Monday, September 02, 2013

Ternamente

Pedro J. Bondaczuk

Ternamente,
tome, de minhas mãos,
a dádiva rubra
que um dia, com devoção,
guardei para lhe dar
ternamente.

Ternamente,
lance luz na minha alma,
varrendo o pó e a sujeira
que se acumulam no chão.
Conserte as paredes que ruem,
depredadas pelo Tempo,
marcadas pelo desgosto,
borradas de solidão.

Fale-me de flores,
mostre-me flores,
oferte-me flores.
Seja, você também,
uma flor rubra
de carinhos e de sonho,
assim, de mansinho,
ternamente.

Ternamente,
acompanhe meus passos,
vacilantes e incertos,
pelos campos abertos da noite,
para colhermos estrelas,
de ilusão e de fantasia,
assim, com carinho,
ternamente.

Ternamente,
da nossa imensa dor,
sublimada, tornada luz,
reproduzamos o infinito
no milagre misterioso
da multiplicação,
assim, com amor,
ternamente.

(Poema composto em Campinas, em 9 de abril de 1967).



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