Reescrita fiel
Pedro
J. Bondaczuk
O tradutor é um dos
personagens mais importantes da Literatura de qualquer país. Mesmo que jamais
tenha escrito um único livro seu, merece, de sobejo, a classificação de
“escritor”, o que de fato é. Sem ele, não teríamos acesso a obras fundamentais
para a nossa reflexão e nossa cultura, escritas em línguas muito diferentes da
nossa.
Sua tarefa é das mais
árduas e meticulosas, pois seu desafio é o de virtualmente reescrever os livros
que traduz, mantendo-se, todavia, rigorosamente fiel ao conteúdo e ao espírito
do original. Isso requer dele, antes de tudo, amplo conhecimento de gramática,
mas não apenas a portuguesa (no caso dos tradutores para o português), mas
também (e principalmente) da língua em que originalmente a obra foi escrita.
Sem esse personagem, a
indústria editorial (pelo menos a brasileira) ficaria, virtualmente,
paralisada. Afinal, a imensa maioria dos lançamentos é de livros de escritores
estrangeiros. Trabalho, como se vê, não falta a esses profissionais. Quanto à
remuneração... Bem, esta já é outra história.
Mestres da Literatura
Brasileira, reconhecidos, com justiça, pelo público como nossos maiores
escritores, foram, também, exímios tradutores. Posso citar, por exemplo, um dos
maiores escritores de todos os tempos do País, Machado de Assis, além do
campineiro Guilherme de Almeida, considerado (por seus méritos) como o
“Príncipe dos Poetas Brasileiros”. Outros, que me vêm de imediato à memória,
são Mário Quintana, Manuel Bandeira, os irmãos Augusto e Geir Campos, Boris
Schneiderman e vai por aí afora.
Graças a essas
competentes figuras, temos acesso a obras escritas em qualquer das mais 20 mil
línguas e dialetos falados no mundo todo. Tive, recentemente, o prazer e o
orgulho de ver seu conto “Estrelinha”
traduzido (vejam só!) para o japonês.
Claro que, por
desconhecer por completo esse idioma (não sei sequer as primeiras letras do seu
enorme alfabeto), não tive como conferir a fidelidade dessa tradução. Mas só o
fato de pessoas que vivem no outro lado do planeta terem acesso, em sua língua
materna, a uma história que construí do nada, é um enorme privilégio.
Há textos mais fáceis e
outros mais difíceis de traduzir. Depende tanto do gênero, quanto da língua em
que ele foi, originalmente, escrito. Se for em idiomas irmãos do português,
digamos espanhol, francês ou italiano, é uma coisa. Se em inglês, alemão,
sueco, japonês ou russo, outra.
Entre os principais
obstáculos que ocorrem no processo de tradução destacam-se as expressões
idiomáticas. Ou seja, as “gírias” utilizadas pelos diversos povos. Daí a
necessidade do tradutor conhecer, não apenas superficialmente, mas a fundo, os
dois idiomas com que irá trabalhar. o do original e o para o qual fará a
tradução.
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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