Saturday, September 07, 2013

Centenário de um megacampeão

Pedro J. Bondaczuk

A Literatura esportiva no Brasil, notadamente a que aborda o futebol (a grande paixão nacional) está de vento em popa. Livros e mais livros sobre o tema são lançados praticamente todas as semanas, enfocando os mais variados aspectos do esporte das multidões, com seus clubes, astros e tudo o mais que o cerca. A maioria dessas obras é de autoria de jornalistas da área, o que é bastante lógico e compreensível. Esses profissionais, dada a natureza do seu trabalho, têm maior facilidade de acesso às fontes de informação e também às editoras, além de estarem familiarizados com o tipo de texto que o assunto requer. A proximidade da Copa do Mundo no Brasil incrementa a produção e publicação dessa espécie de literatura o que, aliás, já era de se esperar.

Como não poderia deixar de ser, há alguns (e ótimos) livros sobre um megacampeão, cujo centenário de nascimento ocorre neste dia 6 de setembro de 2013. Refiro-me a Leônidas da Silva, tão importante na história do futebol que o tradicional site de buscas, o “Google”, lhe presta merecida homenagem, com desenhos, na sua página inicial, junto ao seu logotipo, da jogada que o “Diamante Negro” se não inventou (ele garantia que foi seu “inventor”), pelo menos consagrou: a bicicleta. Entre essas obras, destaco duas do repórter André Ribeiro: “Diamante Negro” (Companhia das Letras), e “Uma ponte para o futuro”, escrita em parceria com Denise Góes e Laís Duarte Motta, cuja editora não me recordo. O primeiro dos livros que citei já havia sido lançado no ano 2000, pela Editora Gryphus, mas sob o título “O diamante eterno”. Agora André está relançando-o, com outro nome, pela Companhia das Letras, com novos dados, ou seja, mais completo. Tratarei, oportunamente, desta e de outras obras que falam da vida e da trajetória de Leônidas da Silva.

Abro, aqui, um parêntese, para uma observação de algo que me afeta diretamente. Raro é o jornalista, seja de que setor for, que não tenha veleidades de acumular à sua função específica, no campo das comunicações, a de “escritor”. Muitos são os que escrevem e publicam suas obras, confiantes que o prestígio jornalístico que ostentam sirva de chamariz aos leitores. Às vezes serve, outras, não. Outros tantos, mesmo que relutem em publicar, têm lá seus livros escritos e guardados na gaveta, à espera de tomarem coragem, ou de surgir alguma oportunidade para a publicação.

Eu mesmo, antes de optar de vez pela Literatura, segui idêntica trajetória. Ou seja, quando no exercício do jornalismo, redigi alguns livros (seis, para ser específico) dois dos quais tive a oportunidade de publicar. Entre os temas que abordo, agora como escritor, está o futebol, modalidade que acompanho desde tenra idade, quando ainda menininho de somente seis anos, colecionando imagens dos ídolos dos estádios (álbuns de figurinhas, recortes de jornais e revistas inteiras especializadas na matéria), além de reportagens e mais reportagens sobre clubes, competições, heróis, vilões etc. E vitórias e derrotas, notadamente do meu time de coração, a Associação Atlética Ponte Preta de Campinas.

Há exatos três anos, escrevi uma série de textos, que partilhei com os leitores do Literário, na forma de editoriais, abordando as Copas do Mundo que acompanhei (e só não testemunhei de alguma forma as anteriores à Segunda Guerra Mundial, por sequer haver nascido na ocasião). Ao fim e ao cabo, reuni esses escritos, revisei-os, fiz algumas adaptações e... pronto! Tinha (e tenho) em mãos um livro que intitulei “Copas ganhas e perdidas”, que ainda estou negociando com uma editora, com vistas à possível publicação, se possível antes de junho de 2014. Mas ainda há detalhes a serem acertados. Com um pouquinho de sorte, talvez consiga concluir com êxito as negociações e a tempo, ou seja, antes da Copa do ano que vem. Mesmo que não consiga, o leitor do Literário não ficará na mão.  Poderá lê-lo, quando quiser, capítulo por capítulo, no arquivo do blog, dos dias anteriores, durante e posteriores ao Mundial de 2010, na África do Sul.

O assunto mais oportuno do dia, porém, como já destaquei, e que merece a atenção de todos os amantes do futebol (e minha, claro), é mesmo o centenário de nascimento de Leônidas da Silva. A data tem importância inclusive sentimental para mim pois, por coincidência, marca o aniversário da minha filha caçula, a Natasha. O lendário craque dos gramados é personagem tão importante (e fascinante) na “arqueologia” futebolística, que merece um livro inteiro, dos mais alentados (ou vários deles, sei lá) – embora já haja algumas biografias na praça – para abordar suas peripécias, glórias e misérias. Não me proponho a encarar esse desafio. Mas, como tenho feito amiúde, com centenas de personalidades – artistas, cientistas, escritores etc. – farei uma série de considerações sobre determinados aspectos que mais me chamam a atenção nos vários relatos biográficos a seu respeito que já tive a felicidade de ler.

Este texto de hoje é, somente, uma introdução, posto que (admito) um tanto extensa (meu leitor assíduo sabe que sou mesmo exagerado), da atenção que me proponho a dar a esta figura lendária, que muitos contemporâneos juram que, se não superou, não ficou nada a dever a Pelé. Cheguei a acompanhar dois anos de sua carreira, quando jogador do São Paulo Futebol Clube, já que os primeiros jogos que acompanhei datam de 1949 e Leônidas da Silva deixou os gramados em 1951. Lembro-me que o ataque do tricolor paulista, no bicampeonato de 1949, sob o comando do técnico Vicente Feola, era: Friaça, Ponce de Leon, Leônidas, Remo e Teixeirinha. O clube conquistou o título com oito pontos ganhos a mais do que o vice-campeão, Palmeiras (36 a 28), numa época em que as vitórias contabilizavam somente dois pontos ao vencedor e não três, como ocorre atualmente. Embora não sãopaulino, encantei-me com o futebol de Leônidas, já veterano, prestes a afastar-se dos gramados, dois anos antes da sua aposentadoria. Mas... abordarei isso e tantas outras coisas, com mais vagar e com detalhes, nos próximos dias. Conto com seu prestígio.


Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk

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