Wednesday, August 31, 2016

NÃO SEI VIVER SEM PAIXÃO

A paixão, sentimento extremo de apego por uma pessoa, entidade ou causa, é algo que sempre me fascinou. Muitos perguntam (e eu também me questiono, amiúde, a propósito) se é um mal que deve ser combatido e erradicado, ou algo desejável e até indispensável para obtermos êxito em qualquer empreitada. Sou de opinião de que tudo depende de controle. Ou seja, de você controlá-la e direcioná-la e não deixar que ela o controle e direcione. É possível isso? Não sei! Entendo que com força de vontade e autodisciplina seja. Mas não posso jurar. A paixão, em si, é cega, e, a priori, nem é um bem e nem um mal. Escrevi isso, há algum tempo, numa das minhas tantas crônicas. Esse, porém, é um assunto recorrente, daqueles que nunca se esgotam e que sempre apresentam ângulos novos e originais. Da minha parte, não sei viver sem paixão. Sou apaixonado pela literatura, minha forma de interpretar o mundo e de me comunicar com quem conheço e, principalmente, com quem não conheço e jamais virei a conhecer. Sou apaixonado pela beleza, pela bondade, pela solidariedade e vai por aí afora. Alguém, em sã consciência, pode afirmar que essas paixões sejam  negativas, obsessivas, destruidoras e que devem, portanto, ser descartadas? Creio que não. São frutos de reflexão, de cultivo do intelecto, de experiência de vida. Reitero, pois, que a paixão, em si, não é boa e nem má, aprioristicamente.  Cabe-nos direcioná-la corretamente, para que se torne força irresistível e benigna que atue exclusivamente a nosso favor. Sem ela – como ressaltei em uma crônica, escrita há já algum tempo –, nada do que fizermos atingirá a excelência e a perfeição.


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Hora de cobrança


Pedro J. Bondaczuk


Os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga o escabroso esquema da manipulação do Orçamento da União à medida que avançam, identificam as falcatruas cometidas contra os cofres públicos, ou seja, contra o próprio País, mediante atos que se tornaram até comuns entre nossos corruptos, pilhados ou não em delito.

São contas fantasmas, lavagens de dinheiro procedente de propinas mediante as loterias, aquisição de imóveis em nome de testas-de-ferro, remessa de dólares para o exterior através de “leasing” e outros tantos atos imorais, desonestos e, sobretudo, criminosos, que dão náuseas nas pessoas honestas e de bom-senso.

O País como que parou nas últimas três semanas, aturdido, surpreendido, a cada dia, por novas e revoltantes revelações. Os trabalhos da polêmica revisão constitucional desenvolvem-se a passo de tartaruga. A economia está estagnada, com o esvaziamento da bolha de consumo que se manifestou entre abril e setembro.

Só a inflação não parou de crescer, para desespero dos brasileiros que, mais uma vez, têm que trocar um certo otimismo que estava renascendo pela descrença, pela desesperança, pela decepção e pela absoluta insegurança diante do amanhã.

A pergunta que mais se ouve por todo o País é: o que vai acontecer aos “sete anões”, que é como ficaram conhecidos os principais integrantes dessa quadrilha que vem agindo impunemente desviando preciosos e escassos recursos para seus insaciáveis bolsos e de seus asseclas? Teme-se que nada. Ou que, pelo menos, a CPI não vá fundo o suficiente para desvendar e neutralizar toda a rede de corrupção. O receio é que a cirurgia moralizante fique apenas na pele. Ou, quando muito, que somente extirpe a parte visível do tumor, sem evitar a metástase desse câncer moral.

Não seria a hora de a população deixar de lado sua proverbial passividade e, a exemplo do movimento pelo impeachment de Fernando Collor, sair às ruas para cobrar providências? Mas não como no caso PC Farias, quando se escolheu um bode-expiatório e se passou aos cidadãos a mensagem de que apenas ele comandava o tráfico de influência. Não há subornado sem subornador. E com esses, nada acontece?   

(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 5 de novembro de 1993)


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Enredo em que o cólera põe fim a uma “guerra de santos”

Pedro J. Bondaczuk

O escritor siciliano Giovanni Carmelo Verga, considerado um dos criadores do Verismo – escola realista surgida na literatura italiana no fim do século XIX – legou à posteridade pelo menos 13 romances e 31 novelas, muitos dos quais obras-primas literárias (quer na forma e quer, sobretudo, no conteúdo) – respeitado não somente na ilha em que nasceu, mas em toda a Itália. Tanto que, no final da vida, seu prestígio e sua projeção intelectual eram tamanhos, que chegou a ser nomeado para integrar o Senado italiano. Muita gente, quando se menciona a Sicília, pensa de imediato na Máfia e nos males que essa organização criminosa já causou e continua causando, como se fosse a única coisa que a caracteriza. Não é!!! Claro que isso é fruto da mais ostensiva desinformação.

Em tempos mais remotos, a ilha foi o berço natal de magníficos filósofos e extraordinários poetas. Ali nasceram, também, extraordinários escritores, entre os quais dois ganhadores de Prêmio Nobel de Literatura. A Sicília, além do mais, é a terra natal, por exemplo, de Vitaliano Brancati, Salvatore Quasimodo, Luigi Capuana, Luigi Pirandello, Leonardo Sciascia, Gesualdo Bufalino, Giuseppe Tomasi di Lampedusa, Andrea Camilleri e... óbvio, de Giovanni Verga. Como se vê, a ilha foi berço de escritores geniais em quantidade maior do que muitos países com grande tradição literária. Quem conhece, mesmo que superficialmente, a Literatura italiana, sabe da importância desses autores que citei.

Alguns livros de Giovanni Verga são tidos e havidos pelos mais renomados críticos literários da Europa como obras-primas. Estão neste caso, apenas para citar alguns, os romances “I Malavoglia” e “Mastro Dom Gesualdo” e a coletânea de oito histórias curtas reunidas no volume “A vida nos campos”, que tenho em mãos, em sua versão em espanhol. Dos oito contos deste livro, um interessa-me em particular, embora os outros sete sejam todos deliciosos, carregados de verdade e de humor. É o intitulado “Guerra de santos”, em que Verga cita uma epidemia de cólera como pano de fundo do enredo. A história é ambientada em um pequeno povoado da Itália, dos tantos que há por lá. Nele, os moradores estão divididos em duas facções rivais, inimigas inconciliáveis.

Um desses bandos é do bairro alto do vilarejo que tem, como padroeiro, São Roque. E o outro, por conseqüência, é do bairro baixo, que defende com paixão São Pascual, não admitindo outra devoção tão absoluta. Os dois grupos, não apenas rivais, mas inimigos jurados, não escolhem ocasiões para se confrontarem. Basta que se cruzem para se hostilizarem e se agredirem mutuamente, em conflitos que se repetem com assustadora freqüência. Tudo começa com um bando exaltando os méritos de seu padroeiro e depreciando o patrono dos rivais nas periódicas procissões que promovem. Daí para a pancadaria explícita é questão de mera piscada. Das palavras, passam aos gestos ofensivos e destes para pancadaria generalizada explícita é coisa de minutos. E lá se vão as dissoluções de procissões, a poder de socos e de pontapés mútuos. É o fanatismo religioso (religioso?!) elevado à enésima potência.

Mas Verga “apimenta” ainda mais uma história já por si só “ardida”. Traz à baila um casal de namorados que não consegue se entender por causa dessa “guerra dos santos”. Sarrida, a donzela, é adepta de São Roque e Turi, seu guapo pretendente, de São Pascual. Nenhum dos dois está disposto a abrir mão de suas convicções e assim o relacionamento não prospera. Fica próximo da ruptura definitiva. Bem, leitor, adianto que os dois pombinhos acabam se reconciliando, mas, para isso, foram necessárias duas desgraças juntas que assolaram o vilarejo: uma severíssima seca e uma não menos perversa epidemia de cólera. As circunstâncias obrigaram os dois bandos a unirem forças e a rogarem os préstimos dos respectivos padroeiros, mas juntos, para ampliar a força da intercessão. Dessa forma, o casalzinho apaixonado se reconcilia e ocorre, enfim, o esperado “happy end”. E tudo isso é narrado com muita graça e muito humor por um perito no manejo da palavra.


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Tuesday, August 30, 2016

A PERITA UTILIZAÇÃO DE METÁFORAS

Os poetas sabem, como ninguém, utilizar a metáfora, essa figura de linguagem que embeleza o texto, quando bem utilizada. Exemplifico com este poema, que partilho com vocês, de Mauro Sampaio (sobre o qual tenho escrito bastante e escreverei muito mais). Seu título é “Ressurreição”, e diz:

“Na ressurreição da minha saudade, quanta chuva!
Árvore ao longe!
Mais além, muito além da linha do futuro,
o passado nítido como um dia de sol!
Hoje é dia de festa.
A ressurreição dos sonhos em minha saudade!
A ressurreição da vida em meus sonhos!
E a mágoa, não sei de quê é uma saudade estranha.
E as angústias tão veladas que lancei à vida,
estão chegando em ciranda com a vida!
Hoje o dia é de ressurreição.
Rondo o meu passado
e vou tão distraído e tão a gosto
que escorrego e caio por inteiro dentro dele!”.

Lindo poema, não é mesmo? Agora dá para o leitor entender que não exagero quando ombreio Mauro Sampaio aos mais renomados poetas, pelo menos brasileiros, como Carlos Drummond de Andrade, Mário Quintana, Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto e Cecília Meirelles, entre tantos outros? Por isso, sua memória e, sobretudo, sua poesia não podem morrer, para que não se faça necessária a respectiva e justíssima ressurreição!


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Mundo não tem motivo para guerrear


Pedro J. Bondaczuk


O secretário-geral das Nações Unidas, Javier Perez de Cuellar, vai tentar, em Bagdá, uma missão tida como impossível, nas atuais circunstâncias, que é a de convencer o presidente iraquiano, Saddam Hussein, a retirar suas tropas do Kuwait antes de terça-feira, prazo dado pelo Conselho de Segurança para tal retirada, a partir do qual as forças multinacionais estacionadas no Golfo Pérsico ficam autorizadas a expulsar os invasores.

Objetivamente, não se acredita que ele tenha algum argumento novo, decisivo, que dezenas de outros diplomatas que foram ao Iraque nos últimos seis meses não tenham utilizado. Todavia, não deixa de ser uma tentativa válida.

Além disso, o peruano Cuellar já mostrou, nos nove anos em que comanda a ONU, ser dotado de um raro talento diplomático, transformando o organismo mundial de mero fórum de debates numa entidade com poder de decisão.

Analisando objetivamente a crise, é fácil de se concluir que uma guerra, nessa região, neste momento, e pelo motivo alegado, é uma incoerência, quando não irresponsabilidade. O presidente norte-americano, George Bush, irrita-se com seus críticos quando estes dizem que ele está arriscando a paz mundial somente para proteger os grandes cartéis petrolíferos.

Em geral retruca que o seu objetivo é o de devolver o Kuwait a seus legítimos donos – leia-se a família Al-Sabah. Todavia, a deflagração de um conflito fará com que o emir Jaber Al-Ahmed Al-Sabah receba, na verdade, um desolador monte de ruínas, e não mais um país.

Afinal, a guerra será travada ali. O território kuwaitiano, findo o confronto – tenha ele a duração que tiver – será um gigantesco cemitério de soldados dos dois lados e não mais um próspero emirado, que despertava a inveja de seus vizinhos em seu período de prosperidade.

Ninguém defende, aqui, que o agressor seja premiado. Mas há outros meios, que não o das armas, para dobrar a intransigência de Saddam Hussein. Se o presidente do Iraque for morto em combate, passará a ser um mito, uma bandeira para a juventude árabe, que conhece a palavra democracia apenas no dicionário. Se sobreviver, será mitificado, literalmente endeusado.

Todos sabem  que no Golfo Pérsico não há nenhum regime democrático. Portanto, a coalizão de 28 países que integram a força multinacional na Operação Escudo do Deserto não irá combater pela liberdade que nunca existiu na região. E muito menos resgatar o Kuwait que, tão certo quanto dois mais dois são quatro, deixará de existir, e por muitos anos, como sociedade nacional organizada.

Então, por que guerrear? Para mostrar aos miseráveis do Terceiro e do Quarto Mundo onde foi investido o dinheiro que deveria ser empregado para minorar sua miséria, ou seja, em armas?   

(Artigo publicado na página 13, Internacional, do Correio Popular, em 11 de janeiro de 1991)


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O pouco lembrado pai do Verismo


Pedro J. Bondaczuk

O leitor já leu algum livro, ou pelo menos ouviu falar, do escritor italiano Giovanni Verga? Caso a resposta seja negativa (o que, sem duvidar de sua cultura literária, não me causa nenhuma surpresa) não se sinta diminuído. Pouquíssimas pessoas aqui no Brasil conhecem esse autor. Procurei, por exemplo, em livrarias, em sebos, em bibliotecas e até nas internet qualquer livro dele, em vão. E olhem que escreveu dezenas deles, Desconfio que nada, da sua imensa (e excelente) obra tenha sido traduzido para o português e lançado por aqui por alguma das nossas centenas de editoras. Uma pena e uma injustiça. O sujeito é muito bom. Posso estar enganado, mas não creio. Por pura teimosia, encontrei alguns livros de Giovanni Verga, mas em italiano e em espanhol. Adquiri-os e deliciei-me com sua leitura, super surpreso por ninguém se propor a divulgá-lo no Brasil.

O volume que ensejou minha “descoberta” desse escritor italiano (notadamente siciliano, ilha em que nasceu e onde morreu, depois de perambular por Florença e por Milão), é “A vida nos campos”, publicado na Itália em 1880, reunindo uma coletânea de histórias curtas tratando de pessoas e coisas de sua Sicília natal. Cheguei a esse nome meio que por acaso, mais especificamente, por sugestão de um leitor, o que já se tornou rotina. Aprendo muito com vocês, embora minha proposta, um tanto atrevida, seja a de ensinar-lhes alguma coisa. Não sei se estou conseguindo. Espero que sim.

O leitor Giuseppe Martoni, que afirmou estar acompanhando minha série de comentários versando sobre como o tema “epidemias” foi tratado na Literatura através do tempo, sugeriu-me o livro em questão. Procurei-o, reitero, por todas as partes, em vão. Comuniquei-lhe que não achei essa obra, ao que ele me sugeriu que tentasse adquirir uma edição já antiga, em espanhol. E... bingo! Consegui encontrar e  comprar “A vida nos campos”. Interrompi, temporariamente, a série que vinha escrevendo, para descobrir onde e como Giovanni Verga tratou do tema “epidemia”. Encontrei o que procurava em uma das oito histórias do livro, intitulada “Guerra dos santos”, que li, reli, fiz anotações e meditei muito a respeito. É dela, pois, que me proponho a tratar. Mas não hoje. Antes, impõem-se alguns comentários sobre esse escritor e explicações sobre por que ele é tão importante.  

Giovanni Carmelo Verga nasceu, em 2 de setembro de 1840, na cidadezinha siciliana de Vizzini, província de Catania, no seio de uma próspera família de proprietários rurais. Produziu seus primeiros textos literários quando tinha, apenas, dezesseis anos de idade. Mas seu talento aflorou quando estudava Direito na universidade da cidade em que nasceu. Publicou, inicialmente, vários romances históricos. Sua importância maior, no entanto, não se deve a esses primeiros livros, embora muito bons. Depois de uma passagem de três anos por Florença, aos 29 anos de idade, ele mudou-se, de “mala e cuia”, para Milão, onde viveu por vinte e um anos e onde consolidou sua vitoriosa carreira.  Nessa importante cidade da Lombardia, Verga não tardou a fazer amizade com um ilustre conterrâneo, o romancista Luigi Capuana. Este fato viria a mudar sua forma de entender e de fazer literatura.

Por influência direta do novo amigo, Giovanni escreveu suas obras mais notáveis e bem sucedidas. E mais, junto com o amigo, fundou uma nova escola literária, tipicamente italiana, posto que inspirada no realismo francês de Balzac e de Zola: o Verismo. As principais características dessa nova corrente literária incorporavam vários postulados do positivismo. Entre estes, podemos destacar: absoluta fé na razão e na ciência, adoção do método experimental na produção dos textos e irrestrita confiança na infalibilidade dos instrumentos de pesquisa. O Verismo é marcado pelo realismo – por vezes sórdido ou violento – das descrições da vida quotidiana, especialmente das classes sociais mais baixas, rejeitando os temas históricos, míticos e grandiosos do Romantismo.

A corrente, da qual Verga foi co-fundador – assinou o manifesto de criação junto com Luigi Capuana -  não se restringiu, apenas, à Literatura. Também se manifestou na ópera italiana, a partir de 1890, com a Cavalleria Rusticana – aliás baseada num conto do mesmo nome do escritor siciliano – de Pietro Mascagni. Suas obras foram levadas, ainda, ao teatro e ao cinema (como o filme “A terra treme”, dirigido por Luchino Visconti), daí ser estranho o fato dele ser tão pouco conhecido, ou virtualmente desconhecido no Brasil.  Giovanni Verga, que também se destacou no jornalismo, sendo fundador de alguns jornais, voltou a morar em sua cidade natal em 1893, onde viveu por mais quase três décadas, na mesma casa onde nasceu, e morreu de uma trombose cerebral, em 27 de janeiro de 1922, aos 81 anos de idade. “A vida nos campos” pode nem ser sua obra-prima, mas que é um livro instigante disso o leitor pode ter certeza.


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Monday, August 29, 2016

A ÚNICA “RESSURREIÇÃO” POSSÍVEL

Há algumas formas simbólicas de “ressurreição”, posto que fisicamente ela é absoluta impossibilidade biológica. Por exemplo, há pessoas que viveram há dois ou três milênios e de cuja vida não restaram sequer as mais reles provas de que existiram, quanto mais dos seus atos ou obras. Todavia, é possível (só não sei se provável) que algum arqueólogo, alhures, algum dia, desenterre a localidade em que viveram. E que, da suas vidas ou obras haja algum tipo de registro incontestável. Improvável? Sim, mas não impossível. A memória desses indivíduos passará, dessa forma, se isso acontecer, por súbita “ressurreição”. Há lembranças do nosso passado, de pessoas ou de fatos rigorosamente esquecidos, que sem mais e nem menos afloram, subitamente, à memória. Ao pé da letra, não se trata de ressurreição, porquanto não morreram, mas foram, somente olvidadas. Metaforicamente, contudo, cabe a expressão.


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Nos EUA, fiscalização é difícil


Pedro J. Bondaczuk


Nos Estados Unidos, há algum tempo, vêm sendo aplicadas penas de restrições a direitos, ao invés das restritivas da liberdade, para pequenos delitos. Todavia, esse procedimento não tem caráter nacional, até porque cada Estado tem sua própria legislação.

Os juizes relutam em adotar tal prática, pela mesma razão que dificulta sua adoção no Brasil: a dificuldade de fiscalizar o cumprimento do castigo. Apenas pequenas comunidades aderiram a esse sistema.

Los Angeles, tempos atrás, tentou fazer essa experiência, mas logo os juizes locais desistiram dela. Em Nova York, igualmente, não deu certo. Algumas comunidades norte-americanas instituíram tribunais juvenis, para julgar casos de pequena importância, em processos de caráter sumaríssimo.

Há alguns anos, o programa "Fantástico", da "Rede Globo", mostrou uma dessas experiências bem sucedidas, em que os autores de pequenos delitos eram obrigados a prestar serviços comunitários para não irem para a cadeia.

Todavia, se tratava de uma cidade pequena. Os próprios moradores tinham condições de fiscalizar se os punidos estavam ou não cumprindo a pena. Inclusive nos casos de liberdade condicional a Justiça norte-americana enfrenta dificuldades, com muitos dos prisioneiros deixando de se apresentar aos seus respectivos tutores.

(Artigo publicado na página 44, Polícia, do Correio Popular, em 11 de abril de 1991).


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Astros do ensaio


Pedro J. Bondaczuk


O Brasil tem produzido, ao longo dos anos, excelentes ensaístas, que não ficam nada a dever aos grandes astros do gênero, de outros países. Pode-se afirmar que, diariamente, em especial nos meios acadêmicos, são produzidos primorosos ensaios, divulgados, via de regra, em meios específicos da internet. Basta acessar esses sites e/ou blogs, e conferir.

Para não cometer injustiças, e nem causar melindres, cito, apenas, alguns desses autores, e de um passado na verdade ainda recente. Estão, neste caso, Augusto Meyer, Alceu de Amoroso Lima, Gustavo Corção, Sérgio Milliett e o diplomata Álvaro Lins, com seu instigante livro “A glória de César e o punhal de Brutus”.

Portugal, por sua vez, conta com poucos ensaístas ilustres. Destes, destaco, é claro, Alexandre Herculano (uma espécie de mito na literatura de língua portuguesa) e Antero de Quental. Entre os espanhóis, deve ser, forçosamente, mencionado, além do poeta Miguel de Unamuno, o filósofo José Ortega y Gassett, um dos meus ensaístas preferidos.

Dos norte-americanos, já enfatizei a atuação, em considerações anteriores, de Henry David Thoreau, cujos textos integram todos os currículos de literatura inglesa das escolas dos Estados Unidos. Mas não podem ser omitidos os nomes dos extraordinários filósofos Ralph Waldo Emerson e Will Durant (este último, autor dessa autêntica jóia literária e filosófica que é o livro “Filosofia da Vida”). James Lowell, igualmente, não deve ser esquecido.

Em língua germânica, os ensaístas que mais chamam minha atenção são Thomas Mann, Hannah Arendt e Stefan Zweig (húngaro de nascimento, que teve fim trágico, aqui no Brasil, ao cometer suicídio).

Entre os russos, apesar de algumas restrições, o destaque vai para Leon Tolstoi, em sua fase mística. Muitos críticos literários entendem que essa foi a etapa da sua decadência literária, em que teria escrito textos de qualidade inferior. Pode ser. Ainda assim, nos legou, nesse período, alguns ensaios de imensa sabedoria e profundidade.

Os ensaístas mais conhecidos (e mais lidos) são, todavia, tanto os franceses, quanto os ingleses. Na França, além de um dos criadores do gênero, Michel Eyquem de Montaigne, não podem ser omitidos nomes como os de Montesquieu, Voltaire, Hippolyte Taine, Jean de La Bruyere, Charles Auguste Saint-Beuve, Paul Valéry, Albert Camus e Marguerite Yourcenar, entre tantos e tantos outros.

Já na Inglaterra, temos uma quantidade tão grande de notáveis ensaístas, que dificilmente não irei me esquecer de algum bastante destacável. Afinal, não possuo tão boa memória quanto desejo.

Além de Francis Bacon, nomes que não podem ser omitidos jamais são os de John Locke, Abraham Cowley (poeta), Daniel Defoe (jornalista), Joseph Addison, Richard Steele, Alexander Pope (o único a produzir ensaios em versos), Samuel Johnson, Henry Fielding, Oliver Goldsmith, Thomas Carlyle, Percy B. Shelley (poeta), Thomas Macaulay, William Thackerray e George Orwell, principalmente.

Que time de craques, não é mesmo?!!! Que tal você, paciente leitor e que tem pretensões a escritor, se aventurar por este gênero, que parece tão simples, mas que envolve tamanha complexidade, em decorrência das idéias com que os ensaístas trabalham?! É um belo desafio ao seu talento e criatividade. Espero, um dia, ler um livro de ensaios seu, combinado?


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Sunday, August 28, 2016

“A FAMA É SOMA DE EQUÍVOCOS”

O poeta Rainer Marie-Rilke escreveu que “a fama é a soma de equívocos criados em torno de uma pessoa”. A mesma afirmação é válida em sentido oposto. Ou seja, no caso de alguém comprovadamente competente em sua atividade permanecer obscuro, anônimo ou, pelo menos, desconhecido da maioria. Aliás, há os que obtêm o reconhecimento devido pelo seu talento e competência apenas muitos anos depois da sua morte. E isto quando suas obras (em geral casualmente) são apreciadas com serenidade, com isenção e com critério por alguém capacitado para avaliá-las, que só o distanciamento ditado pelo tempo permite. Alguns não são reconhecidos nunca e acabam esquecidos para todo o sempre. Há, por outro lado, muita gente que permanece famosa por causa de modismos. Títulos de suas obras são citados e repetidos em círculos de basbaques, de pseudo-intelectuais, pelos que desejam mostrar erudição, sem ter, em arroubos de pedantismo, sem que jamais seus livros (no caso de escritores, claro) tenham sido sequer folheados, quanto mais lidos. A fama, portanto, por partir, em geral, de um equívoco (ou de uma soma deles, conforme afirma Rilke), não passa de vaidade vã, quando não de um desnecessário incômodo. Melhor é conquistar o respeito e a genuína amizade de um círculo restrito de pessoas, do que adquirir essa notoriedade repentina, quando não apenas interesseira e, por isso, efêmera.            


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