O
preço fora de casa
Pedro J. Bondaczuk
O processo de urbanização crescente que se verifica
no mundo --- 25% da população mundial habitam hoje em 93 cidades com mais de um
milhão de habitantes e somente a capital mexicana, sozinha, abriga 25 milhões de
pessoas --- trouxe consigo a necessidade urgente de se prover esses grupamentos
urbanos de sistemas eficientes de transporte de massas.
A locomoção rápida, barata e com razoável conforto
é, na atualidade, preocupação prioritária da maioria dos prefeitos do mundo
todo. Ou pelo menos deveria ser. Afinal, nunca o ritmo de vida foi tão
frenético, como agora, quando o chavão "tempo é dinheiro" há muito já
deixou de ser mero clichê, para se tornar uma realidade concreta.
Campinas, todavia, nesse aspecto, revela-se uma
cidade carente. Possui, na atualidade, o transporte mais caro do País, com a
recente elevação de tarifas de ônibus urbanos para Cr$ 125,00.
Ainda se o usuário tivesse um atendimento de
superior qualidade, embora tendo de pagar muito alto pelo serviço, o drama não
seria tão grande. Todavia, basta que se dê uma volta de ônibus pela cidade para
que se constate que não é isso o que ocorre.
Durante a campanha eleitoral, o prefeito Jacó Bittar
destacou que uma de suas prioridades seria a humanização dos transportes, Isso
implica, evidentemente, num custo barato, já que as opções oferecidas aos
proprietários de automóveis não são das melhores.
Eles têm que transitar por ruas estreitas, nem
sempre bem conservadas, fazendo da locomoção uma autêntica tortura. A cidade
cresceu vertiginosamente, mas sua infraestrutura urbana não acompanhou esse
crescimento.
Somente ao longo da atual administração, iniciada em
1989, as tarifas de ônibus urbanos subiram 73,529%, para uma inflação no
período de menos da metade dessa taxa. Hoje o campineiro paga, para poder se
locomover mediante o meio de transporte mais popular de que dispõe, quase o
dobro dos Cr$ 70,00 do curitibano, cujo sistema é tido e havido como um dos
mais eficientes do País, e mais de 100% dos Cr$ 60,00 do belo-horizontino, cuja
cidade tem o dobro de tamanho.
Estão alinhados, portanto, dois fatores sumamente
irritantes, que além de depredarem o orçamento doméstico, aviltam a qualidade
de vida do habitante de Campinas: ineficiência e alto custo. Se fosse possível
traduzir em cifras os prejuízos causados pela deficiência dos transportes
urbanos na economia local, certamente
eles não seriam nada desprezíveis, além da carga de aborrecimentos produzida,
que estraga o dia a dia de qualquer pessoa.
(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio
Popular, em 15 de fevereiro de 1991).
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