Modalidade campeã na
Literatura esportiva do Brasil
Pedro
J. Bondaczuk
A Literatura esportiva
no Brasil – se é que possamos chamar dessa forma as publicações sobre esportes
que se constituem, na prática, numa espécie de gênero específico – tem como
foco prioritário, óbvio, o futebol. Pudera! Trata-se de modalidade disparadamente
a mais praticada e a mais acompanhada no País. Aliás, vai muito além da mera
prática ou do atento acompanhamento. Constitui-se na paixão de milhões e
milhões de brasileiros, muitos dos quais chegam, até, a extrapolar os limites
do razoável e têm nesse jogo “alienígena”, procedente da Inglaterra, uma
espécie de religião.
O futebol, para muitos
(para a maioria?) deixou de ser mero espetáculo, forma peculiar de lazer, misto
de jogo e de show acrobático. Tornou-se uma forma de catarse, através da qual o
indivíduo extravasa (e muitos exageram) as tensões acumuladas no dia a dia.
Esse é um aspecto que desafia os especialistas a estudarem e explicarem – se é
que existam explicações – os motivos desta modalidade específica, e não outra
qualquer das dezenas que existem, ter tal característica. É verdade que, em
alguns países, outros esportes têm este mesmo papel informal que o futebol tem
no Brasil. Nos Estados Unidos, por exemplo, o beisebol é que desperta tamanha
paixão e serve de válvula de escape para as tensões do cotidiano. Seguindo-o de
perto, estão, pela ordem, o futebol americano e o basquete.
Todavia, o que eles
chamam de “soccer”, está crescendo de interesse na terra de Tio Sam,
principalmente pelo sucesso de sua seleção feminina em competições internacionais.
Outro fator que contribui para isso é o aumento da população hispânica naquele
país. Recorde-se que nos Estados Unidos, o que nós chamamos de futebol, é
modalidade praticada majoritariamente por mulheres. Milhões de meninas
norte-americanas iniciam-se na prática esportiva chutando uma bola. Mas o que
eles chamam de “soccer” tende, em mais uma geração, se tanto, a rivalizar com o
basquete, o futebol americano e, se bobear, até com o beisebol, também entre os
homens.
No Brasil, todavia, a
modalidade é soberana. E, a despeito do crescimento do vôlei, não vejo a menor
possibilidade desse esporte desbancar a paixão nacional. Mas... nunca se sabe.
Para avaliar a que ponto chega a supremacia do futebol na literatura esportiva
brasileira, basta comparecer, por exemplo, à Bienal do Livro do Rio de Janeiro
de 2013. Ali, o aficionado do gênero irá encontrar uma profusão de títulos que
o deixará absolutamente indeciso sobre o que comprar. No meu caso, se pudesse
me fazer presente ao evento, ficaria alucinado, querendo adquirir absolutamente
tudo o que estivesse diante dos meus olhos. Claro que a realidade financeira
prevaleceria e eu só adquiriria um milésimo do que tivesse vontade. Quem mandou
ser jornalista e escritor?!!
Além das histórias dos
principais clubes do País, boa parte dos livros à venda, na Bienal e,
principalmente nas livrarias, é constituída de biografias de alguns dos nossos
principais “magos” da bola, do presente, do passado ainda recente e alguns de
um passado já bem remoto, uma espécie de pré-história do futebol no Brasil.
Entre outros personagens, você encontrará relatos da vida e da carreira de
ídolos das torcidas, como Rogério Ceni, Marcos (que os palmeirenses alçaram à
categoria de “santo”), e até, dizem, já haveria um livro específico abordando a
curtíssima carreira, que mal começou, do “menino” Neymar. Entre os mais
antigos, mas nem tanto assim, há biografias de um Garrincha, de um Didi e, sem
dúvida, daquele que é considerado paradigma da modalidade, chamado pelos
admiradores de “rei”. Claro que me refiro a Pelé. Nem poderia ser outro.
Mas há livros, também,
sobre os ídolos mais antigos, com destaque para Heleno de Freitas, Arthur
Friedreich e... Leônidas da Silva. Está aí o gancho que eu tanto queria!!! Por
que? Porque o craque em questão, que se consagrou como “Diamante Negro”, que se
tornou adorado das grandes torcidas do Rio de Janeiro e de São Paulo, e que fez
história nas Copas do Mundo que antecederam a Segunda Guerra Mundial – foi o
primeiro brasileiro a ostentar a artilharia desse tipo de competição, em 1938,
na França – completa, neste 6 de setembro de 2013, o centenário de nascimento.
Por se tratar de figura
histórica do futebol, da fase que mitos gostam de chamar de “pré-história” da
modalidade, merece atenção especialíssima, que certamente lhe darei (e estou
seguro que todo o País o fará) nos próximos dias. A primeira homenagem a Leônidas da Silva já foi feita pelo
Flamengo. Ocorreu em seu recente jogo contra o Vitória, no Maracanã, no dia 4
de setembro, pelo Campeonato Brasileiro. O craque teve seu nome inscrito nas
camisas rubro-negras, clube que defendeu com tanto brilho e orgulho, como
posteriormente faria no Botafogo (onde foi pentacampeão), no Peñarol e no São
Paulo Futebol Clube (onde também conquistou cinco títulos e encerrou a
carreira).
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