Crime imperdoável
Pedro J. Bondaczuk
Quatro
governos latino-americanos, de países em que a produção e tráfico de cocaína
são muito grandes, Colômbia, Bolívia, Brasil e Venezuela, abriram virtual
guerra contra essa prática que, de tão nociva, é até desnecessário de se frisar
os terríveis malefícios que traz, sob todos os aspectos, às respectivas
sociedades e ao mundo.
Sábado
passado, representantes dos quatro vizinhos sul-americanos assinaram, em Quito,
no Equador, durante almoço oferecido pelo novo presidente equatoriano, Leon
Febres Cordero, um compromisso de ação comum contra os que se valem dessa
atividade.
Para
tornar mais efetiva essa guerra sem quartel contra esses poderosos gangsters,
que amealharam fortunas incalculáveis às custas da desgraça alheia, a
Organização dos Estados Americanos (que atualmente tem, na secretaria-geral, o
diplomata brasileiro João Baena Soares), está disposta a assumir a liderança
nessa luta, o que impediria que as fronteiras nacionais servissem de barreira
contra a repressão aos produtores e traficantes de drogas, como acontece
atualmente, favorecendo e facilitando a fuga dos criminosos e, conseqüentemente,
a sua impunidade.
A
Colômbia foi o primeiro país que lançou mão de suas Forças Armadas para
enfrentar essa ameaça, não somente nacional ou continental, mas hoje mundial. Foi
secundada, tempos depois, pela Bolívia, que enviou, há duas semanas, tropas
para o santuário de plantio de coca, com o duplo objetivo de erradicar as
plantações e deter os traficantes.
Aos
poucos, outros governos vão se conscientizando da urgência de priorizar o
problema, até para preservar sua autoridade sobre parcelas expressivas do
próprio território nacional, desafiada por criminosa ousadia dos reis do
tráfico, que matam, conspurcam, subornam e corrompem autoridades por onde quer
que passem, viciando número crescente de jovens, cuja vida aniquilam, como se
ela não valesse nada.
Os
métodos que esses ratos malditos e nocivos usam para viciar as pessoas foram
bastante divulgados, nos últimos anos, quer pela imprensa, quer através de
palestras de médico0s, policiais e educadores. Suas presas favoritas são os
adolescentes em idade escolar e as entradas das escolas tornaram-se seus locais
favoritos de atuação.
A
Declaração de Quito considerou, com toda a propriedade, a produção e tráfico de
drogas crime contra a humanidade. É preciso que os envolvidos nesta nefasta
atividade (os cabeças e não somente os peixes pequenos), sejam identificados,
presos e exemplarmente punidos, para que esse flagelo não se espalhe ainda mais
do que desgraçadamente já se espalhou.
(Artigo
publicado na página 10, Internacional, do Correio Popular, em 15 de agosto de
1984)
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
No comments:
Post a Comment