Friday, April 10, 2015

Pirâmides seriam obras de atlântidas?

Pedro J. Bondaczuk

A grande pirâmide de Gisé, no Egito – a de Queops, com seus 146,60 metros originais de altura, equivalentes a um prédio moderno de 45 andares –  teria sido construída pelos atlântidas e, possivelmente, um bom par de milênios antes do tempo que os egiptólogos lhe atribuem. Trata-se de obra que desperta, provavelmente desde sua conclusão, e continua (certamente continuará tempo afora) despertando infindas controvérsias a propósito de tudo o que lhe é relacionado. Como foi construída? Por quem? Com qual finalidade? Quando? Mistério! Puríssimo mistério! Teorias, como esta, que atribui sua construção aos míticos atlântidas, existem em profusão. Mas certeza, certeza mesmo, não há nenhuma.

Isso, somado à sua imponência, mantém a grande pirâmide como foco permanente de estudos, de pesquisas, de especulações, de fantasias, de reflexões e até de delírios. Pudera! Ela é, simplesmente, intrigante!  Não que as outras tantas pirâmides, espalhadas pelo mundo – no próprio Egito, nas Américas e na Ásia – não intriguem os estudiosos e até leigos, sobretudo os que têm ou já tiveram o privilégio de conhecê-las de perto. Queops, todavia, tem fascínio especial. E por inúmeras razões, principalmente pelo seu gigantismo e pela complexidade de se erigir obra desse porte, sem contar com os recursos que contamos hoje.

Mesmo em pleno século XXI do terceiro milênio da Era Cristã, uma edificação, como esta, desafiaria as mais competentes construtoras, com seu exército de operários especializados, arquitetos, engenheiros etc. Tenho minhas dúvidas se alguém conseguiria construir uma réplica exata dessa pirâmide nestes tempos em que tudo parece possível, face os miraculosos avanços da ciência e da tecnologia. E sequer estou pensando em custos, que seriam proibitivos, ascendendo a alguns bilhões de dólares. Penso que seria impossível convencer a população da pertinência de investir vultosos recursos em algo que não lhe traria grande retorno, a não ser o da curiosidade, que talvez estimulasse o turismo, mas cujas vantagens, caso as houvesse, tardariam para pelo menos empatar com o volume de dinheiro investido.

Uma das grandes controvérsias que cercam essa megaconstrução, embora talvez não a maior, é a que se refere à época em que foi erguida. A data aceita pela maioria é a que medeia entre 2.600 a 2.400 antes de Cristo. Há uma grande corrente de pesquisadores, todavia, que aponta como a ocasião mais provável da sua conclusão o ano de 2.167 antes de Cristo, posto que sem base alguma sequer em indícios, quanto mais de provas. Ou seja, datam-na exclusivamente na base do chutômetro. O principal argumento desse grupo, conforme explica o escritor Paul Brunton, em seu livro “Egito secreto”, é que nesse ano específico “uma certa estrela Polar estava em linha reta com o eixo da passagem da entrada, e supunham que a esse extenso corredor fora dada uma certa inclinação necessária, para que pudesse receber a luz dessa estrela”.

Mas essa é uma prova? Claro que não! Pode ser, quando muito, indício, se não hipótese, especulação ou certa forçada de barra. Essa teoria, submetida a uma análise que nem mesmo precisa ser rigorosa, peca pela imprecisão. Por causa da precessão dos equinócios, as estrelas mudam sua posição em relação à Terra e voltam a passar pelo mesmo ponto de antes somente 25.820 anos depois. Essa constatação astronômica, porém, sugere uma questão: por que Queops não poderia ter sido construída 25.820 anos atrás, se é que, de fato, foi erguida em função dessa estrela Polar? Por que não se encaixa na teoria de que a espécie humana não existia na época? Quem sabe, exatamente, quando ela apareceu na Terra? Quem pode dizer qualquer coisa, que possa ser minimamente comprovada, a respeito? Análise de fósseis, de esqueletos humanos, indica que o homem surgiu, na África, há pelo menos sete milhões de anos, o que pode ser comprovado, inclusive, pelo método de datação do Carbono 14.

Pode parecer disparate, mas quem pode garantir que o mundo já não teve civilizações mais esplendorosas do que a atual, e em passado remotíssimo? Quem pode dizer, com toda a segurança, fundamentado em documentos válidos, que até mesmo já não ocorreu, num tempo muito distante, uma guerra nuclear, fazendo com que a humanidade retroagisse à barbárie? Será que as epopéias indianas “Ramayana” e “Mahabarata”, que descrevem poderosas armas de destruição em massa, com características de serem atômicas, são frutos puramente da fantasia? Tenho minhas dúvidas. Fundamento minhas suspeitas em um resquício de inconsciente coletivo (conforme constatação de Carl Jung), em um arquétipo que trago em meu DNA. Pretendo, um dia, escrever com mais vagar a propósito. Indícios, todavia, no sentido de avançadíssimas civilizações, em passado remoto, que desapareceram, deixando vestígios esparsos, não faltam.

Será que tudo o que se diz sobre a civilização Atlântida é mesmo somente lenda? Ou é simples metáfora usada por Platão para ensinar que a corrupção de costumes conduz á destruição? Ou será que o filósofo, tão meticuloso, se confundiu ao situar o continente perdido no Oceano Atlântico e que os atlântidas, esse povo evoluidíssimo, a que se refere, eram apenas habitantes de Santorim, no Mediterrâneo, destruída por uma erupção vulcânica? Tenho em minha biblioteca uma prateleira inteira com livros sobre a Atlântida. Metade de seus autores defende sua existência, citando, inclusive, inúmeras provas, e a outra metade contesta-a, mas com argumentação frágil, que não me convence.

Paul Brunton assinala, no livro “Egito secreto”: “A Atlântida já não era ficção de filósofos gregos, sacerdotes egípcios e tribos indo-americanas; os homens de ciência haviam recolhido mais de cem provas da sua existência, e eu sabia também que, quando a Esfinge foi esculpida na pedra, as baixas áreas circundantes não podiam ter estado cobertas de areia, porque então a mesma rocha escarpada que se encosta no planalto em cujo topo se levantam as pirâmides estaria igualmente coberta de areia, o que tornaria difícil, se não impossível, a tarefa de desenterrá-la”.

E o filósofo britânico (cujo nome de batismo era Raphael Hurst e que morreu em 1981, em Vevey, na Suíça) prossegue: “O mais provável é que a estátua tenha sido lavrada antes das areias aparecerem, quando o Saara era um gigantesco oceano e a trágica ilha de Atlântida recortava no horizonte seu vasto contorno. Os homens que habitaram o Egito pré-histórico, que talharam a Esfinge e fundaram a civilização mais antiga do mundo, foram os emigrantes da Atlântida, que se estabeleceram nas terras férteis do Nilo. Esses homens abandonaram o seu desventurado continente antes dele submergir no Oceano Atlântico, catástrofe que ressecou o Saara, convertendo-o num deserto. As rochas encontradas em numerosos lugares, os fósseis de peixes enterrados na areia, provam que o Saara foi, em algum tempo, coberto pelas águas do mar extenso”.

Existem inúmeros indícios de que a Terra, há 27 mil ou talvez há 15 mil anos foi abalada por monumental catástrofe. Esse cataclismo cósmico foi, provavelmente, causado pela colisão de um cometa (que em sua passagem teria destruído um planeta existente na órbita intermediária entre Marte e a Terra, amortecendo o seu impacto). Teria sido o responsável, também, pelo súbito afundamento da Atlântida e pela alteração das condições ambientais em toda a região. Fantasia? Se for, essa versão não é mais fantasiosa do que a que se refere à existência do faraó Khufu, de quem não se conhece absolutamente nada e cuja múmia nunca foi encontrada. E nem é maior do que as especulações sobre a forma como a pirâmide de Queops foi construída, que desafiam a imaginação, o bom senso e o próprio tempo.


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