Data não pode ser esquecida
Pedro J. Bondaczuk
A
data de hoje marca um aniversário incômodo de se recordar, mas que jamais
deveria ser esquecido, por inúmeras razões. Trata-se do cinqüentenário do
início da Segunda Guerra Mundial, responsável pela morte de mais de 50 milhões
de pessoas em várias partes do mundo, além de uma destruição poucas vezes vista
na história da humanidade, tão cheia de eventos sangrentos, de selvageria e de
horror.
Os
acontecimentos desse período precisam ser recordados por vários motivos. Em
primeiro lugar, por uma questão de justiça para com os que sacrificaram suas
vidas na tentativa de impedir que um sistema sumamente perverso, baseado na
discriminação racial e no preconceito e, principalmente, no estúpido mito de
uma pretensa "superioridade" de um povo sobre outro, tomasse conta de
todo o Planeta. E quase chegou a tomar.
Em
1940, por exemplo, pouca gente acreditava que seria possível evitar que o
ditador nazista, Adolf Hitler, impusesse os seus conceitos bárbaros e desumanos
a ferro e fogo, implantando o seu "Reich de Mil Anos", que teria o
restante da humanidade por escrava.
Outra
razão para não se esquecer da data é para que se preste o devido tributo a pelo
menos seis milhões de judeus (e pessoas de algumas outras etnias), exterminados
covardemente, sem possibilidade alguma de reação e sem que ninguém saísse em
seu socorro, nos terríveis campos de extermínio espalhados pela Europa.
Este
tipo de coisas, feito com tamanho requinte de crueldade e tão metodicamente,
nunca antes tinha sido visto na Terra. Nem Átila, nem Alarico, nem Genserico,
nem Gengis Khan ou qualquer outro flagelo, de "deuses" ou de povos,
haviam praticado antes tamanha barbaridade. E os guerreiros citados entraram
para a História exatamente por sua crueldade.
O
terceiro motivo para que não se relegue esta guerra ao esquecimento é o fato de
que ela deve servir sempre como um alerta, para prevenir sua repetição. Há quem
diga que as barbaridades cometidas pelos nazistas não teriam condições de se
repetir em nossos dias, por causa dos modernos meios de comunicação de massas,
que trazem, instantaneamente, os fatos mais importantes do mundo à nossa casa,
praticamente no momento em que eles estão acontecendo.
No
entanto, ao invés de salvaguarda, isto na verdade se constitui num perigo ainda
maior. O leitor já imaginou se Hitler, com o seu poder de convencimento,
pudesse ter ao seu dispor uma rede mundial de televisão? Nem é bom pensar! E se
aparecer outro líder carismático do mesmo porte? Como se livrar dele, antes que
arraste multidões à loucura coletiva, como os nazistas fizeram, e ao suicídio
global? Afinal, hoje existem ogivas nucleares capazes de destruir cem planetas
do porte do nosso! Por isso, nada melhor do que prevenir o pior.
(Artigo
publicado na página 12, Internacional, do Correio Popular, em 1 de setembro de
1989).
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