Um poeta que emociona e
faz pensar
Pedro
J. Bondaczuk
O filósofo
norte-americano Will Durant escreveu, em determinado trecho do seu clássico
“Filosofia da vida”, que “todas as verdades são velhas e só os poetas e loucos
podem ser originais”. A muitos pode parecer mera frase de efeito, mas não é.
Afinal, trata-se da constatação de um pensador realista, com os pés no chão,
que se caracterizou pela precisão e objetividade. Portanto, se você, leitor,
estiver à procura de novas verdades (ou mesmo de velhas, mas sob novas
roupagens), não as encontrará em tratados de Filosofia, em romances, em contos
ou novelas. Achará, somente, na poesia. Ou nos delírios dos loucos, que muitas
vezes são até mais lúcidos e sensatos do que os tratados de renomados mestres
do pensamento racional.
O bom poeta é aquele
que reúne, simultaneamente, um vasto conjunto de virtudes. Sabe expressar
emoções de sorte a tornar seus leitores cúmplices de cada uma, ou melhor, de
todas elas. É o que emociona, convence, machuca, sara as feridas, mas que, ao
mesmo tempo em que atinge nossa sensibilidade, tem o poder de nos suscitar
profundas reflexões, mesmo á nossa revelia. Ao mesmo tempo em que chega, de
mansinho, ao nosso coração, invade, de supetão, sem nenhuma cerimônia, nossa
inteligência, forçando-nos a raciocinar. É certo que poetas assim são
relativamente raros. Wilbett Oliveira é um deles.
Tenho em mãos um livro
inteiro, de 315 páginas, que comprova essa característica deste autor, “metade
mineiro e metade capixaba”. Refiro-me a “Poestiagem – Poesia e Metafísica em
Wilbett Oliveira”, coletânea de análises críticas organizada por Abrahão Costa
Andrade, lançado há cerca de um ano pela Editora Opção. O livro contém nove
capítulos, reunindo críticos literários, ensaístas e filósofos de reconhecido
saber nos mais variados campos do conhecimento, esmiuçando a poesia wilbetteana
sob diversos ângulos a que ela se presta. Tive o privilégio e a honra de
participar dessa coletânea, apropriadamente caracterizada como “Fortuna
crítica”, na companhia de oito “sumidades” das artes e da cultura.
O primeiro capítulo,
intitulado “Poesia e metafísica: um mosaicum para Wilbett Oliveira”, é de
autoria do organizador dessa oportuna coletânea, Abrahão Costa Andrade.
Trata-se de um intelectual com brilhante e vasto currículo. Ele é, entre outras
tantas coisas, poeta, ensaísta, mestre e doutor em Filosofia pela Universidade
de São Paulo (USP). Além de professor, é autor de cinco livros, entre os quais
“Educação do esquecimento”. O capítulo
seguinte, intitulado “A poesia sob o olhar gris de Wilbett Oliveira”, coube à
brilhante poetisa, mestre e doutoranda em Letras, Karina de Resende Tavares
Fleury, autora, também, do prefácio e do texto da contracapa. Ela tem em seu
currículo quatro livros publicados.
O terceiro capítulo,
“Dizeres filosóficos nada poesia de Wilbett Oliveira” é de autoria do filósofo
Joelson Pereira de Souza, mestre em Filosofia pela Universidade São Judas
Tadeu. A análise seguinte, “Peripécias de um camaleão: sobre a poesia de
Wilbett Oliveira”, coube ao eminente escritor Rodrigo da Costa Araújo,
doutorando em Literatura Comparada e mestre em Ciência da Arte pela
Universidade Federal Fluminense. O próximo capítulo, “A poesia nossa de cada
dia na precariedade do existir: o universo poético de Wilbett Oliveira” é de
autoria Pós-Doutor em Artes (Literatura e Cinema), Joel Cardoso, Doutor em
Letras, Literatura Brasileira e Intersemiótica.
O sexto capítulo,
“Garimpando a poética wilbetteana” é de Ester Abreu Vieira de Oliveira,
poetisa, ensaísta e mestre em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade
Católica do Paraná. Tive o privilégio de redigir o sétimo capítulo. Nele
abordei “O credo poético de Wilbett Oliveira”. O penúltimo capítulo foi escrito
pela professora Levinélia Barbosa. Ela é graduada em Literatura Brasileira e
leciona essa matéria, além de Língua Portuguesa, há 18 anos. A ilustre mestra
abordou o tema “Trilogia da consagração: sobre os livros ‘Sêmen’,
‘Salignalinguagem’ e ‘Gris’, de Wilbett Oliveira”. Quem, finalmente, encerra
esta valiosa (e imperdível) coletânea é a escritora e filósofa Geyme Lechner
Mannes, que analisa “O sal na linguagem poética de Wilbett Oliveira”.
Conheci esse poeta há
mais ou menos três anos, quase que por acaso. Vi um de seus livros na
prateleira de uma livraria, cujo título chamou-me a atenção. Decidi adquiri-lo.
Li-o, praticamente num único “sopro” e decidi relê-lo. Reli-o, todavia, não só
uma, mas diversas vezes. Desde então, tive acesso a outros tantos livros de
Wilbett Oliveira, alguns adquiridos em livrarias e outros presenteados pelo
próprio poeta, enriquecidos, neste último caso, por gentis dedicatórias dele. A
cada leitura, minha admiração por seu talento e sabedoria só crescia. Pudera!
Trata-se de uma poesia como tanto gosto, que satisfaz todas minhas expectativas,
pois, além de me emocionar, me induz à reflexão. Partilho com você, prezado
leitor, amante das Musas, estes versos do poema “Salmodiar”, apenas para
deixá-lo “com água na boca”, com aquele gostinho de “quero mais”:
“entre
a mão e a voz
o
amor suplanta a fratura
de
realidades esfaceladas
entre
o incerto e o atroz”
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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