País não favorece caudilhos
Pedro J. Bondaczuk
O Uruguai, que já pertenceu
ao Brasil e foi a nossa Província Cisplatina, firmou tradição, em sua
relativamente curta história, de normalidade democrática, sendo apontado como
modelo de democracia na América Latina. Raras foram suas rupturas da ordem
institucional.
Uma delas ocorreu em 1973,
da qual o país está saindo agora, de quase doze anos, com a eleição (e a posse,
ocorrida em 1º de março) de Júlio Maria Sanguinetti, o mais jovem presidente
uruguaio desde que o Estado platino se tornou independente, em 1830.
Desde
então, o Uruguai, República de pouco mais de três milhões de habitantes, já
teve 66 governos. Quarenta e dois foram seus presidentes. O país teve, ainda,
quatro Conselhos Nacionais, sistema colegiado de governo, com mandato de quatro
anos e presidência rotativa, que vigorou de 1952 a 1966, ao estilo da Suíça e
da Iugoslávia pós-Tito.
Nove
presidentes exerceram a função em mais de uma ocasião, ou substituindo os
titulares, como vices, ou sendo reeleitos, ou mediante golpes de Estado, em
geral transitórios e de curta duração. Quem ocupou por mais vezes a Presidência
foi Fructuoso Rivera: quatro vezes. Seus mandatos foram: de 1830 a 1834, de
1838 a 1839 (ocasião em que foi substituído por Gabriel Antonio Pereira), de
1839 a 1843 e em 1853, quando cedeu o posto a Venâncio Flores.
Foram
quatro os presidentes que exerceram o cargo em três oportunidades: Gabriel
Antonio Pereira (1838, substituído por Fructuoso Rivera; 1839 e de 1856 a 1860); Venâncio Flores
(1853, substituído por Fructuoso Rivera; entre 1854 e 1855 e de 1865-1868);
Francisco Antonio Vidal (1878 a 1879, 1880 a 1882 e em 1886, substituído por
Máximo Santos) e José Battle Ordóñez (em 1899, substituído por Juan Lindo; de
1903 a 1907 e de 1911 a 1915).
Quatro
presidentes tiveram dois mandatos: Bernardo Berro (1852, substituído por Juan
Francisco Giró e Juan Antonio Lavaleja e de 1860 a 1864); Pedro Varela (1868,
substituído por Lorenzo Battle e 1875 a 1876); Lorenzo Latorre (de 1876 a 1878
e de 1879 a 1880) e Máximo Santos (em 1882, substituindo Francisco Antonio
Vidal e em 1886, substituído por Máximo Tajes).
Os
quatro Conselhos Nacionais foram assim constituídos: I Conselho Nacional (de
1952 a 1955) – A. Martinez Trueba, Francisco Forteza, H. Alvarez, L. A. Brause,
A. Rubio Blanco Acevedo, M. R. Etchegoyen, R. Berro e A. Vargas; II Conselho
Nacional (1955 a 1959) – Luís Battle Berres, A. Zubiria Lezama, C. Fischer, J.
Zabala, Z. Chelle, L. A. de Herrera, R. Viña e D. Fernandez Crespo; III
Conselho Nacional (1959 a 1963) – F. Harrison, B. Nardone, M. Etchegoyen, J. M.
Alonso, A. Artagaveitia, M. Rodriguez, L. Arroyo, C. Battle Pacheco e E. V.
Haedo; IV Conselho Nacional (1963 a 1966) – Washington Beltrán, Alberto Heber
Usher, Carlos Maria Penadés, Amilcar Vasconcelos, Alberto Abdala, general Oscar
Gestido, Héctor Lorenzo Y. Lozada, Alfredo Puig Spagenberg e Alejandro Zorilla
de San Martin.
(Artigo
publicado na página 53, Especial, do Correio Popular, em 24 de março de 1985).
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