Centenário de um
megacampeão
Pedro
J. Bondaczuk
A Literatura esportiva
no Brasil, notadamente a que aborda o futebol (a grande paixão nacional) está
de vento em popa. Livros e mais livros sobre o tema são lançados praticamente
todas as semanas, enfocando os mais variados aspectos do esporte das multidões,
com seus clubes, astros e tudo o mais que o cerca. A maioria dessas obras é de
autoria de jornalistas da área, o que é bastante lógico e compreensível. Esses
profissionais, dada a natureza do seu trabalho, têm maior facilidade de acesso
às fontes de informação e também às editoras, além de estarem familiarizados
com o tipo de texto que o assunto requer. A proximidade da Copa do Mundo no
Brasil incrementa a produção e publicação dessa espécie de literatura o que,
aliás, já era de se esperar.
Como não poderia deixar
de ser, há alguns (e ótimos) livros sobre um megacampeão, cujo centenário de
nascimento ocorre neste dia 6 de setembro de 2013. Refiro-me a Leônidas da
Silva, tão importante na história do futebol que o tradicional site de buscas,
o “Google”, lhe presta merecida homenagem, com desenhos, na sua página inicial,
junto ao seu logotipo, da jogada que o “Diamante Negro” se não inventou (ele
garantia que foi seu “inventor”), pelo menos consagrou: a bicicleta. Entre
essas obras, destaco duas do repórter André Ribeiro: “Diamante Negro”
(Companhia das Letras), e “Uma ponte para o futuro”, escrita em parceria com
Denise Góes e Laís Duarte Motta, cuja editora não me recordo. O primeiro dos
livros que citei já havia sido lançado no ano 2000, pela Editora Gryphus, mas
sob o título “O diamante eterno”. Agora André está relançando-o, com outro
nome, pela Companhia das Letras, com novos dados, ou seja, mais completo.
Tratarei, oportunamente, desta e de outras obras que falam da vida e da
trajetória de Leônidas da Silva.
Abro, aqui, um
parêntese, para uma observação de algo que me afeta diretamente. Raro é o
jornalista, seja de que setor for, que não tenha veleidades de acumular à sua
função específica, no campo das comunicações, a de “escritor”. Muitos são os
que escrevem e publicam suas obras, confiantes que o prestígio jornalístico que
ostentam sirva de chamariz aos leitores. Às vezes serve, outras, não. Outros
tantos, mesmo que relutem em publicar, têm lá seus livros escritos e guardados
na gaveta, à espera de tomarem coragem, ou de surgir alguma oportunidade para a
publicação.
Eu mesmo, antes de
optar de vez pela Literatura, segui idêntica trajetória. Ou seja, quando no
exercício do jornalismo, redigi alguns livros (seis, para ser específico) dois
dos quais tive a oportunidade de publicar. Entre os temas que abordo, agora
como escritor, está o futebol, modalidade que acompanho desde tenra idade,
quando ainda menininho de somente seis anos, colecionando imagens dos ídolos
dos estádios (álbuns de figurinhas, recortes de jornais e revistas inteiras
especializadas na matéria), além de reportagens e mais reportagens sobre
clubes, competições, heróis, vilões etc. E vitórias e derrotas, notadamente do
meu time de coração, a Associação Atlética Ponte Preta de Campinas.
Há exatos três anos,
escrevi uma série de textos, que partilhei com os leitores do Literário, na
forma de editoriais, abordando as Copas do Mundo que acompanhei (e só não
testemunhei de alguma forma as anteriores à Segunda Guerra Mundial, por sequer
haver nascido na ocasião). Ao fim e ao cabo, reuni esses escritos, revisei-os,
fiz algumas adaptações e... pronto! Tinha (e tenho) em mãos um livro que
intitulei “Copas ganhas e perdidas”, que ainda estou negociando com uma
editora, com vistas à possível publicação, se possível antes de junho de 2014.
Mas ainda há detalhes a serem acertados. Com um pouquinho de sorte, talvez
consiga concluir com êxito as negociações e a tempo, ou seja, antes da Copa do
ano que vem. Mesmo que não consiga, o leitor do Literário não ficará na
mão. Poderá lê-lo, quando quiser,
capítulo por capítulo, no arquivo do blog, dos dias anteriores, durante e
posteriores ao Mundial de 2010, na África do Sul.
O assunto mais oportuno
do dia, porém, como já destaquei, e que merece a atenção de todos os amantes do
futebol (e minha, claro), é mesmo o centenário de nascimento de Leônidas da
Silva. A data tem importância inclusive sentimental para mim pois, por
coincidência, marca o aniversário da minha filha caçula, a Natasha. O lendário
craque dos gramados é personagem tão importante (e fascinante) na “arqueologia”
futebolística, que merece um livro inteiro, dos mais alentados (ou vários
deles, sei lá) – embora já haja algumas biografias na praça – para abordar suas
peripécias, glórias e misérias. Não me proponho a encarar esse desafio. Mas,
como tenho feito amiúde, com centenas de personalidades – artistas, cientistas,
escritores etc. – farei uma série de considerações sobre determinados aspectos
que mais me chamam a atenção nos vários relatos biográficos a seu respeito que
já tive a felicidade de ler.
Este texto de hoje é,
somente, uma introdução, posto que (admito) um tanto extensa (meu leitor
assíduo sabe que sou mesmo exagerado), da atenção que me proponho a dar a esta
figura lendária, que muitos contemporâneos juram que, se não superou, não ficou
nada a dever a Pelé. Cheguei a acompanhar dois anos de sua carreira, quando
jogador do São Paulo Futebol Clube, já que os primeiros jogos que acompanhei datam
de 1949 e Leônidas da Silva deixou os gramados em 1951. Lembro-me que o ataque
do tricolor paulista, no bicampeonato de 1949, sob o comando do técnico Vicente
Feola, era: Friaça, Ponce de Leon, Leônidas, Remo e Teixeirinha. O clube
conquistou o título com oito pontos ganhos a mais do que o vice-campeão,
Palmeiras (36 a 28), numa época em que as vitórias contabilizavam somente dois
pontos ao vencedor e não três, como ocorre atualmente. Embora não sãopaulino,
encantei-me com o futebol de Leônidas, já veterano, prestes a afastar-se dos
gramados, dois anos antes da sua aposentadoria. Mas... abordarei isso e tantas
outras coisas, com mais vagar e com detalhes, nos próximos dias. Conto com seu
prestígio.
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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