Monday, September 30, 2013

Quaisquer que sejam as circunstâncias da nossa vida, devemos nos empenhar, sempre, com todas as nossas forças, para não perdermos, jamais, o bom-humor. Cultivar sentimentos de desconfianças, mágoas, ciúmes, vinganças ou rancor não contribui em nada para a nossa felicidade e envenena nossos relacionamentos. Temos que nos nutrir de uma visão de mundo positiva, otimista e construtiva, nunca abrindo mão da fé e da esperança. Claro que não podemos e nem devemos ignorar a feia realidade que nos cerca, caracterizada por sofrimentos, dor, maldade, violência e toda a sorte de perigos. Mas temos que encarar essas circunstâncias de forma construtiva, esperançosa e ativa, assumindo nossa responsabilidade, e agindo para tornar o mundo melhor, mais alegre, mais humano e mais justo. Afinal, como ensina o pensador Ludwig Wittgenstein: “Humor não é um estado de espírito, mas uma visão de mundo”.

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Apelo

Pedro J. Bondaczuk 

Flor delicada e etérea
dos sonhos, delírios de angústia,
pétala sutil da madrugada,
pura açucena dos campos
da sensibilidade e sentimento,
desabrochar da alegria,
faça do meu desencanto
enfático cântico de vitória!

Aromatize nauseabundas cloacas
da inveja, ódio e maldade
com, de rosas brancas e amarelas,
inebriante aroma. Ou do jasmim,
ou da lótus das meditações.

Que seus passos sejam leves
asas de borboletas
e não sangrem as frágeis pétalas
das fantasias, sonhos e ideais
com brutais tacões assassinos
de desejos inconfessáveis.

Que as mãos sejam brisas sutis,
os dedos, sopros da aura,
os lábios, carícias de asas,
os olhos, fontes cristalinas,
o mundo, canteiro, vergel
onde a erva do desamor,
urtigas, espinheiros e cardos
que crestam a humanidade
sejam lançados nas chamas
que purificarão a Terra.

Rosa mágica, rosa de Sharon
que marcou passagem no tempo
com gestos e atos
e fatos e encantos
e a elétrica empatia
que move a unidade,
desabroche, ressurja, renasça
e além de um poeta e amante,
me erija, me transforme
em dínamo gerador de emoções!

(Poema composto em Campinas, em 9 de agosto de 1978).


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Resultado feliz de uma angústia contínua

Pedro J. Bondaczuk

A ação é a forma prática (e única) de concretizar sonhos, planos e idealizações, que não se materializam por si sós, como num passe de mágica. Isso me parece para lá de óbvio, embora, na prática, muitos pareçam não acreditar. Fiam-se, por exemplo, na “vocação” para serem bem sucedidos no que lhes pareça sua aptidão natural. Esta é importante, sem dúvida, desde que, todavia, aprimorada, aperfeiçoada e, sobretudo, posta em exercício. Se eu for vocacionado para determinada atividade, mas não desenvolver essa tendência inata, ela será absolutamente inócua. Não tardará a estiolar, murchar e, se não desaparecer, permanecerá apenas latente, sem resultar em coisa alguma.

Fala-se, amiúde, em talento. Este, todavia, para gerar resultados, por mínimos que sejam, a exemplo da vocação (há quem ache essas duas condições sinônimas, embora não sejam), tem que ser exercido. E não aleatoriamente, sem regras, rumo ou direção. Tem que ter destino definido. Para isso, no entanto, precisa ser burilado, consolidado, direcionado corretamente e... só então posto em prática. Caso contrário, não irá gerar nada de prático. É necessário que exercitemos vocação e talento, se os tivermos, o que exigirá de nós esforço, dedicação, aplicação e muita e rigorosa autodisciplina. E, mesmo assim, não há qualquer certeza de que seremos bem sucedidos. Nunca há! Mas, sem esses fatores, o fracasso é certo, ou, apelando para o superlativo, é certíssimo.

O trabalho – seja de caráter material ou intelectual –   sem objetivo definido e factível, sem método, conhecimento, constância e persistência se transforma em esforço inútil e frustrante, em mero desperdício de energia e de tempo. Não nos leva a lugar algum, se não à exaustão e ao fim e ao cabo, à frustração. A dobradinha perfeita para as pequenas e grandes realizações é idealizar, depois planejar e se organizar da melhor maneira possível,  mas depois “agir”. É a única forma racional para trazer a idealização para o terreno concreto, que não seja o de mero sonho. A idealização, sem a ação, mês,o cumprindo todos os requisitos que citei, perde qualquer sentido.

O jornalista e pastor norte-americano Frank Crane observa, a propósito, que “o aperfeiçoamento moral nasce de uma união harmoniosa entre o trabalho prático e a cultura do ideal”. Isso exige de nós, porém, estudo, preparo, persistência e muita autodisciplina, sobretudo no sentido de pôr em prática o que nos leve a esse estado de melhoria, de evolução, de progresso espiritual (que tende a redundar em benefícios materiais).

Poucas atividades exigem tanto de nós quanto a de escritor. E há menos ainda que proporcionem menores resultados práticos (e isso quando produz algum) do que a dedicação integral à literatura. Podemos ter êxito nas letras sem contarmos com vocação? Entendo que sim, embora o caminho seja muito mais árduo. É possível obter sucesso nessa atividade sem que tenhamos talento para tal? Minha resposta é igualmente positiva. Mas jamais chegaremos a algum lugar se não formos determinados, observadores, disciplinados, aplicados ao estudo e à pesquisa e, principalmente, se não agirmos, se não nos exercitarmos, se não escrevermos continua e exaustivamente, com método, organização e persistência e sem esperarmos resultados imediatos, que dificilmente virão. Talvez nem venham em momento algum. É um risco de que devemos estar conscientes o tempo todo.  .

Rara é a atividade que exige tanto de nós como a literatura. Ela não depende, apenas, da técnica, da disciplina, do conhecimento, da observação etc.etc.etc. Temos que empenhar, nela, não somente raciocínio, mas, principalmente, nossas mais profundas emoções. Não podemos ter nenhum pudor em nos desnudar, espiritualmente, diante do público, se objetivarmos obter credibilidade e emprestar um mínimo de verossimilhança aos nossos textos.

Afinal, o que vem a ser, em última análise, a atividade literária? Do que se alimenta? Basicamente, seu arcabouço temático é formado por mitos, intrigas e metáforas, transformados em enredos e em lições positivas e/ou negativas elaboradas pela imaginação, como observou, em certa ocasião, o filósofo e escritor francês, Paul Ricoeur. Aquilo que mais nos dói, o que mais nos incomoda e machuca, o que nos causa revolta e não raro asco, e que gostaríamos de sequer pensar, é justamente, se formos competentes e preparados em manipular essa incômoda “matéria-prima”, o que gera os melhores textos e, por conseqüência, livros com potencial de se tornarem best-sellers. Para Ricoeur, são esses ingredientes, “tecidos” pela imaginação, que dão “forma à experiência humana”.    

O escritor tem que ser forte, pelo menos do ponto de vista psicológico. Em vez de fugir da angústia, tem que cultivá-la o tempo todo e, principalmente, tornar suas as angústias alheias. Compete-lhe entender e relatar os mistérios da alma, contando, para isso, como parâmetro de aferição, com o que se passa na sua. Tem que pesquisar e entender as paixões que movem este estranho animal, com capacidade de entender o que o cerca e de comunicar esse entendimento a terceiros, que é o homem. Se quiser ter alguma chance de sucesso, tem que tentar compreender e lidar com todas paixões, das mais degradantes às mais sublimes.

Não posso deixar de concordar, pois, com o poeta Carlos Drummond de Andrade quando observou, com rara sensibilidade, que a “obra de arte é o resultado feliz de uma angústia contínua”. E a Literatura, afinal, é uma forma de arte, das mais refinadas e complexas e, ademais, das menos compensadoras.


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Sunday, September 29, 2013

A vida é feita de ações. Claro, o desejável é que estas venham sempre acompanhadas da devida reflexão. Todavia, se formos confrontados entre o agir e o refletir, a opção tem que ser, sempre, a primeira, a ação, mesmo que estejamos sujeitos a erros. Temos que ser ousados. Precisamos deixar para trás o porto seguro, que não raro é uma desculpa para nada fazer, e explorar todas as possibilidades que a vida oferece. Devemos sonhar, tentar, ousar e descobrir. Quem não agir dessa forma, certamente se arrependerá um dia. Mas, então... poderá ser tarde, muito tarde para recuperar o tempo perdido. Samuel Clemens, que assinava seus textos como Mark Twain, escreveu: “Daqui a vinte anos você estará mais desapontado com as coisas que não fez do que com as que fez. Então jogue fora os limites. Navegue para longe do porto seguro. Sinta o vento em suas velas. Explore. Sonhe. Descubra”. Evite desapontamentos futuros.


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Não é o casamento que está em crise


Pedro J. Bondaczuk


A despeito de algumas evidências e de dramas pessoais, como o de Warren Murphy, que por ter sido abandonado pela mulher (que levou consigo os filhos do casal) invadiu o local onde trabalhava, nos Correios de Nova Orleans, feriu a bala três companheiros e manteve uma senhora como refém por 13 horas, a instituição do casamento não está falida e muito menos em crise. Quem investe contra ela aponta dados estatísticos acerca de separações e de crimes passionais como argumento. Estes, no entanto, desde tempos bíblicos, sempre existiram. Muitos matrimônios são ainda feitos por puro interesse, sem que entre nele a importantíssima componente do amor. É claro que eles não dão, nem podem dar certo.

Outros, são mortos pela rotina. O marasmo, muitas vezes, leva um dos parceiros, ou os dois, a aventuras extraconjugais. Em vários casos, elas não passam de episódios passageiros, que sequer são do conhecimento de um dos cônjuges, no caso a parte traída. Terminam como começaram e sequer deixam marcas. Em outros, contudo, verificam-se dramas pungentes.

A parte ofendida, às vezes, reage passionalmente e parte até para brutais assassinatos, que destroem  não somente o casamento, como todos os que tinham vínculo com ele. Em outras, a reação é moderada, mas a dor, o sofrimento, a humilhação são pavorosos. Deixam marcas indeléveis. E quase sempre o parceiro traidor arrepende-se do erro, quando já é tarde.

Por algumas horas de prazer carnal ilícito (que a mulher poderia ter com o marido ou este com a esposa licitamente) todo um passado de carinhos e de trabalho conjunto é posto a perder. Em geral, o adultério, com suas conseqüências escabrosas, traz resultados danosos para quem não tem nada a ver com a falta de moral dos pais. São pessoas que sequer pediram para nascer. Os afetados acabam sendo os filhos. O pior é quando os adúlteros são ambos casados. Neste caso, o risco é maior, pois duas famílias, e não somente uma, findam por ser destruídas.

O antídoto para esses casos é um só: Amor. Essa palavra, tão desgastada pelo uso inadequado que se faz dela, implica numa série de grandes virtudes, como paciência, atenção, desvelo, tolerância, perdão, amizade, carinho, compreensão, desprendimento, sexo, e muito mais, todas reunidas de uma só vez. Mas esse sentimento é como uma delicada flor. É belo, mas frágil. Precisa ser cultivado e cuidado diariamente, para que não venha a secar e se transformar em algo mórbido, doloroso, angustiante. Afinal, nele reside toda a fonte da vida, por ser o atributo maior da própria divindade.

(Artigo publicado na página 13, Internacional, do Correio Popular, em 16 de dezembro de 1989)


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Tecnologia a serviço da ópera

Pedro J. Bondaczuk

O advento do cinema, num primeiro momento, e, posteriormente, o surgimento dos diversos meios de gravação de som e imagem, não somente popularizaram a ópera (claro que com popularidade relativa) como a consolidaram de vez no mundo das artes. Antes de existirem esses recursos, hoje corriqueiros, quem quisesse assistir a uma apresentação do gênero, teria, necessariamente, que ir a algum teatro, então acessível apenas á elite, em que ela ocorria. As montagens eram caríssimas (e ainda o são) e nem sempre essas produções faziam sucesso. Foram inúmeros os produtores que tiveram a desventura de presenciar contundentes fracassos e por isso arcar com imensos prejuízos e diversos deles chegaram a ir à falência.

Agora não. Quem quiser conhecer (ou, se já conhece, voltar a se deliciar) alguma ópera, tem plenas condições de fazê-lo sem muito esforço e a custos acessíveis à maioria dos bolsos. Basta alugar uma fita, em alguma locadora de filmes, ou mesmo adquirir um DVD, e assistir, o que antes exigia deslocamentos e não raro altos dispêndios (os ingressos nos teatros eram caros), em sua própria casa, e no momento em que lhe der na veneta. Conheço muitos apreciadores do gênero que têm extensas coleções com as mais célebres e consagradas peças operísticas encenadas pelos mais refinados, e requisitados, artistas, em seu acervo.

Apenas de filmes, posso citar alguns, cujas cópias pude assistir na casa de um amigo, como as óperas “La Boheme”, de Giácomo Puccini, com produção de John Copley; “Carmem”, de Georges Bizet, produção da Royal Opera; “Fausto”, de Charles-François Gounod; “Nabuco”, de Giuseppe Verdi e vai por aí afora. Para os que preferem ver as apresentações ao vivo, no teatro, os principais centros artísticos da Europa e dos Estados Unidos, mantêm temporadas operísticas regulares, com programas dos mais variados e cujas apresentações são gravadas em DVD que, salvo raras exceções, se esgotam rapidamente.

Neste preciso instante em que redijo estes comentários, dezenas, centenas, quiçá milhares de compositores debruçam-se sobre partituras para comporem novas óperas que futuramente estarão nos melhores e mais sofisticados teatros do mundo, muitas das quais irão gerar filmes ou serão gravadas não importa em qual dos tantos recursos eletrônicos que existem e que poderão, caso você se interesse, integrar seu acervo, caro leitor. É a modernidade tecnológica, mais uma vez, a serviço da arte, da cultura e do bom gosto.

Ademais, inúmeras inovações surgem, praticamente, todos os dias, para facilitar a tarefa dos compositores e dos apreciadores do gênero. Por exemplo, os vastos (quase infinitos) recursos da informática são crescentemente utilizados, e com pleno êxito, por boa parte deles. Ademais, a ópera, que sobreviveu dada a capacidade dos seus cultores de renová-la, adaptá-la e modernizá-la, segue nessa linha inovadora, aproximando, cada vez mais, o erudito do popular. As mudanças ocorrem tanto na linha melódica, quanto na utilização de instrumentos populares (como as guitarras, por exemplo) e, principalmente, na temática desenvolvida.

Neste caso, o movimento inovador mais expressivo, conhecido e polêmico, é a chamada “ópera rock”, que desgosta os puristas, que argumentam que ela não tem nada a ver com o gênero que consagrou Mozart, Wagner, Puccini, Verdi e tantos outros, mas que conquista crescente contingente de adeptos, mundo afora, especialmente a juventude. Essa vertente surgiu na década de 60 do século passado. Os historiadores de arte consideram que a peça “Tommy”, do grupo The Who, foi a precursora dessa nova linha de composição. Seu sucesso motivou outras produções no mesmo estilo. Atribui-se ao guitarrista Peter Townshend, do grupo The Who, o pioneirismo como compositor desse tipo híbrido, de música e de arte dramática, posto que cantada, em vez de recitada.

Há quem conteste essa primazia e jure que a primeira ópera rock foi do grupo britânico Nirvana, com seu álbum “The Story of Simon Simopath”. Controvérsias do tipo sempre existiram e sempre irão existir. De qualquer forma, não se pode negar o caráter histórico de Peter Towshend nessa revolucionária inovação do gênero. Outras óperas rock das mais conhecidas são “Jesus Christ Superstar”, de Tim Rice, “The rise and fall of Ziggy stardust and the spiders of Mars”, de David Bowie, “Quadrofenia”, também de Peter Townshend, do grupo “The Who”, “Berlin”, de Lou Reed, “The lamb lies down on Broadway”, do Genesis, “Joe’s garage”de Frank Zappa e vai por aí afora.

A modernização da ópera (processo contínuo, em pleno andamento), e as facilidades de acesso proporcionadas pela tecnologia, fazendo com que deixasse de ser exclusividade das elites, consolidam e, sobretudo, concretizam plenamente o sonho daquele punhado de florentinos de fins do século XVI, de maneira modernizada, a grandiosidade e a veracidade da tragédia da Grécia Antiga.

Estamos em plena segunda década de um novo século e novo milênio, repleto de promessas, mas também de incógnitas, incertezas e sobressaltos, com vários movimentos artísticos e culturais se transformando em meras referências históricas, por sua incapacidade de se transformar. Mas esse equívoco filológico dos italianos, a “opera in musica”, visto por muitos anos com suspeição e encarado como mero modismo passageiro, está mais vivo do que nunca, passados mais de quatro séculos de sua concepção, sustentado pela atuação magnífica de gênios de várias épocas que excederam, em termos de inteligência e criatividade, no uso de uma adequada e funcional linguagem para comunicar acontecimentos, projeções, dramas, comédias, pensamentos, sentimentos etc. etc.etc.


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Saturday, September 28, 2013

Um dos maiores cuidados que devemos ter na vida se refere ao teor e à qualidade dos nossos pensamentos. Afinal, eles são as matérias-primas das nossas ações. Mesmo que não venhamos a nos dar conta, somos, de fato, o que pensamos. Se pensarmos que somos infelizes, coitadinhos e fracos, assim seremos. Se nutrirmos pensamentos negativos, de mágoas, ressentimentos, ciúmes e vinganças, estaremos apostando na infelicidade. E seremos, dessa forma, infelizes. Por isso, o mais inteligente e produtivo é preenchemos nossa mente com idéias positivas, construtivas e sadias, mediante conversações que nos acrescentem algo e nos melhorem; leituras selecionadas e meditação constante. Victor Hugo nos lembra: “Há pensamentos que são orações. Há momentos nos quais, seja qual for a posição do corpo, a alma está de joelhos”. Esta é a postura dos que têm fé, dos que não abrem mão da esperança e dos que vivem com qualidade e alegria.


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Prenúncios da violência


Pedro J. Bondaczuk


A Colômbia, nossa vizinha e fraternal amiga, foi duramente castigada neste ano por dois acontecimentos marcantes na vida desse sofrido povo irmão. O primeiro, foi de responsabilidade dos homens, ditado pela incompreensão e fanatismo que dividem as pessoas em grupos adversários e inconciliáveis.

O outro, embora revelasse uma alta dose de imprudência das autoridades, alertadas para a possibilidade de erupção do vulcão Nevado del Ruiz com grande antecedência, foi ditado pela fúria da natureza. Entretanto, o fato que registrou mais vítimas fatais, pouca conseqüência irá trazer para as instituições do país, embora seja uma tragédia dolorosa, que certamente deve ter enlutado toda a sociedade colombiana e toda a comunidade internacional. Já o que fez menos de uma centena de mortos, deverá repercutir muito daqui para a frente.

Várias declarações, dadas entre anteontem e ontem, por membros do governo e pelo ex-presidente Lopez Michelsen, soaram bastante inquietadoras. Elas advertem que a Colômbia, desgraçadamente para sua população, está muito próxima de uma “guerra suja”, como a registrada na Argentina no período de 1976 a 1982, cujos principais personagens acabam de ser punidos pela Justiça argentina pelos excessos que cometeram.

Mais uma vez, nesse nosso miserável e violento continente, as experiências alheias deixam (ou estão em vias de deixar) de ser aproveitadas, para que se possa evitar inúteis e traumáticos “banhos de sangue”.

Quando em agosto do ano passado o presidente Belisário Betancur estendeu, fraternalmente, a mão à guerrilha, tentando reintegrar um vasto contingente de colombianos à legalidade política, os sinos de todo o país repicaram demoradamente.

Hoje, passado um ano, chega-se à conclusão que seus repiques tiveram, na verdade, um caráter quase premonitório. Ao invés de expressarem regozijo pelo desarmamento dos espíritos (como se pensou na ocasião), pareciam, anunciar na verdade tragédias, que afinal se consubstanciaram, sendo que a maior foi o selvagem massacre registrado no mês passado no Palácio da Justiça de Bogotá.

Olhando o panorama atual da América do Sul, que nunca teve grande tradição de democracia, vemos grupos guerrilheiros (bastante ativos) atuando em quatro países. No Peru, os dois mais virulentos são o Sendero Luminoso e o Tupac Amaru, embora outros menores estejam brotando como ervas daninhas do descontentamento das massas desesperadas.

No Chile, a Frente Patriótica Manuel Rodriguez espalha o terror e a morte, rivalizando com o próprio regime ditatorial na promoção da desordem, que não é, em absoluto, aquilo que a maioria (aquela que se conserva sempre silenciosa) deseja.

Mo Equador, o “Alfaro Vive” manifesta a frustração dos habitantes das dezenas de “vilas misérias” de Quito, Guayaquil e outras cidades, uma das quais o papa João Paulo II teve a oportunidade de visitar e de onde saiu horrorizado. E, finalmente, vem a Colômbia, onde pelo menos quatro grandes grupos trucidam, seqüestram, destróem e roubam, especialmente no seu vasto interior.

Todos esses países possuem raízes comuns: altas taxas de desemprego, enormes contingentes de pessoas sem terra, sem casa, sem escola, sem passado, sem presente, sem futuro e sequer sem alguma esperança. Uma situação, portanto, semelhante à vivida pela Europa nos séculos XV e XVI, responsável por massacres dantescos, que se teima em não mais levar em consideração, como se não tivessem sido perpetrados por seres humanos contra outros e se não ocorressem por alguma causa.

A história nunca se repete, é verdade. Mas as reações básicas do ser humano diante de determinadas condições, têm se mantido idênticas desde quando os homens das cavernas começaram a organizar os seus primitivos clãs.

O que se exige dos governantes latino-americanos é um pouquinho de seriedade na condução dos negócios de Estado. É o abandono de práticas intoleráveis de corrupção e de enormes esbanjamentos das ínfimas economias nacionais. É o entendimento que as políticas concentracionistas de renda são sempre bombas de tempo, que a qualquer momento tendem a explodir incontrolavelmente.

A saída para o continente não está nas esquerdas, ou direitas, ou em quaisquer outras ditaduras, de que matizes ideológicos forem. Reside no bom senso e na honestidade. O resto, incluídas as “guerras sujas”, não passa de gratuito derramamento de sangue, que um dia tende a se reverter contra os que deflagram esses processos.

(Artigo publicado na página 9, Internacional, do Correio Popular, em 11 de dezembro de 1985).


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Gênero mais atual do que nunca

Pedro J. Bondaczuk

O leitor atento e curioso, que leu os trechos do ensaio que escrevi em 1986 – e que publiquei no jornal “Correio Popular” de Campinas, na edição de 26 de outubro daquele ano – sobre a origem da ópera, está se perguntando: “na atualidade, em pleno século XXI, ainda há quem componha peças desse gênero?”. Respondo: há e muitos. Os recursos tecnológicos atuais, de comunicação e, sobretudo, de gravação de sons e imagens, consolidaram, de vez, esse tipo de obra artística.

Claro que, como ocorria na época do seu surgimento, há público específico para essa forma de representação (como há para todo e qualquer tipo de música, seja erudita ou popular e, por extensão, de arte, visual ou sonora ou reunindo ambos recursos simultaneamente). Mas, até em decorrência da vertiginosa expansão da população mundial, os apreciadores de óperas atuais, mesmo sendo relativamente restritos, em termos absolutos são em quantidade muitíssimo maior do que nos primórdios da criação do gênero. Naquela época, o Planeta abrigava, se tanto, 500 milhões de habitantes. Hoje, conta com mais de sete bilhões!

Antes de tratar do panorama atual da ópera, não abordado, claro (por razões óbvias) no meu ensaio de 1986, peço licença para reproduzir mais alguns trechos do referido texto, abordando (e comentando) o desenvolvimento do gênero no século passado, até chegar ao estágio de hoje, Nos albores dos anos 1900, esse tipo de peça, reunindo, simultaneamente, drama e música, parecia esgotado. A sensação era a de que todas as inovações possíveis e imagináveis (das quais citei somente algumas e, assim mesmo de passagem) já haviam sido feitas e que não havia mais nada a inovar. Havia visíveis sintomas de decadência e decrepitude. O público exigia novidades, pelas quais se mostrava ávido. E não tardou em ser atendido.

Uma renovação inesperada viria a ocorrer, conduzida por Claude Debussy, com sua ópera “Pelléas et Melissande”. O grande mérito dessa produção antológica foi o texto de Maurice Maeterlinck, que revolucionou o estilo de escrita operística. Os principais méritos dessa composição, além do libreto com elevadíssimo conteúdo poético, foram a declamação sem o lirismo exagerado que prevalecera até então e a sutilização no acompanhamento orquestral. Apesar de não deixar sucessores, o compositor francês influenciou decisivamente a ópera moderna, com os novos conceitos que implantou.

No século XX, surgiram geniais autores, que não ficaram nada a dever a um Mozart, um Wagner, um Verdi e a outros tantos monstros sagrados da música clássica. Muitos estão, ainda, em plena atividade, compondo óperas de grande sucesso para um público específico, raramente divulgadas nos meios de comunicação de maior penetração. O que chama a atenção é a capacidade de “renascimento” do gênero, nos momentos críticos em que tudo parecia indicar que estivesse ameaçado de extinção. Ainda que mal comparando, considero a ópera uma espécie de “fênix” das artes, sobretudo da musical: sempre que prestes a se extinguir, “renasce das próprias cinzas”, com maior vigor e criatividade do que antes.

Na trajetória do gênero, notadamente na passagem de um século para outro, não podem ser omitidos compositores como os brasileiros Antonio Carlos Gomes (ilustre filho de Campinas, onde seus restos mortais repousam em mausoléu construído para esse fim) e Leopoldo Miguez. Nem de compositores do porte de Giácomo Puccini, de Ruggero Leoncavallo, de Pietro Mascagni, de Bela Bartok, de Serguei Prokofiev, de Alban Berg (cuja composição “Wozzek” foi considerada, por muito tempo, pelos especialistas, como a única ópera radicalmente moderna) e do norte-americano George Gershwin, com sua marcante composição “Porgy and Bess”. Poderia citar, neste caso, mais algumas dezenas de nomes que não haveria nenhum exagero.

De 1950 para cá, foram encenadas dezenas de peças que são preciosas pérolas operísticas contemporâneas (infelizmente pouquíssimo divulgadas pelos principais meios de comunicação). Mas os amantes do gênero tiveram a oportunidade de conhecer e de se deliciar com elas (tive o privilégio de assistir e de satisfazer minha insaciável fome estética com algumas delas).

Numa relação um tanto aleatória, posso citar como marcantes composições da segunda metade do século XX, as seguintes: “O Cônsul”, de Giancarlo Menotti (estreada em 1° de março de 1950), “O prisioneiro”, Luigi Dellapicola (20 de maio de 1950), “A carreira do libertino”, Igor Stravinsky (11 de setembro de 1951), Pedro Malasarte, Camargo Guarnieri (27 de maio de 1952), “The Midsummer Marriage”, Michael Tippet (27 de janeiro de 1955), “O diálogo das carmelitas”, Francis Poulenc (26 de janeiro de 1967), Moisés e Arão”, Arnold Schoenberg (15 de janeiro de 1958), “Vanessa”, Samuel Barber (15 de janeiro de 1958), “Aniara”, Karl Berger Blomdahl (31 de maio de 1959), “A compadecida”, José Siqueira (11 de maio de 1961), “Elegia para jovens amantes”, Hans-Werner Henze (20 de maio de 1961), “Os soldados”, Bernd-Alois Zimermann (15 de fevereiro de 1965), “Yerma”, Heitor Villa-Lobos, com libreto original de Federico Garcia Llorca (estreada em Santa Fé, nos Estados Unidos, em 12 de agosto de 1971 e no Brasil em 1983), “O chalaça”, Francisco Mignone, “Memórias de um sargento de milícia”, também de Mignone, “Mary Queens of Scots”, de Thea Musgrave e vai por aí afora.



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Friday, September 27, 2013

Nada no mundo se compara ao amor, em termos de auto-suficiência. O poeta Gibran Kahlil Gibran nos ensina: “O amor nada dá senão de si próprio e nada recebe senão de si próprio. O amor não se possui e não se deixa possuir, pois o amor basta-se a si mesmo”. Não se conquista, portanto, a pessoa amada, com promessas, com oferendas ou com dádivas, tenham a natureza ou o valor que tiverem. A desejável e sonhada reciprocidade não se  força, não se induz, não se impõe. É espontânea, misteriosa e sutil e se conquista, embora ninguém saiba, de fato, como. O amor não se compra e nem se vende. Não é uma propriedade, uma obrigação ou um ato. É um sentimento! Extrapola toda a lógica humana. Surge sem motivo aparente e desaparece, sem que se possa evitar. É auto-suficiente e caprichoso e tem suas próprias leis, que independem da nossa vã filosofia.

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Livros que recomendo:

“Balbúrdia Literária” José Paulo Lanyi – Contato: jplanyi@gmail.com
“A Passagem dos Cometas” – Edir Araújo – Contato: edir-araujo@hotmail.com
“Aprendizagem pelo Avesso”Quinita Ribeiro Sampaio – Contato: ponteseditores@ponteseditores.com.br

O que comprar:

Cronos e Narciso (crônicas, Editora Barauna, 110 páginas) – “Nessa época do eterno presente, em que tudo é reduzido à exaustão dos momentos, este livro de Pedro J. Bondaczuk reaviva a fome de transcendência! (Nei Duclós, escritor e jornalista).Preço: R$ 23,90.

Lance fatal (contos, Editora Barauna, 73 páginas) – Um lance, uma única e solitária jogada, pode decidir uma partida e até um campeonato, uma Copa do Mundo. Assim como no jogo – seja de futebol ou de qualquer outro esporte – uma determinada ação, dependendo das circunstâncias, decide uma vida. Esta é a mensagem implícita nos quatro instigantes contos de Pedro J. Bondaczuk neste pequeno grande livro.Preço: R$ 20,90.

Como comprar:

Pela internet WWW.editorabarauna.com.br – Acessar o link “Como comprar” e seguir as instruções.
Em livraria Em qualquer loja da rede de livrarias Cultura espalhadas pelo País.        

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O preço fora de casa


Pedro J. Bondaczuk


O processo de urbanização crescente que se verifica no mundo --- 25% da população mundial habitam hoje em 93 cidades com mais de um milhão de habitantes e somente a capital mexicana, sozinha, abriga 25 milhões de pessoas --- trouxe consigo a necessidade urgente de se prover esses grupamentos urbanos de sistemas eficientes de transporte de massas.

A locomoção rápida, barata e com razoável conforto é, na atualidade, preocupação prioritária da maioria dos prefeitos do mundo todo. Ou pelo menos deveria ser. Afinal, nunca o ritmo de vida foi tão frenético, como agora, quando o chavão "tempo é dinheiro" há muito já deixou de ser mero clichê, para se tornar uma realidade concreta.

Campinas, todavia, nesse aspecto, revela-se uma cidade carente. Possui, na atualidade, o transporte mais caro do País, com a recente elevação de tarifas de ônibus urbanos para Cr$ 125,00.

Ainda se o usuário tivesse um atendimento de superior qualidade, embora tendo de pagar muito alto pelo serviço, o drama não seria tão grande. Todavia, basta que se dê uma volta de ônibus pela cidade para que se constate que não é isso o que ocorre.

Durante a campanha eleitoral, o prefeito Jacó Bittar destacou que uma de suas prioridades seria a humanização dos transportes, Isso implica, evidentemente, num custo barato, já que as opções oferecidas aos proprietários de automóveis não são das melhores.

Eles têm que transitar por ruas estreitas, nem sempre bem conservadas, fazendo da locomoção uma autêntica tortura. A cidade cresceu vertiginosamente, mas sua infraestrutura urbana não acompanhou esse crescimento.

Somente ao longo da atual administração, iniciada em 1989, as tarifas de ônibus urbanos subiram 73,529%, para uma inflação no período de menos da metade dessa taxa. Hoje o campineiro paga, para poder se locomover mediante o meio de transporte mais popular de que dispõe, quase o dobro dos Cr$ 70,00 do curitibano, cujo sistema é tido e havido como um dos mais eficientes do País, e mais de 100% dos Cr$ 60,00 do belo-horizontino, cuja cidade tem o dobro de tamanho.

Estão alinhados, portanto, dois fatores sumamente irritantes, que além de depredarem o orçamento doméstico, aviltam a qualidade de vida do habitante de Campinas: ineficiência e alto custo. Se fosse possível traduzir em cifras os prejuízos causados pela deficiência dos transportes urbanos  na economia local, certamente eles não seriam nada desprezíveis, além da carga de aborrecimentos produzida, que estraga o dia a dia de qualquer pessoa.

(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 15 de fevereiro de 1991).


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Consolidação e consagração

Pedro J. Bondaczuk

A ópera conquistou o status que goza, atualmente, no âmbito da chamada música erudita, ou clássica, graças à capacidade de renovação dos inúmeros compositores que lhe deram permanência e transcendência. Além de seus inegáveis méritos artísticos, propiciou a criação de muitos empregos, e não apenas para instrumentistas, mas para cantores, cenógrafos, figurinistas, iluminadores etc. Levou, todavia, bom tempo para se consolidar, como gênero híbrido, misto de composição musical e drama, com muitos elementos da arte de representar, mas com a diferença de trocar os diálogos “falados” pelos “cantados”.

Conquistou, todavia, público exigente, mas fiel, que só cresceu, com a adesão de compositores geniais, que haviam se destacado em outros gêneros clássicos e que passaram a compor óperas, cada vez mais refinadas, inspiradas e criativas. Um desses gênios foi, sem dúvida, Wolfgang Amadeus Mozart, que soube encontrar libretos adequados, de inegável qualidade artística, para suas composições. Sua produção operística, primores de perfeição, é das mais vastas e memoráveis, com destaque para obras como “O rapto do serralho” (16 de julho de 1782), “As bodas de Fígaro (1° de maio de 1786), “Don Giovanni” (29 de outubro de 1787) e “A flauta mágica” (30 de setembro de 1791), entre tantas e tantas e tantas magníficas produções.

Até o fenomenal Ludwig van Beethoven – cujo gênero preferido nunca foi a ópera – fez sucesso no drama cantado, com “Fidélio”, cuja estréia se deu em 20 de novembro de 1805. Cada um desses imortais deixou um pouco de si, alguma coisa nova, seu selo de qualidade na técnica de composição operística. Carl Maria Von Weber, por exemplo, reformou os conceitos do gênero, escolhendo temas populares adaptáveis ao romantismo musical. Sua ópera mais marcante foi “Freischuetz”, marco precursor de temas nacionalistas germânicos, que seriam levados às últimas conseqüências por Richard Wagner.

Influenciados por Weber, diversos compositores, Europa afora, enveredaram por idêntica temática nacionalista. O dinamarquês Friedrich Daniel Rudolf Kuhlau foi um deles. O sueco Ivar Hallstrom, foi outro. O checo Bedrich Smetana (cuja obra mais notável é a ópera “A noiva vendida”, estreada em 30 de maio de 1853) foi um terceiro. E vai por aí afora. O período, meados do século XIX, marcou a adesão dos compositores russos ao gênero. O precursor foi Mikhail Glincka, com a obra “A vida pelo czar”, cuja estréia se deu em 9 de dezembro de 1836.

Essa composição foi a primeira ópera de cunho nacionalista da Rússia, que revelaria, a partir de então, grande quantidade de compositores de reconhecido valor no mundo operístico.  Para o meu gosto, o principal foi Modest Mussorgski. Sua peça “Bóris Goudonov”, baseada em um drama de Aleksandr Puchkin sobre um personagem lendário russo que tinha esse nome, é considerada uma das mais perfeitas do gênero em todos os tempos. É de tirar o fôlego! Constitui-se no ápice qualitativo da ópera na Rússia, país que também revelou ao mundo o genial e atormentado Piotr Tchaikowski, autor de “Evgueny Onieguin” e “A dama de espadas”; Aleksandr Borodin, que compôs “O príncipe Igor”; Nikolai-Rimski-Korsakov, compositor de “O galo de ouro” e Igor Stravinsky, que nos legou, entre outras obras, “O rouxinol”, “Édipo rei”, “A carreira de libertino” e “Pássaro de fogo”.

Entretanto, um dos maiores reformadores da ópera e um dos seus maiores expoentes de todos os tempos foi o polêmico e genial compositor Richard Wagner, que abandonou todas as formas tradicionais até então características do gênero, mas restabeleceu sua substância e sua essência. Entre outras coisas, aboliu, por completo, a ária. Substituiu-a pela cena totalmente musicada, introduzindo o leitmotiv, ou seja, um tema-condutor. Valeu-se da melodia contínua, sustentada por recursos orquestrais, de enorme força dramática. Transformou, enfim, a velha ópera numa espécie de sinfonia, carregada de intenso drama, com a participação de vozes fazendo o coro. Conseguiu, portanto, fazer o que os florentinos haviam concebido em 1600 e que havia se perdido pelo caminho.

Wagner concretizou, sobretudo, o grande sonho de Gluck. Subordinou a música completamente ao drama, promovendo a absoluta fusão entre ambos. Por isso, conquistou a preferência do público na maior parte da Europa, embora encontrasse (e ainda encontre) resistência em vários círculos, não em decorrência de qualidade musical, mas de seu suposto e controvertido anti-semitismo. Com Wagner, a ópera chegou quase aos limites de suas possibilidades. O que seria atingido, afinal, por Richard Strauss, anos depois.

A obra operística de Wagner é das mais ricas e expressivas e. Virtualmente, não há nenhum amante de música erudita que não a conheça, mesmo que não a aprecie (o que refletiria contundente falta de gosto). Suas principais óperas são: “Tanhauser” (19 de outubro de 1845), “Lohengrin” (28 de junho de 1850), “Tristão e Isolda” (10 de junho de 1865), “Os mestres cantores de Nuremberg” (21 de junho de 1868), “O ouro do Reno” (22 de setembro de 1869), “A Walquíria” (26 de junho de 1870), “Siegfrid e o crepúsculo dos deuses” (16 e 17 de agosto de 1876) e, claro, “Parsifal”, considerada a sua obra prima.

Entretanto, a Península Itálica, berço do gênero, não ficou à margem de mais esse seu processo de reforma e de consolidação. Isso graças à atuação inovadora de Giuseppe Verdi, cujas composições são classificadas pelos historiadores de arte como Neo-românticas. Seguindo caminhos bem diversos dos de Wagner, em suas últimas composições o gênio italiano fez com que suas peças atingissem formas bastante parecidas com o estilo wagneriano. Suas óperas mais notáveis são: “Otelo” (5 de fevereiro de 1887), “Falstaff” (9 de fevereiro de 1893), “Rigoletto” (11 de março de 1851), “Il trovatore” (19 de janeiro de 1853), “La traviata” (6 de março de 1853), “Um baile de máscaras” (17 de fevereiro de 1859), “A força do destino” (10 de novembro de 1862), “Don Carlos” (11 de março de 1867) e “Aida” (24 de dezembro de 1871).



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