Não
é o casamento que está em crise
Pedro J. Bondaczuk
A despeito de algumas evidências e de dramas
pessoais, como o de Warren Murphy, que por ter sido abandonado pela mulher (que
levou consigo os filhos do casal) invadiu o local onde trabalhava, nos Correios
de Nova Orleans, feriu a bala três companheiros e manteve uma senhora como
refém por 13 horas, a instituição do casamento não está falida e muito menos em crise. Quem investe
contra ela aponta dados estatísticos acerca de separações e de crimes passionais
como argumento. Estes, no entanto, desde tempos bíblicos, sempre existiram.
Muitos matrimônios são ainda feitos por puro interesse, sem que entre nele a
importantíssima componente do amor. É claro que eles não dão, nem podem dar
certo.
Outros, são mortos pela rotina. O marasmo, muitas
vezes, leva um dos parceiros, ou os dois, a aventuras extraconjugais. Em vários
casos, elas não passam de episódios passageiros, que sequer são do conhecimento
de um dos cônjuges, no caso a parte traída. Terminam como começaram e sequer
deixam marcas. Em outros, contudo, verificam-se dramas pungentes.
A parte ofendida, às vezes, reage passionalmente e
parte até para brutais assassinatos, que destroem não somente o casamento, como todos os que
tinham vínculo com ele. Em outras, a reação é moderada, mas a dor, o
sofrimento, a humilhação são pavorosos. Deixam marcas indeléveis. E quase
sempre o parceiro traidor arrepende-se do erro, quando já é tarde.
Por algumas horas de prazer carnal ilícito (que a
mulher poderia ter com o marido ou este com a esposa licitamente) todo um
passado de carinhos e de trabalho conjunto é posto a perder. Em geral, o
adultério, com suas conseqüências escabrosas, traz resultados danosos para quem
não tem nada a ver com a falta de moral dos pais. São pessoas que sequer
pediram para nascer. Os afetados acabam sendo os filhos. O pior é quando os
adúlteros são ambos casados. Neste caso, o risco é maior, pois duas famílias, e
não somente uma, findam por ser destruídas.
O antídoto para esses casos é um só: Amor. Essa
palavra, tão desgastada pelo uso inadequado que se faz dela, implica numa série
de grandes virtudes, como paciência, atenção, desvelo, tolerância, perdão,
amizade, carinho, compreensão, desprendimento, sexo, e muito mais, todas
reunidas de uma só vez. Mas esse sentimento é como uma delicada flor. É belo,
mas frágil. Precisa ser cultivado e cuidado diariamente, para que não venha a
secar e se transformar em algo mórbido, doloroso, angustiante. Afinal, nele
reside toda a fonte da vida, por ser o atributo maior da própria divindade.
(Artigo publicado na página 13, Internacional, do
Correio Popular, em 16 de dezembro de 1989)
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