses ratos malditos e nocivos usam para viciar as pessoas foram bastante divulgados, nos últimos anos, quer pela imprensa, quer através de palestras de médico0s, policiais e educadores. Suas presas favoritas são os adolescentes em idade escolar e as entradas das escolas tornaram-se seus locais favoritos de atuação.

A Declaração de Quito considerou, com toda a propriedade, a produção e tráfico de drogas crime contra a humanidade. É preciso que os envolvidos nesta nefasta atividade (os cabeças e não somente os peixes pequenos), sejam identificados, presos e exemplarmente punidos, para que esse flagelo não se espalhe ainda mais do que desgraçadamente já se espalhou.     

(Artigo publicado na página 10, Internacional, do Correio Popular, em 15 de agosto de 1984)


Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk         

No comments: