Wednesday, September 11, 2013

País não favorece caudilhos


Pedro J. Bondaczuk

O Uruguai, que já pertenceu ao Brasil e foi a nossa Província Cisplatina, firmou tradição, em sua relativamente curta história, de normalidade democrática, sendo apontado como modelo de democracia na América Latina. Raras foram suas rupturas da ordem institucional.

Uma delas ocorreu em 1973, da qual o país está saindo agora, de quase doze anos, com a eleição (e a posse, ocorrida em 1º de março) de Júlio Maria Sanguinetti, o mais jovem presidente uruguaio desde que o Estado platino se tornou independente, em 1830.

Desde então, o Uruguai, República de pouco mais de três milhões de habitantes, já teve 66 governos. Quarenta e dois foram seus presidentes. O país teve, ainda, quatro Conselhos Nacionais, sistema colegiado de governo, com mandato de quatro anos e presidência rotativa, que vigorou de 1952 a 1966, ao estilo da Suíça e da Iugoslávia pós-Tito.

Nove presidentes exerceram a função em mais de uma ocasião, ou substituindo os titulares, como vices, ou sendo reeleitos, ou mediante golpes de Estado, em geral transitórios e de curta duração. Quem ocupou por mais vezes a Presidência foi Fructuoso Rivera: quatro vezes. Seus mandatos foram: de 1830 a 1834, de 1838 a 1839 (ocasião em que foi substituído por Gabriel Antonio Pereira), de 1839 a 1843 e em 1853, quando cedeu o posto a Venâncio Flores.

Foram quatro os presidentes que exerceram o cargo em três oportunidades: Gabriel Antonio Pereira (1838, substituído por Fructuoso Rivera;  1839 e de 1856 a 1860); Venâncio Flores (1853, substituído por Fructuoso Rivera; entre 1854 e 1855 e de 1865-1868); Francisco Antonio Vidal (1878 a 1879, 1880 a 1882 e em 1886, substituído por Máximo Santos) e José Battle Ordóñez (em 1899, substituído por Juan Lindo; de 1903 a 1907 e de 1911 a 1915).

Quatro presidentes tiveram dois mandatos: Bernardo Berro (1852, substituído por Juan Francisco Giró e Juan Antonio Lavaleja e de 1860 a 1864); Pedro Varela (1868, substituído por Lorenzo Battle e 1875 a 1876); Lorenzo Latorre (de 1876 a 1878 e de 1879 a 1880) e Máximo Santos (em 1882, substituindo Francisco Antonio Vidal e em 1886, substituído por Máximo Tajes).

Os quatro Conselhos Nacionais foram assim constituídos: I Conselho Nacional (de 1952 a 1955) – A. Martinez Trueba, Francisco Forteza, H. Alvarez, L. A. Brause, A. Rubio Blanco Acevedo, M. R. Etchegoyen, R. Berro e A. Vargas; II Conselho Nacional (1955 a 1959) – Luís Battle Berres, A. Zubiria Lezama, C. Fischer, J. Zabala, Z. Chelle, L. A. de Herrera, R. Viña e D. Fernandez Crespo; III Conselho Nacional (1959 a 1963) – F. Harrison, B. Nardone, M. Etchegoyen, J. M. Alonso, A. Artagaveitia, M. Rodriguez, L. Arroyo, C. Battle Pacheco e E. V. Haedo; IV Conselho Nacional (1963 a 1966) – Washington Beltrán, Alberto Heber Usher, Carlos Maria Penadés, Amilcar Vasconcelos, Alberto Abdala, general Oscar Gestido, Héctor Lorenzo Y. Lozada, Alfredo Puig Spagenberg e Alejandro Zorilla de San Martin.

(Artigo publicado na página 53, Especial, do Correio Popular, em 24 de março de 1985).


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