Poema floral
Buscava o lírio,
de brancura evanescente,
--- ensimesmado, a
caminhar por uma estrada,
ao amanhecer, de
um dia ainda recente –
que simbolizasse
o meu amor, doce amada.
Samambaias
enormes, saudáveis, viçosas
havia em profusão
ali, onde eu passava.
Não, não queria
essas samambaias formosas:
era o alvíssimo
lírio que eu procurava.
Violetas,
petúnias, nardos e jasmins,
tulipas,
magnólias... ah, quanta fantasia!
Flores, muitas
flores, de todos os jardins...
Mas era o lírio,
branco lírio que eu queria.
Flores d’ouro, dos
ipês, brancas, das paineiras,
ou irisadas, como
os dentes-de-leão,
ou as olorosas
flores das laranjeiras,
estavam todas à
minha disposição.
Rosas, de todos
matizes, todas cores,
--- como você,
menina-mulher, em botão –
havia entre tantas
e tantas outras flores,
por todos os lados
que olhasse, em profusão.
Nenhuma despertou
a minha fantasia,
sequer a miosótis,
a flor da lembrança.
Era o lírio,
somente o lírio que eu queria
para ofertar-lhe,
doce amada, sem tardança.
Enfim o lírio, de
evanescente brancura,
logrei encontrar,
nesta andança feita a esmo.
Mas não pude pôr
fim à ingente procura:
perdido, agora,
busco, apenas, a mim mesmo...
(Poema composto em
Campinas, em 17 de setembro de 1965).
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