Enigmas que desafiam
milênios
Pedro
J. Bondaczuk
A multimilenar pirâmide
de Queops, no Cairo, uma das mais extraordinárias e intrigantes obras criadas
pelo homem em todos os tempos, voltou, subitamente, em agosto de 1986, ao
noticiário internacional. Naquela oportunidade, uma equipe de arqueólogos
franceses acreditava que estava muito próxima de uma descoberta que milhares de
outros pesquisadores tentaram, tempo afora, em vão. Seus integrantes estavam
convencidos que no correr de seus trabalhos de escavação iriam, finalmente,
encontrar a múmia de seu suposto construtor e esclarecer, dessa forma, tantos e
tamanhos mistérios a ponto de, conforme afirmou na ocasião o diretor do
Departamento de Antiguidades Egípcias, Ahmed Kadry, “alterar algumas das
teorias mais difundidas da egiptologia”.
Apesar da ampla
cobertura da imprensa internacional, principalmente da européia, todavia, o
principal objetivo da equipe francesa de arqueólogos não foi alcançado. A múmia
do faraó Khufu não foi encontrada. Talvez nunca seja, sabe-se lá. O noticiário
a propósito somente assanhou, ainda mais, a curiosidade popular, aumentando
bastante, na ocasião, o fluxo de turistas do mundo todo ao Cairo, que nunca foi
pequeno, diga-se de passagem. Milhões e milhões de pessoas viajaram (e ainda
viajam) para a capital egípcia apenas para conhecer não só essa pirâmide, e as outras
duas vizinhas, menores – ou seja, as de Quefren e Miquerinos – mas várias
outras do Vale de Gisé, que ascendem a uma centena, embora sem a suntuosidade e
gigantismo das que citei.
A bem da verdade, os
especialistas e estudiosos do assunto não têm nenhum consenso a propósito de
nada quando se trata dessas exóticas edificações, especialmente da maior delas,
Queops, que por alguns milênios, até a inauguração do Empire State Building, em
Nova York, ocorrida em 1º de maio de 1931, era a construção mais alta do mundo.
Quem foi esse faraó que, conforme historiadores, fazia parte da IV Dinastia,
que teria reinado de 2.600 a 2.408 antes de Cristo, cujo nome era Khufu? Qual o
verdadeiro período em que reinou? Afinal, não se pode levar a sério a datação
dos compêndios de História, no que se refere á exatidão, por vários motivos.
Destaque-se que foram inúmeros os calendários adotados até chegarmos ao atual,
aqui no Ocidente. Ainda hoje, há vários outros, posto que não tão populares
quanto o nosso, o Gregoriano, usado no mundo inteiro para efeito de negócios e
que começou a vigorar, apenas, a partir de 24 de fevereiro de 1582. A maior
parte das datas históricas (se não a totalidade) não passa de mera estimativa,
para não dizer “chute”. Essa datação não pode, pois, ser levada ao pé da letra.
Tudo o que se refere a
pirâmides, sobretudo à maior delas, a de Queops, é indecifrável enigma, enorme
mistério, sobre o qual se especula não apenas há anos, mas há milênios. Por
exemplo, com que finalidade seu suposto construtor (seria mesmo Khufu?) mandou
construir uma obra desse porte, que mesmo na época atual, seria monumental
desafio para a engenharia moderna? Apenas para servir de tumba? Por mais
crédulo que se seja, isso não faz o menor sentido. Como a pirâmide foi edificada?
Por que foi construída com esse formato geométrico, tão raro em outras
edificações, e não com outro qualquer, muito mais fácil e menos trabalhoso?
Estes e muitos e muitos outros mistérios seguem desafiando o tempo e a
capacidade humana de resgate do passado, sem que se tenha à mão qualquer
registro minimamente confiável ou algum outro tipo de provas que sejam
indiscutíveis. Não há, nem mesmo, meras evidências.
Teorias, hipóteses e
especulações sobre múltiplos aspectos envolvendo esses monumentos, os mais
antigos e únicos que ainda se mantêm de pé das chamadas “Sete maravilhas do
mundo antigo”, aparecem e desaparecem a toda a hora. Uma das mais recentes foi
a difundida, em 1986, pelo egiptólogo e químico norte-americano, Joseph
Davidovits, sobre o material empregado na construção da pirâmide de Queops
(nome do faraó Khufu em grego). Ao contrário do que sempre se afirmou, esse
cientista garantiu que “os egípcios levantaram as pirâmides usando uma
substância parecida com o cimento, fazendo os blocos com auxílio de moldes de
madeira”. Para comprovar sua afirmação, garantiu que encontrou bolhas de ar e
pelos humanos incrustados em uma das enormes pedras que compõem Queops.
Davidovits explicou que
“as bolhas são semelhantes às encontradas em objetos de cimento ou de
cerâmica”. E as fibras que diz ter achado são, mesmo, pelos humanos. Isso
provaria, conforme assegurou, que o material de construção foi elaborado pelos
trabalhadores que ergueram a pirâmide e não proveio de pedreiras como sempre se
afirmou. Realidade? Fantasia? Verdade? Mentira? Quem pode saber com certeza?
Aliás, a Grande Pirâmide é campo fértil para a imaginação dos sonhadores, dos
místicos ou dos que acreditam que a civilização ganhou impulso através de
influência de extraterrestres (para isso, claro, estes teriam, no mínimo, que
existir, não é mesmo?). A cada enigma, para o qual se encontra alguma
explicação minimamente plausível, surgem dezenas, centenas, quiçá milhares de
novos mistérios, novas questões, novos desafios espicaçando a curiosidade de
muitos e criando lendas e superstições em torno da obra.
Uma das fantasias mais
populares a propósito é a alegada “maldição dos faraós”, que circula há séculos
até em muitos meios culturalmente avançados e que já freqüentou, inclusive,
algumas publicações tidas e havidas como científicas, como “sérias”, de grande
renome e prestígio. Outra lenda que volta e meia vem á baila, há tempos, é a
que se refere à suposta existência de esplendorosos tesouros, em alguma câmara
secreta no interior desse verdadeiro emaranhado de labirintos, de poços,
corredores, aposentos e salões ultra-escondidos, a desafiar a cobiça de muitos,
por anos, décadas, séculos, milênios, tempo afora. Vá se saber!
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