Ninguém
abre o jogo
Pedro J. Bondaczuk
A proposta do homem forte da União Soviética,
Konstantin Chernenko, apresentada, através de um artigo do “Pravada” neste fim
de semana, impondo, como condição básica para que os russos voltem à mesa de
negociações em Genebra a interrupção da instalação dos mísseis de teatro das
séries Cruise e Pershing II por parte dos EUA, em território europeu, somente
mereceria a resposta que realmente teve: um sonoro “não” por parte do
presidente norte-americano Ronald Reagan.
Afinal, os soviéticos sabiam da determinação de Tio
Sam em equilibrar o poder de fogo na Europa desde dezembro de 1980. Com certeza
não acreditaram que na data aprazada, ou seja, dezembro do ano passado, os
mísseis de teatro dos EUA começavam, efetivamente, a ser instalados.
Pontuando com atos a sua negativa em sequer estudar
a proposta de Chernenko, os norte-americanos instalarão uma nova bateria de
Pershings II na Alemanha Ocidental, elevando para 18 os foguetes estratégicos
nucleares voltados para o coração da União Soviética.
Moscou dificilmente mudará a sua posição de
intransigência até novembro, quando ficar definido o quadro sucessório
norte-americano. E Reagan não mexerá, agora, qualquer peão no tabuleiro de
xadrez da corrida armamentista, até porque precisa de cautela para não ser
surpreendido nas urnas por alguma jogada infeliz de última hora em seu
(difícil) relacionamento com a União Soviética.
(Artigo publicado na página 11, Internacional, do
Correio Popular, em 10 de abril de 1984)
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