Thursday, July 05, 2018

CRÔNICA DO DIA - Feitos para a luta


Feitos para a luta

Pedro J. Bondaczuk

O caminho mais curto e infalível para a catástrofe é a omissão. O omisso é um parasita que se alimenta do sangue alheio. Se quisermos um mundo melhor e mais justo (creio que todos queremos), em que imperem a bondade, a solidariedade e a justiça social, temos que o construir. Ele não irá surgir do nada, num passe de mágica.

Temos que fazer a nossa parte se quisermos deixar essa sociedade ideal para nossos filhos, netos e demais gerações. Utopia? Pode ser! Porém factível se de fato quisermos que assim seja. Prefiro errar (e erro muito, como qualquer pessoa normal) por ação, jamais por omissão. Não nos resta outra alternativa se não trabalhar, trabalhar e trabalhar. E confiar nos resultados do nosso trabalho.

Há uma crise econômica de longa duração (desde 2015) no País? Encaremo-la! Passemos por cima dela, com nosso esforço, imaginação e inteligência! Há muita injustiça no mundo, inviabilizando relacionamentos entre pessoas, grupos, povos e nações? Atuemos com energia, fazendo a nossa parte, para mudarmos a situação.

"Não há bem que sempre dure e nem mal que nunca se acabe", diz a sabedoria popular. Ajamos, pois, de forma tal que venhamos a calar, no final deste ano, a voz dos pessimistas, dos derrotistas e das aves de mau agouro, que sempre apostam no pior. Vamos construir uma realidade de progresso, harmonia e justiça social, pedra a pedra, ato a ato, dia a dia, restaurando a democracia, que sofreu duro golpe, a pretexto de combate à corrupção (que na realidade se tornou mais corrupta ainda). Temos que conseguir! Vamos conseguir, com a graça de Deus!
O tempo – não canso de afirmar e de reiterar –, é o maior capital de que dispomos, embora poucos se deem conta e o desperdicem de maneira tola e insensata, como se tivessem diante de si a eternidade. Obviamente, não têm. Desconhecemos sua quantidade e ainda assim gastamos perdulariamente, indevidamente, estupidamente esse precioso e irrecuperável recurso.

Tanto podemos ter à nossa frente um dia, algumas horas, alguns escassos minutos ou segundos, quanto uma centena de anos, ou mais, antes que deixemos a vida e mergulhemos no desconhecido e no mistério. Somos, sobretudo, testemunhas de uma era, aquela em que nos foi dada a chance de viver, sobre a qual (pelo menos teoricamente), reunimos condições de influir e com a qual tudo o que nos diga respeito será associado. Somos corresponsáveis por tudo e por todos.

O tempo, todo o tempo (não apenas anos, meses, semanas ou dias, mas até ínfimos segundos), portanto, é bastante precioso. O que fizermos com ele pode determinar nosso sucesso ou fracasso, satisfação ou angústia, felicidade ou infelicidade. Transcorre de forma sempre igual, no mesmo e inexorável ritmo, de forma imutável, sem a mínima alteração eternidade afora, embora seu transcurso seja percebido de maneiras muito diferentes, pelas mais diversas pessoas, conforme suas circunstâncias e expectativas.

Para uns, parece passar rápido demais, como se os relógios que o marcam houvessem enlouquecido, com cada hora parecendo ter a duração de reles minuto. Para outros, pelo contrário, parece se arrastar, modorrento e longo, de maneira interminável, com cada dia parecendo durar uma semana.

O sábio gerenciamento do tempo, porém, e nossa efetiva participação na construção de um mundo melhor, mais justo e mais humano, em que a violência seja, senão banida, pelo menos reduzida a um nível mínimo e quase imperceptível são as premissas não apenas para um 2018 inesquecível (no sentido positivo), mas para nossa vida toda, não importa o quanto ela dure.

O norte-americano John W. Gardner constatou, em lúcido ensaio, o seguinte: “Fomos feitos para a luta, para a irreprimível luta em busca da luz. Os nossos processos conscientes podem chegar a conclusões sombrias, mas uma parte mais velha do eu, de raízes mais profundas, biológica e espiritualmente obstinada, continua a abrir-se à esperança, ao esforço e à vida”. Sábias palavras! Que elas nos sirvam de exortação na travessia desse caminho que desconhecemos, mas que teremos, forçosamente, que trilhar. Façamos dessa travessia a mais alegre, profícua e produtiva possível.

Tenhamos sempre em mente que não existem soluções milagrosas para os nossos problemas ou felizes acasos que tragam, como num passe de mágica, a felicidade geral. Nem há nenhuma espécie de determinismo que deteriore ainda mais uma situação que já seja ruim. Não há lógica nas ações humanas, que findam por compor a história de determinado período.

Previsões, boas ou ruins, acabam por ser superadas tão logo sejam feitas por fatos supervenientes, absolutamente imprevisíveis. O ano de 2018, praticamente no início, como todos os outros, será aquilo que nós realmente quisermos que seja. Não basta, contudo, querer e permanecer de braços cruzados, à espera que as coisas aconteçam por si sós. Antes de espectadores, devemos ser os agentes das mudanças que desejarmos que ocorram.


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