Thursday, August 18, 2016

Ninguém abre o jogo


Pedro J. Bondaczuk


A proposta do homem forte da União Soviética, Konstantin Chernenko, apresentada, através de um artigo do “Pravada” neste fim de semana, impondo, como condição básica para que os russos voltem à mesa de negociações em Genebra a interrupção da instalação dos mísseis de teatro das séries Cruise e Pershing II por parte dos EUA, em território europeu, somente mereceria a resposta que realmente teve: um sonoro “não” por parte do presidente norte-americano Ronald Reagan.

Afinal, os soviéticos sabiam da determinação de Tio Sam em equilibrar o poder de fogo na Europa desde dezembro de 1980. Com certeza não acreditaram que na data aprazada, ou seja, dezembro do ano passado, os mísseis de teatro dos EUA começavam, efetivamente, a ser instalados.

Pontuando com atos a sua negativa em sequer estudar a proposta de Chernenko, os norte-americanos instalarão uma nova bateria de Pershings II na Alemanha Ocidental, elevando para 18 os foguetes estratégicos nucleares voltados para o coração da União Soviética.

Moscou dificilmente mudará a sua posição de intransigência até novembro, quando ficar definido o quadro sucessório norte-americano. E Reagan não mexerá, agora, qualquer peão no tabuleiro de xadrez da corrida armamentista, até porque precisa de cautela para não ser surpreendido nas urnas por alguma jogada infeliz de última hora em seu (difícil) relacionamento com a União Soviética. 

(Artigo publicado na página 11, Internacional, do Correio Popular, em 10 de abril de 1984)


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