Feitos para a luta
Pedro J. Bondaczuk
O caminho mais curto e
infalível para a catástrofe é a omissão. O omisso é um parasita
que se alimenta do sangue alheio. Se quisermos um mundo melhor e mais
justo (creio que todos queremos), em que imperem a bondade, a
solidariedade e a justiça social, temos que o construir. Ele não
irá surgir do nada, num passe de mágica.
Temos que fazer a nossa parte
se quisermos deixar essa sociedade ideal para nossos filhos, netos e
demais gerações. Utopia? Pode ser! Porém factível se de fato
quisermos que assim seja. Prefiro errar (e erro muito, como qualquer
pessoa normal) por ação, jamais por omissão. Não nos resta outra
alternativa se não trabalhar, trabalhar e trabalhar. E confiar nos
resultados do nosso trabalho.
Há uma crise econômica de
longa duração (desde 2015) no País? Encaremo-la! Passemos por cima
dela, com nosso esforço, imaginação e inteligência! Há muita
injustiça no mundo, inviabilizando relacionamentos entre pessoas,
grupos, povos e nações? Atuemos com energia, fazendo a nossa parte,
para mudarmos a situação.
"Não há bem que sempre
dure e nem mal que nunca se acabe", diz a sabedoria popular.
Ajamos, pois, de forma tal que venhamos a calar, no final deste ano,
a voz dos pessimistas, dos derrotistas e das aves de mau agouro, que
sempre apostam no pior. Vamos construir uma realidade de progresso,
harmonia e justiça social, pedra a pedra, ato a ato, dia a dia,
restaurando a democracia, que sofreu duro golpe, a pretexto de
combate à corrupção (que na realidade se tornou mais corrupta
ainda). Temos que conseguir! Vamos conseguir, com a graça de Deus!
O tempo – não canso de
afirmar e de reiterar –, é o maior capital de que dispomos, embora
poucos se deem conta e o desperdicem de maneira tola e insensata,
como se tivessem diante de si a eternidade. Obviamente, não têm.
Desconhecemos sua quantidade e ainda assim gastamos perdulariamente,
indevidamente, estupidamente esse precioso e irrecuperável recurso.
Tanto podemos ter à nossa
frente um dia, algumas horas, alguns escassos minutos ou segundos,
quanto uma centena de anos, ou mais, antes que deixemos a vida e
mergulhemos no desconhecido e no mistério. Somos, sobretudo,
testemunhas de uma era, aquela em que nos foi dada a chance de viver,
sobre a qual (pelo menos teoricamente), reunimos condições de
influir e com a qual tudo o que nos diga respeito será associado.
Somos corresponsáveis por tudo e por todos.
O tempo, todo o tempo (não
apenas anos, meses, semanas ou dias, mas até ínfimos segundos),
portanto, é bastante precioso. O que fizermos com ele pode
determinar nosso sucesso ou fracasso, satisfação ou angústia,
felicidade ou infelicidade. Transcorre de forma sempre igual, no
mesmo e inexorável ritmo, de forma imutável, sem a mínima
alteração eternidade afora, embora seu transcurso seja percebido de
maneiras muito diferentes, pelas mais diversas pessoas, conforme suas
circunstâncias e expectativas.
Para uns, parece passar rápido
demais, como se os relógios que o marcam houvessem enlouquecido, com
cada hora parecendo ter a duração de reles minuto. Para outros,
pelo contrário, parece se arrastar, modorrento e longo, de maneira
interminável, com cada dia parecendo durar uma semana.
O sábio gerenciamento do
tempo, porém, e nossa efetiva participação na construção de um
mundo melhor, mais justo e mais humano, em que a violência seja,
senão banida, pelo menos reduzida a um nível mínimo e quase
imperceptível são as premissas não apenas para um 2018
inesquecível (no sentido positivo), mas para nossa vida toda, não
importa o quanto ela dure.
O norte-americano John W.
Gardner constatou, em lúcido ensaio, o seguinte: “Fomos
feitos para a luta, para a irreprimível luta em busca da luz. Os
nossos processos conscientes podem chegar a conclusões sombrias, mas
uma parte mais velha do eu, de raízes mais profundas, biológica e
espiritualmente obstinada, continua a abrir-se à esperança, ao
esforço e à vida”. Sábias palavras! Que elas nos sirvam de
exortação na travessia desse caminho que desconhecemos, mas que
teremos, forçosamente, que trilhar. Façamos dessa travessia a mais
alegre, profícua e produtiva possível.
Tenhamos sempre em mente que
não existem soluções milagrosas para os nossos problemas ou
felizes acasos que tragam, como num passe de mágica, a felicidade
geral. Nem há nenhuma espécie de determinismo que deteriore ainda
mais uma situação que já seja ruim. Não há lógica nas ações
humanas, que findam por compor a história de determinado período.
Previsões, boas ou ruins,
acabam por ser superadas tão logo sejam feitas por fatos
supervenientes, absolutamente imprevisíveis. O ano de 2018,
praticamente no início, como todos os outros, será aquilo que nós
realmente quisermos que seja. Não basta, contudo, querer e
permanecer de braços cruzados, à espera que as coisas aconteçam
por si sós. Antes de espectadores, devemos ser os agentes das
mudanças que desejarmos que ocorram.
No comments:
Post a Comment