Friday, September 06, 2013

Modalidade campeã na Literatura esportiva do Brasil

Pedro J. Bondaczuk

A Literatura esportiva no Brasil – se é que possamos chamar dessa forma as publicações sobre esportes que se constituem, na prática, numa espécie de gênero específico – tem como foco prioritário, óbvio, o futebol. Pudera! Trata-se de modalidade disparadamente a mais praticada e a mais acompanhada no País. Aliás, vai muito além da mera prática ou do atento acompanhamento. Constitui-se na paixão de milhões e milhões de brasileiros, muitos dos quais chegam, até, a extrapolar os limites do razoável e têm nesse jogo “alienígena”, procedente da Inglaterra, uma espécie de religião.

O futebol, para muitos (para a maioria?) deixou de ser mero espetáculo, forma peculiar de lazer, misto de jogo e de show acrobático. Tornou-se uma forma de catarse, através da qual o indivíduo extravasa (e muitos exageram) as tensões acumuladas no dia a dia. Esse é um aspecto que desafia os especialistas a estudarem e explicarem – se é que existam explicações – os motivos desta modalidade específica, e não outra qualquer das dezenas que existem, ter tal característica. É verdade que, em alguns países, outros esportes têm este mesmo papel informal que o futebol tem no Brasil. Nos Estados Unidos, por exemplo, o beisebol é que desperta tamanha paixão e serve de válvula de escape para as tensões do cotidiano. Seguindo-o de perto, estão, pela ordem, o futebol americano e o basquete.

Todavia, o que eles chamam de “soccer”, está crescendo de interesse na terra de Tio Sam, principalmente pelo sucesso de sua seleção feminina em competições internacionais. Outro fator que contribui para isso é o aumento da população hispânica naquele país. Recorde-se que nos Estados Unidos, o que nós chamamos de futebol, é modalidade praticada majoritariamente por mulheres. Milhões de meninas norte-americanas iniciam-se na prática esportiva chutando uma bola. Mas o que eles chamam de “soccer” tende, em mais uma geração, se tanto, a rivalizar com o basquete, o futebol americano e, se bobear, até com o beisebol, também entre os homens.

No Brasil, todavia, a modalidade é soberana. E, a despeito do crescimento do vôlei, não vejo a menor possibilidade desse esporte desbancar a paixão nacional. Mas... nunca se sabe. Para avaliar a que ponto chega a supremacia do futebol na literatura esportiva brasileira, basta comparecer, por exemplo, à Bienal do Livro do Rio de Janeiro de 2013. Ali, o aficionado do gênero irá encontrar uma profusão de títulos que o deixará absolutamente indeciso sobre o que comprar. No meu caso, se pudesse me fazer presente ao evento, ficaria alucinado, querendo adquirir absolutamente tudo o que estivesse diante dos meus olhos. Claro que a realidade financeira prevaleceria e eu só adquiriria um milésimo do que tivesse vontade. Quem mandou ser jornalista e escritor?!!

Além das histórias dos principais clubes do País, boa parte dos livros à venda, na Bienal e, principalmente nas livrarias, é constituída de biografias de alguns dos nossos principais “magos” da bola, do presente, do passado ainda recente e alguns de um passado já bem remoto, uma espécie de pré-história do futebol no Brasil. Entre outros personagens, você encontrará relatos da vida e da carreira de ídolos das torcidas, como Rogério Ceni, Marcos (que os palmeirenses alçaram à categoria de “santo”), e até, dizem, já haveria um livro específico abordando a curtíssima carreira, que mal começou, do “menino” Neymar. Entre os mais antigos, mas nem tanto assim, há biografias de um Garrincha, de um Didi e, sem dúvida, daquele que é considerado paradigma da modalidade, chamado pelos admiradores de “rei”. Claro que me refiro a Pelé. Nem poderia ser outro.

Mas há livros, também, sobre os ídolos mais antigos, com destaque para Heleno de Freitas, Arthur Friedreich e... Leônidas da Silva. Está aí o gancho que eu tanto queria!!! Por que? Porque o craque em questão, que se consagrou como “Diamante Negro”, que se tornou adorado das grandes torcidas do Rio de Janeiro e de São Paulo, e que fez história nas Copas do Mundo que antecederam a Segunda Guerra Mundial – foi o primeiro brasileiro a ostentar a artilharia desse tipo de competição, em 1938, na França – completa, neste 6 de setembro de 2013, o centenário de nascimento.

Por se tratar de figura histórica do futebol, da fase que mitos gostam de chamar de “pré-história” da modalidade, merece atenção especialíssima, que certamente lhe darei (e estou seguro que todo o País o fará) nos próximos dias. A primeira homenagem  a Leônidas da Silva já foi feita pelo Flamengo. Ocorreu em seu recente jogo contra o Vitória, no Maracanã, no dia 4 de setembro, pelo Campeonato Brasileiro. O craque teve seu nome inscrito nas camisas rubro-negras, clube que defendeu com tanto brilho e orgulho, como posteriormente faria no Botafogo (onde foi pentacampeão), no Peñarol e no São Paulo Futebol Clube (onde também conquistou cinco títulos e encerrou a carreira).


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